EUA: ‘Dados de emprego em outubro são uma farsa’, diz economista-chefe da Moody’s


Segundo Mark Zandi, o levantamento chamado payroll (folha de pagamento) traz uma narrativa falsa, influenciada pelo impacto temporário dos furacões e da greve na Boeing

Por Karoline Guimarães
Atualização:

O economista-chefe da agência Moody’s, Mark Zandi, publicou em sua conta do X que o relatório — também conhecido como payroll (”folha de pagamento”) — divulgado pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos nesta sexta-feira, 1º, “como esperado, e é uma farsa”.

A análise de Zandi sobre o resultado do relatório não difere de outros economistas, sugerindo que os dados não indicam que os EUA rumam para uma recessão. Para ele, os dados divulgados representam uma narrativa falsa “sobrecarregada pelo impacto temporário dos furacões e da greve da Boeing”.

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Analistas consultados pelo Estadão/Broadcast já previam a taxa de 4,1% no desemprego dos EUA em outubro, inalterada em relação à do mês anterior. Em termos líquidos, 12 mil empregos foram criados. Analistas esperavam criação de 70 mil a 180 mil vagas, com mediana de 100 mil.

Também era esperada a revisão para baixo dos números de empregos criados em setembro, de 254 mil para 223 mil; e em agosto, de 159 mil a 78 mil.

“As taxas de resposta à pesquisa de empresas usada para construir a estimativa de emprego também foram extraordinariamente baixas devido a um período de coleta muito curto para as respostas. Abstraindo esses eventos pontuais, o emprego aumentou em cerca de 150 mil, quase o mesmo que os ganhos nos últimos meses. Isso, combinado com a taxa de desemprego estável e baixa de quase 4% e o crescimento salarial robusto de 4%, é justo dizer que o mercado de trabalho continua sólido como uma rocha”, escreveu Zandi, na publicação.

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Greve de funcionários da Boeing pode ter afetado dados do trabalho para os Estados Unidos como um todo Foto: Lindsey Wasson/AP

Em outubro, o salário médio por hora aumentou 0,37% em relação a setembro, ou US$ 0,13, a US$ 35,46, variação que ficou acima da projeção do mercado, de alta de 0,3%. Na comparação anual, houve ganho salarial de 3,99% no último mês, praticamente em linha com a previsão de 4%.

Os furacões que atingiram os EUA em outubro provavelmente afetaram as estimativas de empregos em algumas indústrias, segundo o Departamento do Trabalho americano.

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O documento ressalta, porém, que não é possível quantificar o efeito líquido nas variações mensais das estimativas para o nível de emprego nacional, horas trabalhadas ou vencimentos porque a pesquisa não foi elaborada de forma a isolar os efeitos de fenômenos meteorológicos extremos.

As apostas no corte de juro nos EUA

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O mercado consolidou expectativas por um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) nos juros americanos pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, na decisão de novembro, após a leitura fraca do payroll. Investidores também ampliaram as probabilidades de um ciclo de relaxamento monetário firme até meados do próximo ano, embora em ritmo moderado.

Segundo ferramenta do CME Group, a chance de o Fed reduzir juros em 0,25 ponto porcentual na próxima quinta-feira subiu de 93,1% antes do payroll para 99,5%, por volta das 9h50 (de Brasília). A probabilidade de redução acumulada de 0,50 ponto porcentual até dezembro também subiu de 70,8% para 81,8% no período, praticamente zerando as chances de manutenção dos juros em 2024.

O mercado ainda vê chance de apenas um corte de 0,25 ponto porcentual até o fim do ano, embora com margem menor, de 27,6% para 17,7% após o payroll.

