Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|E o Copom vai amarelar ou aumentar o ritmo de alta da Selic na próxima reunião?


Há quem aposte que o Copom não vai apertar o ritmo de subida dos juros em dezembro

Por Fábio Alves

O Copom falou grosso tanto no comunicado quanto na ata da última reunião: condicionou, em boa parte, o tamanho da alta de juros na sua decisão em dezembro à reação do mercado ao pacote de cortes de gastos prometido pelo governo Lula. O problema é que, se as medidas de contenção de despesas frustrarem as expectativas de analistas e investidores, há quem duvide que o Copom vá mesmo aumentar o ritmo de aperto como insinuou.

Ao acelerar a alta dos juros de 0,25 ponto para 0,50 ponto porcentual, o Copom não indicou que, em dezembro, manteria esse ritmo de aperto, mas que o seu próximo passo dependeria dos dados. Ao mesmo tempo, disse que o cenário fiscal afeta o prêmio de risco e a taxa de câmbio. E ressaltou que a apresentação de “medidas estruturais” para o orçamento fiscal contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco, “consequentemente impactando a política monetária”.

Tradução: se o pacote de cortes de gastos não agradar ao mercado, o dólar pode subir e as expectativas de inflação, se distanciarem da meta perseguida pelo BC. Nesse cenário, a sinalização do Copom não descarta uma nova aceleração da alta de juros para 0,75 ponto. E qual a probabilidade de esse pacote fracassar em resgatar a credibilidade do arcabouço fiscal?

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem cozinhando o mercado em banho-maria há duas semanas com a promessa de fazer o anúncio dessas medidas. O dólar chegou a cair 3,3% em quatro pregões no auge da esperança de que a divulgação finalmente acontecesse. Nada saiu. Essa demora somente fortalece as resistências dentro do governo contra o ajuste proposto por Haddad, especialmente dos ministérios sociais.

Banco Central terá dilema em próxima reunião do Copom: qual o ritmo no aumento dos juros?  Foto: Dida Sampaio / Estadão

Circularam estimativas de um pacote entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões, incluindo redução estrutural de gastos obrigatórios. Haddad disse que parte das medidas necessitaria o envio de Proposta de Emenda à Constituição e de lei complementar. Além da dura negociação dentro do governo, Haddad terá ainda de rezar para que o pacote – o que sobreviver do que ele propôs originalmente – não seja diluído também no Congresso.

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Na fotografia de hoje, é difícil ver esse pacote dissipando significativamente a piora recente na percepção de risco fiscal no Brasil, limitando o ganho do dólar. Se tal cenário prevalecer, o Copom vai amarelar ou vai enfrentar o governo e o PT, apertando ainda mais a alta de juros? Há quem aposte que o Copom fingirá que não viu uma eventual reação negativa ao pacote e seguirá o aperto no ritmo atual.

O Copom falou grosso tanto no comunicado quanto na ata da última reunião: condicionou, em boa parte, o tamanho da alta de juros na sua decisão em dezembro à reação do mercado ao pacote de cortes de gastos prometido pelo governo Lula. O problema é que, se as medidas de contenção de despesas frustrarem as expectativas de analistas e investidores, há quem duvide que o Copom vá mesmo aumentar o ritmo de aperto como insinuou.

Ao acelerar a alta dos juros de 0,25 ponto para 0,50 ponto porcentual, o Copom não indicou que, em dezembro, manteria esse ritmo de aperto, mas que o seu próximo passo dependeria dos dados. Ao mesmo tempo, disse que o cenário fiscal afeta o prêmio de risco e a taxa de câmbio. E ressaltou que a apresentação de “medidas estruturais” para o orçamento fiscal contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco, “consequentemente impactando a política monetária”.

