Juros nos EUA: confira a expectativa do mercado para a reunião do Fed nesta quarta-feira


Há um consenso sobre a elevação da taxa em 0,25 ponto porcentual, mas muitas dúvidas sobre o que vem depois disso

Por André Marinho

A falência do First Republic Bank na segunda-feira, 1º, restitui as incertezas do sistema bancário americano ao centro das discussões do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), mas não deve impedir o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 5% e 5,25%, na reunião desta quarta-feira. A inflação de serviços teimosa nos Estados Unidos mantém o foco prioritário na retomada da estabilidade de preços, apesar de sinais de uma ainda incipiente desaceleração da maior economia do planeta.

Na véspera da decisão, marcada para as 15h (de Brasília), monitoramento do CME Group apontava 83,3% de chance de uma elevação de 0,25 ponto porcentual, frente a 16,7% de probabilidade de manutenção da taxa atual. Na esteira dos eventos relativos ao First Republic, o cenário de preservação da taxa básica ganhou algum fôlego entre investidores, embora seja considerado improvável. “A única coisa que poderia reverter no curto prazo esse ciclo de aperto seria um novo acidente nos bancos”, diz o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima.

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Antes da emergência das turbulências em bancos regionais, o mercado especulava uma nova aceleração no ritmo de aperto nos juros, diante dos temores de que o vigor do emprego nos EUA retardasse o alívio inflacionário. A ata referente à reunião de março do Fomc mostrou que dirigentes cogitaram até uma alta de 0,5 ponto porcentual nos juros, se não fosse pela quebra de Silicon Valley Bank e Signature Bank naquele mês.

Nas semanas seguintes, as manchetes sobre a saúde dos bancos regionais voltaram a dar mais espaço às perspectivas de inflação. Em particular, a aceleração do núcleo do índice de preços ao consumidor, que foi para uma taxa anual de 5,6% em março, serviu de lembrete para o fato de que a maior parte dos progressos recentes se concentrou nos componentes de alimentos e energia. “Comemorou-se muito o fato de a inflação ter vindo abaixo da expectativa no último mês (março), mas grande parte dessa melhora estava calcada na inflação de commodities, que caíram muito em março, mas teve volatilidade em abril”, diz Alex Lima, da Guide.

O quadro consolidou a expectativa por mais um passo no mais agressivo ciclo de aperto monetário em quatro décadas nos EUA. A avaliação geral, reforçada por dirigentes do Fed, era de que o setor bancário segue bem capitalizado e que a prioridade no momento ainda é o combate à inflação. Até que, na semana passada, o First Republic informou um tombo de 40% nos depósitos no primeiro trimestre e trouxe as incertezas de volta ao centro do debate sobre a economia. Na segunda-feira, reguladores fecharam as portas do banco e aceitaram a oferta do JPMorgan para compra dos ativos.

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Os desdobramentos referentes ao banco com sede em San Francisco coincidiram com o período de silêncio do Fed, o que dificulta o entendimento sobre de que forma a autoridade monetário pretende incorporá-los aos seus planos. No entanto, o Rabobank acredita que o BC americano optará por manter a campanha de aperto, semelhante ao que fez na decisão que se seguiu à quebra do SVB. “Apenas uma deterioração da situação do First Republic poderia agora impedir o FOMC de aumentar (os juros) na reunião de junho e isso provavelmente apenas postergaria (o aumento) para junho”, avalia.

O Brown Brothers Harriman (BBH) se diz “cautelosamente otimista” de que o fechamento do First Republic marcará o fim das turbulências que abalaram o setor bancário desde março. Na visão do banco de investimentos, o negócio abre o caminho para mais arrocho monetário não só do Fed, mas também de Banco Central Europeu e BC da Noruega.

