TÓQUIO - Começou nesta terça-feira, 15, o julgamento de Greg Kelly, ex-assistente de Carlos Ghosn na Nissan. O americano terá que enfrentar sozinho a justiça japonesa, após a fuga do ex-chefe para o Líbano em 2019. Kelly e a Nissan são acusados de omitir, ilegal e intencionalmente, os relatórios anuais da montadora de 2010 a 2018, o que resultou na não declaração de 9,2 bilhões de ienes (U$87 milhões de dólares) que Ghosn, então presidente da empresa, receberia.
"Acredito que os elementos apresentados vão mostrar que não violei as regras", disse Kelly no início do julgamento, que coincidentemente acontece no dia em que ele comemora seu aniversário de 64 anos. Kelly chegou ao tribunal às 10h locais nesta terça-feira acompanhado de três advogados, mas não falou com a imprensa.
O processo tem previsão de durar cerca de dez meses e foi iniciado quase dois anos após a prisão de Kelly no Japão.
Ghosn, ex-presidente da aliança Renault-Nissan e com tripla nacionalidade francesa, libanesa e brasileira, escapou da justiça japonesa, o que colocou Kelly na linha de frente do julgamento.
Kelly afirma ser inocente desde o surgimento do caso. "Não fiz nada de errado", garantiu em entrevista à AFP no início do mês.
Sobre os pagamentos diferidos, Kelly declarou que "Carlos Ghosn nunca recebeu nada e nunca teve nenhuma promessa de nada".
Já a Nissan irá se declarar culpada, segundo várias fontes questionadas pela AFP.
A montadora japonesa vem optando pela discrição neste julgamento, com medo de que uma "agitação midiática" possa prejudicar sua imagem./AFP