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Para 2025, os investidores ampliaram probabilidade de redução acumulada de 1 ponto porcentual nos juros pelo Fed até maio, de 35,6% para 42,2%. A chance de cortes menores, de 0,75 ponto porcentual, continua em segundo lugar, mas perdeu vantagem ao cair de 34,3% para 27,5% após o payroll. Em terceiro lugar, a probabilidade de redução mais agressiva, de 1,25 ponto porcentual, subiu de 13,2% para 22,2% no período. /Com Laís Adriana e Sergio Caldas

O economista-chefe da agência Moody’s, Mark Zandi, publicou em sua conta do X que o relatório — também conhecido como payroll (”folha de pagamento”) — divulgado pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos nesta sexta-feira, 1º, “como esperado, e é uma farsa”.

A análise de Zandi sobre o resultado do relatório não difere de outros economistas, sugerindo que os dados não indicam que os EUA rumam para uma recessão. Para ele, os dados divulgados representam uma narrativa falsa “sobrecarregada pelo impacto temporário dos furacões e da greve da Boeing”.

Analistas consultados pelo Estadão/Broadcast já previam a taxa de 4,1% no desemprego dos EUA em outubro, inalterada em relação à do mês anterior. Em termos líquidos, 12 mil empregos foram criados. Analistas esperavam criação de 70 mil a 180 mil vagas, com mediana de 100 mil.

Também era esperada a revisão para baixo dos números de empregos criados em setembro, de 254 mil para 223 mil; e em agosto, de 159 mil a 78 mil.

“As taxas de resposta à pesquisa de empresas usada para construir a estimativa de emprego também foram extraordinariamente baixas devido a um período de coleta muito curto para as respostas. Abstraindo esses eventos pontuais, o emprego aumentou em cerca de 150 mil, quase o mesmo que os ganhos nos últimos meses. Isso, combinado com a taxa de desemprego estável e baixa de quase 4% e o crescimento salarial robusto de 4%, é justo dizer que o mercado de trabalho continua sólido como uma rocha”, escreveu Zandi, na publicação.

Greve de funcionários da Boeing pode ter afetado dados do trabalho para os Estados Unidos como um todo Foto: Lindsey Wasson/AP

Em outubro, o salário médio por hora aumentou 0,37% em relação a setembro, ou US$ 0,13, a US$ 35,46, variação que ficou acima da projeção do mercado, de alta de 0,3%. Na comparação anual, houve ganho salarial de 3,99% no último mês, praticamente em linha com a previsão de 4%.

Os furacões que atingiram os EUA em outubro provavelmente afetaram as estimativas de empregos em algumas indústrias, segundo o Departamento do Trabalho americano.

O documento ressalta, porém, que não é possível quantificar o efeito líquido nas variações mensais das estimativas para o nível de emprego nacional, horas trabalhadas ou vencimentos porque a pesquisa não foi elaborada de forma a isolar os efeitos de fenômenos meteorológicos extremos.

As apostas no corte de juro nos EUA

O mercado consolidou expectativas por um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) nos juros americanos pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, na decisão de novembro, após a leitura fraca do payroll. Investidores também ampliaram as probabilidades de um ciclo de relaxamento monetário firme até meados do próximo ano, embora em ritmo moderado.

Segundo ferramenta do CME Group, a chance de o Fed reduzir juros em 0,25 ponto porcentual na próxima quinta-feira subiu de 93,1% antes do payroll para 99,5%, por volta das 9h50 (de Brasília). A probabilidade de redução acumulada de 0,50 ponto porcentual até dezembro também subiu de 70,8% para 81,8% no período, praticamente zerando as chances de manutenção dos juros em 2024.

O mercado ainda vê chance de apenas um corte de 0,25 ponto porcentual até o fim do ano, embora com margem menor, de 27,6% para 17,7% após o payroll.

Para 2025, os investidores ampliaram probabilidade de redução acumulada de 1 ponto porcentual nos juros pelo Fed até maio, de 35,6% para 42,2%. A chance de cortes menores, de 0,75 ponto porcentual, continua em segundo lugar, mas perdeu vantagem ao cair de 34,3% para 27,5% após o payroll. Em terceiro lugar, a probabilidade de redução mais agressiva, de 1,25 ponto porcentual, subiu de 13,2% para 22,2% no período. /Com Laís Adriana e Sergio Caldas

O economista-chefe da agência Moody’s, Mark Zandi, publicou em sua conta do X que o relatório — também conhecido como payroll (”folha de pagamento”) — divulgado pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos nesta sexta-feira, 1º, “como esperado, e é uma farsa”.