Tradução: se o pacote de cortes de gastos não agradar ao mercado, o dólar pode subir e as expectativas de inflação, se distanciarem da meta perseguida pelo BC. Nesse cenário, a sinalização do Copom não descarta uma nova aceleração da alta de juros para 0,75 ponto. E qual a probabilidade de esse pacote fracassar em resgatar a credibilidade do arcabouço fiscal?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem cozinhando o mercado em banho-maria há duas semanas com a promessa de fazer o anúncio dessas medidas. O dólar chegou a cair 3,3% em quatro pregões no auge da esperança de que a divulgação finalmente acontecesse. Nada saiu. Essa demora somente fortalece as resistências dentro do governo contra o ajuste proposto por Haddad, especialmente dos ministérios sociais.

Banco Central terá dilema em próxima reunião do Copom: qual o ritmo no aumento dos juros?  Foto: Dida Sampaio / Estadão

Circularam estimativas de um pacote entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões, incluindo redução estrutural de gastos obrigatórios. Haddad disse que parte das medidas necessitaria o envio de Proposta de Emenda à Constituição e de lei complementar. Além da dura negociação dentro do governo, Haddad terá ainda de rezar para que o pacote – o que sobreviver do que ele propôs originalmente – não seja diluído também no Congresso.

Na fotografia de hoje, é difícil ver esse pacote dissipando significativamente a piora recente na percepção de risco fiscal no Brasil, limitando o ganho do dólar. Se tal cenário prevalecer, o Copom vai amarelar ou vai enfrentar o governo e o PT, apertando ainda mais a alta de juros? Há quem aposte que o Copom fingirá que não viu uma eventual reação negativa ao pacote e seguirá o aperto no ritmo atual.

O Copom falou grosso tanto no comunicado quanto na ata da última reunião: condicionou, em boa parte, o tamanho da alta de juros na sua decisão em dezembro à reação do mercado ao pacote de cortes de gastos prometido pelo governo Lula. O problema é que, se as medidas de contenção de despesas frustrarem as expectativas de analistas e investidores, há quem duvide que o Copom vá mesmo aumentar o ritmo de aperto como insinuou.

Ao acelerar a alta dos juros de 0,25 ponto para 0,50 ponto porcentual, o Copom não indicou que, em dezembro, manteria esse ritmo de aperto, mas que o seu próximo passo dependeria dos dados. Ao mesmo tempo, disse que o cenário fiscal afeta o prêmio de risco e a taxa de câmbio. E ressaltou que a apresentação de “medidas estruturais” para o orçamento fiscal contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco, “consequentemente impactando a política monetária”.

Tradução: se o pacote de cortes de gastos não agradar ao mercado, o dólar pode subir e as expectativas de inflação, se distanciarem da meta perseguida pelo BC. Nesse cenário, a sinalização do Copom não descarta uma nova aceleração da alta de juros para 0,75 ponto. E qual a probabilidade de esse pacote fracassar em resgatar a credibilidade do arcabouço fiscal?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem cozinhando o mercado em banho-maria há duas semanas com a promessa de fazer o anúncio dessas medidas. O dólar chegou a cair 3,3% em quatro pregões no auge da esperança de que a divulgação finalmente acontecesse. Nada saiu. Essa demora somente fortalece as resistências dentro do governo contra o ajuste proposto por Haddad, especialmente dos ministérios sociais.

Banco Central terá dilema em próxima reunião do Copom: qual o ritmo no aumento dos juros?  Foto: Dida Sampaio / Estadão

Circularam estimativas de um pacote entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões, incluindo redução estrutural de gastos obrigatórios. Haddad disse que parte das medidas necessitaria o envio de Proposta de Emenda à Constituição e de lei complementar. Além da dura negociação dentro do governo, Haddad terá ainda de rezar para que o pacote – o que sobreviver do que ele propôs originalmente – não seja diluído também no Congresso.

Na fotografia de hoje, é difícil ver esse pacote dissipando significativamente a piora recente na percepção de risco fiscal no Brasil, limitando o ganho do dólar. Se tal cenário prevalecer, o Copom vai amarelar ou vai enfrentar o governo e o PT, apertando ainda mais a alta de juros? Há quem aposte que o Copom fingirá que não viu uma eventual reação negativa ao pacote e seguirá o aperto no ritmo atual.

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