Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Economias de Estados Unidos e China divergem como Yin e Yang, mas poderia ser pior


Para o Brasil, uma desaceleração mais forte da economia chinesa é preocupante, mas uma recessão nos EUA poderia ter um impacto também nos investimentos e no preços de ativos

Por Fábio Alves
Atualização:

O apetite a risco dos investidores globais vem sendo afetado negativamente nas últimas semanas porque a economia americana está registrando um desempenho muito melhor do que o esperado, enquanto a da China apresenta uma desaceleração muito maior do que se previa.

Será que esse comportamento dos investidores não está exagerado? Não seria muito mais grave para os mercados globais como um todo se o cenário atual fosse o de um PIB dos Estados Unidos caminhando para uma recessão, ainda que o da China seguisse crescendo em linha com o que os analistas previam?

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Após os indicadores de atividade de julho, o monitor de desempenho do PIB, elaborado pelo Federal Reserve (Fed) de Atlanta, passou a estimar um crescimento do PIB americano a uma impressionante taxa anualizada de 5,8% neste terceiro trimestre. No segundo trimestre do ano, o PIB dos EUA já havia surpreendido com uma alta anualizada de 2,4%.

Enquanto isso, na China, após a frustração de dados de julho, muitos analistas cortaram as projeções para o desempenho do PIB, colocando em dúvida a meta de crescimento fixada pelo governo chinês, de 5% neste ano. O banco Barclays, por exemplo, reduziu a projeção de crescimento do PIB chinês no terceiro trimestre para uma alta anualizada de apenas 3%. Para o ano inteiro de 2023, essa previsão é de 4,5%.

Xi Jinping (à esquerda na foto) tem que lidar com a deflação registrada na China, enquanto Biden tenta conter a inflação Foto: Saul Loeb / AFP
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O que está incomodando os investidores com a resiliência da economia americana, paradoxalmente, é que o desempenho melhor do que o esperado está desmontando o chamado cenário “goldilocks”, que no jargão financeiro se refere a um equilíbrio perfeito na economia, sem contração ou expansão demasiada. Nesse cenário, uma recessão seria evitada sem que a inflação voltasse a ficar pressionada. Com isso, o Fed poderia parar de elevar os juros e, até mesmo, iniciar logo um ciclo de afrouxamento monetário.

Mas com a economia rodando a uma alta anual de 5,8%, o temor é de que o mercado de trabalho não esfrie o suficiente para permitir a convergência mais rápida da inflação à meta do Fed. Já para o Brasil, uma desaceleração mais forte da economia chinesa é preocupante por vários motivos. A balança comercial é um deles, pois a China é o nosso maior parceiro comercial. E a crise no setor imobiliário chinês pode afetar a demanda por matérias-primas, como minério de ferro, reduzindo os preços de commodities. Mas uma recessão nos EUA poderia ter um impacto também via outros canais, como o de investimentos e o de preços de ativos. A divergência de desempenho das duas maiores economias do planeta preocupa, mas podia ser pior.

O apetite a risco dos investidores globais vem sendo afetado negativamente nas últimas semanas porque a economia americana está registrando um desempenho muito melhor do que o esperado, enquanto a da China apresenta uma desaceleração muito maior do que se previa.

Será que esse comportamento dos investidores não está exagerado? Não seria muito mais grave para os mercados globais como um todo se o cenário atual fosse o de um PIB dos Estados Unidos caminhando para uma recessão, ainda que o da China seguisse crescendo em linha com o que os analistas previam?

Após os indicadores de atividade de julho, o monitor de desempenho do PIB, elaborado pelo Federal Reserve (Fed) de Atlanta, passou a estimar um crescimento do PIB americano a uma impressionante taxa anualizada de 5,8% neste terceiro trimestre. No segundo trimestre do ano, o PIB dos EUA já havia surpreendido com uma alta anualizada de 2,4%.

Enquanto isso, na China, após a frustração de dados de julho, muitos analistas cortaram as projeções para o desempenho do PIB, colocando em dúvida a meta de crescimento fixada pelo governo chinês, de 5% neste ano. O banco Barclays, por exemplo, reduziu a projeção de crescimento do PIB chinês no terceiro trimestre para uma alta anualizada de apenas 3%. Para o ano inteiro de 2023, essa previsão é de 4,5%.

Xi Jinping (à esquerda na foto) tem que lidar com a deflação registrada na China, enquanto Biden tenta conter a inflação Foto: Saul Loeb / AFP

O que está incomodando os investidores com a resiliência da economia americana, paradoxalmente, é que o desempenho melhor do que o esperado está desmontando o chamado cenário “goldilocks”, que no jargão financeiro se refere a um equilíbrio perfeito na economia, sem contração ou expansão demasiada. Nesse cenário, uma recessão seria evitada sem que a inflação voltasse a ficar pressionada. Com isso, o Fed poderia parar de elevar os juros e, até mesmo, iniciar logo um ciclo de afrouxamento monetário.

Mas com a economia rodando a uma alta anual de 5,8%, o temor é de que o mercado de trabalho não esfrie o suficiente para permitir a convergência mais rápida da inflação à meta do Fed. Já para o Brasil, uma desaceleração mais forte da economia chinesa é preocupante por vários motivos. A balança comercial é um deles, pois a China é o nosso maior parceiro comercial. E a crise no setor imobiliário chinês pode afetar a demanda por matérias-primas, como minério de ferro, reduzindo os preços de commodities. Mas uma recessão nos EUA poderia ter um impacto também via outros canais, como o de investimentos e o de preços de ativos. A divergência de desempenho das duas maiores economias do planeta preocupa, mas podia ser pior.

