Trocar baterias vazias em vez de recarregá-las pode resolver problema de veículos elétricos nos EUA


Startup Ample instalou mais de uma dúzia de estações robóticas de troca de baterias em São Francisco; meta local é eliminar os veículos movidos a combustíveis fósseis até 2040

Por Todd Woody

Há mais de uma década, uma startup bem-sucedida chamada Better Place fez uma aposta de um bilhão de dólares que os motoristas de carros elétricos iriam preferir trocar baterias vazias por outras carregadas em minutos em vez de recarregá-las durante horas. Na época, a maioria dos veículos elétricos tinha autonomia de 120 quilômetros e os carregadores eram lentos, poucos e raros.

Mas logo depois de a Better Place lançar suas estações de troca de baterias em 2012, Elon Musk apresentou uma rede gratuita de carregamento rápido que atenderia aos motoristas da Tesla, então (e hoje também) a marca mais popular de veículos elétricos. Meses depois do anúncio de Musk, a Better Place faliu, fazendo os investidores, entre eles o Morgan Stanley, a General Electric e o HSBC, perderem mais de US$ 750 milhões. Nos Estados Unidos, pelo menos, a troca de baterias parecia relegada ao cemitério das tecnologias.

Mas ela está de volta. Nos últimos dois anos, a Ample, startup de São Francisco, vem instalando discretamente mais de uma dúzia de estações robóticas de troca de baterias em torno da área da Baía de São Francisco e na Europa. Em uma tarde de maio, em um armazém sem identificação, a empresa visualizou a próxima geração de suas estações de troca, nas quais uma bateria descarregada pode ser trocada por uma carregada em cerca de cinco minutos — metade do tempo de suas estações atuais.

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Os fundadores da Ample, Khaled Hassounah e John De Souza, fundaram a empresa apenas um ano após a falência da Better Place, mas com um modelo de negócios e tecnologia para troca de baterias diferentes. “Vamos fazer melhor do que a Better Place”, disse Hassounah, que também é o CEO da Ample.

A empresa, que arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento em 2014, está mirando inicialmente nas frotas de veículos elétricos usados para transporte de passageiros por aplicativo e para fazer entregas, que não podem se dar ao luxo de ficar períodos longos parados para recarregarem suas baterias.

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“Vamos ser muito mais baratos do que o carregamento rápido”, disse Hassounah. “Caso possa recarregar (a bateria) em casa, você deve fazer isso. Mas se você deixa seu veículo estacionado na rua, se mora em um edifício ou dirige para prestar um serviço, isso não é possível.”

Khaled Hassounah, um dos fundadores da Ample; startup já arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento, em 2014 Foto: David Paul Morris/Bloomberg

A estação de demonstração da Ample, que é branca e amarela e tem estampado o slogan “Electric cars for everyone” (Carros elétricos para todos) lembra um lava-rápido espaçoso. Quando um funcionário se aproxima dela com um Kia Niro prata, uma tela mostra a ele onde estacionar.

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Uma plataforma então levanta o carro e o deixa a poucos metros do chão, um robô desliza para fora e examina a parte inferior do veículo para confirmar a localização e a configuração da bateria. Ele se dirige até o lugar que armazena a bateria, envia um sinal para poder destravá-la e removê-la, e volta para a área de depósito da estação para colocar a bateria vazia para recarregar. Então, volta com outra bateria carregada e a conecta ao carro. A plataforma desce e o Niro vai embora.

“Queremos ser o posto de gasolina dos elétricos”, disse Hassounah.

A estação de troca da Ample parece uma versão menor do modelo multimilionário criado pela Better Place, outrora instalado em Israel e na Dinamarca. Mas a estrutura modular da estação da Ample custa menos de US$ 100 mil, cabe em um contêiner e pode ser instalada em três dias, de acordo com Hassounah. Como a empresa recarrega suas baterias lentamente, não precisa passar pelo processo de instalação de infraestrutura de alta tensão cara que dura meses.

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Esses tipos de melhorias elétricas complexas são um obstáculo para atingir a meta de São Francisco de eliminar os veículos movidos a combustíveis fósseis até 2040, disse Tyrone Jue, diretor de clima e sustentabilidade da cidade.

“Temos esse ambiente urbano denso, ruas bastante movimentadas e desejos conflitantes de ter uma capacidade de rede elétrica, assim como apenas mais espaço entre a pista e o meio-fio”, disse ele na estação de demonstração da Ample. “Se dissermos que toda casa precisa de um carregador e toda casa precisa atualizar seu quadro de distribuição, não vamos alcançar nossas metas climáticas.”

A Ample aprendeu outra lição com a falência da Better Place: a importância de convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis. Antes da Better Place falir, as estações dela só eram capazes de trocar as baterias de um único modelo da Renault, que a montadora francesa tinha modificado para esse fim. A Ample desenvolve suas baterias modulares que podem ser configuradas para qualquer veículo e trabalha em conjunto com montadoras para criar uma placa adaptadora removível.

