Opinião|Por uma fusão autônoma de partidos no cenário brasileiro


Um país precisa ter o bom debate. A questão é: quem fará o embate político e ideológico contra o PT?

Por Fabio Giambiagi

Na Espanha, o PP e o PSOE são organizações políticas com perfil claramente definido. O mesmo vale para a social-democracia e a democracia cristã alemã. Nesse sentido, o único partido de verdade que sobrou no Brasil é o PT. Um país, porém, precisa ter o bom debate. A questão é: quem fará o embate político e ideológico contra o PT?

Gilberto Kassab disse certa vez, com humor, que o PSD não era “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. Eu me permitiria discordar dessa interpretação, por considerar que o partido é, simultaneamente, “de direita, de esquerda e de centro”. Com isso, quero dizer que não ignoro as evidências de que o partido tem um pé em cada canoa, mas reconheço que ele se insere dentro de certa tendência moderna a abrigar políticos de correntes com nuances entre si, que tendo diferenças em relação a aspectos da vida nacional, podem comungar de um conjunto de opiniões que justifiquem pertencer a um mesmo partido. Ao mesmo tempo, pelo papel que Kassab teve nas suas origens de sua carreira, penso que tem mais densidade potencial para ser o baluarte de certas posições associadas à defesa do livre mercado e das virtudes de um capitalismo dinâmico.

Por outro lado, o partido que, depois da redemocratização polarizou com o PT durante 20 anos – o PSDB –, ficou limitado a um papel bisonho. Ele, que chegou a rivalizar com o PT, o PMDB e o antigo PFL como um dos grandes partidos do País, ficou reduzido a pouco mais de 10 deputados, quando tinham sido ainda mais de 50 nas eleições de 2010.

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Gilberto Kassab definiu o partido que fundou, o PSD, como não sendo "nem de direita, nem de esquerda, nem de centro" Foto: Werther Santana / Estadão

A sugestão é que PSD e PSDB pensem em algum momento em se juntar com um olhar para os próximos 20 anos. O PSD, pelo papel chave que terá na política brasileira. E o PSDB, por ter o que falta ao primeiro: história e conteúdo. Uma fusão entre os dois, de preferência com a “marca” dos tucanos, criaria um partido próximo de 60 deputados, que poderiam chegar a 100 em uma ou duas eleições, dando um esteio para a política e fazendo em relação ao PT o contraponto que este, com grande competência, fez quando FHC governava o País nos anos 90 e começo da década de 2000. Seria a melhor forma do Brasil evitar dois males: i) ter como polo de oposição uma seita de fanáticos; ou ii) ter o PT como único polo de Poder, atraindo nacos de apoios fisiológicos sem qualquer base programática. Sei que em São Paulo os dois partidos vivem às turras mas, olhando para o País, vale a pena pensar em algo como o que está sendo aqui proposto.

Na Espanha, o PP e o PSOE são organizações políticas com perfil claramente definido. O mesmo vale para a social-democracia e a democracia cristã alemã. Nesse sentido, o único partido de verdade que sobrou no Brasil é o PT. Um país, porém, precisa ter o bom debate. A questão é: quem fará o embate político e ideológico contra o PT?

Gilberto Kassab disse certa vez, com humor, que o PSD não era “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. Eu me permitiria discordar dessa interpretação, por considerar que o partido é, simultaneamente, “de direita, de esquerda e de centro”. Com isso, quero dizer que não ignoro as evidências de que o partido tem um pé em cada canoa, mas reconheço que ele se insere dentro de certa tendência moderna a abrigar políticos de correntes com nuances entre si, que tendo diferenças em relação a aspectos da vida nacional, podem comungar de um conjunto de opiniões que justifiquem pertencer a um mesmo partido. Ao mesmo tempo, pelo papel que Kassab teve nas suas origens de sua carreira, penso que tem mais densidade potencial para ser o baluarte de certas posições associadas à defesa do livre mercado e das virtudes de um capitalismo dinâmico.

