Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Desempenho do dólar vai definir os rumos da taxa de juros nas próximas reuniões do Copom


Até setembro muita coisa pode mudar; seria prematuro dar por encerrado o ciclo de aperto da Selic

Por Fábio Alves

Em meio ao debate sobre se o Copom encerrará o ciclo de aperto monetário com uma derradeira alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic, para 13,75%, ao fim da sua reunião hoje, ou se deixará a porta aberta para uma elevação adicional dos juros em setembro, o nível do dólar terá um peso crucial na decisão do Banco Central até lá.

Dois fatores terão grande influência sobre o câmbio: a sinalização dos próximos passos da política monetária nos EUA pelo Federal Reserve (Fed) e o humor dos investidores em relação à eleição presidencial no Brasil.

Na semana passada, quando o BC americano elevou os juros em 0,75 ponto, o mercado interpretou como mais brandas as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre o ritmo do aperto e até onde a taxa básica poderá chegar.

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Ao concluir que o Fed não será tão agressivo na alta de juros como se esperava, o mercado reagiu com uma alta firme das Bolsas americanas e um recuo do dólar ante outras moedas. Aqui no Brasil, o dólar chegou a ceder a R$ 5,16, menor patamar em mais de um mês. Só que, apenas quatro pregões antes, a moeda americana flertou com o nível de R$ 5,50.

Um dólar mais próximo de R$ 5,00 daria um maior conforto para o Copom parar e não subir a Selic daqui a 45 dias, na reunião de setembro, enquanto uma cotação voltando para perto de R$ 5,50 poderá pressionar o IPCA e as projeções de inflação.

Um dólar mais próximo de R$ 5 daria um maior conforto para o Copom parar e não subir a Selic na reunião de setembro Foto: JF Diorio/Estadão
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Apesar do alívio recente no índice de preços ao consumidor, em razão da desoneração de impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, as expectativas de inflação seguem piorando para 2023, que ainda é o horizonte relevante para a política monetária.

Na última pesquisa Focus, o consenso das estimativas apontou para uma inflação de 5,33% no ano que vem, bem acima não somente do teto da meta, que é de 4,75%, mas também da projeção atual do Copom, de 4,0%.

Se nas próximas semanas o Fed corrigir a visão do mercado e sinalizar que ainda será duro ao subir os juros americanos, mesmo com o risco crescente de recessão nos EUA, o dólar poderá voltar a se apreciar com força. Nesse caso, fica difícil ver o câmbio no Brasil voltando para muito abaixo de R$ 5,20.

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Além disso, até a decisão do Copom em setembro, a eleição presidencial estará pegando fogo. Dependendo das declarações dos candidatos sobre a política econômica em 2023, o humor pode azedar, pressionando o dólar. Ou seja, até setembro muita coisa pode mudar: Fed, eleições, inflação e atividade econômica. Assim, seria prematuro o Copom dar o ciclo de aperto por encerrado hoje.

Em meio ao debate sobre se o Copom encerrará o ciclo de aperto monetário com uma derradeira alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic, para 13,75%, ao fim da sua reunião hoje, ou se deixará a porta aberta para uma elevação adicional dos juros em setembro, o nível do dólar terá um peso crucial na decisão do Banco Central até lá.

Dois fatores terão grande influência sobre o câmbio: a sinalização dos próximos passos da política monetária nos EUA pelo Federal Reserve (Fed) e o humor dos investidores em relação à eleição presidencial no Brasil.

Na semana passada, quando o BC americano elevou os juros em 0,75 ponto, o mercado interpretou como mais brandas as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre o ritmo do aperto e até onde a taxa básica poderá chegar.

Ao concluir que o Fed não será tão agressivo na alta de juros como se esperava, o mercado reagiu com uma alta firme das Bolsas americanas e um recuo do dólar ante outras moedas. Aqui no Brasil, o dólar chegou a ceder a R$ 5,16, menor patamar em mais de um mês. Só que, apenas quatro pregões antes, a moeda americana flertou com o nível de R$ 5,50.

Um dólar mais próximo de R$ 5,00 daria um maior conforto para o Copom parar e não subir a Selic daqui a 45 dias, na reunião de setembro, enquanto uma cotação voltando para perto de R$ 5,50 poderá pressionar o IPCA e as projeções de inflação.

