São Paulo assumiu, na virada de março para abril, o protagonismo da produção de energia solar entre os estados brasileiros, registrando a maior potência instalada de energia fotovoltaica na geração própria, segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Desde 2012, quando o mercado foi instituído no Brasil, Minas Gerais sempre ocupava o topo da lista.
Atualmente, 13,8% da potência instalada está em São Paulo, com mais de 2,4 gigawatts em operação. Minas Gerais, em segundo lugar, possui 13,7%. Em seguida, no ranking, estão Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, respectivamente.
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Existem mais de 282,5 mil conexões operacionais espalhadas por todos os 645 municípios paulistas, segundo o levantamento. Ao todo, são mais de 329,7 mil consumidores de energia elétrica solar.
A geração própria de energia solar acontece quando um consumidor se transforma no próprio produtor, instalando o sistema com painéis solares. Esse modelo de geração distribuída, produzida próxima ao local de consumo, é diferente da geração centralizada, no qual uma hidrelétrica, por exemplo, gera energia e distribui para os consumidores.
São Paulo
Nos últimos 10 anos, a geração própria de energia solar já atraiu mais de R$ 12,8 bilhões em investimentos para o Estado, além de ter gerado mais de 74,5 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 3,5 bilhões aos cofres públicos, segundo cálculos da Absolar.
Entre os motivos para alcançar a liderança de geração própria está o maior conhecimento sobre os benefícios da energia solar, aponta Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Absolar.
“Toda tecnologia exponencial tem uma queda de preço acelerada, como aconteceu com o celular, por exemplo. Um orçamento de dois anos atrás é muito mais barato hoje”, afirma.
O preço médio da energia solar no Brasil caiu pelo quarto trimestre consecutivo, segundo indicador da Solfácil, divulgado em março. No período, o preço médio atingiu R$4,22 por watt-pico (WP), unidade de potência criada para a aferição de painéis fotovoltaicos. Esse foi o menor valor desde o começo dos levantamentos do Radar Solfácil, com uma queda de 4% em relação ao período anterior.
Segundo Fábio Carrara, CEO da Solfácil, os níveis recordes de produção das placas solares fotovoltaicas aumentaram a competitividade no mercado, o que pode ter contribuído para a redução do preço médio.
No final de fevereiro, o governo de São Paulo determinou a isenção do ICMS para a geração de energia distribuída e centrais geradoras com potência instalada de até 1 megawatt. No caso da energia fotovoltaica, o imposto também passou a ser isento para a geração de até 5 megawatts. O incentivo fiscal pode ter tido influência para o aumento da potência solar no estado, diz Koloszuk.
Para Carrara, era esperado que São Paulo atingisse a liderança, o que pode ser explicado pela “combinação de uma renda per capita mais alta e uma maior população em comparação com os outros estados”.
Já em Minas Gerais, além dos incentivos públicos, a tarifa alta de energia elétrica também pode ter impulsionado o interesse do estado pela energia solar para diminuir os custos.
Minas assumiu a liderança por tanto tempo por ser o “estado benchmarking” no Brasil, explica Koloszuk. Segundo ele, o Estado reconheceu os benefícios da energia solar logo no início do mercado.
Atualmente, São Paulo também possui esse entendimento: “O governo estadual tem clareza que a energia solar e outras fontes limpas são um fator de fomento para a nova industrialização por meio de novas tecnologias”, coloca.