Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Pesa contra Galípolo a suspeita de ser um herdeiro submisso do comando do BC


Diretor da autarquia enfrenta um déficit enorme de credibilidade entre seus pares

Por Fábio Alves

Os últimos gestos e declarações do presidente Lula consolidaram a aposta no mercado de que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, é o herdeiro presuntivo do comando da instituição a partir de 2025, em substituição a Roberto Campos Neto.

O problema é que Galípolo enfrenta um déficit enorme de credibilidade entre seus pares para assumir o cargo. Isso porque justamente esses gestos e declarações de Lula reforçaram a percepção entre analistas e investidores de que, sob uma eventual gestão de Galípolo, o BC estará vulnerável à interferência do governo na política monetária, sem adotar uma postura austera suficiente se as condições domésticas e externas exigirem, tolerando, portanto, uma inflação mais alta.

Na reunião que deu aval à publicação do decreto que formaliza a meta contínua de inflação de 3%, na semana passada, Lula convocou Galípolo para participar juntamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Campos Neto, que coleciona atritos e impropérios de Lula nos últimos tempos, não foi convidado.

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Essa reunião não era o lugar para o diretor de Política Monetária do BC. Mas Lula quis mostrar que quem manda no BC é ele. Ainda que quisesse evitar o constrangimento da presença de Campos Neto, o presidente, ao menos, poderia ter chamado para a reunião o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, o qual estava envolvido diretamente na elaboração do decreto.

Gabriel Galípolo foi presidente do Banco Fator antes de se tornar o número 2 de Haddad no Ministério da Fazenda e diretor de política monetária do Banco Central Foto: Felipe Rau / Estadão

Depois, quando indagado sobre Galípolo e a sucessão no BC, em entrevista a uma emissora de rádio, Lula evitou dizer o nome do seu indicado, mas cobriu o diretor de Política Monetária do BC com rasgados elogios: “Competentíssimo”, “de uma honestidade ímpar”. E, com um tom paternal (ou paternalista?), arrematou: “Um menino de ouro”.

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Não à toa, a rejeição no mercado ao nome de Galípolo. Mas não só isso. Há os que o consideram sem estofo acadêmico e experiência técnica relevante para assumir o comando da autoridade monetária, especialmente em momentos de turbulência. Um participante do mercado, falando reservadamente, diz que há uma distância “quase galáctica” que separa o preparo técnico de Campos Neto ao de Galípolo.

Mas o que mais pesa contra ele é a suspeita sobre sua independência. Um renomado economista diz que o mercado “viverá em eterna desconfiança de Galípolo”. Já outro economista diz que ele será testado várias vezes. “Vamos ver como ele enfrenta a depreciação cambial e os apelos dos petistas para intervenção”, diz. “E como vai agir quando precisar subir os juros.” Essa será a “prova dos nove”.

Os últimos gestos e declarações do presidente Lula consolidaram a aposta no mercado de que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, é o herdeiro presuntivo do comando da instituição a partir de 2025, em substituição a Roberto Campos Neto.

O problema é que Galípolo enfrenta um déficit enorme de credibilidade entre seus pares para assumir o cargo. Isso porque justamente esses gestos e declarações de Lula reforçaram a percepção entre analistas e investidores de que, sob uma eventual gestão de Galípolo, o BC estará vulnerável à interferência do governo na política monetária, sem adotar uma postura austera suficiente se as condições domésticas e externas exigirem, tolerando, portanto, uma inflação mais alta.

Na reunião que deu aval à publicação do decreto que formaliza a meta contínua de inflação de 3%, na semana passada, Lula convocou Galípolo para participar juntamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Campos Neto, que coleciona atritos e impropérios de Lula nos últimos tempos, não foi convidado.

Essa reunião não era o lugar para o diretor de Política Monetária do BC. Mas Lula quis mostrar que quem manda no BC é ele. Ainda que quisesse evitar o constrangimento da presença de Campos Neto, o presidente, ao menos, poderia ter chamado para a reunião o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, o qual estava envolvido diretamente na elaboração do decreto.

