Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Quase ninguém aposta que governo irá propor bloqueio necessário para dissipar risco fiscal


Circulou nos bastidores a disposição do governo de anunciar bloqueio de R$ 10 bilhões, o que não seria suficiente

Por Fábio Alves

Mesmo com as declarações recentes do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o cenário ainda é o de que a pressão de alta sobre as expectativas de inflação e de desvalorização do câmbio deve prosseguir. Isso porque quase ninguém hoje aposta que o governo irá anunciar um bloqueio de gastos no valor necessário para dissipar totalmente o temor de que, até o fim do ano, a meta fiscal de déficit primário zero em 2024 será alterada.

Na semana passada, o dólar chegou perto de R$ 5,70 no auge das críticas de Lula ao Banco Central e de suas declarações indicando resistência a cortar gastos. Com o estresse, Lula interrompeu os ataques ao BC e mudou de tom em relação ao fiscal, autorizando, após reunião com Haddad, o corte de quase R$ 26 bilhões para 2025 em despesas obrigatórias com um pente-fino em cadastros de benefícios sociais.

Lula autorizou Haddad a anunciar um corte de quase R$ 26 bilhões para 2025 em despesas obrigatórias Foto: Wilton Junior/Estadão
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Isso até acalmou, em parte, a desconfiança sobre a manutenção dos parâmetros do arcabouço fiscal em 2025, mas a pressão sobre a meta fiscal deste ano continua e ainda é agudo o nervosismo com sua eventual revisão. No calendário dos analistas, a próxima data crucial será o dia 22 deste mês, quando haverá a divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento.

Diante da frustração das receitas tributárias e da aceleração acima do esperado de gastos no primeiro semestre, especialmente com benefícios previdenciários, vários analistas estimam a necessidade de, ao menos, R$ 35 bilhões entre bloqueio e contingenciamento de despesas para que o governo consiga entregar até um resultado na banda inferior da meta deste ano, de déficit de 0,25% do PIB.

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Um bloqueio nesse montante seria uma importante sinalização de compromisso do governo com o arcabouço fiscal e, provavelmente, contribuiria para melhorar as expectativas de inflação e forçar um recuo do dólar para R$ 5,30, caso o cenário externo fique mais favorável. Mas aquele valor não é politicamente viável.

Em notícias de bastidores recentes, circulou a disposição do governo de anunciar um bloqueio de R$ 10 bilhões. Confirmada essa cifra, o mercado iria reagir muito mal. E o estresse sobre o câmbio e a curva de juros aumentaria. Há quem diga que algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões poderia ser bem recebido. Um bloqueio nessa faixa será suficiente para ajudar o câmbio e melhorar as expectativas de inflação? Talvez, mas não seria uma surpresa se a projeção do IPCA para 2025 ainda caminhe para 4% e a de 2026 para 3,70% ou até 3,80%. E essa não seria uma boa notícia para o BC.

Mesmo com as declarações recentes do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o cenário ainda é o de que a pressão de alta sobre as expectativas de inflação e de desvalorização do câmbio deve prosseguir. Isso porque quase ninguém hoje aposta que o governo irá anunciar um bloqueio de gastos no valor necessário para dissipar totalmente o temor de que, até o fim do ano, a meta fiscal de déficit primário zero em 2024 será alterada.

Na semana passada, o dólar chegou perto de R$ 5,70 no auge das críticas de Lula ao Banco Central e de suas declarações indicando resistência a cortar gastos. Com o estresse, Lula interrompeu os ataques ao BC e mudou de tom em relação ao fiscal, autorizando, após reunião com Haddad, o corte de quase R$ 26 bilhões para 2025 em despesas obrigatórias com um pente-fino em cadastros de benefícios sociais.

Lula autorizou Haddad a anunciar um corte de quase R$ 26 bilhões para 2025 em despesas obrigatórias Foto: Wilton Junior/Estadão

Isso até acalmou, em parte, a desconfiança sobre a manutenção dos parâmetros do arcabouço fiscal em 2025, mas a pressão sobre a meta fiscal deste ano continua e ainda é agudo o nervosismo com sua eventual revisão. No calendário dos analistas, a próxima data crucial será o dia 22 deste mês, quando haverá a divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento.