Por outro lado, o partido que, depois da redemocratização polarizou com o PT durante 20 anos – o PSDB –, ficou limitado a um papel bisonho. Ele, que chegou a rivalizar com o PT, o PMDB e o antigo PFL como um dos grandes partidos do País, ficou reduzido a pouco mais de 10 deputados, quando tinham sido ainda mais de 50 nas eleições de 2010.

Gilberto Kassab definiu o partido que fundou, o PSD, como não sendo "nem de direita, nem de esquerda, nem de centro" Foto: Werther Santana / Estadão

A sugestão é que PSD e PSDB pensem em algum momento em se juntar com um olhar para os próximos 20 anos. O PSD, pelo papel chave que terá na política brasileira. E o PSDB, por ter o que falta ao primeiro: história e conteúdo. Uma fusão entre os dois, de preferência com a “marca” dos tucanos, criaria um partido próximo de 60 deputados, que poderiam chegar a 100 em uma ou duas eleições, dando um esteio para a política e fazendo em relação ao PT o contraponto que este, com grande competência, fez quando FHC governava o País nos anos 90 e começo da década de 2000. Seria a melhor forma do Brasil evitar dois males: i) ter como polo de oposição uma seita de fanáticos; ou ii) ter o PT como único polo de Poder, atraindo nacos de apoios fisiológicos sem qualquer base programática. Sei que em São Paulo os dois partidos vivem às turras mas, olhando para o País, vale a pena pensar em algo como o que está sendo aqui proposto.

Na Espanha, o PP e o PSOE são organizações políticas com perfil claramente definido. O mesmo vale para a social-democracia e a democracia cristã alemã. Nesse sentido, o único partido de verdade que sobrou no Brasil é o PT. Um país, porém, precisa ter o bom debate. A questão é: quem fará o embate político e ideológico contra o PT?

Gilberto Kassab disse certa vez, com humor, que o PSD não era “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. Eu me permitiria discordar dessa interpretação, por considerar que o partido é, simultaneamente, “de direita, de esquerda e de centro”. Com isso, quero dizer que não ignoro as evidências de que o partido tem um pé em cada canoa, mas reconheço que ele se insere dentro de certa tendência moderna a abrigar políticos de correntes com nuances entre si, que tendo diferenças em relação a aspectos da vida nacional, podem comungar de um conjunto de opiniões que justifiquem pertencer a um mesmo partido. Ao mesmo tempo, pelo papel que Kassab teve nas suas origens de sua carreira, penso que tem mais densidade potencial para ser o baluarte de certas posições associadas à defesa do livre mercado e das virtudes de um capitalismo dinâmico.

Por outro lado, o partido que, depois da redemocratização polarizou com o PT durante 20 anos – o PSDB –, ficou limitado a um papel bisonho. Ele, que chegou a rivalizar com o PT, o PMDB e o antigo PFL como um dos grandes partidos do País, ficou reduzido a pouco mais de 10 deputados, quando tinham sido ainda mais de 50 nas eleições de 2010.

Gilberto Kassab definiu o partido que fundou, o PSD, como não sendo "nem de direita, nem de esquerda, nem de centro" Foto: Werther Santana / Estadão

A sugestão é que PSD e PSDB pensem em algum momento em se juntar com um olhar para os próximos 20 anos. O PSD, pelo papel chave que terá na política brasileira. E o PSDB, por ter o que falta ao primeiro: história e conteúdo. Uma fusão entre os dois, de preferência com a “marca” dos tucanos, criaria um partido próximo de 60 deputados, que poderiam chegar a 100 em uma ou duas eleições, dando um esteio para a política e fazendo em relação ao PT o contraponto que este, com grande competência, fez quando FHC governava o País nos anos 90 e começo da década de 2000. Seria a melhor forma do Brasil evitar dois males: i) ter como polo de oposição uma seita de fanáticos; ou ii) ter o PT como único polo de Poder, atraindo nacos de apoios fisiológicos sem qualquer base programática. Sei que em São Paulo os dois partidos vivem às turras mas, olhando para o País, vale a pena pensar em algo como o que está sendo aqui proposto.

Opinião por Fabio Giambiagi

Economista, formado pela FEA/UFRJ, com mestrado no Instituto de Economia Industrial da UFRJ

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