O desfecho do episódio praticamente consolidou expectativa consensual por um aumento de 25 pontos-base nos juros básicos. O NatWest, por exemplo, acreditava que o Fed se renderia às tensões e preservaria a taxa inalterada, a fim de ganhar mais tempo para entender a situação. Agora, o banco também vê uma elevação de 0,25 ponto porcentual, mas espera que o presidente do Fed, Jerome Powell, adote uma linguagem que sugira claramente a conclusão do ciclo. “Por exemplo, é provável que Powell sinalize que os dirigentes agora suspeitam que os juros atingiram um nível ‘suficientemente restritivo’”, diz.

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Sede do Federal Reserve, o banco central norte-americano Foto: Stefani Reynolds/Bloomberg

Orientações para o futuro

Com mais um aumento à vista, o foco de investidores será nas orientações do Fed sobre o futuro. Em especial, a dúvida recai sobre quando será a última elevação de juros, em maio ou junho. Entre os mais pessimistas sobre a evolução da inflação, o Citi projeta aperto até julho, que levaria a taxa ao pico entre 5,5% e 5,75%. Para a instituição financeira, os dados mais recentes apontam uma conjuntura ainda preocupante de preços ascendentes. “A inflação dos serviços básicos (que está mais ligada ao crescimento dos salários) permaneceu elevada”, resume.

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O Barclays, por sua vez, evita cravar o percurso da política após maio. A tendência, portanto, é de que o Fed deixe a porta aberta para mais aumentos futuros, avalia o banco britânico. Na coletiva de imprensa depois da decisão, Powell deve enfatizar que os próximos passos dependerão dos indicadores macroeconômicos, avalia.

Já o BMO Capital Markets defende que a campanha de aperto monetário se encerrará este ano e que, em seguida, o foco do debate se voltará para o momento do relaxamento. “Embora possa haver um argumento para o Fed aumentar ainda mais, o aperto de crédito desencadeado pela turbulência bancária regional introduziu incerteza suficiente para impedir que o Fed ultrapasse 5,25%”, explica.

O Danske Bank avalia que a reunião do Fomc não representará um evento decisivo para o direcionamento dos mercados, uma vez que deve culminar em resultados já amplamente precificados. O euro pode ficar sobre pressão, mas a decisão do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, será mais importante para definir as perspectivas da divisa comum, afirma o banco.

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No câmbio, o TD Securities ressalta que indícios de que os juros chegaram ao pico pesariam sobre o dólar, embora a moeda americana deva ficar mais vulnerável ao relatório de emprego dos EUA, o payroll, que sairá na sexta-feira. De acordo com a análise, os treasuries (títulos do Tesouro americano) já estão descontando cortes na taxa básica a partir de setembro. “A reação do mercado será baseada no tom do Fed em relação às condições de empréstimos bancários, crescimento e inflação, bem como orientação sobre novos aumentos ou seu limite para cortar as taxas.”

A falência do First Republic Bank na segunda-feira, 1º, restitui as incertezas do sistema bancário americano ao centro das discussões do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), mas não deve impedir o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 5% e 5,25%, na reunião desta quarta-feira. A inflação de serviços teimosa nos Estados Unidos mantém o foco prioritário na retomada da estabilidade de preços, apesar de sinais de uma ainda incipiente desaceleração da maior economia do planeta.

Na véspera da decisão, marcada para as 15h (de Brasília), monitoramento do CME Group apontava 83,3% de chance de uma elevação de 0,25 ponto porcentual, frente a 16,7% de probabilidade de manutenção da taxa atual. Na esteira dos eventos relativos ao First Republic, o cenário de preservação da taxa básica ganhou algum fôlego entre investidores, embora seja considerado improvável. “A única coisa que poderia reverter no curto prazo esse ciclo de aperto seria um novo acidente nos bancos”, diz o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima.

Antes da emergência das turbulências em bancos regionais, o mercado especulava uma nova aceleração no ritmo de aperto nos juros, diante dos temores de que o vigor do emprego nos EUA retardasse o alívio inflacionário. A ata referente à reunião de março do Fomc mostrou que dirigentes cogitaram até uma alta de 0,5 ponto porcentual nos juros, se não fosse pela quebra de Silicon Valley Bank e Signature Bank naquele mês.

