Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|O que os bancos centrais vão tentar salvar antes: câmbio ou PIB?


Autoridades monetárias enfrentam dilema de preservar avanço de economia ou impedir desvalorização maior das moedas

Por Fábio Alves

As recentes reuniões de política monetária de dois bancos centrais da Ásia trouxeram à tona um dilema que está dividindo os países daquele continente em relação às decisões sobre as taxas de juros: preservar o crescimento econômico ou defender o câmbio, impedindo uma desvalorização adicional da moeda nacional ante o dólar?

Essa difícil escolha, aliás, não está restrita à Ásia, mas também é tema que se coloca em outros países emergentes, incluindo até o Brasil, uma vez que uma desvalorização demasiada do câmbio pode se traduzir em pressões inflacionárias. Por outro lado, o governo Lula antecipou o pagamento de precatórios e de outros desembolsos, como o décimo terceiro de aposentados do INSS, para dar um empurrão na demanda e no PIB, até que o efeito do atual ciclo de cortes de juros seja integralmente sentido na economia.

Ou seja, o Copom pode também ter de enfrentar o dilema de cortar menos para defender o real ou de reduzir mais a taxa Selic para estimular o crescimento econômico, o que ajudaria o governo a aumentar a arrecadação e melhorar as contas públicas.

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Na semana passada, o BC da Indonésia surpreendeu os investidores ao elevar os juros em 0,25 ponto porcentual, para 6,25%, num movimento preventivo para acalmar os nervos do mercado em relação à desvalorização da sua moeda, a rupia. É verdade que o BC indonésio é o único da Ásia que tem explícito no seu mandato a defesa da moeda, além da estabilidade de preços. Há bancos centrais que também têm no mandato a preservação do crescimento econômico.

Banco Central brasileiro também deve ser afetado pelo dilema Foto: Dida Sampaio / Estadão

As moedas da Ásia estão entre as que mais se desvalorizaram nos países emergentes, após o mercado passar a precificar menos cortes dos juros americanos pelo Federal Reserve com as surpresas para cima nos índices de inflação e de atividade dos Estados Unidos, além do impacto da piora na situação geopolítica mundial. Já o BC da Malásia, mesmo destacando que o câmbio está “subvalorizado”, manteve a taxa básica inalterada em 3% na sua última decisão, quando a sua moeda (ringgit) havia caído para o menor nível ante o dólar em 26 anos.

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Enquanto a inflação estiver sob controle, o BC da Malásia deverá priorizar o crescimento econômico (o PIB foi negativo no quarto trimestre de 2023), e não a perda no câmbio. Lá, a inflação anual ficou em 1,8% em março. O foco da Indonésia está na rupia, cuja perda ante o dólar é de 5% neste ano. Já o Brasil está com a inflação desacelerando, mas a perda de credibilidade da âncora fiscal está pressionando as expectativas inflacionárias e, por tabela, o câmbio.

As recentes reuniões de política monetária de dois bancos centrais da Ásia trouxeram à tona um dilema que está dividindo os países daquele continente em relação às decisões sobre as taxas de juros: preservar o crescimento econômico ou defender o câmbio, impedindo uma desvalorização adicional da moeda nacional ante o dólar?

Essa difícil escolha, aliás, não está restrita à Ásia, mas também é tema que se coloca em outros países emergentes, incluindo até o Brasil, uma vez que uma desvalorização demasiada do câmbio pode se traduzir em pressões inflacionárias. Por outro lado, o governo Lula antecipou o pagamento de precatórios e de outros desembolsos, como o décimo terceiro de aposentados do INSS, para dar um empurrão na demanda e no PIB, até que o efeito do atual ciclo de cortes de juros seja integralmente sentido na economia.

Ou seja, o Copom pode também ter de enfrentar o dilema de cortar menos para defender o real ou de reduzir mais a taxa Selic para estimular o crescimento econômico, o que ajudaria o governo a aumentar a arrecadação e melhorar as contas públicas.

