Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|O preço do vaivém: erros do presidente do Fed podem custar credibilidade da instituição dos EUA


Jerome Powell demorou a agir para conter inflação e variou discurso entre indicações de aumento dos juros e ‘aterrissagem suave’

Por Fábio Alves

Se tivesse feito somente um terço das barbeiragens cometidas na comunicação nos últimos anos por Jerome Powell, que comanda o Federal Reserve (Fed) americano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já teria sua reputação apedrejada em praça pública há muito tempo. Sem falar que o processo de trazer a inflação de volta à meta no Brasil teria sido muito mais custoso, via juros elevados por um período mais prolongado.

Independentemente de manter inalterados ou elevar hoje os juros na reunião de política monetária, Powell já perdeu a batalha pela comunicação, diante de tanta reviravolta na precificação pelos investidores da trajetória dos juros nos EUA.

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Lá atrás, Powell fez um diagnóstico errado sobre a alta da inflação que se observou após o pior momento da pandemia de covid. Disse que a disparada nos preços era temporária. Pior: insistiu nesse diagnóstico por muito tempo, deixando de agir tempestivamente para conter o aumento no custo de vida. Resultado: em junho de 2022, a inflação americana registrou alta anual de 9,1%, recorde em 40 anos.

De lá para cá, ele alternou momentos em que fez discursos duros – para conter a alta nos preços – com sinalizações mais brandas, tentando conduzir o aperto monetário para uma aterrissagem suave da economia americana. Nesse vaivém, chegou a dizer que o combate à inflação “traria alguma dor”.

Federal Reserve é o Banco Central dos Estados Unidos e tem a função de determinar as taxas de juros visando o controle da inflação Foto: REUTERS/Jason Reed
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Com a crise bancária que levou à falência três instituições financeiras nos EUA em 2023, além de um aperto nas concessões de crédito, Powell se mostrou preocupado com esse impacto na economia, passando a indicar que uma pausa no atual ciclo de alta de juros seria a decisão mais adequada para a reunião de política monetária neste mês.

Desde então, dados do mercado de trabalho se mostraram surpreendentemente robustos, o que, na visão de analistas, exigiria mais uma elevação dos juros. Se o Fed pausar o aperto, estará ignorando os indicadores que apontam para uma inflação ainda pressionada, o que, na reunião seguinte, em julho, poderia forçar uma alta mais agressiva dos juros. Mas, se elevar a taxa básica agora, estará jogando no ralo a sua comunicação recente.

Nesse processo errático ao conduzir as expectativas em relação à política monetária, Powell causou um sério arranhão à credibilidade do Fed. Exemplo: o mercado, inicialmente, projetou uma redução dos juros até o fim do ano. Depois, essa aposta passou para três cortes. E, agora, não se esperam mais cortes. Tanto quanto os juros, a comunicação equivocada gera um preço salgado para a sociedade.

Se tivesse feito somente um terço das barbeiragens cometidas na comunicação nos últimos anos por Jerome Powell, que comanda o Federal Reserve (Fed) americano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já teria sua reputação apedrejada em praça pública há muito tempo. Sem falar que o processo de trazer a inflação de volta à meta no Brasil teria sido muito mais custoso, via juros elevados por um período mais prolongado.

Independentemente de manter inalterados ou elevar hoje os juros na reunião de política monetária, Powell já perdeu a batalha pela comunicação, diante de tanta reviravolta na precificação pelos investidores da trajetória dos juros nos EUA.

Lá atrás, Powell fez um diagnóstico errado sobre a alta da inflação que se observou após o pior momento da pandemia de covid. Disse que a disparada nos preços era temporária. Pior: insistiu nesse diagnóstico por muito tempo, deixando de agir tempestivamente para conter o aumento no custo de vida. Resultado: em junho de 2022, a inflação americana registrou alta anual de 9,1%, recorde em 40 anos.

De lá para cá, ele alternou momentos em que fez discursos duros – para conter a alta nos preços – com sinalizações mais brandas, tentando conduzir o aperto monetário para uma aterrissagem suave da economia americana. Nesse vaivém, chegou a dizer que o combate à inflação “traria alguma dor”.

