Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|O que falta para o Banco Central ter um enorme ganho de credibilidade


Na próxima reunião, é importante que o Copom atualize duas premissas nos seus modelos de inflação: o hiato do produto, que mede o grau de ociosidade na economia, e a taxa neutra de juros

Por Fábio Alves

Para além da discussão nas últimas semanas se deve elevar ou não a taxa Selic na reunião do Copom em setembro, o Banco Central poderia ter um enorme ganho de credibilidade se atualizasse, de novo, duas premissas importantes nos seus modelos de inflação: a taxa neutra de juros e o hiato do produto. Como muitos analistas consideram que essas duas variáveis ainda estão subestimadas pelo BC, as suas projeções de inflação são vistas pelo mercado como muito benignas.

Não há um cálculo único e preciso para estabelecer a taxa neutra de juros e o hiato do produto, daí porque são chamadas de variáveis não diretamente observáveis, ao contrário de um índice de inflação ou da taxa de desemprego, por exemplo. No caso dos juros neutros, o BC não costuma revisá-los com frequência, diante da sua relativa oscilação. Aliás, no último relatório trimestral de inflação, divulgado em junho, o BC elevou sua estimativa da taxa neutra de juros no Brasil de 4,50% para 4,75%. E provavelmente não irá rever essa projeção antes de um ano.

No caso do hiato do produto, que mede o grau de ociosidade na economia, em razão das surpresas para cima nos indicadores de atividade desde o início deste ano, o BC também fez uma revisão e estimou que, no segundo trimestre, esse hiato estava em torno da neutralidade. Um hiato negativo mostra que há uma maior ociosidade na economia. Já se positivo, a economia estaria mais aquecida, operando acima do seu potencial e, assim, gerando maior pressão sobre a inflação. Há quem argumente que, levando-se em conta dados do mercado de trabalho, entre outros, o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre.

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A percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que a estimada pelo Banco Central Foto: Dida Sampaio/Estadão

No trimestre até julho, a taxa de desemprego caiu para 6,8%, a menor para o período desde 2012. Já o PIB do segundo trimestre veio mais forte, crescendo 1,4% ante o primeiro trimestre, com uma expansão anual de 3,3%, um salto em relação à taxa anual de 2,5% registrada nos primeiros três meses de 2024. Os números robustos da economia refletem um forte impulso fiscal, com aumento nos programas de transferência de renda do governo, antecipação no pagamento de precatórios e a política de ganhos reais do salário mínimo.

Tudo isso só reforça a percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que o BC estima atualmente, assim como o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre e não neutro. Se o BC revisse para cima essas variáveis, a conclusão seria a de que a Selic não está hoje em nível tão restritivo como deveria para levar a inflação à meta.

Para além da discussão nas últimas semanas se deve elevar ou não a taxa Selic na reunião do Copom em setembro, o Banco Central poderia ter um enorme ganho de credibilidade se atualizasse, de novo, duas premissas importantes nos seus modelos de inflação: a taxa neutra de juros e o hiato do produto. Como muitos analistas consideram que essas duas variáveis ainda estão subestimadas pelo BC, as suas projeções de inflação são vistas pelo mercado como muito benignas.

Não há um cálculo único e preciso para estabelecer a taxa neutra de juros e o hiato do produto, daí porque são chamadas de variáveis não diretamente observáveis, ao contrário de um índice de inflação ou da taxa de desemprego, por exemplo. No caso dos juros neutros, o BC não costuma revisá-los com frequência, diante da sua relativa oscilação. Aliás, no último relatório trimestral de inflação, divulgado em junho, o BC elevou sua estimativa da taxa neutra de juros no Brasil de 4,50% para 4,75%. E provavelmente não irá rever essa projeção antes de um ano.

No caso do hiato do produto, que mede o grau de ociosidade na economia, em razão das surpresas para cima nos indicadores de atividade desde o início deste ano, o BC também fez uma revisão e estimou que, no segundo trimestre, esse hiato estava em torno da neutralidade. Um hiato negativo mostra que há uma maior ociosidade na economia. Já se positivo, a economia estaria mais aquecida, operando acima do seu potencial e, assim, gerando maior pressão sobre a inflação. Há quem argumente que, levando-se em conta dados do mercado de trabalho, entre outros, o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre.

A percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que a estimada pelo Banco Central Foto: Dida Sampaio/Estadão

No trimestre até julho, a taxa de desemprego caiu para 6,8%, a menor para o período desde 2012. Já o PIB do segundo trimestre veio mais forte, crescendo 1,4% ante o primeiro trimestre, com uma expansão anual de 3,3%, um salto em relação à taxa anual de 2,5% registrada nos primeiros três meses de 2024. Os números robustos da economia refletem um forte impulso fiscal, com aumento nos programas de transferência de renda do governo, antecipação no pagamento de precatórios e a política de ganhos reais do salário mínimo.

