A inteligência artificial (IA) está presente em nossas vidas há algum tempo, mas, com a chegada da IA generativa, particularmente no setor financeiro, vivemos um momento de revolução tecnológica. Conforme dados da pesquisa “Global Investment Manager Database (GIMD)”, da Mercer, de 2024, nove em cada dez gestores já estão usando, ou planejando usar, IA em seus processos de investimento. A questão não é mais se vão usar ou não, mas como esses gestores estão implementando capacidades de IA.
A aplicação de IA está proporcionando maior eficiência, segurança e personalização dos serviços. Desde a análise e gestão de riscos e de crédito, automação de processos, aplicação de RPA (Robotic Process Automation) para as tarefas repetitivas, detecção de fraudes, questões de segurança, análise de mercado, robô-advisors, atendimento a clientes, compliance, ações ante lavagem de dinheiro, planejamento financeiro, otimização de carteiras, entre tantas outras aplicações.
A IA traz um diferencial estratégico para instituições financeiras que buscam se adaptar às demandas do mercado. Por outro lado, é crucial prestar atenção aos seus potenciais impactos negativos e tomar medidas para mitigar esses riscos. A pesquisa da Mercer traz que, entre os gestores que usam da IA, a qualidade e a disponibilidade dos dados são a barreira mais citada para desbloquear todo o potencial da tecnologia, seguida por preocupações relacionadas a integração e compatibilidade.
Os riscos de regulamentação divergente são considerados significativos por quase metade dos gestores. Contudo, os usuários dizem que há oportunidade de criação de valor em ações, fundos de hedge e ativos digitais. A expectativa é de que a integração das capacidades da IA traga benefícios econômicos, em termos de crescimento do PIB.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece que a adoção das aplicações de IA nos mercados financeiros pode melhorar a gestão de riscos e aumentar a liquidez, resultando em mercados mais eficientes. No entanto, o FMI também alerta para potenciais riscos como o aumento da volatilidade em momentos de estresse, menor transparência nas operações, desafios na supervisão e vulnerabilidades a ataques cibernéticos e manipulações de mercado.
A questão ética é outra preocupação, afinal decisões guiadas por IA podem ter viés algorítmico, quando o conjunto de dados é tendencioso – causando reações adversas, reduzindo a diversificação da carteira, e até ampliar desigualdades sociais existentes. É possível que grandes empresas, com mais recursos, invistam em soluções de IA mais sofisticadas, o que lhes daria vantagem enorme sobre investidores menores.