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Por enquanto, a empresa fechou parcerias com cinco fabricantes de veículos e projetou placas adaptadoras para 20 modelos de elétricos. Estacionados no armazém da Ample, durante a demonstração das atividades da estação, estavam um Fiat 500 e uma van da Citroen fabricados pela Stellantis, assim como o Niro, um Nissan Leaf, uma SUV Ocean da Fisker e um minicarro urbano da fabricante alemã e.Go.

Ample tenta convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis Foto: David Paul Morris/Bloomberg

O presidente da e.Go, Ali Vezvaei, disse que sua empresa projetou seu veículo elétrico e.wave X com baterias trocáveis. “Acreditamos genuinamente que essa é uma ótima solução para resolver muitos problemas de infraestrutura”, afirmou. “Mais cedo ou mais tarde, veremos uma transformação nos postos de gasolina, sendo um lugar onde você vai trocar um pneu e há uma estação de troca de baterias.”

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A Ample disse que suas 12 estações na área da Baía de São Francisco realizam “algumas centenas” de trocas de baterias por dia, usadas por motoristas da Uber cujos Leafs e Niros são da frota de veículos elétricos da locadora Sally. A empresa também está instalando estações de troca nos postos de gasolina de Madri de um de seus investidores, a gigante espanhola de energia Repsol, e tem um acordo para instalar estações em Quioto, no Japão.

Os clientes da frota da Ample podem comprar veículos elétricos com ou sem baterias – a peça mais cara de um automóvel – e assinar o serviço de troca da empresa por uma taxa que a Ample se recusou a divulgar. Os clientes também pagam uma “taxa pela energia” cada vez que fazem uma troca. Trocar uma bateria de 32 kWh, por exemplo, custa cerca de US$ 13.

Se a troca de baterias vai se tornar uma alternativa mais popular de carregamento nos EUA depende, em parte, de mais montadoras trabalharem em conjunto com empresas como a Ample. A decisão da Tesla de abrir mão da troca de baterias há uma década ajudou a condenar as tentativas anteriores, embora Musk tenha dito que sua empresa considerou a ideia quando a Better Place estava lançando suas primeiras estações.

“Nós projetamos o Model S para permitir a troca de baterias, e eu disse que deveria ser possível trocar baterias em menos de um minuto”, disse Musk em 2012, alegando que a Better Place tinha roubado a ideia de troca de baterias da Tesla. “Acho que recarregar é o que a maioria das pessoas vai fazer.”

Na época, o presidente da Better Place, Ian Ofer, continuava confiante no futuro da tecnologia, mas já estava de olho em mercados fora dos EUA para assumir a liderança. Nesse aspecto, Ofer estava correto: países como Índia e Taiwan viram a troca de baterias surgir como uma solução popular para motoristas de motocicletas elétricas de duas ou três rodas. E a China tem mais de 1.500 estações de troca para veículos elétricos, com planos de instalar pelo menos 26 mil até 2025. Essas estações, no entanto, tendem a ser operadas por montadoras que trocam apenas as baterias de sua marca.

Se a multidão na inauguração da estação da Ample servir como qualquer referência, o interesse dos EUA na troca de baterias está crescendo – ou talvez ressurgindo. Entre os crachás espalhados numa mesa para o evento estavam os de representantes de empresas como Amazon, Blackstone, HSBC e Volvo./Tradução de Romina Cácia

Há mais de uma década, uma startup bem-sucedida chamada Better Place fez uma aposta de um bilhão de dólares que os motoristas de carros elétricos iriam preferir trocar baterias vazias por outras carregadas em minutos em vez de recarregá-las durante horas. Na época, a maioria dos veículos elétricos tinha autonomia de 120 quilômetros e os carregadores eram lentos, poucos e raros.

Mas logo depois de a Better Place lançar suas estações de troca de baterias em 2012, Elon Musk apresentou uma rede gratuita de carregamento rápido que atenderia aos motoristas da Tesla, então (e hoje também) a marca mais popular de veículos elétricos. Meses depois do anúncio de Musk, a Better Place faliu, fazendo os investidores, entre eles o Morgan Stanley, a General Electric e o HSBC, perderem mais de US$ 750 milhões. Nos Estados Unidos, pelo menos, a troca de baterias parecia relegada ao cemitério das tecnologias.

Mas ela está de volta. Nos últimos dois anos, a Ample, startup de São Francisco, vem instalando discretamente mais de uma dúzia de estações robóticas de troca de baterias em torno da área da Baía de São Francisco e na Europa. Em uma tarde de maio, em um armazém sem identificação, a empresa visualizou a próxima geração de suas estações de troca, nas quais uma bateria descarregada pode ser trocada por uma carregada em cerca de cinco minutos — metade do tempo de suas estações atuais.

Os fundadores da Ample, Khaled Hassounah e John De Souza, fundaram a empresa apenas um ano após a falência da Better Place, mas com um modelo de negócios e tecnologia para troca de baterias diferentes. “Vamos fazer melhor do que a Better Place”, disse Hassounah, que também é o CEO da Ample.