Nas semanas seguintes, as manchetes sobre a saúde dos bancos regionais voltaram a dar mais espaço às perspectivas de inflação. Em particular, a aceleração do núcleo do índice de preços ao consumidor, que foi para uma taxa anual de 5,6% em março, serviu de lembrete para o fato de que a maior parte dos progressos recentes se concentrou nos componentes de alimentos e energia. “Comemorou-se muito o fato de a inflação ter vindo abaixo da expectativa no último mês (março), mas grande parte dessa melhora estava calcada na inflação de commodities, que caíram muito em março, mas teve volatilidade em abril”, diz Alex Lima, da Guide.

O quadro consolidou a expectativa por mais um passo no mais agressivo ciclo de aperto monetário em quatro décadas nos EUA. A avaliação geral, reforçada por dirigentes do Fed, era de que o setor bancário segue bem capitalizado e que a prioridade no momento ainda é o combate à inflação. Até que, na semana passada, o First Republic informou um tombo de 40% nos depósitos no primeiro trimestre e trouxe as incertezas de volta ao centro do debate sobre a economia. Na segunda-feira, reguladores fecharam as portas do banco e aceitaram a oferta do JPMorgan para compra dos ativos.

Os desdobramentos referentes ao banco com sede em San Francisco coincidiram com o período de silêncio do Fed, o que dificulta o entendimento sobre de que forma a autoridade monetário pretende incorporá-los aos seus planos. No entanto, o Rabobank acredita que o BC americano optará por manter a campanha de aperto, semelhante ao que fez na decisão que se seguiu à quebra do SVB. “Apenas uma deterioração da situação do First Republic poderia agora impedir o FOMC de aumentar (os juros) na reunião de junho e isso provavelmente apenas postergaria (o aumento) para junho”, avalia.

O Brown Brothers Harriman (BBH) se diz “cautelosamente otimista” de que o fechamento do First Republic marcará o fim das turbulências que abalaram o setor bancário desde março. Na visão do banco de investimentos, o negócio abre o caminho para mais arrocho monetário não só do Fed, mas também de Banco Central Europeu e BC da Noruega.

O desfecho do episódio praticamente consolidou expectativa consensual por um aumento de 25 pontos-base nos juros básicos. O NatWest, por exemplo, acreditava que o Fed se renderia às tensões e preservaria a taxa inalterada, a fim de ganhar mais tempo para entender a situação. Agora, o banco também vê uma elevação de 0,25 ponto porcentual, mas espera que o presidente do Fed, Jerome Powell, adote uma linguagem que sugira claramente a conclusão do ciclo. “Por exemplo, é provável que Powell sinalize que os dirigentes agora suspeitam que os juros atingiram um nível ‘suficientemente restritivo’”, diz.

Sede do Federal Reserve, o banco central norte-americano Foto: Stefani Reynolds/Bloomberg

Orientações para o futuro

Com mais um aumento à vista, o foco de investidores será nas orientações do Fed sobre o futuro. Em especial, a dúvida recai sobre quando será a última elevação de juros, em maio ou junho. Entre os mais pessimistas sobre a evolução da inflação, o Citi projeta aperto até julho, que levaria a taxa ao pico entre 5,5% e 5,75%. Para a instituição financeira, os dados mais recentes apontam uma conjuntura ainda preocupante de preços ascendentes. “A inflação dos serviços básicos (que está mais ligada ao crescimento dos salários) permaneceu elevada”, resume.

O Barclays, por sua vez, evita cravar o percurso da política após maio. A tendência, portanto, é de que o Fed deixe a porta aberta para mais aumentos futuros, avalia o banco britânico. Na coletiva de imprensa depois da decisão, Powell deve enfatizar que os próximos passos dependerão dos indicadores macroeconômicos, avalia.

Já o BMO Capital Markets defende que a campanha de aperto monetário se encerrará este ano e que, em seguida, o foco do debate se voltará para o momento do relaxamento. “Embora possa haver um argumento para o Fed aumentar ainda mais, o aperto de crédito desencadeado pela turbulência bancária regional introduziu incerteza suficiente para impedir que o Fed ultrapasse 5,25%”, explica.

