Neste mês, a CVM aprovou novas regras propostas pela B3 para as empresas com ações listadas na Bolsa. Dentre as novidades, há exigências relacionadas aos aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG), visando promover a inclusão e a diversidade na alta administração das companhias de capital aberto no País.
As novas medidas devem ser atendidas pelas empresas no modo “pratique ou explique-se”. Assim, as companhias terão de apresentar evidências da adoção, ou justificar a eventual não adoção, total ou parcial, de cada ação nos formulários de referência.
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Este modelo, mais do que impor penalidades, vai deixar transparente aos investidores as principais práticas das empresas. Em resumo, até 2025 as companhias listadas deverão ter ao menos uma mulher no conselho de administração, ou na diretoria estatutária, e até 2026 ao menos um conselheiro deverá pertencer às comunidades sub-representadas – pretos/pardos, indígenas, comunidade LGBTQIA+ e deficientes. Além disso, deverão estabelecer políticas de remuneração dos administradores vinculadas às práticas ESG.
Essas novas medidas colocam o Brasil numa posição de destaque no cenário mundial em relação a diversidade e a temas ESG nas corporações.
Pesquisa global da consultoria EgonZehnder mostra que os conselhos melhoraram em diversidade de gênero, e as mulheres hoje ocupam 27% dos assentos desses colegiados. O número de grandes empresas com pelo menos uma mulher no conselho passou de 89%, em 2020, para 93% hoje.
Mas temos que entender que, embora a representação seja importante, a inclusão é o próximo passo. Embora difícil de medir, a inclusão é o que permite à representação diversificada acesso ao poder. Do ponto de vista prático, a maior diversidade na alta administração das empresas pode ter várias implicações sobre a valorização dos investimentos.
Deve-se estar atento aos seus impactos na gestão de risco, na qualidade das decisões, na sua reputação, na inovação e criatividade, e na identificação de novas oportunidades e melhores práticas de governança, entre outros aspectos. Vários estudos têm mostrado que a maior diversidade no conselho pode trazer desempenho financeiro melhor.
Vale lembrar que essa correlação não implica em causalidade, pois outros fatores influenciam o desempenho das empresas. Mas a inclusão deve ser vista como importante fator no conjunto de métricas de desempenho, para o investidor tomar decisões informadas e alinhadas aos seus objetivos e tolerância ao risco.