Gabriel Galípolo foi presidente do Banco Fator antes de se tornar o número 2 de Haddad no Ministério da Fazenda e diretor de política monetária do Banco Central Foto: Felipe Rau / Estadão

Depois, quando indagado sobre Galípolo e a sucessão no BC, em entrevista a uma emissora de rádio, Lula evitou dizer o nome do seu indicado, mas cobriu o diretor de Política Monetária do BC com rasgados elogios: “Competentíssimo”, “de uma honestidade ímpar”. E, com um tom paternal (ou paternalista?), arrematou: “Um menino de ouro”.

Não à toa, a rejeição no mercado ao nome de Galípolo. Mas não só isso. Há os que o consideram sem estofo acadêmico e experiência técnica relevante para assumir o comando da autoridade monetária, especialmente em momentos de turbulência. Um participante do mercado, falando reservadamente, diz que há uma distância “quase galáctica” que separa o preparo técnico de Campos Neto ao de Galípolo.

Mas o que mais pesa contra ele é a suspeita sobre sua independência. Um renomado economista diz que o mercado “viverá em eterna desconfiança de Galípolo”. Já outro economista diz que ele será testado várias vezes. “Vamos ver como ele enfrenta a depreciação cambial e os apelos dos petistas para intervenção”, diz. “E como vai agir quando precisar subir os juros.” Essa será a “prova dos nove”.

Os últimos gestos e declarações do presidente Lula consolidaram a aposta no mercado de que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, é o herdeiro presuntivo do comando da instituição a partir de 2025, em substituição a Roberto Campos Neto.

O problema é que Galípolo enfrenta um déficit enorme de credibilidade entre seus pares para assumir o cargo. Isso porque justamente esses gestos e declarações de Lula reforçaram a percepção entre analistas e investidores de que, sob uma eventual gestão de Galípolo, o BC estará vulnerável à interferência do governo na política monetária, sem adotar uma postura austera suficiente se as condições domésticas e externas exigirem, tolerando, portanto, uma inflação mais alta.

Na reunião que deu aval à publicação do decreto que formaliza a meta contínua de inflação de 3%, na semana passada, Lula convocou Galípolo para participar juntamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Campos Neto, que coleciona atritos e impropérios de Lula nos últimos tempos, não foi convidado.

Essa reunião não era o lugar para o diretor de Política Monetária do BC. Mas Lula quis mostrar que quem manda no BC é ele. Ainda que quisesse evitar o constrangimento da presença de Campos Neto, o presidente, ao menos, poderia ter chamado para a reunião o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, o qual estava envolvido diretamente na elaboração do decreto.

Gabriel Galípolo foi presidente do Banco Fator antes de se tornar o número 2 de Haddad no Ministério da Fazenda e diretor de política monetária do Banco Central Foto: Felipe Rau / Estadão

Depois, quando indagado sobre Galípolo e a sucessão no BC, em entrevista a uma emissora de rádio, Lula evitou dizer o nome do seu indicado, mas cobriu o diretor de Política Monetária do BC com rasgados elogios: “Competentíssimo”, “de uma honestidade ímpar”. E, com um tom paternal (ou paternalista?), arrematou: “Um menino de ouro”.

Não à toa, a rejeição no mercado ao nome de Galípolo. Mas não só isso. Há os que o consideram sem estofo acadêmico e experiência técnica relevante para assumir o comando da autoridade monetária, especialmente em momentos de turbulência. Um participante do mercado, falando reservadamente, diz que há uma distância “quase galáctica” que separa o preparo técnico de Campos Neto ao de Galípolo.

Mas o que mais pesa contra ele é a suspeita sobre sua independência. Um renomado economista diz que o mercado “viverá em eterna desconfiança de Galípolo”. Já outro economista diz que ele será testado várias vezes. “Vamos ver como ele enfrenta a depreciação cambial e os apelos dos petistas para intervenção”, diz. “E como vai agir quando precisar subir os juros.” Essa será a “prova dos nove”.

Opinião por Fábio Alves

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