O Danske Bank avalia que a reunião do Fomc não representará um evento decisivo para o direcionamento dos mercados, uma vez que deve culminar em resultados já amplamente precificados. O euro pode ficar sobre pressão, mas a decisão do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, será mais importante para definir as perspectivas da divisa comum, afirma o banco.

No câmbio, o TD Securities ressalta que indícios de que os juros chegaram ao pico pesariam sobre o dólar, embora a moeda americana deva ficar mais vulnerável ao relatório de emprego dos EUA, o payroll, que sairá na sexta-feira. De acordo com a análise, os treasuries (títulos do Tesouro americano) já estão descontando cortes na taxa básica a partir de setembro. “A reação do mercado será baseada no tom do Fed em relação às condições de empréstimos bancários, crescimento e inflação, bem como orientação sobre novos aumentos ou seu limite para cortar as taxas.”

A falência do First Republic Bank na segunda-feira, 1º, restitui as incertezas do sistema bancário americano ao centro das discussões do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), mas não deve impedir o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 5% e 5,25%, na reunião desta quarta-feira. A inflação de serviços teimosa nos Estados Unidos mantém o foco prioritário na retomada da estabilidade de preços, apesar de sinais de uma ainda incipiente desaceleração da maior economia do planeta.

Na véspera da decisão, marcada para as 15h (de Brasília), monitoramento do CME Group apontava 83,3% de chance de uma elevação de 0,25 ponto porcentual, frente a 16,7% de probabilidade de manutenção da taxa atual. Na esteira dos eventos relativos ao First Republic, o cenário de preservação da taxa básica ganhou algum fôlego entre investidores, embora seja considerado improvável. “A única coisa que poderia reverter no curto prazo esse ciclo de aperto seria um novo acidente nos bancos”, diz o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima.

Antes da emergência das turbulências em bancos regionais, o mercado especulava uma nova aceleração no ritmo de aperto nos juros, diante dos temores de que o vigor do emprego nos EUA retardasse o alívio inflacionário. A ata referente à reunião de março do Fomc mostrou que dirigentes cogitaram até uma alta de 0,5 ponto porcentual nos juros, se não fosse pela quebra de Silicon Valley Bank e Signature Bank naquele mês.

Nas semanas seguintes, as manchetes sobre a saúde dos bancos regionais voltaram a dar mais espaço às perspectivas de inflação. Em particular, a aceleração do núcleo do índice de preços ao consumidor, que foi para uma taxa anual de 5,6% em março, serviu de lembrete para o fato de que a maior parte dos progressos recentes se concentrou nos componentes de alimentos e energia. “Comemorou-se muito o fato de a inflação ter vindo abaixo da expectativa no último mês (março), mas grande parte dessa melhora estava calcada na inflação de commodities, que caíram muito em março, mas teve volatilidade em abril”, diz Alex Lima, da Guide.

O quadro consolidou a expectativa por mais um passo no mais agressivo ciclo de aperto monetário em quatro décadas nos EUA. A avaliação geral, reforçada por dirigentes do Fed, era de que o setor bancário segue bem capitalizado e que a prioridade no momento ainda é o combate à inflação. Até que, na semana passada, o First Republic informou um tombo de 40% nos depósitos no primeiro trimestre e trouxe as incertezas de volta ao centro do debate sobre a economia. Na segunda-feira, reguladores fecharam as portas do banco e aceitaram a oferta do JPMorgan para compra dos ativos.

Os desdobramentos referentes ao banco com sede em San Francisco coincidiram com o período de silêncio do Fed, o que dificulta o entendimento sobre de que forma a autoridade monetário pretende incorporá-los aos seus planos. No entanto, o Rabobank acredita que o BC americano optará por manter a campanha de aperto, semelhante ao que fez na decisão que se seguiu à quebra do SVB. “Apenas uma deterioração da situação do First Republic poderia agora impedir o FOMC de aumentar (os juros) na reunião de junho e isso provavelmente apenas postergaria (o aumento) para junho”, avalia.