Um dólar mais próximo de R$ 5 daria um maior conforto para o Copom parar e não subir a Selic na reunião de setembro Foto: JF Diorio/Estadão

Apesar do alívio recente no índice de preços ao consumidor, em razão da desoneração de impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, as expectativas de inflação seguem piorando para 2023, que ainda é o horizonte relevante para a política monetária.

Na última pesquisa Focus, o consenso das estimativas apontou para uma inflação de 5,33% no ano que vem, bem acima não somente do teto da meta, que é de 4,75%, mas também da projeção atual do Copom, de 4,0%.

Se nas próximas semanas o Fed corrigir a visão do mercado e sinalizar que ainda será duro ao subir os juros americanos, mesmo com o risco crescente de recessão nos EUA, o dólar poderá voltar a se apreciar com força. Nesse caso, fica difícil ver o câmbio no Brasil voltando para muito abaixo de R$ 5,20.

Além disso, até a decisão do Copom em setembro, a eleição presidencial estará pegando fogo. Dependendo das declarações dos candidatos sobre a política econômica em 2023, o humor pode azedar, pressionando o dólar. Ou seja, até setembro muita coisa pode mudar: Fed, eleições, inflação e atividade econômica. Assim, seria prematuro o Copom dar o ciclo de aperto por encerrado hoje.

Em meio ao debate sobre se o Copom encerrará o ciclo de aperto monetário com uma derradeira alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic, para 13,75%, ao fim da sua reunião hoje, ou se deixará a porta aberta para uma elevação adicional dos juros em setembro, o nível do dólar terá um peso crucial na decisão do Banco Central até lá.

Dois fatores terão grande influência sobre o câmbio: a sinalização dos próximos passos da política monetária nos EUA pelo Federal Reserve (Fed) e o humor dos investidores em relação à eleição presidencial no Brasil.

Na semana passada, quando o BC americano elevou os juros em 0,75 ponto, o mercado interpretou como mais brandas as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre o ritmo do aperto e até onde a taxa básica poderá chegar.

Ao concluir que o Fed não será tão agressivo na alta de juros como se esperava, o mercado reagiu com uma alta firme das Bolsas americanas e um recuo do dólar ante outras moedas. Aqui no Brasil, o dólar chegou a ceder a R$ 5,16, menor patamar em mais de um mês. Só que, apenas quatro pregões antes, a moeda americana flertou com o nível de R$ 5,50.

Um dólar mais próximo de R$ 5,00 daria um maior conforto para o Copom parar e não subir a Selic daqui a 45 dias, na reunião de setembro, enquanto uma cotação voltando para perto de R$ 5,50 poderá pressionar o IPCA e as projeções de inflação.

Um dólar mais próximo de R$ 5 daria um maior conforto para o Copom parar e não subir a Selic na reunião de setembro Foto: JF Diorio/Estadão

Apesar do alívio recente no índice de preços ao consumidor, em razão da desoneração de impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, as expectativas de inflação seguem piorando para 2023, que ainda é o horizonte relevante para a política monetária.

Na última pesquisa Focus, o consenso das estimativas apontou para uma inflação de 5,33% no ano que vem, bem acima não somente do teto da meta, que é de 4,75%, mas também da projeção atual do Copom, de 4,0%.

Se nas próximas semanas o Fed corrigir a visão do mercado e sinalizar que ainda será duro ao subir os juros americanos, mesmo com o risco crescente de recessão nos EUA, o dólar poderá voltar a se apreciar com força. Nesse caso, fica difícil ver o câmbio no Brasil voltando para muito abaixo de R$ 5,20.

Além disso, até a decisão do Copom em setembro, a eleição presidencial estará pegando fogo. Dependendo das declarações dos candidatos sobre a política econômica em 2023, o humor pode azedar, pressionando o dólar. Ou seja, até setembro muita coisa pode mudar: Fed, eleições, inflação e atividade econômica. Assim, seria prematuro o Copom dar o ciclo de aperto por encerrado hoje.

Opinião por Fábio Alves

Colunista do Broadcast

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