Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Taxa de juros americana impacta todos os outros ativos da economia mundial


Quando a economia global sofre, como deixar de aplicar em títulos do Tesouro dos Estados Unidos a 4%?

Por Fábio Alves

Na semana passada, o juro cobrado pelos investidores para comprar os títulos do Tesouro americano com prazo de 10 anos superou o patamar de 4% pela primeira vez desde a grande crise financeira mundial de 2008, o que acendeu o sinal amarelo para o apetite por ativos de risco, como Bolsas de Valores, moedas de países emergentes, incluindo o real brasileiro, e commodities.

Mas o temor de uma taxa de retorno de 4% pelo papel de 10 anos do Tesouro americano não é apenas com os ativos financeiros, mas também com o impacto nas economias mundo afora. Nos Estados Unidos, por exemplo, em outubro de 2008, quando o juro pago por esses títulos havia ultrapassado 4%, a dívida pública americana estava abaixo de US$ 10 trilhões. Agora, já se aproxima de US$ 31 trilhões.

Títulos americanos são considerados os mais seguros do mundo Foto: Yuriko Nakao/Reuters
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Para outros países, o preocupante é que a curva de juros americana é vista como o preço de referência para o custo de oportunidade do dinheiro. Ou seja, os outros ativos financeiros no resto do mundo têm o preço fixado com base num diferencial sobre as taxas pagas pelos títulos do Tesouro americano.

O risco soberano do Brasil, refletido na taxa dos contratos de 5 anos de Credit Default Swap (CDS), que mede o risco de calote por um emissor de dívida, é um exemplo. A taxa desse contrato do Brasil está atualmente ao redor de 300 pontos-base. Ou seja, 3 pontos porcentuais acima da taxa que está sendo paga pelo papel do Tesouro americano de prazo equivalente.

Quando a curva de juros nos EUA aumenta rapidamente, como está acontecendo agora, o custo de capital e de oportunidade de investimento no Brasil – e em qualquer outro país emergente – acompanha esse movimento. A consequência é uma redução da demanda pelos investidores e, por tabela, da liquidez nos mercados internacionais. O dólar se valoriza ante as outras moedas, e os EUA acabam exportando inflação ao resto do mundo, via dólar mais caro.

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Num momento em que a economia global sofre com o temor de recessão, disparada na inflação, altas de juros agressivas pelos principais bancos centrais e crise geopolítica, vide a guerra na Ucrânia, como deixar de aplicar no ativo que é considerado livre de risco no mundo – os títulos do Tesouro americano – quando esses papéis estão pagando 4%?

Dificilmente, a curva de juros vai recuar muito dos níveis atuais se a inflação seguir surpreendendo para cima nos EUA, forçando o Federal Reserve a um aperto monetário mais agressivo. E, se o papel do Tesouro americano seguir ao redor de 4% por tempo prolongado, qual o estrago para a economia mundial?

Na semana passada, o juro cobrado pelos investidores para comprar os títulos do Tesouro americano com prazo de 10 anos superou o patamar de 4% pela primeira vez desde a grande crise financeira mundial de 2008, o que acendeu o sinal amarelo para o apetite por ativos de risco, como Bolsas de Valores, moedas de países emergentes, incluindo o real brasileiro, e commodities.

Mas o temor de uma taxa de retorno de 4% pelo papel de 10 anos do Tesouro americano não é apenas com os ativos financeiros, mas também com o impacto nas economias mundo afora. Nos Estados Unidos, por exemplo, em outubro de 2008, quando o juro pago por esses títulos havia ultrapassado 4%, a dívida pública americana estava abaixo de US$ 10 trilhões. Agora, já se aproxima de US$ 31 trilhões.

Títulos americanos são considerados os mais seguros do mundo Foto: Yuriko Nakao/Reuters

Para outros países, o preocupante é que a curva de juros americana é vista como o preço de referência para o custo de oportunidade do dinheiro. Ou seja, os outros ativos financeiros no resto do mundo têm o preço fixado com base num diferencial sobre as taxas pagas pelos títulos do Tesouro americano.

