O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) cortou a taxa dos Fed Funds (os juros de referência da economia) em 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual), para a faixa entre 4,50% a 4,75% ao ano, em comunicado divulgado nesta tarde de quinta-feira, 7.
O movimento já era amplamente aguardado pelo mercado, conforme adiantado por analistas consultados pelo Estadão/Broadcast. A decisão vem após um corte de 0,50 ponto porcentual no encontro de setembro, que deu início ao afrouxamento monetário da instituição.
A decisão desta quinta-feira, 7, foi unânime, aponta o comunicado da reunião de política monetária encerrada hoje.
O corte foi justificado pelos indicadores recentes que sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. “Desde o início do ano, as condições do mercado de trabalho têm se atenuado de modo geral, e a taxa de desemprego subiu, mas continua baixa. A inflação progrediu em direção ao objetivo de 2% do Comitê, mas continua um pouco elevada”, diz o documento.
Os dirigentes também afirmaram estar fortemente comprometidos com o apoio ao nível máximo de emprego e com o retorno da inflação ao seu objetivo de 2% ao ano, preparados para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a realização das metas do Fed.
Segundo o texto, a inflação “continua um tanto elevada”, apesar de registrar progresso rumo à meta de 2% ao ano. O texto pontua que o Comitê segue empenhado em atingir o seus objetivos do duplo mandato para inflação e emprego, e que os riscos para ambos os lados estão “aproximadamente em equilíbrio”, com perspectiva econômica ainda incerta.
Após cortar a taxa do juro, o Fed reduziu a taxa de desconto, também em 0,25 ponto porcentual, para 4,75%.
Além disso, o BC americano cortou a taxa sobre compulsórios, de 4,9% para 4,65%.
E com a mudança na Casa Branca?
O sócio da Portofino Multi Family Office, Adriano Cantreva, diz que ainda é muito cedo para falar em mudanças no Fed por conta da futura troca na Casa Branca. O BC dos EUA deve seguir o seu plano e aguardar mais dados econômicos para a definição dos juros americanos nas próximas reuniões, segundo ele.
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Cantreva também não vê Trump como uma ameaça à independência e credibilidade do Fed, diante de sinalizações do republicano durante a campanha de que deveria ter uma voz na autoridade. “É o modelo clássico que o candidato prometeu, mas o presidente proibiu. Muita coisa que foi falada durante a campanha ou não vai ser implementada ou vai ser adotada de uma maneira muito mais branda”, avalia, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
No entanto, as medidas protecionistas de Trump, embora tenham animado Wall Street, que antecipou uma nova era de impostos mais baixos e uma regulamentação mais branda, podem dificultar a vida do Fed caso façam pressão na inflação americana. “O banco central americano terá menos espaço para reduzir juros”, prevê o diretor da Eurasia para as Américas, Christopher Garman. /Com Aline Bronzati, correspondente em Nova York