Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Expectativas sobre redução da inflação ficam empacadas com incertezas no futuro da política fiscal


Projeções ficaram mais sensíveis ao risco de o Ministério da Fazenda não conseguir entregar os resultados prometidos

Por Fábio Alves
Atualização:

As expectativas inflacionárias de médio prazo pararam de cair e seguem estáveis num patamar acima das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central, numa clara indicação de que as recentes sinalizações da política monetária e os ruídos do noticiário fiscal azedaram o humor do mercado.

As projeções para o IPCA de 2025 estão paradas em 3,5% há três semanas, enquanto as de 2026 estão estacionadas há seis semanas, também em 3,5%, conforme a pesquisa Focus. Ambas já estiveram em 4% antes de o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter decidido manter a meta de inflação a partir de 2024 em 3%, alterando apenas o seu horizonte de aferição do ano-calendário para um objetivo contínuo.

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Ou seja, passado o efeito positivo sobre as expectativas de médio prazo da decisão do CMN as projeções para a inflação ficaram mais sensíveis à percepção de risco do mercado em relação às políticas fiscal e monetária.

Do ponto de vista monetário, alguns analistas consideraram que o balanço de riscos não corroborava a decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual na sua última reunião, mas uma redução menor, de 0,25 ponto. Como em janeiro de 2024 a diretoria do BC terá dois novos integrantes indicados pelo governo Lula, há ainda o temor de que a nova composição do Copom seja mais agressiva ao cortar juros, independentemente de o cenário de inflação endossar tal postura.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad terá que cumprir as metas do arcabouço fiscal Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
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Do lado fiscal, cresceu a desconfiança sobre se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguirá realmente cumprir as metas de resultado primário que prometeu entregar, sendo forçado a revisá-las, o que tornaria a política fiscal mais frouxa. No projeto do arcabouço fiscal, o governo prometeu um déficit primário de 0,5% do PIB neste ano, zerando esse déficit em 2024 e produzindo um superávit de 0,5% do PIB em 2025.

Mas o mercado está prevendo um déficit de 1% do PIB neste ano, ou seja, o dobro do prometido por Haddad, além de um rombo de 0,8%, em 2024, e outro resultado negativo de 0,6% em 2025.

Não será um problema tão grande Haddad entregar o dobro do que prometeu no rombo nas contas do governo neste ano, desde que tenha sucesso em concretizar uma série de medidas cruciais para a elevação da receita tributária, permitindo que o resultado primário convirja para as metas nos próximos anos. Entre essas medidas, estão, por exemplo, a aprovação final pelo Congresso da volta do voto de qualidade do Carf. Só assim o governo ajudará o BC a reancorar as expectativas inflacionárias. Até lá, as projeções do IPCA poderão ficar empacadas.

As expectativas inflacionárias de médio prazo pararam de cair e seguem estáveis num patamar acima das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central, numa clara indicação de que as recentes sinalizações da política monetária e os ruídos do noticiário fiscal azedaram o humor do mercado.

As projeções para o IPCA de 2025 estão paradas em 3,5% há três semanas, enquanto as de 2026 estão estacionadas há seis semanas, também em 3,5%, conforme a pesquisa Focus. Ambas já estiveram em 4% antes de o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter decidido manter a meta de inflação a partir de 2024 em 3%, alterando apenas o seu horizonte de aferição do ano-calendário para um objetivo contínuo.

Ou seja, passado o efeito positivo sobre as expectativas de médio prazo da decisão do CMN as projeções para a inflação ficaram mais sensíveis à percepção de risco do mercado em relação às políticas fiscal e monetária.