A empresa, que arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento em 2014, está mirando inicialmente nas frotas de veículos elétricos usados para transporte de passageiros por aplicativo e para fazer entregas, que não podem se dar ao luxo de ficar períodos longos parados para recarregarem suas baterias.

“Vamos ser muito mais baratos do que o carregamento rápido”, disse Hassounah. “Caso possa recarregar (a bateria) em casa, você deve fazer isso. Mas se você deixa seu veículo estacionado na rua, se mora em um edifício ou dirige para prestar um serviço, isso não é possível.”

Khaled Hassounah, um dos fundadores da Ample; startup já arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento, em 2014 Foto: David Paul Morris/Bloomberg

A estação de demonstração da Ample, que é branca e amarela e tem estampado o slogan “Electric cars for everyone” (Carros elétricos para todos) lembra um lava-rápido espaçoso. Quando um funcionário se aproxima dela com um Kia Niro prata, uma tela mostra a ele onde estacionar.

Uma plataforma então levanta o carro e o deixa a poucos metros do chão, um robô desliza para fora e examina a parte inferior do veículo para confirmar a localização e a configuração da bateria. Ele se dirige até o lugar que armazena a bateria, envia um sinal para poder destravá-la e removê-la, e volta para a área de depósito da estação para colocar a bateria vazia para recarregar. Então, volta com outra bateria carregada e a conecta ao carro. A plataforma desce e o Niro vai embora.

“Queremos ser o posto de gasolina dos elétricos”, disse Hassounah.

A estação de troca da Ample parece uma versão menor do modelo multimilionário criado pela Better Place, outrora instalado em Israel e na Dinamarca. Mas a estrutura modular da estação da Ample custa menos de US$ 100 mil, cabe em um contêiner e pode ser instalada em três dias, de acordo com Hassounah. Como a empresa recarrega suas baterias lentamente, não precisa passar pelo processo de instalação de infraestrutura de alta tensão cara que dura meses.

Esses tipos de melhorias elétricas complexas são um obstáculo para atingir a meta de São Francisco de eliminar os veículos movidos a combustíveis fósseis até 2040, disse Tyrone Jue, diretor de clima e sustentabilidade da cidade.

“Temos esse ambiente urbano denso, ruas bastante movimentadas e desejos conflitantes de ter uma capacidade de rede elétrica, assim como apenas mais espaço entre a pista e o meio-fio”, disse ele na estação de demonstração da Ample. “Se dissermos que toda casa precisa de um carregador e toda casa precisa atualizar seu quadro de distribuição, não vamos alcançar nossas metas climáticas.”

A Ample aprendeu outra lição com a falência da Better Place: a importância de convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis. Antes da Better Place falir, as estações dela só eram capazes de trocar as baterias de um único modelo da Renault, que a montadora francesa tinha modificado para esse fim. A Ample desenvolve suas baterias modulares que podem ser configuradas para qualquer veículo e trabalha em conjunto com montadoras para criar uma placa adaptadora removível.

Por enquanto, a empresa fechou parcerias com cinco fabricantes de veículos e projetou placas adaptadoras para 20 modelos de elétricos. Estacionados no armazém da Ample, durante a demonstração das atividades da estação, estavam um Fiat 500 e uma van da Citroen fabricados pela Stellantis, assim como o Niro, um Nissan Leaf, uma SUV Ocean da Fisker e um minicarro urbano da fabricante alemã e.Go.

Ample tenta convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis Foto: David Paul Morris/Bloomberg

O presidente da e.Go, Ali Vezvaei, disse que sua empresa projetou seu veículo elétrico e.wave X com baterias trocáveis. “Acreditamos genuinamente que essa é uma ótima solução para resolver muitos problemas de infraestrutura”, afirmou. “Mais cedo ou mais tarde, veremos uma transformação nos postos de gasolina, sendo um lugar onde você vai trocar um pneu e há uma estação de troca de baterias.”

A Ample disse que suas 12 estações na área da Baía de São Francisco realizam “algumas centenas” de trocas de baterias por dia, usadas por motoristas da Uber cujos Leafs e Niros são da frota de veículos elétricos da locadora Sally. A empresa também está instalando estações de troca nos postos de gasolina de Madri de um de seus investidores, a gigante espanhola de energia Repsol, e tem um acordo para instalar estações em Quioto, no Japão.

Os clientes da frota da Ample podem comprar veículos elétricos com ou sem baterias – a peça mais cara de um automóvel – e assinar o serviço de troca da empresa por uma taxa que a Ample se recusou a divulgar. Os clientes também pagam uma “taxa pela energia” cada vez que fazem uma troca. Trocar uma bateria de 32 kWh, por exemplo, custa cerca de US$ 13.

Se a troca de baterias vai se tornar uma alternativa mais popular de carregamento nos EUA depende, em parte, de mais montadoras trabalharem em conjunto com empresas como a Ample. A decisão da Tesla de abrir mão da troca de baterias há uma década ajudou a condenar as tentativas anteriores, embora Musk tenha dito que sua empresa considerou a ideia quando a Better Place estava lançando suas primeiras estações.