O Brown Brothers Harriman (BBH) se diz “cautelosamente otimista” de que o fechamento do First Republic marcará o fim das turbulências que abalaram o setor bancário desde março. Na visão do banco de investimentos, o negócio abre o caminho para mais arrocho monetário não só do Fed, mas também de Banco Central Europeu e BC da Noruega.

O desfecho do episódio praticamente consolidou expectativa consensual por um aumento de 25 pontos-base nos juros básicos. O NatWest, por exemplo, acreditava que o Fed se renderia às tensões e preservaria a taxa inalterada, a fim de ganhar mais tempo para entender a situação. Agora, o banco também vê uma elevação de 0,25 ponto porcentual, mas espera que o presidente do Fed, Jerome Powell, adote uma linguagem que sugira claramente a conclusão do ciclo. “Por exemplo, é provável que Powell sinalize que os dirigentes agora suspeitam que os juros atingiram um nível ‘suficientemente restritivo’”, diz.

Sede do Federal Reserve, o banco central norte-americano Foto: Stefani Reynolds/Bloomberg

Orientações para o futuro

Com mais um aumento à vista, o foco de investidores será nas orientações do Fed sobre o futuro. Em especial, a dúvida recai sobre quando será a última elevação de juros, em maio ou junho. Entre os mais pessimistas sobre a evolução da inflação, o Citi projeta aperto até julho, que levaria a taxa ao pico entre 5,5% e 5,75%. Para a instituição financeira, os dados mais recentes apontam uma conjuntura ainda preocupante de preços ascendentes. “A inflação dos serviços básicos (que está mais ligada ao crescimento dos salários) permaneceu elevada”, resume.

O Barclays, por sua vez, evita cravar o percurso da política após maio. A tendência, portanto, é de que o Fed deixe a porta aberta para mais aumentos futuros, avalia o banco britânico. Na coletiva de imprensa depois da decisão, Powell deve enfatizar que os próximos passos dependerão dos indicadores macroeconômicos, avalia.

Já o BMO Capital Markets defende que a campanha de aperto monetário se encerrará este ano e que, em seguida, o foco do debate se voltará para o momento do relaxamento. “Embora possa haver um argumento para o Fed aumentar ainda mais, o aperto de crédito desencadeado pela turbulência bancária regional introduziu incerteza suficiente para impedir que o Fed ultrapasse 5,25%”, explica.

O Danske Bank avalia que a reunião do Fomc não representará um evento decisivo para o direcionamento dos mercados, uma vez que deve culminar em resultados já amplamente precificados. O euro pode ficar sobre pressão, mas a decisão do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, será mais importante para definir as perspectivas da divisa comum, afirma o banco.

No câmbio, o TD Securities ressalta que indícios de que os juros chegaram ao pico pesariam sobre o dólar, embora a moeda americana deva ficar mais vulnerável ao relatório de emprego dos EUA, o payroll, que sairá na sexta-feira. De acordo com a análise, os treasuries (títulos do Tesouro americano) já estão descontando cortes na taxa básica a partir de setembro. “A reação do mercado será baseada no tom do Fed em relação às condições de empréstimos bancários, crescimento e inflação, bem como orientação sobre novos aumentos ou seu limite para cortar as taxas.”

A falência do First Republic Bank na segunda-feira, 1º, restitui as incertezas do sistema bancário americano ao centro das discussões do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), mas não deve impedir o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 5% e 5,25%, na reunião desta quarta-feira. A inflação de serviços teimosa nos Estados Unidos mantém o foco prioritário na retomada da estabilidade de preços, apesar de sinais de uma ainda incipiente desaceleração da maior economia do planeta.

Na véspera da decisão, marcada para as 15h (de Brasília), monitoramento do CME Group apontava 83,3% de chance de uma elevação de 0,25 ponto porcentual, frente a 16,7% de probabilidade de manutenção da taxa atual. Na esteira dos eventos relativos ao First Republic, o cenário de preservação da taxa básica ganhou algum fôlego entre investidores, embora seja considerado improvável. “A única coisa que poderia reverter no curto prazo esse ciclo de aperto seria um novo acidente nos bancos”, diz o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima.