Na semana passada, o BC da Indonésia surpreendeu os investidores ao elevar os juros em 0,25 ponto porcentual, para 6,25%, num movimento preventivo para acalmar os nervos do mercado em relação à desvalorização da sua moeda, a rupia. É verdade que o BC indonésio é o único da Ásia que tem explícito no seu mandato a defesa da moeda, além da estabilidade de preços. Há bancos centrais que também têm no mandato a preservação do crescimento econômico.

Banco Central brasileiro também deve ser afetado pelo dilema Foto: Dida Sampaio / Estadão

As moedas da Ásia estão entre as que mais se desvalorizaram nos países emergentes, após o mercado passar a precificar menos cortes dos juros americanos pelo Federal Reserve com as surpresas para cima nos índices de inflação e de atividade dos Estados Unidos, além do impacto da piora na situação geopolítica mundial. Já o BC da Malásia, mesmo destacando que o câmbio está “subvalorizado”, manteve a taxa básica inalterada em 3% na sua última decisão, quando a sua moeda (ringgit) havia caído para o menor nível ante o dólar em 26 anos.

Enquanto a inflação estiver sob controle, o BC da Malásia deverá priorizar o crescimento econômico (o PIB foi negativo no quarto trimestre de 2023), e não a perda no câmbio. Lá, a inflação anual ficou em 1,8% em março. O foco da Indonésia está na rupia, cuja perda ante o dólar é de 5% neste ano. Já o Brasil está com a inflação desacelerando, mas a perda de credibilidade da âncora fiscal está pressionando as expectativas inflacionárias e, por tabela, o câmbio.

As recentes reuniões de política monetária de dois bancos centrais da Ásia trouxeram à tona um dilema que está dividindo os países daquele continente em relação às decisões sobre as taxas de juros: preservar o crescimento econômico ou defender o câmbio, impedindo uma desvalorização adicional da moeda nacional ante o dólar?

Essa difícil escolha, aliás, não está restrita à Ásia, mas também é tema que se coloca em outros países emergentes, incluindo até o Brasil, uma vez que uma desvalorização demasiada do câmbio pode se traduzir em pressões inflacionárias. Por outro lado, o governo Lula antecipou o pagamento de precatórios e de outros desembolsos, como o décimo terceiro de aposentados do INSS, para dar um empurrão na demanda e no PIB, até que o efeito do atual ciclo de cortes de juros seja integralmente sentido na economia.

Ou seja, o Copom pode também ter de enfrentar o dilema de cortar menos para defender o real ou de reduzir mais a taxa Selic para estimular o crescimento econômico, o que ajudaria o governo a aumentar a arrecadação e melhorar as contas públicas.

Na semana passada, o BC da Indonésia surpreendeu os investidores ao elevar os juros em 0,25 ponto porcentual, para 6,25%, num movimento preventivo para acalmar os nervos do mercado em relação à desvalorização da sua moeda, a rupia. É verdade que o BC indonésio é o único da Ásia que tem explícito no seu mandato a defesa da moeda, além da estabilidade de preços. Há bancos centrais que também têm no mandato a preservação do crescimento econômico.

Banco Central brasileiro também deve ser afetado pelo dilema Foto: Dida Sampaio / Estadão

As moedas da Ásia estão entre as que mais se desvalorizaram nos países emergentes, após o mercado passar a precificar menos cortes dos juros americanos pelo Federal Reserve com as surpresas para cima nos índices de inflação e de atividade dos Estados Unidos, além do impacto da piora na situação geopolítica mundial. Já o BC da Malásia, mesmo destacando que o câmbio está “subvalorizado”, manteve a taxa básica inalterada em 3% na sua última decisão, quando a sua moeda (ringgit) havia caído para o menor nível ante o dólar em 26 anos.

Enquanto a inflação estiver sob controle, o BC da Malásia deverá priorizar o crescimento econômico (o PIB foi negativo no quarto trimestre de 2023), e não a perda no câmbio. Lá, a inflação anual ficou em 1,8% em março. O foco da Indonésia está na rupia, cuja perda ante o dólar é de 5% neste ano. Já o Brasil está com a inflação desacelerando, mas a perda de credibilidade da âncora fiscal está pressionando as expectativas inflacionárias e, por tabela, o câmbio.

Opinião por Fábio Alves

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