Ex-executivos da Americanas cometeram fraudes para obter bônus, aponta investigação


Polícia Federal pediu prisão preventiva de ex-CEO da companhia, que está no exterior; bens de ex-diretores da empresa foram bloqueados

Por Juliana Garçon

RIO - A investigação que levou à operação Disclosure, da Polícia Federal, que visou ex-diretores da Americanas, indicou que os investigados praticaram “manobras fraudulentas” a fim de alterar os resultados da empresa e, assim, receber bônus por metas atingidas, conforme apurou o Estadão/Broadcast. O processo corre em segredo de Justiça.

Além disso, alguns dos investigados detinham ações da Americanas e, ao forjar resultados positivos, se beneficiavam da alta das cotações, dizem pessoas a par das investigações, citando o Ministério Público Federal (MPF).

Na manhã desta quinta-feira, 27, a Polícia Federal deflagrou a operação Disclosure, cumprindo 15 mandados de busca e apreensão nas residências de ex-diretores, localizadas no Rio de Janeiro. A operação incluiu dois mandados de prisão preventiva, que não foram cumpridos porque os investigados — Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e Ana Saicali, ex-presidente da B2W — estão no exterior. Ambos foram incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol.

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Por ordem da Justiça Federal, foi determinado o bloqueio de bens e valores dos ex-diretores, ultrapassando R$ 500 milhões. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Fraude contábil nas Americanas foi revelada em janeiro de 2023 Foto: Pedro Kirilos / Estadão Conteúdo

A fraude tinha origem na equipe de Relações com Investidores (RI), que preparava um arquivo denominado “Verdes e Vermelhos” ou “estimativa de analistas”, no qual constava a expectativa de crescimento por parte dos analistas de mercado, narrou Flavia Carneiro, ex-executiva da companhia, em seu depoimento de colaboração premiada. Além de Carneiro, outro executivo, Marcelo Nunes, aderiu à colaboração premiada e ajudou nas investigações.

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O arquivo fazia parte de um “kit de fechamento” trimestral, e quando as expectativas não eram atingidas, a diretoria alterava os resultados “para não frustrar as expectativas do mercado”. A investigação mencionou um e-mail trocado pelos investigados, intitulado “Sell Side 3Q22 Preview Bullets”, que trazia um dos arquivos denominado “Verdes e Vermelhos”, com análises de sete instituições financeiras.

O procedimento era recorrente, principalmente nos trimestres, conforme diálogo entre Flavia Carneiro e o ex-diretor financeiro Carlos Eduardo Padilha, no qual o executivo aponta a meta que deveria ser perseguida para a divulgação dos resultados. A investigação indicou que a cada trimestre era apresentada uma versão para o conselho de administração e para o mercado.

Segundo os depoimentos prestados pelos colaboradores, não é possível afirmar com certeza quando as supostas fraudes tiveram início. As fraudes contábeis ocorriam nas Lojas Americanas e na B2W, e continuaram após a fusão na Americanas.

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A maioria das fraudes praticadas tinha dois objetivos, disse o MPF no processo. De um lado, um conjunto de manobras fraudulentas foi marcado pela inserção de receitas fictícias no balanço da empresa, bem como o uso de outros expedientes para maquiar os resultados.

De outro lado, outro conjunto de operações foi realizado para gerar caixa, para impedir que o primeiro grupo de manobras fraudulentas fosse descoberto, mas não foi incluído nos demonstrativos contábeis ou foi incluído com informações insuficientes, disfarçando a real dívida da empresa.

Em nota, a Americanas afirmou que “reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes”. “A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”

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A defesa de Gutierrez disse que o executivo “jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios.” O Estadão não conseguiu contato com a defesa da ex-diretora das Lojas Americanas Anna Saicali.

RIO - A investigação que levou à operação Disclosure, da Polícia Federal, que visou ex-diretores da Americanas, indicou que os investigados praticaram “manobras fraudulentas” a fim de alterar os resultados da empresa e, assim, receber bônus por metas atingidas, conforme apurou o Estadão/Broadcast. O processo corre em segredo de Justiça.

Além disso, alguns dos investigados detinham ações da Americanas e, ao forjar resultados positivos, se beneficiavam da alta das cotações, dizem pessoas a par das investigações, citando o Ministério Público Federal (MPF).

Na manhã desta quinta-feira, 27, a Polícia Federal deflagrou a operação Disclosure, cumprindo 15 mandados de busca e apreensão nas residências de ex-diretores, localizadas no Rio de Janeiro. A operação incluiu dois mandados de prisão preventiva, que não foram cumpridos porque os investigados — Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e Ana Saicali, ex-presidente da B2W — estão no exterior. Ambos foram incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol.

Por ordem da Justiça Federal, foi determinado o bloqueio de bens e valores dos ex-diretores, ultrapassando R$ 500 milhões. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Fraude contábil nas Americanas foi revelada em janeiro de 2023 Foto: Pedro Kirilos / Estadão Conteúdo

A fraude tinha origem na equipe de Relações com Investidores (RI), que preparava um arquivo denominado “Verdes e Vermelhos” ou “estimativa de analistas”, no qual constava a expectativa de crescimento por parte dos analistas de mercado, narrou Flavia Carneiro, ex-executiva da companhia, em seu depoimento de colaboração premiada. Além de Carneiro, outro executivo, Marcelo Nunes, aderiu à colaboração premiada e ajudou nas investigações.