Antes da emergência das turbulências em bancos regionais, o mercado especulava uma nova aceleração no ritmo de aperto nos juros, diante dos temores de que o vigor do emprego nos EUA retardasse o alívio inflacionário. A ata referente à reunião de março do Fomc mostrou que dirigentes cogitaram até uma alta de 0,5 ponto porcentual nos juros, se não fosse pela quebra de Silicon Valley Bank e Signature Bank naquele mês.

Nas semanas seguintes, as manchetes sobre a saúde dos bancos regionais voltaram a dar mais espaço às perspectivas de inflação. Em particular, a aceleração do núcleo do índice de preços ao consumidor, que foi para uma taxa anual de 5,6% em março, serviu de lembrete para o fato de que a maior parte dos progressos recentes se concentrou nos componentes de alimentos e energia. “Comemorou-se muito o fato de a inflação ter vindo abaixo da expectativa no último mês (março), mas grande parte dessa melhora estava calcada na inflação de commodities, que caíram muito em março, mas teve volatilidade em abril”, diz Alex Lima, da Guide.

O quadro consolidou a expectativa por mais um passo no mais agressivo ciclo de aperto monetário em quatro décadas nos EUA. A avaliação geral, reforçada por dirigentes do Fed, era de que o setor bancário segue bem capitalizado e que a prioridade no momento ainda é o combate à inflação. Até que, na semana passada, o First Republic informou um tombo de 40% nos depósitos no primeiro trimestre e trouxe as incertezas de volta ao centro do debate sobre a economia. Na segunda-feira, reguladores fecharam as portas do banco e aceitaram a oferta do JPMorgan para compra dos ativos.

Os desdobramentos referentes ao banco com sede em San Francisco coincidiram com o período de silêncio do Fed, o que dificulta o entendimento sobre de que forma a autoridade monetário pretende incorporá-los aos seus planos. No entanto, o Rabobank acredita que o BC americano optará por manter a campanha de aperto, semelhante ao que fez na decisão que se seguiu à quebra do SVB. “Apenas uma deterioração da situação do First Republic poderia agora impedir o FOMC de aumentar (os juros) na reunião de junho e isso provavelmente apenas postergaria (o aumento) para junho”, avalia.

O Brown Brothers Harriman (BBH) se diz “cautelosamente otimista” de que o fechamento do First Republic marcará o fim das turbulências que abalaram o setor bancário desde março. Na visão do banco de investimentos, o negócio abre o caminho para mais arrocho monetário não só do Fed, mas também de Banco Central Europeu e BC da Noruega.

O desfecho do episódio praticamente consolidou expectativa consensual por um aumento de 25 pontos-base nos juros básicos. O NatWest, por exemplo, acreditava que o Fed se renderia às tensões e preservaria a taxa inalterada, a fim de ganhar mais tempo para entender a situação. Agora, o banco também vê uma elevação de 0,25 ponto porcentual, mas espera que o presidente do Fed, Jerome Powell, adote uma linguagem que sugira claramente a conclusão do ciclo. “Por exemplo, é provável que Powell sinalize que os dirigentes agora suspeitam que os juros atingiram um nível ‘suficientemente restritivo’”, diz.

Sede do Federal Reserve, o banco central norte-americano Foto: Stefani Reynolds/Bloomberg

Orientações para o futuro

Com mais um aumento à vista, o foco de investidores será nas orientações do Fed sobre o futuro. Em especial, a dúvida recai sobre quando será a última elevação de juros, em maio ou junho. Entre os mais pessimistas sobre a evolução da inflação, o Citi projeta aperto até julho, que levaria a taxa ao pico entre 5,5% e 5,75%. Para a instituição financeira, os dados mais recentes apontam uma conjuntura ainda preocupante de preços ascendentes. “A inflação dos serviços básicos (que está mais ligada ao crescimento dos salários) permaneceu elevada”, resume.

