Opinião|Banco Central tem feito um trabalho exemplar nos últimos anos


O sucessor do atual presidente da instituição terá o desafio de dar continuidade a esta gestão

Por Fabio Giambiagi
Atualização:

Institutional building (construção institucional) é um tema fascinante e, neste sentido, na linha do tempo da evolução de nossa institucionalidade monetária associada ao Banco Central (Bacen), há alguns marcos, entre eles o Plano Real, a criação do Copom, o regime de metas de inflação e a lei que concedeu autonomia à instituição.

Ela foi sendo discutida no Congresso desde o governo FHC, mas o timing para a viabilização da aprovação da lei só amadureceu na gestão de Jair Bolsonaro, por méritos compartilhados entre a gestão Michel Temer e o empenho do ex-ministro da Economia Paulo Guedes (PG) em favor da medida. Com isso, o primeiro mandato da autonomia abrangeu os últimos dois anos do governo anterior e os primeiros dois do governo atual.

Neste período, a atual gestão enfrentou quatro grandes desafios:

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I. os efeitos da pandemia;

II. uma enorme aceleração da inflação mundial;

III. a necessidade de dar um choque intenso de juros depois de 2021; e

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IV. a convivência com um ambiente político hostil, em 2023/2024.

Banco Central enfrentou quatro grandes desafios nos últimos anos, e tem feito bom trabalho Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Na média dos quatro primeiros anos da autonomia, a meta de inflação anual foi de 3,4% e, assumindo uma previsão de 4% para o ano em curso, a taxa de variação média anual do IPCA terá sido de 6,1%. A taxa ficou dois anos acima do teto da “banda” de tolerância e terá ficado dois anos no lado superior desta banda, abaixo do teto, mas acima do centro. Sob esta ótica, não pareceria ser um desempenho brilhante. É fundamental, porém, levar em conta três fatos. Primeiro, não dá para desvincular esta análise do contexto mundial e ignorar que mesmo nos Estados Unidos a inflação média destes quatro anos terá sido também muito elevada, da ordem de 5% ao ano, o que torna nossos 6% um número perfeitamente aceitável. Segundo, não foi nada fácil implementar uma política monetária coerente no contexto brasileiro de 2021/2024, inicialmente no contexto da instabilidade suscitada por Bolsonaro até 2022 e depois no ambiente de críticas do seu sucessor nos dois anos posteriores. E terceiro, o desempenho da instituição não pode ser avaliado apenas pela inflação, e sim por outros elementos, entre os quais se destaca todo o esforço que o Bacen fez para propiciar um espaço favorável ao desenvolvimento financeiro do País, desde o apoio às fintechs até a criação do Pix. Por tudo isso, a tarefa executada foi exemplar. O sucessor do atual presidente da instituição terá o desafio de dar continuidade a esta gestão. Se tiver sucesso, será bom para todos.

Institutional building (construção institucional) é um tema fascinante e, neste sentido, na linha do tempo da evolução de nossa institucionalidade monetária associada ao Banco Central (Bacen), há alguns marcos, entre eles o Plano Real, a criação do Copom, o regime de metas de inflação e a lei que concedeu autonomia à instituição.

Ela foi sendo discutida no Congresso desde o governo FHC, mas o timing para a viabilização da aprovação da lei só amadureceu na gestão de Jair Bolsonaro, por méritos compartilhados entre a gestão Michel Temer e o empenho do ex-ministro da Economia Paulo Guedes (PG) em favor da medida. Com isso, o primeiro mandato da autonomia abrangeu os últimos dois anos do governo anterior e os primeiros dois do governo atual.

