Professor de Finanças da FGV-SP

Apostas esportivas online já afetam o varejo brasileiro


Não faz sentido a pessoa deixar de comprar coisas de que necessita para gastar em jogo

Por Fabio Gallo

A alta taxa de juros praticada no Brasil usualmente tem sido acusada de vilã em muitos casos da nossa vida econômica. Essa questão, associada à baixa renda, tem sido apontada como a causa de problemas no varejo. Embora esses aspectos expliquem boa parte dos problemas, existe um outro fator importante impactando as vendas: as apostas online, que estão provocando redução de renda e, assim, diminuído o consumo até de alimentos.

Recente pesquisa da AGP, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), mostra que 63% dos brasileiros que apostam nas bets comprometeram parte de sua renda. Dentre as pessoas que tiveram sua renda impactada, 23% deixaram de comprar roupas, 19% deixaram de fazer compras em supermercados, 14% deixaram de comprar produtos de higiene e beleza, e 11% reduziram gastos com cuidados de saúde e medicações.

A consequência foi um impacto efetivo no consumo, sendo que 64% dos apostadores utilizam sua renda principal para apostar. E mais, 63% admitem que já sofreram prejuízos financeiros pelo menos uma vez.

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Em 2022, o Brasil estava em 10.º lugar, globalmente, com US$ 1,5 bilhão em receitas brutas de jogos. São 42,5 milhões de consumidores fazendo apostas, o que nos torna o terceiro país do mundo em consumo das bets. Um dado já comentado aqui neste espaço, no entanto, mostra que 22% dos apostadores online acreditam estar fazendo um investimento financeiro. Além disso, há o fato de que as gerações mais jovens são as que mais apostam – a geração Z (29%) e a dos Millenials (18%) –, segundo o Raio X 2024 da ANBIMA.

23% dos apostadores deixaram de comprar roupas e 19% de gastar em supermercados devido a prejuízos Foto: Werther Santana/Estadão

O estudo da SBVC aponta ainda que, quanto menor a idade, mais a pessoa deixou de comprar algo que precisava, ou gostaria, para apostar. Dentre os entrevistados, mais de 50% apostam ao menos uma vez por semana, e 13% tentam a sorte todos os dias. Sendo ainda que as pessoas estão aumentando a quantidade de apostas nos últimos meses, enquanto 35% reduziram devido ao medo do vício.

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Outro dado preocupante é o fato de que o maior impacto ocorre nas classes C (54% dos apostadores) e B (33%). A maioria dos apostadores usa renda extra ou dinheiro que sobra, mas 11% usam recursos de investimentos, salários ou pensões.

A regulamentação dos jogos online já existe em relação à tributação e à prevenção de fraudes. Mas também deve-se desenvolver ações voltadas à educação das pessoas, como controle de publicidade, informações sobre os riscos do jogo e sinais de comportamento de jogador problemático, desenvolver atividades comunitários, entre outras. Não faz sentido as pessoas deixarem de comprar coisas de que necessitam para gastar em jogos de azar. Assumir riscos, faz parte da essência humana, mas entrar em algo em que entre 60% e 80% perdem dinheiro é a comprar a certeza de menor grau de bem-estar das famílias.

A alta taxa de juros praticada no Brasil usualmente tem sido acusada de vilã em muitos casos da nossa vida econômica. Essa questão, associada à baixa renda, tem sido apontada como a causa de problemas no varejo. Embora esses aspectos expliquem boa parte dos problemas, existe um outro fator importante impactando as vendas: as apostas online, que estão provocando redução de renda e, assim, diminuído o consumo até de alimentos.

Recente pesquisa da AGP, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), mostra que 63% dos brasileiros que apostam nas bets comprometeram parte de sua renda. Dentre as pessoas que tiveram sua renda impactada, 23% deixaram de comprar roupas, 19% deixaram de fazer compras em supermercados, 14% deixaram de comprar produtos de higiene e beleza, e 11% reduziram gastos com cuidados de saúde e medicações.

A consequência foi um impacto efetivo no consumo, sendo que 64% dos apostadores utilizam sua renda principal para apostar. E mais, 63% admitem que já sofreram prejuízos financeiros pelo menos uma vez.

Em 2022, o Brasil estava em 10.º lugar, globalmente, com US$ 1,5 bilhão em receitas brutas de jogos. São 42,5 milhões de consumidores fazendo apostas, o que nos torna o terceiro país do mundo em consumo das bets. Um dado já comentado aqui neste espaço, no entanto, mostra que 22% dos apostadores online acreditam estar fazendo um investimento financeiro. Além disso, há o fato de que as gerações mais jovens são as que mais apostam – a geração Z (29%) e a dos Millenials (18%) –, segundo o Raio X 2024 da ANBIMA.

