Opinião|Tudo indica que 2024 será um ano dramático para a Argentina


Ser presidente do país no próximo ano será um dos trabalhos mais difíceis do mundo; conflito será travado não apenas no Congresso, mas também nas ruas

Por Fabio Giambiagi

Hoje completo o conjunto de quatro artigos sobre as próximas eleições na Argentina. É evidente que o sucesso do novo governo vai naturalmente ser medido pelo que ocorrer com a taxa de inflação, uma vez que a taxa acumulada em 12 meses é da ordem de 140%.

Quais são as restrições? Por um lado, uma desinflação brusca precisa ser muito bem calibrada para não gerar brutais transferências de renda real no interior da sociedade. Por outro lado, o espaço para uma desinflação lenta é bastante limitado, realisticamente.

A redução gradual da inflação, no contexto regional, foi a estratégia eminentemente associada ao caso da Colômbia, país que nunca enfrentou uma hiperinflação e que foi bem-sucedido em trazer a inflação dos 20% originais para a faixa de 3% a 5%, no curso de alguns anos. Quando se começa com mais de 100% anuais, porém, o risco é altíssimo. A possibilidade de um programa sair completamente dos trilhos diante de imprevistos é enorme.

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Ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário da Argentina Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Dessa análise derivam três conclusões. A primeira, que o governo terá de implementar uma política anti-inflacionária radical, para reduzir a taxa para níveis modestos, sob pena de a gestão fracassar.

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A segunda, que isso demandará tempo, para que o governo possa se preparar e predispor a sociedade para a mudança, cuja base terá de ser um forte ajuste fiscal.

E a terceira, que essa “aterrissagem forçada” da inflação dificilmente poderá prescindir de um componente não convencional de ataque à inércia dos preços, ligado à concepção de planos como o argentino Austral, de 1985, a convertibilidade com paridade dólar-peso, de 1991, ou o nosso Plano Real, de 1994, com a criatividade da Unidade Real de Valor (URV).

O elemento-chave, para qualquer tentativa de saída ordenada da crise, será obter o apoio político para dar sustentação aos passos a seguir. Como disse recentemente, com particular precisão, o jornalista Jorge Fernández Díaz, “sem consenso, não há mudança, mas sem conflito, também não”.

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Antes das eleições, só há duas certezas: 1) ser presidente da Argentina em 2024 será um dos trabalhos mais difíceis do mundo; e 2) provavelmente, o conflito será travado não apenas no Congresso, mas também nas ruas. Com a agravante de que é possível que alguns grupos políticos procurem alguma morte para denunciar e exibir os “custos do ajuste criminoso”. A ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário local. Será, tudo indica, um ano dramático.

Hoje completo o conjunto de quatro artigos sobre as próximas eleições na Argentina. É evidente que o sucesso do novo governo vai naturalmente ser medido pelo que ocorrer com a taxa de inflação, uma vez que a taxa acumulada em 12 meses é da ordem de 140%.

Quais são as restrições? Por um lado, uma desinflação brusca precisa ser muito bem calibrada para não gerar brutais transferências de renda real no interior da sociedade. Por outro lado, o espaço para uma desinflação lenta é bastante limitado, realisticamente.

A redução gradual da inflação, no contexto regional, foi a estratégia eminentemente associada ao caso da Colômbia, país que nunca enfrentou uma hiperinflação e que foi bem-sucedido em trazer a inflação dos 20% originais para a faixa de 3% a 5%, no curso de alguns anos. Quando se começa com mais de 100% anuais, porém, o risco é altíssimo. A possibilidade de um programa sair completamente dos trilhos diante de imprevistos é enorme.

Ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário da Argentina Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Dessa análise derivam três conclusões. A primeira, que o governo terá de implementar uma política anti-inflacionária radical, para reduzir a taxa para níveis modestos, sob pena de a gestão fracassar.

A segunda, que isso demandará tempo, para que o governo possa se preparar e predispor a sociedade para a mudança, cuja base terá de ser um forte ajuste fiscal.

E a terceira, que essa “aterrissagem forçada” da inflação dificilmente poderá prescindir de um componente não convencional de ataque à inércia dos preços, ligado à concepção de planos como o argentino Austral, de 1985, a convertibilidade com paridade dólar-peso, de 1991, ou o nosso Plano Real, de 1994, com a criatividade da Unidade Real de Valor (URV).

O elemento-chave, para qualquer tentativa de saída ordenada da crise, será obter o apoio político para dar sustentação aos passos a seguir. Como disse recentemente, com particular precisão, o jornalista Jorge Fernández Díaz, “sem consenso, não há mudança, mas sem conflito, também não”.

Antes das eleições, só há duas certezas: 1) ser presidente da Argentina em 2024 será um dos trabalhos mais difíceis do mundo; e 2) provavelmente, o conflito será travado não apenas no Congresso, mas também nas ruas. Com a agravante de que é possível que alguns grupos políticos procurem alguma morte para denunciar e exibir os “custos do ajuste criminoso”. A ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário local. Será, tudo indica, um ano dramático.