“Nós projetamos o Model S para permitir a troca de baterias, e eu disse que deveria ser possível trocar baterias em menos de um minuto”, disse Musk em 2012, alegando que a Better Place tinha roubado a ideia de troca de baterias da Tesla. “Acho que recarregar é o que a maioria das pessoas vai fazer.”

Na época, o presidente da Better Place, Ian Ofer, continuava confiante no futuro da tecnologia, mas já estava de olho em mercados fora dos EUA para assumir a liderança. Nesse aspecto, Ofer estava correto: países como Índia e Taiwan viram a troca de baterias surgir como uma solução popular para motoristas de motocicletas elétricas de duas ou três rodas. E a China tem mais de 1.500 estações de troca para veículos elétricos, com planos de instalar pelo menos 26 mil até 2025. Essas estações, no entanto, tendem a ser operadas por montadoras que trocam apenas as baterias de sua marca.

Se a multidão na inauguração da estação da Ample servir como qualquer referência, o interesse dos EUA na troca de baterias está crescendo – ou talvez ressurgindo. Entre os crachás espalhados numa mesa para o evento estavam os de representantes de empresas como Amazon, Blackstone, HSBC e Volvo./Tradução de Romina Cácia

Há mais de uma década, uma startup bem-sucedida chamada Better Place fez uma aposta de um bilhão de dólares que os motoristas de carros elétricos iriam preferir trocar baterias vazias por outras carregadas em minutos em vez de recarregá-las durante horas. Na época, a maioria dos veículos elétricos tinha autonomia de 120 quilômetros e os carregadores eram lentos, poucos e raros.

Mas logo depois de a Better Place lançar suas estações de troca de baterias em 2012, Elon Musk apresentou uma rede gratuita de carregamento rápido que atenderia aos motoristas da Tesla, então (e hoje também) a marca mais popular de veículos elétricos. Meses depois do anúncio de Musk, a Better Place faliu, fazendo os investidores, entre eles o Morgan Stanley, a General Electric e o HSBC, perderem mais de US$ 750 milhões. Nos Estados Unidos, pelo menos, a troca de baterias parecia relegada ao cemitério das tecnologias.

Mas ela está de volta. Nos últimos dois anos, a Ample, startup de São Francisco, vem instalando discretamente mais de uma dúzia de estações robóticas de troca de baterias em torno da área da Baía de São Francisco e na Europa. Em uma tarde de maio, em um armazém sem identificação, a empresa visualizou a próxima geração de suas estações de troca, nas quais uma bateria descarregada pode ser trocada por uma carregada em cerca de cinco minutos — metade do tempo de suas estações atuais.

Os fundadores da Ample, Khaled Hassounah e John De Souza, fundaram a empresa apenas um ano após a falência da Better Place, mas com um modelo de negócios e tecnologia para troca de baterias diferentes. “Vamos fazer melhor do que a Better Place”, disse Hassounah, que também é o CEO da Ample.

A empresa, que arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento em 2014, está mirando inicialmente nas frotas de veículos elétricos usados para transporte de passageiros por aplicativo e para fazer entregas, que não podem se dar ao luxo de ficar períodos longos parados para recarregarem suas baterias.

“Vamos ser muito mais baratos do que o carregamento rápido”, disse Hassounah. “Caso possa recarregar (a bateria) em casa, você deve fazer isso. Mas se você deixa seu veículo estacionado na rua, se mora em um edifício ou dirige para prestar um serviço, isso não é possível.”

Khaled Hassounah, um dos fundadores da Ample; startup já arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento, em 2014 Foto: David Paul Morris/Bloomberg

A estação de demonstração da Ample, que é branca e amarela e tem estampado o slogan “Electric cars for everyone” (Carros elétricos para todos) lembra um lava-rápido espaçoso. Quando um funcionário se aproxima dela com um Kia Niro prata, uma tela mostra a ele onde estacionar.

Uma plataforma então levanta o carro e o deixa a poucos metros do chão, um robô desliza para fora e examina a parte inferior do veículo para confirmar a localização e a configuração da bateria. Ele se dirige até o lugar que armazena a bateria, envia um sinal para poder destravá-la e removê-la, e volta para a área de depósito da estação para colocar a bateria vazia para recarregar. Então, volta com outra bateria carregada e a conecta ao carro. A plataforma desce e o Niro vai embora.

“Queremos ser o posto de gasolina dos elétricos”, disse Hassounah.

A estação de troca da Ample parece uma versão menor do modelo multimilionário criado pela Better Place, outrora instalado em Israel e na Dinamarca. Mas a estrutura modular da estação da Ample custa menos de US$ 100 mil, cabe em um contêiner e pode ser instalada em três dias, de acordo com Hassounah. Como a empresa recarrega suas baterias lentamente, não precisa passar pelo processo de instalação de infraestrutura de alta tensão cara que dura meses.

Esses tipos de melhorias elétricas complexas são um obstáculo para atingir a meta de São Francisco de eliminar os veículos movidos a combustíveis fósseis até 2040, disse Tyrone Jue, diretor de clima e sustentabilidade da cidade.

