Os efeitos das atitudes intempestivas tomadas pelo presidente americano Donald Trump recaem sobre o mercado de capitais americano, que tem enfrentado significativa volatilidade nos últimos meses. As quedas do S&P 500, de 4,84%, e da Nasdaq, de 5,97%, na quinta-feira, 3, em Nova York, foram as maiores desde março de 2020.
Apenas neste ano, o valor de mercado das empresas listadas nos EUA encolheu mais de US$ 4,33 trilhões, equivalente a 6,2 vezes a capitalização total das empresas listadas na B3, a Bolsa brasileira. Com isso, investidores têm migrado para ativos considerados mais seguros, como títulos do governo e ouro, refletindo a crescente aversão ao risco diante das incertezas econômicas atuais.
Artigo recente da The Economist aborda esse jogo perigoso que Trump está levando adiante com o mercado de capitais. De saída, o artigo aponta a atitude despreocupada do governo dos EUA em relação às recentes quedas no mercado de ações – que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, descreveu como correções “saudáveis” e “normais”, sugerindo não ver motivos para alarme.
Isso num momento em que há um aumento da participação de investidores individuais, atraídos pela valorização das mercados e pela simplificação dos investimentos proporcionada pela tecnologia, aumentando assim a exposição a riscos e tornando a economia mais vulnerável a choques financeiros.

A combinação da alta exposição dos investidores individuais e a condução de políticas comerciais agressivas coloca a economia dos EUA em posição delicada. Sem dúvida, a administração Trump está “brincando com fogo”. E essas políticas têm afetado também os próprios aliados, como o caso da Tesla, de Elon Musk, cujas ações caíram 39% nas ações, e o Trump Media & Technology Group, que perdeu quase 50% no primeiro trimestre.
Enquanto isso, o índice MSCI China superou seu equivalente americano em 20 pontos porcentuais no ano, impulsionado por empresas de tecnologia como DeepSeek e Manus AI. Mas há preocupações, porque esse crescimento ocorre após um período de desempenho inferior daquele mercado, e há dúvidas se essa ascensão de preços é sustentável. Isso pode explicar a resistência atual dos investidores estrangeiros, especialmente de Wall Street, em colocar recursos no mercado chinês.
Nesse cenário, as recomendações são as de sempre: atenção ao risco de contágio, considere a volatilidade cambial, mantenha parte da carteira em ativos líquidos e conservadores em ações que podem ajudar a navegar no período de turbulências.
O tarifaço desta semana só potencializa esse cenário de bolsas caindo e dólar perdendo força frente à maioria das moedas.