Diante da frustração das receitas tributárias e da aceleração acima do esperado de gastos no primeiro semestre, especialmente com benefícios previdenciários, vários analistas estimam a necessidade de, ao menos, R$ 35 bilhões entre bloqueio e contingenciamento de despesas para que o governo consiga entregar até um resultado na banda inferior da meta deste ano, de déficit de 0,25% do PIB.

Um bloqueio nesse montante seria uma importante sinalização de compromisso do governo com o arcabouço fiscal e, provavelmente, contribuiria para melhorar as expectativas de inflação e forçar um recuo do dólar para R$ 5,30, caso o cenário externo fique mais favorável. Mas aquele valor não é politicamente viável.

Em notícias de bastidores recentes, circulou a disposição do governo de anunciar um bloqueio de R$ 10 bilhões. Confirmada essa cifra, o mercado iria reagir muito mal. E o estresse sobre o câmbio e a curva de juros aumentaria. Há quem diga que algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões poderia ser bem recebido. Um bloqueio nessa faixa será suficiente para ajudar o câmbio e melhorar as expectativas de inflação? Talvez, mas não seria uma surpresa se a projeção do IPCA para 2025 ainda caminhe para 4% e a de 2026 para 3,70% ou até 3,80%. E essa não seria uma boa notícia para o BC.

Mesmo com as declarações recentes do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o cenário ainda é o de que a pressão de alta sobre as expectativas de inflação e de desvalorização do câmbio deve prosseguir. Isso porque quase ninguém hoje aposta que o governo irá anunciar um bloqueio de gastos no valor necessário para dissipar totalmente o temor de que, até o fim do ano, a meta fiscal de déficit primário zero em 2024 será alterada.

Na semana passada, o dólar chegou perto de R$ 5,70 no auge das críticas de Lula ao Banco Central e de suas declarações indicando resistência a cortar gastos. Com o estresse, Lula interrompeu os ataques ao BC e mudou de tom em relação ao fiscal, autorizando, após reunião com Haddad, o corte de quase R$ 26 bilhões para 2025 em despesas obrigatórias com um pente-fino em cadastros de benefícios sociais.

Lula autorizou Haddad a anunciar um corte de quase R$ 26 bilhões para 2025 em despesas obrigatórias Foto: Wilton Junior/Estadão

Isso até acalmou, em parte, a desconfiança sobre a manutenção dos parâmetros do arcabouço fiscal em 2025, mas a pressão sobre a meta fiscal deste ano continua e ainda é agudo o nervosismo com sua eventual revisão. No calendário dos analistas, a próxima data crucial será o dia 22 deste mês, quando haverá a divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento.

Diante da frustração das receitas tributárias e da aceleração acima do esperado de gastos no primeiro semestre, especialmente com benefícios previdenciários, vários analistas estimam a necessidade de, ao menos, R$ 35 bilhões entre bloqueio e contingenciamento de despesas para que o governo consiga entregar até um resultado na banda inferior da meta deste ano, de déficit de 0,25% do PIB.

Um bloqueio nesse montante seria uma importante sinalização de compromisso do governo com o arcabouço fiscal e, provavelmente, contribuiria para melhorar as expectativas de inflação e forçar um recuo do dólar para R$ 5,30, caso o cenário externo fique mais favorável. Mas aquele valor não é politicamente viável.

Em notícias de bastidores recentes, circulou a disposição do governo de anunciar um bloqueio de R$ 10 bilhões. Confirmada essa cifra, o mercado iria reagir muito mal. E o estresse sobre o câmbio e a curva de juros aumentaria. Há quem diga que algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões poderia ser bem recebido. Um bloqueio nessa faixa será suficiente para ajudar o câmbio e melhorar as expectativas de inflação? Talvez, mas não seria uma surpresa se a projeção do IPCA para 2025 ainda caminhe para 4% e a de 2026 para 3,70% ou até 3,80%. E essa não seria uma boa notícia para o BC.

Opinião por Fábio Alves

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