Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Desafio do Copom é definir nova Selic antes do resultado das eleições e dos juros nos EUA


Manutenção da Selic em 13,75% por um período prolongado é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta

Por Fábio Alves

Dois eventos cruciais para determinar o rumo da política monetária no Brasil acontecem justamente após a reunião de hoje do Copom: o segundo turno da eleição presidencial, no domingo, e a decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve, na quarta-feira da semana que vem.

Quando interrompeu o ciclo de alta de juros na sua reunião de setembro, numa decisão dividida em que dois diretores do Banco Central votaram a favor de mais uma elevação da Selic, o Copom alertou o mercado que não hesitaria em retomar o aperto monetário caso o processo de desinflação não transcorresse como o desejado.

Aposta do mercado é que o Copom vai manter a Selic a 13,75% Foto: Dida Sampaio/Estadão - 3/12/2021
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O objetivo da ameaça era desautorizar as apostas prematuras no mercado de um início de um ciclo de corte de juros, já no primeiro trimestre de 2023, levando a um afrouxamento das condições financeiras, o que atrapalharia a tarefa do BC de combater a alta nos preços.

Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já sinalizou que a redução dos juros poderá começar a partir de junho de 2023. Isso é razoável ou, na fotografia de hoje, apenas “wishful thinking”?

De fato, além da queda no índice de preços ao consumidor registrada em julho, agosto e setembro, as expectativas de inflação vêm caindo consistentemente. Para 2023, o consenso das projeções chegou a indicar inflação de 5,30%. Na última pesquisa Focus, essa estimativa estava em 4,94%.

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Não à toa, a expectativa dos analistas é de que, ao contrário da reunião de setembro, a decisão do Copom hoje será unânime, uma vez que vem se consolidando o cenário traçado pela maioria dos que votaram para interromper o ciclo de alta dos juros: a manutenção da Selic em 13,75% por um período prolongado é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante para a política monetária.

Todavia, esse cenário pode ter uma reviravolta dependendo do desfecho da eleição presidencial e do anúncio da política econômica, em particular o regime fiscal, a partir de 2023.

Se essa política econômica desagradar ao mercado e levar a uma disparada do dólar, pressionando de novo a inflação, os juros até poderão voltar a subir. Também se o Federal Reserve sinalizar, na próxima semana, que seguirá com um aperto monetário agressivo nos EUA, o dólar poderá se valorizar.

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Ao anunciar sua decisão ainda no escuro quanto ao desfecho desses eventos, o Copom terá o desafio de conseguir o equilíbrio entre manter tudo como está e passar uma mensagem crível o suficiente de que não deu como acabada a tarefa de combater a inflação.

Dois eventos cruciais para determinar o rumo da política monetária no Brasil acontecem justamente após a reunião de hoje do Copom: o segundo turno da eleição presidencial, no domingo, e a decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve, na quarta-feira da semana que vem.

Quando interrompeu o ciclo de alta de juros na sua reunião de setembro, numa decisão dividida em que dois diretores do Banco Central votaram a favor de mais uma elevação da Selic, o Copom alertou o mercado que não hesitaria em retomar o aperto monetário caso o processo de desinflação não transcorresse como o desejado.

Aposta do mercado é que o Copom vai manter a Selic a 13,75% Foto: Dida Sampaio/Estadão - 3/12/2021

O objetivo da ameaça era desautorizar as apostas prematuras no mercado de um início de um ciclo de corte de juros, já no primeiro trimestre de 2023, levando a um afrouxamento das condições financeiras, o que atrapalharia a tarefa do BC de combater a alta nos preços.

Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já sinalizou que a redução dos juros poderá começar a partir de junho de 2023. Isso é razoável ou, na fotografia de hoje, apenas “wishful thinking”?

De fato, além da queda no índice de preços ao consumidor registrada em julho, agosto e setembro, as expectativas de inflação vêm caindo consistentemente. Para 2023, o consenso das projeções chegou a indicar inflação de 5,30%. Na última pesquisa Focus, essa estimativa estava em 4,94%.

Não à toa, a expectativa dos analistas é de que, ao contrário da reunião de setembro, a decisão do Copom hoje será unânime, uma vez que vem se consolidando o cenário traçado pela maioria dos que votaram para interromper o ciclo de alta dos juros: a manutenção da Selic em 13,75% por um período prolongado é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante para a política monetária.

Todavia, esse cenário pode ter uma reviravolta dependendo do desfecho da eleição presidencial e do anúncio da política econômica, em particular o regime fiscal, a partir de 2023.

Se essa política econômica desagradar ao mercado e levar a uma disparada do dólar, pressionando de novo a inflação, os juros até poderão voltar a subir. Também se o Federal Reserve sinalizar, na próxima semana, que seguirá com um aperto monetário agressivo nos EUA, o dólar poderá se valorizar.

Ao anunciar sua decisão ainda no escuro quanto ao desfecho desses eventos, o Copom terá o desafio de conseguir o equilíbrio entre manter tudo como está e passar uma mensagem crível o suficiente de que não deu como acabada a tarefa de combater a inflação.

Dois eventos cruciais para determinar o rumo da política monetária no Brasil acontecem justamente após a reunião de hoje do Copom: o segundo turno da eleição presidencial, no domingo, e a decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve, na quarta-feira da semana que vem.

Quando interrompeu o ciclo de alta de juros na sua reunião de setembro, numa decisão dividida em que dois diretores do Banco Central votaram a favor de mais uma elevação da Selic, o Copom alertou o mercado que não hesitaria em retomar o aperto monetário caso o processo de desinflação não transcorresse como o desejado.

Aposta do mercado é que o Copom vai manter a Selic a 13,75% Foto: Dida Sampaio/Estadão - 3/12/2021

O objetivo da ameaça era desautorizar as apostas prematuras no mercado de um início de um ciclo de corte de juros, já no primeiro trimestre de 2023, levando a um afrouxamento das condições financeiras, o que atrapalharia a tarefa do BC de combater a alta nos preços.

Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já sinalizou que a redução dos juros poderá começar a partir de junho de 2023. Isso é razoável ou, na fotografia de hoje, apenas “wishful thinking”?

De fato, além da queda no índice de preços ao consumidor registrada em julho, agosto e setembro, as expectativas de inflação vêm caindo consistentemente. Para 2023, o consenso das projeções chegou a indicar inflação de 5,30%. Na última pesquisa Focus, essa estimativa estava em 4,94%.

Não à toa, a expectativa dos analistas é de que, ao contrário da reunião de setembro, a decisão do Copom hoje será unânime, uma vez que vem se consolidando o cenário traçado pela maioria dos que votaram para interromper o ciclo de alta dos juros: a manutenção da Selic em 13,75% por um período prolongado é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante para a política monetária.

Todavia, esse cenário pode ter uma reviravolta dependendo do desfecho da eleição presidencial e do anúncio da política econômica, em particular o regime fiscal, a partir de 2023.

Se essa política econômica desagradar ao mercado e levar a uma disparada do dólar, pressionando de novo a inflação, os juros até poderão voltar a subir. Também se o Federal Reserve sinalizar, na próxima semana, que seguirá com um aperto monetário agressivo nos EUA, o dólar poderá se valorizar.

Ao anunciar sua decisão ainda no escuro quanto ao desfecho desses eventos, o Copom terá o desafio de conseguir o equilíbrio entre manter tudo como está e passar uma mensagem crível o suficiente de que não deu como acabada a tarefa de combater a inflação.

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