“Temos esse ambiente urbano denso, ruas bastante movimentadas e desejos conflitantes de ter uma capacidade de rede elétrica, assim como apenas mais espaço entre a pista e o meio-fio”, disse ele na estação de demonstração da Ample. “Se dissermos que toda casa precisa de um carregador e toda casa precisa atualizar seu quadro de distribuição, não vamos alcançar nossas metas climáticas.”

A Ample aprendeu outra lição com a falência da Better Place: a importância de convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis. Antes da Better Place falir, as estações dela só eram capazes de trocar as baterias de um único modelo da Renault, que a montadora francesa tinha modificado para esse fim. A Ample desenvolve suas baterias modulares que podem ser configuradas para qualquer veículo e trabalha em conjunto com montadoras para criar uma placa adaptadora removível.

Por enquanto, a empresa fechou parcerias com cinco fabricantes de veículos e projetou placas adaptadoras para 20 modelos de elétricos. Estacionados no armazém da Ample, durante a demonstração das atividades da estação, estavam um Fiat 500 e uma van da Citroen fabricados pela Stellantis, assim como o Niro, um Nissan Leaf, uma SUV Ocean da Fisker e um minicarro urbano da fabricante alemã e.Go.

Ample tenta convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis Foto: David Paul Morris/Bloomberg

O presidente da e.Go, Ali Vezvaei, disse que sua empresa projetou seu veículo elétrico e.wave X com baterias trocáveis. “Acreditamos genuinamente que essa é uma ótima solução para resolver muitos problemas de infraestrutura”, afirmou. “Mais cedo ou mais tarde, veremos uma transformação nos postos de gasolina, sendo um lugar onde você vai trocar um pneu e há uma estação de troca de baterias.”

A Ample disse que suas 12 estações na área da Baía de São Francisco realizam “algumas centenas” de trocas de baterias por dia, usadas por motoristas da Uber cujos Leafs e Niros são da frota de veículos elétricos da locadora Sally. A empresa também está instalando estações de troca nos postos de gasolina de Madri de um de seus investidores, a gigante espanhola de energia Repsol, e tem um acordo para instalar estações em Quioto, no Japão.

Os clientes da frota da Ample podem comprar veículos elétricos com ou sem baterias – a peça mais cara de um automóvel – e assinar o serviço de troca da empresa por uma taxa que a Ample se recusou a divulgar. Os clientes também pagam uma “taxa pela energia” cada vez que fazem uma troca. Trocar uma bateria de 32 kWh, por exemplo, custa cerca de US$ 13.

Se a troca de baterias vai se tornar uma alternativa mais popular de carregamento nos EUA depende, em parte, de mais montadoras trabalharem em conjunto com empresas como a Ample. A decisão da Tesla de abrir mão da troca de baterias há uma década ajudou a condenar as tentativas anteriores, embora Musk tenha dito que sua empresa considerou a ideia quando a Better Place estava lançando suas primeiras estações.

“Nós projetamos o Model S para permitir a troca de baterias, e eu disse que deveria ser possível trocar baterias em menos de um minuto”, disse Musk em 2012, alegando que a Better Place tinha roubado a ideia de troca de baterias da Tesla. “Acho que recarregar é o que a maioria das pessoas vai fazer.”

Na época, o presidente da Better Place, Ian Ofer, continuava confiante no futuro da tecnologia, mas já estava de olho em mercados fora dos EUA para assumir a liderança. Nesse aspecto, Ofer estava correto: países como Índia e Taiwan viram a troca de baterias surgir como uma solução popular para motoristas de motocicletas elétricas de duas ou três rodas. E a China tem mais de 1.500 estações de troca para veículos elétricos, com planos de instalar pelo menos 26 mil até 2025. Essas estações, no entanto, tendem a ser operadas por montadoras que trocam apenas as baterias de sua marca.

Se a multidão na inauguração da estação da Ample servir como qualquer referência, o interesse dos EUA na troca de baterias está crescendo – ou talvez ressurgindo. Entre os crachás espalhados numa mesa para o evento estavam os de representantes de empresas como Amazon, Blackstone, HSBC e Volvo./Tradução de Romina Cácia

Há mais de uma década, uma startup bem-sucedida chamada Better Place fez uma aposta de um bilhão de dólares que os motoristas de carros elétricos iriam preferir trocar baterias vazias por outras carregadas em minutos em vez de recarregá-las durante horas. Na época, a maioria dos veículos elétricos tinha autonomia de 120 quilômetros e os carregadores eram lentos, poucos e raros.

Mas logo depois de a Better Place lançar suas estações de troca de baterias em 2012, Elon Musk apresentou uma rede gratuita de carregamento rápido que atenderia aos motoristas da Tesla, então (e hoje também) a marca mais popular de veículos elétricos. Meses depois do anúncio de Musk, a Better Place faliu, fazendo os investidores, entre eles o Morgan Stanley, a General Electric e o HSBC, perderem mais de US$ 750 milhões. Nos Estados Unidos, pelo menos, a troca de baterias parecia relegada ao cemitério das tecnologias.