O Barclays, por sua vez, evita cravar o percurso da política após maio. A tendência, portanto, é de que o Fed deixe a porta aberta para mais aumentos futuros, avalia o banco britânico. Na coletiva de imprensa depois da decisão, Powell deve enfatizar que os próximos passos dependerão dos indicadores macroeconômicos, avalia.

Já o BMO Capital Markets defende que a campanha de aperto monetário se encerrará este ano e que, em seguida, o foco do debate se voltará para o momento do relaxamento. “Embora possa haver um argumento para o Fed aumentar ainda mais, o aperto de crédito desencadeado pela turbulência bancária regional introduziu incerteza suficiente para impedir que o Fed ultrapasse 5,25%”, explica.

O Danske Bank avalia que a reunião do Fomc não representará um evento decisivo para o direcionamento dos mercados, uma vez que deve culminar em resultados já amplamente precificados. O euro pode ficar sobre pressão, mas a decisão do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, será mais importante para definir as perspectivas da divisa comum, afirma o banco.

No câmbio, o TD Securities ressalta que indícios de que os juros chegaram ao pico pesariam sobre o dólar, embora a moeda americana deva ficar mais vulnerável ao relatório de emprego dos EUA, o payroll, que sairá na sexta-feira. De acordo com a análise, os treasuries (títulos do Tesouro americano) já estão descontando cortes na taxa básica a partir de setembro. “A reação do mercado será baseada no tom do Fed em relação às condições de empréstimos bancários, crescimento e inflação, bem como orientação sobre novos aumentos ou seu limite para cortar as taxas.”

A falência do First Republic Bank na segunda-feira, 1º, restitui as incertezas do sistema bancário americano ao centro das discussões do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), mas não deve impedir o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 5% e 5,25%, na reunião desta quarta-feira. A inflação de serviços teimosa nos Estados Unidos mantém o foco prioritário na retomada da estabilidade de preços, apesar de sinais de uma ainda incipiente desaceleração da maior economia do planeta.

Na véspera da decisão, marcada para as 15h (de Brasília), monitoramento do CME Group apontava 83,3% de chance de uma elevação de 0,25 ponto porcentual, frente a 16,7% de probabilidade de manutenção da taxa atual. Na esteira dos eventos relativos ao First Republic, o cenário de preservação da taxa básica ganhou algum fôlego entre investidores, embora seja considerado improvável. “A única coisa que poderia reverter no curto prazo esse ciclo de aperto seria um novo acidente nos bancos”, diz o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima.

Antes da emergência das turbulências em bancos regionais, o mercado especulava uma nova aceleração no ritmo de aperto nos juros, diante dos temores de que o vigor do emprego nos EUA retardasse o alívio inflacionário. A ata referente à reunião de março do Fomc mostrou que dirigentes cogitaram até uma alta de 0,5 ponto porcentual nos juros, se não fosse pela quebra de Silicon Valley Bank e Signature Bank naquele mês.

Nas semanas seguintes, as manchetes sobre a saúde dos bancos regionais voltaram a dar mais espaço às perspectivas de inflação. Em particular, a aceleração do núcleo do índice de preços ao consumidor, que foi para uma taxa anual de 5,6% em março, serviu de lembrete para o fato de que a maior parte dos progressos recentes se concentrou nos componentes de alimentos e energia. “Comemorou-se muito o fato de a inflação ter vindo abaixo da expectativa no último mês (março), mas grande parte dessa melhora estava calcada na inflação de commodities, que caíram muito em março, mas teve volatilidade em abril”, diz Alex Lima, da Guide.

O quadro consolidou a expectativa por mais um passo no mais agressivo ciclo de aperto monetário em quatro décadas nos EUA. A avaliação geral, reforçada por dirigentes do Fed, era de que o setor bancário segue bem capitalizado e que a prioridade no momento ainda é o combate à inflação. Até que, na semana passada, o First Republic informou um tombo de 40% nos depósitos no primeiro trimestre e trouxe as incertezas de volta ao centro do debate sobre a economia. Na segunda-feira, reguladores fecharam as portas do banco e aceitaram a oferta do JPMorgan para compra dos ativos.