Hoje completo o conjunto de quatro artigos sobre as próximas eleições na Argentina. É evidente que o sucesso do novo governo vai naturalmente ser medido pelo que ocorrer com a taxa de inflação, uma vez que a taxa acumulada em 12 meses é da ordem de 140%.

Quais são as restrições? Por um lado, uma desinflação brusca precisa ser muito bem calibrada para não gerar brutais transferências de renda real no interior da sociedade. Por outro lado, o espaço para uma desinflação lenta é bastante limitado, realisticamente.

A redução gradual da inflação, no contexto regional, foi a estratégia eminentemente associada ao caso da Colômbia, país que nunca enfrentou uma hiperinflação e que foi bem-sucedido em trazer a inflação dos 20% originais para a faixa de 3% a 5%, no curso de alguns anos. Quando se começa com mais de 100% anuais, porém, o risco é altíssimo. A possibilidade de um programa sair completamente dos trilhos diante de imprevistos é enorme.

Ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário da Argentina Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Dessa análise derivam três conclusões. A primeira, que o governo terá de implementar uma política anti-inflacionária radical, para reduzir a taxa para níveis modestos, sob pena de a gestão fracassar.

A segunda, que isso demandará tempo, para que o governo possa se preparar e predispor a sociedade para a mudança, cuja base terá de ser um forte ajuste fiscal.

E a terceira, que essa “aterrissagem forçada” da inflação dificilmente poderá prescindir de um componente não convencional de ataque à inércia dos preços, ligado à concepção de planos como o argentino Austral, de 1985, a convertibilidade com paridade dólar-peso, de 1991, ou o nosso Plano Real, de 1994, com a criatividade da Unidade Real de Valor (URV).

O elemento-chave, para qualquer tentativa de saída ordenada da crise, será obter o apoio político para dar sustentação aos passos a seguir. Como disse recentemente, com particular precisão, o jornalista Jorge Fernández Díaz, “sem consenso, não há mudança, mas sem conflito, também não”.

Antes das eleições, só há duas certezas: 1) ser presidente da Argentina em 2024 será um dos trabalhos mais difíceis do mundo; e 2) provavelmente, o conflito será travado não apenas no Congresso, mas também nas ruas. Com a agravante de que é possível que alguns grupos políticos procurem alguma morte para denunciar e exibir os “custos do ajuste criminoso”. A ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário local. Será, tudo indica, um ano dramático.

Hoje completo o conjunto de quatro artigos sobre as próximas eleições na Argentina. É evidente que o sucesso do novo governo vai naturalmente ser medido pelo que ocorrer com a taxa de inflação, uma vez que a taxa acumulada em 12 meses é da ordem de 140%.

Quais são as restrições? Por um lado, uma desinflação brusca precisa ser muito bem calibrada para não gerar brutais transferências de renda real no interior da sociedade. Por outro lado, o espaço para uma desinflação lenta é bastante limitado, realisticamente.

A redução gradual da inflação, no contexto regional, foi a estratégia eminentemente associada ao caso da Colômbia, país que nunca enfrentou uma hiperinflação e que foi bem-sucedido em trazer a inflação dos 20% originais para a faixa de 3% a 5%, no curso de alguns anos. Quando se começa com mais de 100% anuais, porém, o risco é altíssimo. A possibilidade de um programa sair completamente dos trilhos diante de imprevistos é enorme.

Ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário da Argentina Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Dessa análise derivam três conclusões. A primeira, que o governo terá de implementar uma política anti-inflacionária radical, para reduzir a taxa para níveis modestos, sob pena de a gestão fracassar.

A segunda, que isso demandará tempo, para que o governo possa se preparar e predispor a sociedade para a mudança, cuja base terá de ser um forte ajuste fiscal.

E a terceira, que essa “aterrissagem forçada” da inflação dificilmente poderá prescindir de um componente não convencional de ataque à inércia dos preços, ligado à concepção de planos como o argentino Austral, de 1985, a convertibilidade com paridade dólar-peso, de 1991, ou o nosso Plano Real, de 1994, com a criatividade da Unidade Real de Valor (URV).

O elemento-chave, para qualquer tentativa de saída ordenada da crise, será obter o apoio político para dar sustentação aos passos a seguir. Como disse recentemente, com particular precisão, o jornalista Jorge Fernández Díaz, “sem consenso, não há mudança, mas sem conflito, também não”.

Antes das eleições, só há duas certezas: 1) ser presidente da Argentina em 2024 será um dos trabalhos mais difíceis do mundo; e 2) provavelmente, o conflito será travado não apenas no Congresso, mas também nas ruas. Com a agravante de que é possível que alguns grupos políticos procurem alguma morte para denunciar e exibir os “custos do ajuste criminoso”. A ideia de que haverá sangue nas ruas já está instalada no imaginário local. Será, tudo indica, um ano dramático.

Opinião por Fabio Giambiagi

Economista, formado pela FEA/UFRJ, com mestrado no Instituto de Economia Industrial da UFRJ

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