Federal Reserve é o Banco Central dos Estados Unidos e tem a função de determinar as taxas de juros visando o controle da inflação Foto: REUTERS/Jason Reed

Com a crise bancária que levou à falência três instituições financeiras nos EUA em 2023, além de um aperto nas concessões de crédito, Powell se mostrou preocupado com esse impacto na economia, passando a indicar que uma pausa no atual ciclo de alta de juros seria a decisão mais adequada para a reunião de política monetária neste mês.

Desde então, dados do mercado de trabalho se mostraram surpreendentemente robustos, o que, na visão de analistas, exigiria mais uma elevação dos juros. Se o Fed pausar o aperto, estará ignorando os indicadores que apontam para uma inflação ainda pressionada, o que, na reunião seguinte, em julho, poderia forçar uma alta mais agressiva dos juros. Mas, se elevar a taxa básica agora, estará jogando no ralo a sua comunicação recente.

Nesse processo errático ao conduzir as expectativas em relação à política monetária, Powell causou um sério arranhão à credibilidade do Fed. Exemplo: o mercado, inicialmente, projetou uma redução dos juros até o fim do ano. Depois, essa aposta passou para três cortes. E, agora, não se esperam mais cortes. Tanto quanto os juros, a comunicação equivocada gera um preço salgado para a sociedade.

Se tivesse feito somente um terço das barbeiragens cometidas na comunicação nos últimos anos por Jerome Powell, que comanda o Federal Reserve (Fed) americano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já teria sua reputação apedrejada em praça pública há muito tempo. Sem falar que o processo de trazer a inflação de volta à meta no Brasil teria sido muito mais custoso, via juros elevados por um período mais prolongado.

Independentemente de manter inalterados ou elevar hoje os juros na reunião de política monetária, Powell já perdeu a batalha pela comunicação, diante de tanta reviravolta na precificação pelos investidores da trajetória dos juros nos EUA.

Lá atrás, Powell fez um diagnóstico errado sobre a alta da inflação que se observou após o pior momento da pandemia de covid. Disse que a disparada nos preços era temporária. Pior: insistiu nesse diagnóstico por muito tempo, deixando de agir tempestivamente para conter o aumento no custo de vida. Resultado: em junho de 2022, a inflação americana registrou alta anual de 9,1%, recorde em 40 anos.

De lá para cá, ele alternou momentos em que fez discursos duros – para conter a alta nos preços – com sinalizações mais brandas, tentando conduzir o aperto monetário para uma aterrissagem suave da economia americana. Nesse vaivém, chegou a dizer que o combate à inflação “traria alguma dor”.

Federal Reserve é o Banco Central dos Estados Unidos e tem a função de determinar as taxas de juros visando o controle da inflação Foto: REUTERS/Jason Reed

Com a crise bancária que levou à falência três instituições financeiras nos EUA em 2023, além de um aperto nas concessões de crédito, Powell se mostrou preocupado com esse impacto na economia, passando a indicar que uma pausa no atual ciclo de alta de juros seria a decisão mais adequada para a reunião de política monetária neste mês.

Desde então, dados do mercado de trabalho se mostraram surpreendentemente robustos, o que, na visão de analistas, exigiria mais uma elevação dos juros. Se o Fed pausar o aperto, estará ignorando os indicadores que apontam para uma inflação ainda pressionada, o que, na reunião seguinte, em julho, poderia forçar uma alta mais agressiva dos juros. Mas, se elevar a taxa básica agora, estará jogando no ralo a sua comunicação recente.

Nesse processo errático ao conduzir as expectativas em relação à política monetária, Powell causou um sério arranhão à credibilidade do Fed. Exemplo: o mercado, inicialmente, projetou uma redução dos juros até o fim do ano. Depois, essa aposta passou para três cortes. E, agora, não se esperam mais cortes. Tanto quanto os juros, a comunicação equivocada gera um preço salgado para a sociedade.

Opinião por Fábio Alves

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