Os desdobramentos referentes ao banco com sede em San Francisco coincidiram com o período de silêncio do Fed, o que dificulta o entendimento sobre de que forma a autoridade monetário pretende incorporá-los aos seus planos. No entanto, o Rabobank acredita que o BC americano optará por manter a campanha de aperto, semelhante ao que fez na decisão que se seguiu à quebra do SVB. “Apenas uma deterioração da situação do First Republic poderia agora impedir o FOMC de aumentar (os juros) na reunião de junho e isso provavelmente apenas postergaria (o aumento) para junho”, avalia.

O Brown Brothers Harriman (BBH) se diz “cautelosamente otimista” de que o fechamento do First Republic marcará o fim das turbulências que abalaram o setor bancário desde março. Na visão do banco de investimentos, o negócio abre o caminho para mais arrocho monetário não só do Fed, mas também de Banco Central Europeu e BC da Noruega.

O desfecho do episódio praticamente consolidou expectativa consensual por um aumento de 25 pontos-base nos juros básicos. O NatWest, por exemplo, acreditava que o Fed se renderia às tensões e preservaria a taxa inalterada, a fim de ganhar mais tempo para entender a situação. Agora, o banco também vê uma elevação de 0,25 ponto porcentual, mas espera que o presidente do Fed, Jerome Powell, adote uma linguagem que sugira claramente a conclusão do ciclo. “Por exemplo, é provável que Powell sinalize que os dirigentes agora suspeitam que os juros atingiram um nível ‘suficientemente restritivo’”, diz.

Sede do Federal Reserve, o banco central norte-americano Foto: Stefani Reynolds/Bloomberg

Orientações para o futuro

Com mais um aumento à vista, o foco de investidores será nas orientações do Fed sobre o futuro. Em especial, a dúvida recai sobre quando será a última elevação de juros, em maio ou junho. Entre os mais pessimistas sobre a evolução da inflação, o Citi projeta aperto até julho, que levaria a taxa ao pico entre 5,5% e 5,75%. Para a instituição financeira, os dados mais recentes apontam uma conjuntura ainda preocupante de preços ascendentes. “A inflação dos serviços básicos (que está mais ligada ao crescimento dos salários) permaneceu elevada”, resume.

O Barclays, por sua vez, evita cravar o percurso da política após maio. A tendência, portanto, é de que o Fed deixe a porta aberta para mais aumentos futuros, avalia o banco britânico. Na coletiva de imprensa depois da decisão, Powell deve enfatizar que os próximos passos dependerão dos indicadores macroeconômicos, avalia.

Já o BMO Capital Markets defende que a campanha de aperto monetário se encerrará este ano e que, em seguida, o foco do debate se voltará para o momento do relaxamento. “Embora possa haver um argumento para o Fed aumentar ainda mais, o aperto de crédito desencadeado pela turbulência bancária regional introduziu incerteza suficiente para impedir que o Fed ultrapasse 5,25%”, explica.

O Danske Bank avalia que a reunião do Fomc não representará um evento decisivo para o direcionamento dos mercados, uma vez que deve culminar em resultados já amplamente precificados. O euro pode ficar sobre pressão, mas a decisão do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, será mais importante para definir as perspectivas da divisa comum, afirma o banco.

No câmbio, o TD Securities ressalta que indícios de que os juros chegaram ao pico pesariam sobre o dólar, embora a moeda americana deva ficar mais vulnerável ao relatório de emprego dos EUA, o payroll, que sairá na sexta-feira. De acordo com a análise, os treasuries (títulos do Tesouro americano) já estão descontando cortes na taxa básica a partir de setembro. “A reação do mercado será baseada no tom do Fed em relação às condições de empréstimos bancários, crescimento e inflação, bem como orientação sobre novos aumentos ou seu limite para cortar as taxas.”

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