Mas ela está de volta. Nos últimos dois anos, a Ample, startup de São Francisco, vem instalando discretamente mais de uma dúzia de estações robóticas de troca de baterias em torno da área da Baía de São Francisco e na Europa. Em uma tarde de maio, em um armazém sem identificação, a empresa visualizou a próxima geração de suas estações de troca, nas quais uma bateria descarregada pode ser trocada por uma carregada em cerca de cinco minutos — metade do tempo de suas estações atuais.

Os fundadores da Ample, Khaled Hassounah e John De Souza, fundaram a empresa apenas um ano após a falência da Better Place, mas com um modelo de negócios e tecnologia para troca de baterias diferentes. “Vamos fazer melhor do que a Better Place”, disse Hassounah, que também é o CEO da Ample.

A empresa, que arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento em 2014, está mirando inicialmente nas frotas de veículos elétricos usados para transporte de passageiros por aplicativo e para fazer entregas, que não podem se dar ao luxo de ficar períodos longos parados para recarregarem suas baterias.

“Vamos ser muito mais baratos do que o carregamento rápido”, disse Hassounah. “Caso possa recarregar (a bateria) em casa, você deve fazer isso. Mas se você deixa seu veículo estacionado na rua, se mora em um edifício ou dirige para prestar um serviço, isso não é possível.”

Khaled Hassounah, um dos fundadores da Ample; startup já arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento, em 2014 Foto: David Paul Morris/Bloomberg

A estação de demonstração da Ample, que é branca e amarela e tem estampado o slogan “Electric cars for everyone” (Carros elétricos para todos) lembra um lava-rápido espaçoso. Quando um funcionário se aproxima dela com um Kia Niro prata, uma tela mostra a ele onde estacionar.

Uma plataforma então levanta o carro e o deixa a poucos metros do chão, um robô desliza para fora e examina a parte inferior do veículo para confirmar a localização e a configuração da bateria. Ele se dirige até o lugar que armazena a bateria, envia um sinal para poder destravá-la e removê-la, e volta para a área de depósito da estação para colocar a bateria vazia para recarregar. Então, volta com outra bateria carregada e a conecta ao carro. A plataforma desce e o Niro vai embora.

“Queremos ser o posto de gasolina dos elétricos”, disse Hassounah.

A estação de troca da Ample parece uma versão menor do modelo multimilionário criado pela Better Place, outrora instalado em Israel e na Dinamarca. Mas a estrutura modular da estação da Ample custa menos de US$ 100 mil, cabe em um contêiner e pode ser instalada em três dias, de acordo com Hassounah. Como a empresa recarrega suas baterias lentamente, não precisa passar pelo processo de instalação de infraestrutura de alta tensão cara que dura meses.

Esses tipos de melhorias elétricas complexas são um obstáculo para atingir a meta de São Francisco de eliminar os veículos movidos a combustíveis fósseis até 2040, disse Tyrone Jue, diretor de clima e sustentabilidade da cidade.

“Temos esse ambiente urbano denso, ruas bastante movimentadas e desejos conflitantes de ter uma capacidade de rede elétrica, assim como apenas mais espaço entre a pista e o meio-fio”, disse ele na estação de demonstração da Ample. “Se dissermos que toda casa precisa de um carregador e toda casa precisa atualizar seu quadro de distribuição, não vamos alcançar nossas metas climáticas.”

A Ample aprendeu outra lição com a falência da Better Place: a importância de convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis. Antes da Better Place falir, as estações dela só eram capazes de trocar as baterias de um único modelo da Renault, que a montadora francesa tinha modificado para esse fim. A Ample desenvolve suas baterias modulares que podem ser configuradas para qualquer veículo e trabalha em conjunto com montadoras para criar uma placa adaptadora removível.

Por enquanto, a empresa fechou parcerias com cinco fabricantes de veículos e projetou placas adaptadoras para 20 modelos de elétricos. Estacionados no armazém da Ample, durante a demonstração das atividades da estação, estavam um Fiat 500 e uma van da Citroen fabricados pela Stellantis, assim como o Niro, um Nissan Leaf, uma SUV Ocean da Fisker e um minicarro urbano da fabricante alemã e.Go.

Ample tenta convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis Foto: David Paul Morris/Bloomberg

O presidente da e.Go, Ali Vezvaei, disse que sua empresa projetou seu veículo elétrico e.wave X com baterias trocáveis. “Acreditamos genuinamente que essa é uma ótima solução para resolver muitos problemas de infraestrutura”, afirmou. “Mais cedo ou mais tarde, veremos uma transformação nos postos de gasolina, sendo um lugar onde você vai trocar um pneu e há uma estação de troca de baterias.”

A Ample disse que suas 12 estações na área da Baía de São Francisco realizam “algumas centenas” de trocas de baterias por dia, usadas por motoristas da Uber cujos Leafs e Niros são da frota de veículos elétricos da locadora Sally. A empresa também está instalando estações de troca nos postos de gasolina de Madri de um de seus investidores, a gigante espanhola de energia Repsol, e tem um acordo para instalar estações em Quioto, no Japão.