O risco soberano do Brasil, refletido na taxa dos contratos de 5 anos de Credit Default Swap (CDS), que mede o risco de calote por um emissor de dívida, é um exemplo. A taxa desse contrato do Brasil está atualmente ao redor de 300 pontos-base. Ou seja, 3 pontos porcentuais acima da taxa que está sendo paga pelo papel do Tesouro americano de prazo equivalente.

Quando a curva de juros nos EUA aumenta rapidamente, como está acontecendo agora, o custo de capital e de oportunidade de investimento no Brasil – e em qualquer outro país emergente – acompanha esse movimento. A consequência é uma redução da demanda pelos investidores e, por tabela, da liquidez nos mercados internacionais. O dólar se valoriza ante as outras moedas, e os EUA acabam exportando inflação ao resto do mundo, via dólar mais caro.

Num momento em que a economia global sofre com o temor de recessão, disparada na inflação, altas de juros agressivas pelos principais bancos centrais e crise geopolítica, vide a guerra na Ucrânia, como deixar de aplicar no ativo que é considerado livre de risco no mundo – os títulos do Tesouro americano – quando esses papéis estão pagando 4%?

Dificilmente, a curva de juros vai recuar muito dos níveis atuais se a inflação seguir surpreendendo para cima nos EUA, forçando o Federal Reserve a um aperto monetário mais agressivo. E, se o papel do Tesouro americano seguir ao redor de 4% por tempo prolongado, qual o estrago para a economia mundial?

Na semana passada, o juro cobrado pelos investidores para comprar os títulos do Tesouro americano com prazo de 10 anos superou o patamar de 4% pela primeira vez desde a grande crise financeira mundial de 2008, o que acendeu o sinal amarelo para o apetite por ativos de risco, como Bolsas de Valores, moedas de países emergentes, incluindo o real brasileiro, e commodities.

Mas o temor de uma taxa de retorno de 4% pelo papel de 10 anos do Tesouro americano não é apenas com os ativos financeiros, mas também com o impacto nas economias mundo afora. Nos Estados Unidos, por exemplo, em outubro de 2008, quando o juro pago por esses títulos havia ultrapassado 4%, a dívida pública americana estava abaixo de US$ 10 trilhões. Agora, já se aproxima de US$ 31 trilhões.

Títulos americanos são considerados os mais seguros do mundo Foto: Yuriko Nakao/Reuters

Para outros países, o preocupante é que a curva de juros americana é vista como o preço de referência para o custo de oportunidade do dinheiro. Ou seja, os outros ativos financeiros no resto do mundo têm o preço fixado com base num diferencial sobre as taxas pagas pelos títulos do Tesouro americano.

O risco soberano do Brasil, refletido na taxa dos contratos de 5 anos de Credit Default Swap (CDS), que mede o risco de calote por um emissor de dívida, é um exemplo. A taxa desse contrato do Brasil está atualmente ao redor de 300 pontos-base. Ou seja, 3 pontos porcentuais acima da taxa que está sendo paga pelo papel do Tesouro americano de prazo equivalente.

Quando a curva de juros nos EUA aumenta rapidamente, como está acontecendo agora, o custo de capital e de oportunidade de investimento no Brasil – e em qualquer outro país emergente – acompanha esse movimento. A consequência é uma redução da demanda pelos investidores e, por tabela, da liquidez nos mercados internacionais. O dólar se valoriza ante as outras moedas, e os EUA acabam exportando inflação ao resto do mundo, via dólar mais caro.

Num momento em que a economia global sofre com o temor de recessão, disparada na inflação, altas de juros agressivas pelos principais bancos centrais e crise geopolítica, vide a guerra na Ucrânia, como deixar de aplicar no ativo que é considerado livre de risco no mundo – os títulos do Tesouro americano – quando esses papéis estão pagando 4%?

Dificilmente, a curva de juros vai recuar muito dos níveis atuais se a inflação seguir surpreendendo para cima nos EUA, forçando o Federal Reserve a um aperto monetário mais agressivo. E, se o papel do Tesouro americano seguir ao redor de 4% por tempo prolongado, qual o estrago para a economia mundial?

Opinião por Fábio Alves

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