Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|O novo preço do real: cenários externo e fiscal devem manter dólar acima de R$ 5


Aos olhos dos investidores, uma âncora fiscal com credibilidade deixou de existir no Brasil

Por Fábio Alves

Fica difícil imaginar o dólar voltando para patamar inferior a R$ 5, mesmo que um pouco de calma e serenidade retorne aos mercados globais de câmbio, com moedas emergentes e de países desenvolvidos recuperando parte das perdas sofridas em relação ao dólar no auge do nervosismo com a situação geopolítica mundial e do pessimismo quanto à magnitude dos cortes de juros nos Estados Unidos.

O real brasileiro mudou de preço. E isso porque, aos olhos dos investidores, uma âncora fiscal com um mínimo de credibilidade deixou de existir no Brasil. Na fotografia de hoje, a nossa moeda vale menos, a não ser que o Banco Central dê um cavalo de pau na sua política monetária e pare de cortar os juros em um patamar bem mais elevado do que o consenso das projeções de analistas aponta hoje, interrompendo o atual ciclo de redução da taxa Selic num nível próximo ou até acima do que os mais pessimistas estimam, de juros ainda em dois dígitos.

A escalada da tensão entre Israel e Irã e as surpresas para cima nos mais recentes índices de inflação e de indicadores de atividade dos EUA, derrubando as apostas de um maior número de cortes dos juros americanos pelo Federal Reserve, causaram um “overshooting” – disparada – do dólar ante a maioria das moedas internacionais. Assim, é razoável esperar que qualquer melhora no cenário geopolítico mundial e no ritmo de desaceleração da inflação americana abra espaço para a maioria das moedas se acomodar em patamar mais valorizado em relação ao dólar, reduzindo as perdas recentes.

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Mas essa narrativa talvez não sirva para o real brasileiro depois da mudança da meta fiscal de superávit primário em 2025 para déficit zero, com a banda de oscilação permitindo rombo de 0,25% do PIB. Com essa alteração, o governo gerou uma desconfiança no mercado de que, no futuro, ainda possa piorar as metas outra vez, para acomodar aumentos de gastos condizentes com as ambições políticas em ciclos eleitorais.

Dólar deve ser manter em patamar considerado alto Foto: Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas
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Sem uma âncora fiscal crível, a política monetária precisa carregar um fardo adicional para conter a piora nas expectativas inflacionárias, limitando a demanda e novas pressões sobre os preços. Caso contrário, um dos reflexos imediatos será no câmbio. Mas, então, onde vai parar o dólar?

Mesmo se houver uma melhora no estresse externo, sem uma sinalização do BC de uma política monetária mais apertada, diante da implosão do arcabouço fiscal, o preço do câmbio estaria muito mais próximo de um dólar ao nível atual, perto de R$ 5,20, do que a R$ 5,00. E isso com uma boa dose de condescendência.

Fica difícil imaginar o dólar voltando para patamar inferior a R$ 5, mesmo que um pouco de calma e serenidade retorne aos mercados globais de câmbio, com moedas emergentes e de países desenvolvidos recuperando parte das perdas sofridas em relação ao dólar no auge do nervosismo com a situação geopolítica mundial e do pessimismo quanto à magnitude dos cortes de juros nos Estados Unidos.

O real brasileiro mudou de preço. E isso porque, aos olhos dos investidores, uma âncora fiscal com um mínimo de credibilidade deixou de existir no Brasil. Na fotografia de hoje, a nossa moeda vale menos, a não ser que o Banco Central dê um cavalo de pau na sua política monetária e pare de cortar os juros em um patamar bem mais elevado do que o consenso das projeções de analistas aponta hoje, interrompendo o atual ciclo de redução da taxa Selic num nível próximo ou até acima do que os mais pessimistas estimam, de juros ainda em dois dígitos.