Os clientes da frota da Ample podem comprar veículos elétricos com ou sem baterias – a peça mais cara de um automóvel – e assinar o serviço de troca da empresa por uma taxa que a Ample se recusou a divulgar. Os clientes também pagam uma “taxa pela energia” cada vez que fazem uma troca. Trocar uma bateria de 32 kWh, por exemplo, custa cerca de US$ 13.

Se a troca de baterias vai se tornar uma alternativa mais popular de carregamento nos EUA depende, em parte, de mais montadoras trabalharem em conjunto com empresas como a Ample. A decisão da Tesla de abrir mão da troca de baterias há uma década ajudou a condenar as tentativas anteriores, embora Musk tenha dito que sua empresa considerou a ideia quando a Better Place estava lançando suas primeiras estações.

“Nós projetamos o Model S para permitir a troca de baterias, e eu disse que deveria ser possível trocar baterias em menos de um minuto”, disse Musk em 2012, alegando que a Better Place tinha roubado a ideia de troca de baterias da Tesla. “Acho que recarregar é o que a maioria das pessoas vai fazer.”

Na época, o presidente da Better Place, Ian Ofer, continuava confiante no futuro da tecnologia, mas já estava de olho em mercados fora dos EUA para assumir a liderança. Nesse aspecto, Ofer estava correto: países como Índia e Taiwan viram a troca de baterias surgir como uma solução popular para motoristas de motocicletas elétricas de duas ou três rodas. E a China tem mais de 1.500 estações de troca para veículos elétricos, com planos de instalar pelo menos 26 mil até 2025. Essas estações, no entanto, tendem a ser operadas por montadoras que trocam apenas as baterias de sua marca.

Se a multidão na inauguração da estação da Ample servir como qualquer referência, o interesse dos EUA na troca de baterias está crescendo – ou talvez ressurgindo. Entre os crachás espalhados numa mesa para o evento estavam os de representantes de empresas como Amazon, Blackstone, HSBC e Volvo./Tradução de Romina Cácia

Há mais de uma década, uma startup bem-sucedida chamada Better Place fez uma aposta de um bilhão de dólares que os motoristas de carros elétricos iriam preferir trocar baterias vazias por outras carregadas em minutos em vez de recarregá-las durante horas. Na época, a maioria dos veículos elétricos tinha autonomia de 120 quilômetros e os carregadores eram lentos, poucos e raros.

Mas logo depois de a Better Place lançar suas estações de troca de baterias em 2012, Elon Musk apresentou uma rede gratuita de carregamento rápido que atenderia aos motoristas da Tesla, então (e hoje também) a marca mais popular de veículos elétricos. Meses depois do anúncio de Musk, a Better Place faliu, fazendo os investidores, entre eles o Morgan Stanley, a General Electric e o HSBC, perderem mais de US$ 750 milhões. Nos Estados Unidos, pelo menos, a troca de baterias parecia relegada ao cemitério das tecnologias.

Mas ela está de volta. Nos últimos dois anos, a Ample, startup de São Francisco, vem instalando discretamente mais de uma dúzia de estações robóticas de troca de baterias em torno da área da Baía de São Francisco e na Europa. Em uma tarde de maio, em um armazém sem identificação, a empresa visualizou a próxima geração de suas estações de troca, nas quais uma bateria descarregada pode ser trocada por uma carregada em cerca de cinco minutos — metade do tempo de suas estações atuais.

Os fundadores da Ample, Khaled Hassounah e John De Souza, fundaram a empresa apenas um ano após a falência da Better Place, mas com um modelo de negócios e tecnologia para troca de baterias diferentes. “Vamos fazer melhor do que a Better Place”, disse Hassounah, que também é o CEO da Ample.

A empresa, que arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento em 2014, está mirando inicialmente nas frotas de veículos elétricos usados para transporte de passageiros por aplicativo e para fazer entregas, que não podem se dar ao luxo de ficar períodos longos parados para recarregarem suas baterias.

“Vamos ser muito mais baratos do que o carregamento rápido”, disse Hassounah. “Caso possa recarregar (a bateria) em casa, você deve fazer isso. Mas se você deixa seu veículo estacionado na rua, se mora em um edifício ou dirige para prestar um serviço, isso não é possível.”

Khaled Hassounah, um dos fundadores da Ample; startup já arrecadou US$ 260 milhões desde seu lançamento, em 2014 Foto: David Paul Morris/Bloomberg

A estação de demonstração da Ample, que é branca e amarela e tem estampado o slogan “Electric cars for everyone” (Carros elétricos para todos) lembra um lava-rápido espaçoso. Quando um funcionário se aproxima dela com um Kia Niro prata, uma tela mostra a ele onde estacionar.

Uma plataforma então levanta o carro e o deixa a poucos metros do chão, um robô desliza para fora e examina a parte inferior do veículo para confirmar a localização e a configuração da bateria. Ele se dirige até o lugar que armazena a bateria, envia um sinal para poder destravá-la e removê-la, e volta para a área de depósito da estação para colocar a bateria vazia para recarregar. Então, volta com outra bateria carregada e a conecta ao carro. A plataforma desce e o Niro vai embora.