23% dos apostadores deixaram de comprar roupas e 19% de gastar em supermercados devido a prejuízos Foto: Werther Santana/Estadão

O estudo da SBVC aponta ainda que, quanto menor a idade, mais a pessoa deixou de comprar algo que precisava, ou gostaria, para apostar. Dentre os entrevistados, mais de 50% apostam ao menos uma vez por semana, e 13% tentam a sorte todos os dias. Sendo ainda que as pessoas estão aumentando a quantidade de apostas nos últimos meses, enquanto 35% reduziram devido ao medo do vício.

Outro dado preocupante é o fato de que o maior impacto ocorre nas classes C (54% dos apostadores) e B (33%). A maioria dos apostadores usa renda extra ou dinheiro que sobra, mas 11% usam recursos de investimentos, salários ou pensões.

A regulamentação dos jogos online já existe em relação à tributação e à prevenção de fraudes. Mas também deve-se desenvolver ações voltadas à educação das pessoas, como controle de publicidade, informações sobre os riscos do jogo e sinais de comportamento de jogador problemático, desenvolver atividades comunitários, entre outras. Não faz sentido as pessoas deixarem de comprar coisas de que necessitam para gastar em jogos de azar. Assumir riscos, faz parte da essência humana, mas entrar em algo em que entre 60% e 80% perdem dinheiro é a comprar a certeza de menor grau de bem-estar das famílias.

A alta taxa de juros praticada no Brasil usualmente tem sido acusada de vilã em muitos casos da nossa vida econômica. Essa questão, associada à baixa renda, tem sido apontada como a causa de problemas no varejo. Embora esses aspectos expliquem boa parte dos problemas, existe um outro fator importante impactando as vendas: as apostas online, que estão provocando redução de renda e, assim, diminuído o consumo até de alimentos.

Recente pesquisa da AGP, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), mostra que 63% dos brasileiros que apostam nas bets comprometeram parte de sua renda. Dentre as pessoas que tiveram sua renda impactada, 23% deixaram de comprar roupas, 19% deixaram de fazer compras em supermercados, 14% deixaram de comprar produtos de higiene e beleza, e 11% reduziram gastos com cuidados de saúde e medicações.

A consequência foi um impacto efetivo no consumo, sendo que 64% dos apostadores utilizam sua renda principal para apostar. E mais, 63% admitem que já sofreram prejuízos financeiros pelo menos uma vez.

Em 2022, o Brasil estava em 10.º lugar, globalmente, com US$ 1,5 bilhão em receitas brutas de jogos. São 42,5 milhões de consumidores fazendo apostas, o que nos torna o terceiro país do mundo em consumo das bets. Um dado já comentado aqui neste espaço, no entanto, mostra que 22% dos apostadores online acreditam estar fazendo um investimento financeiro. Além disso, há o fato de que as gerações mais jovens são as que mais apostam – a geração Z (29%) e a dos Millenials (18%) –, segundo o Raio X 2024 da ANBIMA.

23% dos apostadores deixaram de comprar roupas e 19% de gastar em supermercados devido a prejuízos Foto: Werther Santana/Estadão

O estudo da SBVC aponta ainda que, quanto menor a idade, mais a pessoa deixou de comprar algo que precisava, ou gostaria, para apostar. Dentre os entrevistados, mais de 50% apostam ao menos uma vez por semana, e 13% tentam a sorte todos os dias. Sendo ainda que as pessoas estão aumentando a quantidade de apostas nos últimos meses, enquanto 35% reduziram devido ao medo do vício.

Outro dado preocupante é o fato de que o maior impacto ocorre nas classes C (54% dos apostadores) e B (33%). A maioria dos apostadores usa renda extra ou dinheiro que sobra, mas 11% usam recursos de investimentos, salários ou pensões.

A regulamentação dos jogos online já existe em relação à tributação e à prevenção de fraudes. Mas também deve-se desenvolver ações voltadas à educação das pessoas, como controle de publicidade, informações sobre os riscos do jogo e sinais de comportamento de jogador problemático, desenvolver atividades comunitários, entre outras. Não faz sentido as pessoas deixarem de comprar coisas de que necessitam para gastar em jogos de azar. Assumir riscos, faz parte da essência humana, mas entrar em algo em que entre 60% e 80% perdem dinheiro é a comprar a certeza de menor grau de bem-estar das famílias.

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