Tudo isso só reforça a percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que o BC estima atualmente, assim como o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre e não neutro. Se o BC revisse para cima essas variáveis, a conclusão seria a de que a Selic não está hoje em nível tão restritivo como deveria para levar a inflação à meta.

Para além da discussão nas últimas semanas se deve elevar ou não a taxa Selic na reunião do Copom em setembro, o Banco Central poderia ter um enorme ganho de credibilidade se atualizasse, de novo, duas premissas importantes nos seus modelos de inflação: a taxa neutra de juros e o hiato do produto. Como muitos analistas consideram que essas duas variáveis ainda estão subestimadas pelo BC, as suas projeções de inflação são vistas pelo mercado como muito benignas.

Não há um cálculo único e preciso para estabelecer a taxa neutra de juros e o hiato do produto, daí porque são chamadas de variáveis não diretamente observáveis, ao contrário de um índice de inflação ou da taxa de desemprego, por exemplo. No caso dos juros neutros, o BC não costuma revisá-los com frequência, diante da sua relativa oscilação. Aliás, no último relatório trimestral de inflação, divulgado em junho, o BC elevou sua estimativa da taxa neutra de juros no Brasil de 4,50% para 4,75%. E provavelmente não irá rever essa projeção antes de um ano.

No caso do hiato do produto, que mede o grau de ociosidade na economia, em razão das surpresas para cima nos indicadores de atividade desde o início deste ano, o BC também fez uma revisão e estimou que, no segundo trimestre, esse hiato estava em torno da neutralidade. Um hiato negativo mostra que há uma maior ociosidade na economia. Já se positivo, a economia estaria mais aquecida, operando acima do seu potencial e, assim, gerando maior pressão sobre a inflação. Há quem argumente que, levando-se em conta dados do mercado de trabalho, entre outros, o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre.

A percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que a estimada pelo Banco Central Foto: Dida Sampaio/Estadão

No trimestre até julho, a taxa de desemprego caiu para 6,8%, a menor para o período desde 2012. Já o PIB do segundo trimestre veio mais forte, crescendo 1,4% ante o primeiro trimestre, com uma expansão anual de 3,3%, um salto em relação à taxa anual de 2,5% registrada nos primeiros três meses de 2024. Os números robustos da economia refletem um forte impulso fiscal, com aumento nos programas de transferência de renda do governo, antecipação no pagamento de precatórios e a política de ganhos reais do salário mínimo.

Tudo isso só reforça a percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que o BC estima atualmente, assim como o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre e não neutro. Se o BC revisse para cima essas variáveis, a conclusão seria a de que a Selic não está hoje em nível tão restritivo como deveria para levar a inflação à meta.

Para além da discussão nas últimas semanas se deve elevar ou não a taxa Selic na reunião do Copom em setembro, o Banco Central poderia ter um enorme ganho de credibilidade se atualizasse, de novo, duas premissas importantes nos seus modelos de inflação: a taxa neutra de juros e o hiato do produto. Como muitos analistas consideram que essas duas variáveis ainda estão subestimadas pelo BC, as suas projeções de inflação são vistas pelo mercado como muito benignas.

Não há um cálculo único e preciso para estabelecer a taxa neutra de juros e o hiato do produto, daí porque são chamadas de variáveis não diretamente observáveis, ao contrário de um índice de inflação ou da taxa de desemprego, por exemplo. No caso dos juros neutros, o BC não costuma revisá-los com frequência, diante da sua relativa oscilação. Aliás, no último relatório trimestral de inflação, divulgado em junho, o BC elevou sua estimativa da taxa neutra de juros no Brasil de 4,50% para 4,75%. E provavelmente não irá rever essa projeção antes de um ano.

No caso do hiato do produto, que mede o grau de ociosidade na economia, em razão das surpresas para cima nos indicadores de atividade desde o início deste ano, o BC também fez uma revisão e estimou que, no segundo trimestre, esse hiato estava em torno da neutralidade. Um hiato negativo mostra que há uma maior ociosidade na economia. Já se positivo, a economia estaria mais aquecida, operando acima do seu potencial e, assim, gerando maior pressão sobre a inflação. Há quem argumente que, levando-se em conta dados do mercado de trabalho, entre outros, o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre.

A percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que a estimada pelo Banco Central Foto: Dida Sampaio/Estadão

No trimestre até julho, a taxa de desemprego caiu para 6,8%, a menor para o período desde 2012. Já o PIB do segundo trimestre veio mais forte, crescendo 1,4% ante o primeiro trimestre, com uma expansão anual de 3,3%, um salto em relação à taxa anual de 2,5% registrada nos primeiros três meses de 2024. Os números robustos da economia refletem um forte impulso fiscal, com aumento nos programas de transferência de renda do governo, antecipação no pagamento de precatórios e a política de ganhos reais do salário mínimo.

Tudo isso só reforça a percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que o BC estima atualmente, assim como o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre e não neutro. Se o BC revisse para cima essas variáveis, a conclusão seria a de que a Selic não está hoje em nível tão restritivo como deveria para levar a inflação à meta.

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