“Queremos ser o posto de gasolina dos elétricos”, disse Hassounah.

A estação de troca da Ample parece uma versão menor do modelo multimilionário criado pela Better Place, outrora instalado em Israel e na Dinamarca. Mas a estrutura modular da estação da Ample custa menos de US$ 100 mil, cabe em um contêiner e pode ser instalada em três dias, de acordo com Hassounah. Como a empresa recarrega suas baterias lentamente, não precisa passar pelo processo de instalação de infraestrutura de alta tensão cara que dura meses.

Esses tipos de melhorias elétricas complexas são um obstáculo para atingir a meta de São Francisco de eliminar os veículos movidos a combustíveis fósseis até 2040, disse Tyrone Jue, diretor de clima e sustentabilidade da cidade.

“Temos esse ambiente urbano denso, ruas bastante movimentadas e desejos conflitantes de ter uma capacidade de rede elétrica, assim como apenas mais espaço entre a pista e o meio-fio”, disse ele na estação de demonstração da Ample. “Se dissermos que toda casa precisa de um carregador e toda casa precisa atualizar seu quadro de distribuição, não vamos alcançar nossas metas climáticas.”

A Ample aprendeu outra lição com a falência da Better Place: a importância de convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis. Antes da Better Place falir, as estações dela só eram capazes de trocar as baterias de um único modelo da Renault, que a montadora francesa tinha modificado para esse fim. A Ample desenvolve suas baterias modulares que podem ser configuradas para qualquer veículo e trabalha em conjunto com montadoras para criar uma placa adaptadora removível.

Por enquanto, a empresa fechou parcerias com cinco fabricantes de veículos e projetou placas adaptadoras para 20 modelos de elétricos. Estacionados no armazém da Ample, durante a demonstração das atividades da estação, estavam um Fiat 500 e uma van da Citroen fabricados pela Stellantis, assim como o Niro, um Nissan Leaf, uma SUV Ocean da Fisker e um minicarro urbano da fabricante alemã e.Go.

Ample tenta convencer as montadoras a produzir veículos elétricos com baterias trocáveis Foto: David Paul Morris/Bloomberg

O presidente da e.Go, Ali Vezvaei, disse que sua empresa projetou seu veículo elétrico e.wave X com baterias trocáveis. “Acreditamos genuinamente que essa é uma ótima solução para resolver muitos problemas de infraestrutura”, afirmou. “Mais cedo ou mais tarde, veremos uma transformação nos postos de gasolina, sendo um lugar onde você vai trocar um pneu e há uma estação de troca de baterias.”

A Ample disse que suas 12 estações na área da Baía de São Francisco realizam “algumas centenas” de trocas de baterias por dia, usadas por motoristas da Uber cujos Leafs e Niros são da frota de veículos elétricos da locadora Sally. A empresa também está instalando estações de troca nos postos de gasolina de Madri de um de seus investidores, a gigante espanhola de energia Repsol, e tem um acordo para instalar estações em Quioto, no Japão.

Os clientes da frota da Ample podem comprar veículos elétricos com ou sem baterias – a peça mais cara de um automóvel – e assinar o serviço de troca da empresa por uma taxa que a Ample se recusou a divulgar. Os clientes também pagam uma “taxa pela energia” cada vez que fazem uma troca. Trocar uma bateria de 32 kWh, por exemplo, custa cerca de US$ 13.

Se a troca de baterias vai se tornar uma alternativa mais popular de carregamento nos EUA depende, em parte, de mais montadoras trabalharem em conjunto com empresas como a Ample. A decisão da Tesla de abrir mão da troca de baterias há uma década ajudou a condenar as tentativas anteriores, embora Musk tenha dito que sua empresa considerou a ideia quando a Better Place estava lançando suas primeiras estações.

“Nós projetamos o Model S para permitir a troca de baterias, e eu disse que deveria ser possível trocar baterias em menos de um minuto”, disse Musk em 2012, alegando que a Better Place tinha roubado a ideia de troca de baterias da Tesla. “Acho que recarregar é o que a maioria das pessoas vai fazer.”

Na época, o presidente da Better Place, Ian Ofer, continuava confiante no futuro da tecnologia, mas já estava de olho em mercados fora dos EUA para assumir a liderança. Nesse aspecto, Ofer estava correto: países como Índia e Taiwan viram a troca de baterias surgir como uma solução popular para motoristas de motocicletas elétricas de duas ou três rodas. E a China tem mais de 1.500 estações de troca para veículos elétricos, com planos de instalar pelo menos 26 mil até 2025. Essas estações, no entanto, tendem a ser operadas por montadoras que trocam apenas as baterias de sua marca.

Se a multidão na inauguração da estação da Ample servir como qualquer referência, o interesse dos EUA na troca de baterias está crescendo – ou talvez ressurgindo. Entre os crachás espalhados numa mesa para o evento estavam os de representantes de empresas como Amazon, Blackstone, HSBC e Volvo./Tradução de Romina Cácia

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