Do ponto de vista monetário, alguns analistas consideraram que o balanço de riscos não corroborava a decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual na sua última reunião, mas uma redução menor, de 0,25 ponto. Como em janeiro de 2024 a diretoria do BC terá dois novos integrantes indicados pelo governo Lula, há ainda o temor de que a nova composição do Copom seja mais agressiva ao cortar juros, independentemente de o cenário de inflação endossar tal postura.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad terá que cumprir as metas do arcabouço fiscal Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Do lado fiscal, cresceu a desconfiança sobre se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguirá realmente cumprir as metas de resultado primário que prometeu entregar, sendo forçado a revisá-las, o que tornaria a política fiscal mais frouxa. No projeto do arcabouço fiscal, o governo prometeu um déficit primário de 0,5% do PIB neste ano, zerando esse déficit em 2024 e produzindo um superávit de 0,5% do PIB em 2025.

Mas o mercado está prevendo um déficit de 1% do PIB neste ano, ou seja, o dobro do prometido por Haddad, além de um rombo de 0,8%, em 2024, e outro resultado negativo de 0,6% em 2025.

Não será um problema tão grande Haddad entregar o dobro do que prometeu no rombo nas contas do governo neste ano, desde que tenha sucesso em concretizar uma série de medidas cruciais para a elevação da receita tributária, permitindo que o resultado primário convirja para as metas nos próximos anos. Entre essas medidas, estão, por exemplo, a aprovação final pelo Congresso da volta do voto de qualidade do Carf. Só assim o governo ajudará o BC a reancorar as expectativas inflacionárias. Até lá, as projeções do IPCA poderão ficar empacadas.

As expectativas inflacionárias de médio prazo pararam de cair e seguem estáveis num patamar acima das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central, numa clara indicação de que as recentes sinalizações da política monetária e os ruídos do noticiário fiscal azedaram o humor do mercado.

As projeções para o IPCA de 2025 estão paradas em 3,5% há três semanas, enquanto as de 2026 estão estacionadas há seis semanas, também em 3,5%, conforme a pesquisa Focus. Ambas já estiveram em 4% antes de o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter decidido manter a meta de inflação a partir de 2024 em 3%, alterando apenas o seu horizonte de aferição do ano-calendário para um objetivo contínuo.

Ou seja, passado o efeito positivo sobre as expectativas de médio prazo da decisão do CMN as projeções para a inflação ficaram mais sensíveis à percepção de risco do mercado em relação às políticas fiscal e monetária.

Do ponto de vista monetário, alguns analistas consideraram que o balanço de riscos não corroborava a decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual na sua última reunião, mas uma redução menor, de 0,25 ponto. Como em janeiro de 2024 a diretoria do BC terá dois novos integrantes indicados pelo governo Lula, há ainda o temor de que a nova composição do Copom seja mais agressiva ao cortar juros, independentemente de o cenário de inflação endossar tal postura.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad terá que cumprir as metas do arcabouço fiscal Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Do lado fiscal, cresceu a desconfiança sobre se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguirá realmente cumprir as metas de resultado primário que prometeu entregar, sendo forçado a revisá-las, o que tornaria a política fiscal mais frouxa. No projeto do arcabouço fiscal, o governo prometeu um déficit primário de 0,5% do PIB neste ano, zerando esse déficit em 2024 e produzindo um superávit de 0,5% do PIB em 2025.

Mas o mercado está prevendo um déficit de 1% do PIB neste ano, ou seja, o dobro do prometido por Haddad, além de um rombo de 0,8%, em 2024, e outro resultado negativo de 0,6% em 2025.

Não será um problema tão grande Haddad entregar o dobro do que prometeu no rombo nas contas do governo neste ano, desde que tenha sucesso em concretizar uma série de medidas cruciais para a elevação da receita tributária, permitindo que o resultado primário convirja para as metas nos próximos anos. Entre essas medidas, estão, por exemplo, a aprovação final pelo Congresso da volta do voto de qualidade do Carf. Só assim o governo ajudará o BC a reancorar as expectativas inflacionárias. Até lá, as projeções do IPCA poderão ficar empacadas.

Opinião por Fábio Alves

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