A análise de Zandi sobre o resultado do relatório não difere de outros economistas, sugerindo que os dados não indicam que os EUA rumam para uma recessão. Para ele, os dados divulgados representam uma narrativa falsa “sobrecarregada pelo impacto temporário dos furacões e da greve da Boeing”.

Analistas consultados pelo Estadão/Broadcast já previam a taxa de 4,1% no desemprego dos EUA em outubro, inalterada em relação à do mês anterior. Em termos líquidos, 12 mil empregos foram criados. Analistas esperavam criação de 70 mil a 180 mil vagas, com mediana de 100 mil.

Também era esperada a revisão para baixo dos números de empregos criados em setembro, de 254 mil para 223 mil; e em agosto, de 159 mil a 78 mil.

“As taxas de resposta à pesquisa de empresas usada para construir a estimativa de emprego também foram extraordinariamente baixas devido a um período de coleta muito curto para as respostas. Abstraindo esses eventos pontuais, o emprego aumentou em cerca de 150 mil, quase o mesmo que os ganhos nos últimos meses. Isso, combinado com a taxa de desemprego estável e baixa de quase 4% e o crescimento salarial robusto de 4%, é justo dizer que o mercado de trabalho continua sólido como uma rocha”, escreveu Zandi, na publicação.

Greve de funcionários da Boeing pode ter afetado dados do trabalho para os Estados Unidos como um todo Foto: Lindsey Wasson/AP

Em outubro, o salário médio por hora aumentou 0,37% em relação a setembro, ou US$ 0,13, a US$ 35,46, variação que ficou acima da projeção do mercado, de alta de 0,3%. Na comparação anual, houve ganho salarial de 3,99% no último mês, praticamente em linha com a previsão de 4%.

Os furacões que atingiram os EUA em outubro provavelmente afetaram as estimativas de empregos em algumas indústrias, segundo o Departamento do Trabalho americano.

O documento ressalta, porém, que não é possível quantificar o efeito líquido nas variações mensais das estimativas para o nível de emprego nacional, horas trabalhadas ou vencimentos porque a pesquisa não foi elaborada de forma a isolar os efeitos de fenômenos meteorológicos extremos.

As apostas no corte de juro nos EUA

O mercado consolidou expectativas por um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) nos juros americanos pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, na decisão de novembro, após a leitura fraca do payroll. Investidores também ampliaram as probabilidades de um ciclo de relaxamento monetário firme até meados do próximo ano, embora em ritmo moderado.

Segundo ferramenta do CME Group, a chance de o Fed reduzir juros em 0,25 ponto porcentual na próxima quinta-feira subiu de 93,1% antes do payroll para 99,5%, por volta das 9h50 (de Brasília). A probabilidade de redução acumulada de 0,50 ponto porcentual até dezembro também subiu de 70,8% para 81,8% no período, praticamente zerando as chances de manutenção dos juros em 2024.

O mercado ainda vê chance de apenas um corte de 0,25 ponto porcentual até o fim do ano, embora com margem menor, de 27,6% para 17,7% após o payroll.

Para 2025, os investidores ampliaram probabilidade de redução acumulada de 1 ponto porcentual nos juros pelo Fed até maio, de 35,6% para 42,2%. A chance de cortes menores, de 0,75 ponto porcentual, continua em segundo lugar, mas perdeu vantagem ao cair de 34,3% para 27,5% após o payroll. Em terceiro lugar, a probabilidade de redução mais agressiva, de 1,25 ponto porcentual, subiu de 13,2% para 22,2% no período. /Com Laís Adriana e Sergio Caldas

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