A escalada da tensão entre Israel e Irã e as surpresas para cima nos mais recentes índices de inflação e de indicadores de atividade dos EUA, derrubando as apostas de um maior número de cortes dos juros americanos pelo Federal Reserve, causaram um “overshooting” – disparada – do dólar ante a maioria das moedas internacionais. Assim, é razoável esperar que qualquer melhora no cenário geopolítico mundial e no ritmo de desaceleração da inflação americana abra espaço para a maioria das moedas se acomodar em patamar mais valorizado em relação ao dólar, reduzindo as perdas recentes.

Mas essa narrativa talvez não sirva para o real brasileiro depois da mudança da meta fiscal de superávit primário em 2025 para déficit zero, com a banda de oscilação permitindo rombo de 0,25% do PIB. Com essa alteração, o governo gerou uma desconfiança no mercado de que, no futuro, ainda possa piorar as metas outra vez, para acomodar aumentos de gastos condizentes com as ambições políticas em ciclos eleitorais.

Dólar deve ser manter em patamar considerado alto Foto: Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas

Sem uma âncora fiscal crível, a política monetária precisa carregar um fardo adicional para conter a piora nas expectativas inflacionárias, limitando a demanda e novas pressões sobre os preços. Caso contrário, um dos reflexos imediatos será no câmbio. Mas, então, onde vai parar o dólar?

Mesmo se houver uma melhora no estresse externo, sem uma sinalização do BC de uma política monetária mais apertada, diante da implosão do arcabouço fiscal, o preço do câmbio estaria muito mais próximo de um dólar ao nível atual, perto de R$ 5,20, do que a R$ 5,00. E isso com uma boa dose de condescendência.

Fica difícil imaginar o dólar voltando para patamar inferior a R$ 5, mesmo que um pouco de calma e serenidade retorne aos mercados globais de câmbio, com moedas emergentes e de países desenvolvidos recuperando parte das perdas sofridas em relação ao dólar no auge do nervosismo com a situação geopolítica mundial e do pessimismo quanto à magnitude dos cortes de juros nos Estados Unidos.

O real brasileiro mudou de preço. E isso porque, aos olhos dos investidores, uma âncora fiscal com um mínimo de credibilidade deixou de existir no Brasil. Na fotografia de hoje, a nossa moeda vale menos, a não ser que o Banco Central dê um cavalo de pau na sua política monetária e pare de cortar os juros em um patamar bem mais elevado do que o consenso das projeções de analistas aponta hoje, interrompendo o atual ciclo de redução da taxa Selic num nível próximo ou até acima do que os mais pessimistas estimam, de juros ainda em dois dígitos.

A escalada da tensão entre Israel e Irã e as surpresas para cima nos mais recentes índices de inflação e de indicadores de atividade dos EUA, derrubando as apostas de um maior número de cortes dos juros americanos pelo Federal Reserve, causaram um “overshooting” – disparada – do dólar ante a maioria das moedas internacionais. Assim, é razoável esperar que qualquer melhora no cenário geopolítico mundial e no ritmo de desaceleração da inflação americana abra espaço para a maioria das moedas se acomodar em patamar mais valorizado em relação ao dólar, reduzindo as perdas recentes.

Mas essa narrativa talvez não sirva para o real brasileiro depois da mudança da meta fiscal de superávit primário em 2025 para déficit zero, com a banda de oscilação permitindo rombo de 0,25% do PIB. Com essa alteração, o governo gerou uma desconfiança no mercado de que, no futuro, ainda possa piorar as metas outra vez, para acomodar aumentos de gastos condizentes com as ambições políticas em ciclos eleitorais.

Dólar deve ser manter em patamar considerado alto Foto: Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas

Sem uma âncora fiscal crível, a política monetária precisa carregar um fardo adicional para conter a piora nas expectativas inflacionárias, limitando a demanda e novas pressões sobre os preços. Caso contrário, um dos reflexos imediatos será no câmbio. Mas, então, onde vai parar o dólar?

Mesmo se houver uma melhora no estresse externo, sem uma sinalização do BC de uma política monetária mais apertada, diante da implosão do arcabouço fiscal, o preço do câmbio estaria muito mais próximo de um dólar ao nível atual, perto de R$ 5,20, do que a R$ 5,00. E isso com uma boa dose de condescendência.

Opinião por Fábio Alves

Colunista do Broadcast

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