Há quem defenda que não se pode misturar economia com política. Podemos enxergar diferenças nítidas entre o poder econômico e o político, afinal são dois campos distintos, mas que se complementam, que andam juntos. O berço da política é a Grécia antiga e um dos grandes pensadores dedicado ao tema foi Aristóteles que afirmava que o “homem é, naturalmente, um animal político”. E mais, que a política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana.
Por seu lado, a palavra economia, também de origem grega, vem do termo “oikonomia”, composição de “oikos” (lar, casa) com a raiz semântica “nem”, que tem o sentido de administrar, regular, organizar. Economia, portanto, significa “administrar o lar”.
O primeiro trabalho dedicado ao tema é de Xenofonte, que escreveu a obra Econômico em forma de diálogo socrático. Posteriormente, Aristóteles escreve Os Econômicos. Nos tempos atuais, porem, não há como deixar de misturar as coisas.
Pelo lado político a ameaça de novos ataques antidemocráticos é real e acende o alerta tanto no governo quanto no mercado. O lado econômico também não se mostra um céu sem nuvens. Nesta semana, foi publicada a carta do presidente do Banco Central (BC) endereçada ao ministro da Fazenda justificando o segundo estouro seguido da meta de inflação em 2022. Como divulgado pelo IBGE, o IPCA no ano passado ficou acumulado em 5,8%, superior ao teto da meta de 5%.
Chama a atenção que a inflação somente não foi maior em razão da redução de tributos em energia, combustíveis e telecomunicações. Dentre as causas apontadas pelo BC estão a guerra na Ucrânia, os gargalos na cadeia produtiva, ainda como efeito da pandemia, choques nos preços de alimentos por questões climáticas, entre outros. Como consequência tivemos o maior aumento da taxa de juros real desde 1999.
Para 2023 a expectativa é de que a inflação atinja 5,36%, assim ultrapassando novamente a meta prevista que é de 4,75%. Por outro lado, o mercado reagiu bem ao pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo que propõe, entre outras ações, a redução do déficit primário.
Não há outro jeito, todos nós temos que estar com um olho na política e outro na economia para podermos tomar decisões sobre os diversos aspectos de nossas vidas. Mais evidentemente sobre nossos investimentos. Temos que estar atentos aos acontecimentos, mas, ao mesmo tempo, agir com cautela. Como assessores disseram ao ex-presidente Bill Clinton em sua primeira candidatura, que estava só preocupado com a política: “É a Economia, estúpido!”