O apetite a risco dos investidores globais vem sendo afetado negativamente nas últimas semanas porque a economia americana está registrando um desempenho muito melhor do que o esperado, enquanto a da China apresenta uma desaceleração muito maior do que se previa.

Será que esse comportamento dos investidores não está exagerado? Não seria muito mais grave para os mercados globais como um todo se o cenário atual fosse o de um PIB dos Estados Unidos caminhando para uma recessão, ainda que o da China seguisse crescendo em linha com o que os analistas previam?

Após os indicadores de atividade de julho, o monitor de desempenho do PIB, elaborado pelo Federal Reserve (Fed) de Atlanta, passou a estimar um crescimento do PIB americano a uma impressionante taxa anualizada de 5,8% neste terceiro trimestre. No segundo trimestre do ano, o PIB dos EUA já havia surpreendido com uma alta anualizada de 2,4%.

Enquanto isso, na China, após a frustração de dados de julho, muitos analistas cortaram as projeções para o desempenho do PIB, colocando em dúvida a meta de crescimento fixada pelo governo chinês, de 5% neste ano. O banco Barclays, por exemplo, reduziu a projeção de crescimento do PIB chinês no terceiro trimestre para uma alta anualizada de apenas 3%. Para o ano inteiro de 2023, essa previsão é de 4,5%.

Xi Jinping (à esquerda na foto) tem que lidar com a deflação registrada na China, enquanto Biden tenta conter a inflação Foto: Saul Loeb / AFP

O que está incomodando os investidores com a resiliência da economia americana, paradoxalmente, é que o desempenho melhor do que o esperado está desmontando o chamado cenário “goldilocks”, que no jargão financeiro se refere a um equilíbrio perfeito na economia, sem contração ou expansão demasiada. Nesse cenário, uma recessão seria evitada sem que a inflação voltasse a ficar pressionada. Com isso, o Fed poderia parar de elevar os juros e, até mesmo, iniciar logo um ciclo de afrouxamento monetário.

Mas com a economia rodando a uma alta anual de 5,8%, o temor é de que o mercado de trabalho não esfrie o suficiente para permitir a convergência mais rápida da inflação à meta do Fed. Já para o Brasil, uma desaceleração mais forte da economia chinesa é preocupante por vários motivos. A balança comercial é um deles, pois a China é o nosso maior parceiro comercial. E a crise no setor imobiliário chinês pode afetar a demanda por matérias-primas, como minério de ferro, reduzindo os preços de commodities. Mas uma recessão nos EUA poderia ter um impacto também via outros canais, como o de investimentos e o de preços de ativos. A divergência de desempenho das duas maiores economias do planeta preocupa, mas podia ser pior.

O apetite a risco dos investidores globais vem sendo afetado negativamente nas últimas semanas porque a economia americana está registrando um desempenho muito melhor do que o esperado, enquanto a da China apresenta uma desaceleração muito maior do que se previa.

Será que esse comportamento dos investidores não está exagerado? Não seria muito mais grave para os mercados globais como um todo se o cenário atual fosse o de um PIB dos Estados Unidos caminhando para uma recessão, ainda que o da China seguisse crescendo em linha com o que os analistas previam?

Após os indicadores de atividade de julho, o monitor de desempenho do PIB, elaborado pelo Federal Reserve (Fed) de Atlanta, passou a estimar um crescimento do PIB americano a uma impressionante taxa anualizada de 5,8% neste terceiro trimestre. No segundo trimestre do ano, o PIB dos EUA já havia surpreendido com uma alta anualizada de 2,4%.

Enquanto isso, na China, após a frustração de dados de julho, muitos analistas cortaram as projeções para o desempenho do PIB, colocando em dúvida a meta de crescimento fixada pelo governo chinês, de 5% neste ano. O banco Barclays, por exemplo, reduziu a projeção de crescimento do PIB chinês no terceiro trimestre para uma alta anualizada de apenas 3%. Para o ano inteiro de 2023, essa previsão é de 4,5%.

Xi Jinping (à esquerda na foto) tem que lidar com a deflação registrada na China, enquanto Biden tenta conter a inflação Foto: Saul Loeb / AFP

O que está incomodando os investidores com a resiliência da economia americana, paradoxalmente, é que o desempenho melhor do que o esperado está desmontando o chamado cenário “goldilocks”, que no jargão financeiro se refere a um equilíbrio perfeito na economia, sem contração ou expansão demasiada. Nesse cenário, uma recessão seria evitada sem que a inflação voltasse a ficar pressionada. Com isso, o Fed poderia parar de elevar os juros e, até mesmo, iniciar logo um ciclo de afrouxamento monetário.

Mas com a economia rodando a uma alta anual de 5,8%, o temor é de que o mercado de trabalho não esfrie o suficiente para permitir a convergência mais rápida da inflação à meta do Fed. Já para o Brasil, uma desaceleração mais forte da economia chinesa é preocupante por vários motivos. A balança comercial é um deles, pois a China é o nosso maior parceiro comercial. E a crise no setor imobiliário chinês pode afetar a demanda por matérias-primas, como minério de ferro, reduzindo os preços de commodities. Mas uma recessão nos EUA poderia ter um impacto também via outros canais, como o de investimentos e o de preços de ativos. A divergência de desempenho das duas maiores economias do planeta preocupa, mas podia ser pior.

Opinião por Fábio Alves

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