O arquivo fazia parte de um “kit de fechamento” trimestral, e quando as expectativas não eram atingidas, a diretoria alterava os resultados “para não frustrar as expectativas do mercado”. A investigação mencionou um e-mail trocado pelos investigados, intitulado “Sell Side 3Q22 Preview Bullets”, que trazia um dos arquivos denominado “Verdes e Vermelhos”, com análises de sete instituições financeiras.

O procedimento era recorrente, principalmente nos trimestres, conforme diálogo entre Flavia Carneiro e o ex-diretor financeiro Carlos Eduardo Padilha, no qual o executivo aponta a meta que deveria ser perseguida para a divulgação dos resultados. A investigação indicou que a cada trimestre era apresentada uma versão para o conselho de administração e para o mercado.

Segundo os depoimentos prestados pelos colaboradores, não é possível afirmar com certeza quando as supostas fraudes tiveram início. As fraudes contábeis ocorriam nas Lojas Americanas e na B2W, e continuaram após a fusão na Americanas.

A maioria das fraudes praticadas tinha dois objetivos, disse o MPF no processo. De um lado, um conjunto de manobras fraudulentas foi marcado pela inserção de receitas fictícias no balanço da empresa, bem como o uso de outros expedientes para maquiar os resultados.

De outro lado, outro conjunto de operações foi realizado para gerar caixa, para impedir que o primeiro grupo de manobras fraudulentas fosse descoberto, mas não foi incluído nos demonstrativos contábeis ou foi incluído com informações insuficientes, disfarçando a real dívida da empresa.

Em nota, a Americanas afirmou que “reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes”. “A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”

A defesa de Gutierrez disse que o executivo “jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios.” O Estadão não conseguiu contato com a defesa da ex-diretora das Lojas Americanas Anna Saicali.

RIO - A investigação que levou à operação Disclosure, da Polícia Federal, que visou ex-diretores da Americanas, indicou que os investigados praticaram “manobras fraudulentas” a fim de alterar os resultados da empresa e, assim, receber bônus por metas atingidas, conforme apurou o Estadão/Broadcast. O processo corre em segredo de Justiça.

Além disso, alguns dos investigados detinham ações da Americanas e, ao forjar resultados positivos, se beneficiavam da alta das cotações, dizem pessoas a par das investigações, citando o Ministério Público Federal (MPF).

Na manhã desta quinta-feira, 27, a Polícia Federal deflagrou a operação Disclosure, cumprindo 15 mandados de busca e apreensão nas residências de ex-diretores, localizadas no Rio de Janeiro. A operação incluiu dois mandados de prisão preventiva, que não foram cumpridos porque os investigados — Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e Ana Saicali, ex-presidente da B2W — estão no exterior. Ambos foram incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol.

Por ordem da Justiça Federal, foi determinado o bloqueio de bens e valores dos ex-diretores, ultrapassando R$ 500 milhões. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Fraude contábil nas Americanas foi revelada em janeiro de 2023 Foto: Pedro Kirilos / Estadão Conteúdo

A fraude tinha origem na equipe de Relações com Investidores (RI), que preparava um arquivo denominado “Verdes e Vermelhos” ou “estimativa de analistas”, no qual constava a expectativa de crescimento por parte dos analistas de mercado, narrou Flavia Carneiro, ex-executiva da companhia, em seu depoimento de colaboração premiada. Além de Carneiro, outro executivo, Marcelo Nunes, aderiu à colaboração premiada e ajudou nas investigações.

O arquivo fazia parte de um “kit de fechamento” trimestral, e quando as expectativas não eram atingidas, a diretoria alterava os resultados “para não frustrar as expectativas do mercado”. A investigação mencionou um e-mail trocado pelos investigados, intitulado “Sell Side 3Q22 Preview Bullets”, que trazia um dos arquivos denominado “Verdes e Vermelhos”, com análises de sete instituições financeiras.

O procedimento era recorrente, principalmente nos trimestres, conforme diálogo entre Flavia Carneiro e o ex-diretor financeiro Carlos Eduardo Padilha, no qual o executivo aponta a meta que deveria ser perseguida para a divulgação dos resultados. A investigação indicou que a cada trimestre era apresentada uma versão para o conselho de administração e para o mercado.

Segundo os depoimentos prestados pelos colaboradores, não é possível afirmar com certeza quando as supostas fraudes tiveram início. As fraudes contábeis ocorriam nas Lojas Americanas e na B2W, e continuaram após a fusão na Americanas.

A maioria das fraudes praticadas tinha dois objetivos, disse o MPF no processo. De um lado, um conjunto de manobras fraudulentas foi marcado pela inserção de receitas fictícias no balanço da empresa, bem como o uso de outros expedientes para maquiar os resultados.

De outro lado, outro conjunto de operações foi realizado para gerar caixa, para impedir que o primeiro grupo de manobras fraudulentas fosse descoberto, mas não foi incluído nos demonstrativos contábeis ou foi incluído com informações insuficientes, disfarçando a real dívida da empresa.

Em nota, a Americanas afirmou que “reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes”. “A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”

A defesa de Gutierrez disse que o executivo “jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios.” O Estadão não conseguiu contato com a defesa da ex-diretora das Lojas Americanas Anna Saicali.

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