Neste período, a atual gestão enfrentou quatro grandes desafios:

I. os efeitos da pandemia;

II. uma enorme aceleração da inflação mundial;

III. a necessidade de dar um choque intenso de juros depois de 2021; e

IV. a convivência com um ambiente político hostil, em 2023/2024.

Banco Central enfrentou quatro grandes desafios nos últimos anos, e tem feito bom trabalho Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Na média dos quatro primeiros anos da autonomia, a meta de inflação anual foi de 3,4% e, assumindo uma previsão de 4% para o ano em curso, a taxa de variação média anual do IPCA terá sido de 6,1%. A taxa ficou dois anos acima do teto da “banda” de tolerância e terá ficado dois anos no lado superior desta banda, abaixo do teto, mas acima do centro. Sob esta ótica, não pareceria ser um desempenho brilhante. É fundamental, porém, levar em conta três fatos. Primeiro, não dá para desvincular esta análise do contexto mundial e ignorar que mesmo nos Estados Unidos a inflação média destes quatro anos terá sido também muito elevada, da ordem de 5% ao ano, o que torna nossos 6% um número perfeitamente aceitável. Segundo, não foi nada fácil implementar uma política monetária coerente no contexto brasileiro de 2021/2024, inicialmente no contexto da instabilidade suscitada por Bolsonaro até 2022 e depois no ambiente de críticas do seu sucessor nos dois anos posteriores. E terceiro, o desempenho da instituição não pode ser avaliado apenas pela inflação, e sim por outros elementos, entre os quais se destaca todo o esforço que o Bacen fez para propiciar um espaço favorável ao desenvolvimento financeiro do País, desde o apoio às fintechs até a criação do Pix. Por tudo isso, a tarefa executada foi exemplar. O sucessor do atual presidente da instituição terá o desafio de dar continuidade a esta gestão. Se tiver sucesso, será bom para todos.

Institutional building (construção institucional) é um tema fascinante e, neste sentido, na linha do tempo da evolução de nossa institucionalidade monetária associada ao Banco Central (Bacen), há alguns marcos, entre eles o Plano Real, a criação do Copom, o regime de metas de inflação e a lei que concedeu autonomia à instituição.

Ela foi sendo discutida no Congresso desde o governo FHC, mas o timing para a viabilização da aprovação da lei só amadureceu na gestão de Jair Bolsonaro, por méritos compartilhados entre a gestão Michel Temer e o empenho do ex-ministro da Economia Paulo Guedes (PG) em favor da medida. Com isso, o primeiro mandato da autonomia abrangeu os últimos dois anos do governo anterior e os primeiros dois do governo atual.

Neste período, a atual gestão enfrentou quatro grandes desafios:

I. os efeitos da pandemia;

II. uma enorme aceleração da inflação mundial;

III. a necessidade de dar um choque intenso de juros depois de 2021; e

IV. a convivência com um ambiente político hostil, em 2023/2024.

Banco Central enfrentou quatro grandes desafios nos últimos anos, e tem feito bom trabalho Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Na média dos quatro primeiros anos da autonomia, a meta de inflação anual foi de 3,4% e, assumindo uma previsão de 4% para o ano em curso, a taxa de variação média anual do IPCA terá sido de 6,1%. A taxa ficou dois anos acima do teto da “banda” de tolerância e terá ficado dois anos no lado superior desta banda, abaixo do teto, mas acima do centro. Sob esta ótica, não pareceria ser um desempenho brilhante. É fundamental, porém, levar em conta três fatos. Primeiro, não dá para desvincular esta análise do contexto mundial e ignorar que mesmo nos Estados Unidos a inflação média destes quatro anos terá sido também muito elevada, da ordem de 5% ao ano, o que torna nossos 6% um número perfeitamente aceitável. Segundo, não foi nada fácil implementar uma política monetária coerente no contexto brasileiro de 2021/2024, inicialmente no contexto da instabilidade suscitada por Bolsonaro até 2022 e depois no ambiente de críticas do seu sucessor nos dois anos posteriores. E terceiro, o desempenho da instituição não pode ser avaliado apenas pela inflação, e sim por outros elementos, entre os quais se destaca todo o esforço que o Bacen fez para propiciar um espaço favorável ao desenvolvimento financeiro do País, desde o apoio às fintechs até a criação do Pix. Por tudo isso, a tarefa executada foi exemplar. O sucessor do atual presidente da instituição terá o desafio de dar continuidade a esta gestão. Se tiver sucesso, será bom para todos.

Opinião por Fabio Giambiagi

Economista, formado pela FEA/UFRJ, com mestrado no Instituto de Economia Industrial da UFRJ

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