Opinião|Haddad e a solução impossível a caminho de 2026


Não sabemos quem será o futuro presidente; algo, porém, é provável quando o governo Lula acabar: o Insper deverá ganhar um novo professor

Por Fabio Giambiagi

Fernando Haddad tem um desafio maior do que o de “apenas” tentar manter uma política econômica razoável a caminho de 2026. A primeira questão está associada ao cenário A (Lula candidato). O pressuposto de toda esta análise é que há uma diferença entre as concepções econômicas de Lula e de Haddad. A deste último está ciente da importância de convergir rumo à sustentabilidade fiscal e de conservar o compromisso com uma inflação baixa.

Já a concepção do presidente é a tentação de um revival dos anos 1950, com muito teor nacionalista, certo desleixo com a inflação, ausência de preocupações fiscais e pitadas norte-coreanas. Não é preciso ser analista político para perceber que essas duas concepções diferentes entrarão em choque em algum momento. Nesse cenário, a encruzilhada para o ministro será a seguinte: se Lula vencer em 2026, o ministro manterá o emprego – e se arrisca a virar um Mantega. E, se Lula perder, o ministro voltará à planície.

Vamos agora ao cenário B (Lula desiste da reeleição). O candidato substituto terá então o desafio de responder à seguinte questão: “Se o candidato oficial diz que o governo é tão bom, por que Lula não é candidato?”. Como, nesse cenário, todos saberão que, se o presidente desistir, será porque terá receio de perder, a pergunta será irrespondível, o que provavelmente condenará o governo à derrota. Deixemos, porém, isso de lado e avaliemos as duas estratégias possíveis, a caminho das urnas em 2026.

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Quando o governo acabar, seja em janeiro de 2027, seja de 2031, o Insper deve ganhar um novo professor Foto: Wilton Junior/Estadão

A primeira estratégia é o ministro convertido em candidato adotar uma campanha do tipo “PT raiz”. A questão é que ele soará muito pouco convincente porque terá de defender um conjunto de propostas inconsistentes, que pouco terão a ver com o que realmente pensa. A estratégia alternativa será, se for candidato, Haddad tentar ser Haddad e defender uma linha econômica relativamente ortodoxa. Tirando o fato de que, nesse caso, há sérias dúvidas de se o partido o apoiaria, a questão levantaria uma pergunta que todo eleitor de centro ou de direita se faria: “Se Haddad quer meu voto para implementar uma política ortodoxa, por que não escolher quem tem melhores credenciais para isso?”. A tendência é de que então esse eleitor vote em quem tiver mais curriculum para adotar tal agenda.

Resumidamente, quando o governo Lula acabar, em janeiro de 2027 ou de 2031, não sabemos quem será o futuro presidente da República. Algo, porém, é bastante provável: o Insper deverá ganhar um novo professor.

Fernando Haddad tem um desafio maior do que o de “apenas” tentar manter uma política econômica razoável a caminho de 2026. A primeira questão está associada ao cenário A (Lula candidato). O pressuposto de toda esta análise é que há uma diferença entre as concepções econômicas de Lula e de Haddad. A deste último está ciente da importância de convergir rumo à sustentabilidade fiscal e de conservar o compromisso com uma inflação baixa.

Já a concepção do presidente é a tentação de um revival dos anos 1950, com muito teor nacionalista, certo desleixo com a inflação, ausência de preocupações fiscais e pitadas norte-coreanas. Não é preciso ser analista político para perceber que essas duas concepções diferentes entrarão em choque em algum momento. Nesse cenário, a encruzilhada para o ministro será a seguinte: se Lula vencer em 2026, o ministro manterá o emprego – e se arrisca a virar um Mantega. E, se Lula perder, o ministro voltará à planície.

Vamos agora ao cenário B (Lula desiste da reeleição). O candidato substituto terá então o desafio de responder à seguinte questão: “Se o candidato oficial diz que o governo é tão bom, por que Lula não é candidato?”. Como, nesse cenário, todos saberão que, se o presidente desistir, será porque terá receio de perder, a pergunta será irrespondível, o que provavelmente condenará o governo à derrota. Deixemos, porém, isso de lado e avaliemos as duas estratégias possíveis, a caminho das urnas em 2026.

Quando o governo acabar, seja em janeiro de 2027, seja de 2031, o Insper deve ganhar um novo professor Foto: Wilton Junior/Estadão

A primeira estratégia é o ministro convertido em candidato adotar uma campanha do tipo “PT raiz”. A questão é que ele soará muito pouco convincente porque terá de defender um conjunto de propostas inconsistentes, que pouco terão a ver com o que realmente pensa. A estratégia alternativa será, se for candidato, Haddad tentar ser Haddad e defender uma linha econômica relativamente ortodoxa. Tirando o fato de que, nesse caso, há sérias dúvidas de se o partido o apoiaria, a questão levantaria uma pergunta que todo eleitor de centro ou de direita se faria: “Se Haddad quer meu voto para implementar uma política ortodoxa, por que não escolher quem tem melhores credenciais para isso?”. A tendência é de que então esse eleitor vote em quem tiver mais curriculum para adotar tal agenda.

Resumidamente, quando o governo Lula acabar, em janeiro de 2027 ou de 2031, não sabemos quem será o futuro presidente da República. Algo, porém, é bastante provável: o Insper deverá ganhar um novo professor.

Fernando Haddad tem um desafio maior do que o de “apenas” tentar manter uma política econômica razoável a caminho de 2026. A primeira questão está associada ao cenário A (Lula candidato). O pressuposto de toda esta análise é que há uma diferença entre as concepções econômicas de Lula e de Haddad. A deste último está ciente da importância de convergir rumo à sustentabilidade fiscal e de conservar o compromisso com uma inflação baixa.

Já a concepção do presidente é a tentação de um revival dos anos 1950, com muito teor nacionalista, certo desleixo com a inflação, ausência de preocupações fiscais e pitadas norte-coreanas. Não é preciso ser analista político para perceber que essas duas concepções diferentes entrarão em choque em algum momento. Nesse cenário, a encruzilhada para o ministro será a seguinte: se Lula vencer em 2026, o ministro manterá o emprego – e se arrisca a virar um Mantega. E, se Lula perder, o ministro voltará à planície.

Vamos agora ao cenário B (Lula desiste da reeleição). O candidato substituto terá então o desafio de responder à seguinte questão: “Se o candidato oficial diz que o governo é tão bom, por que Lula não é candidato?”. Como, nesse cenário, todos saberão que, se o presidente desistir, será porque terá receio de perder, a pergunta será irrespondível, o que provavelmente condenará o governo à derrota. Deixemos, porém, isso de lado e avaliemos as duas estratégias possíveis, a caminho das urnas em 2026.

Quando o governo acabar, seja em janeiro de 2027, seja de 2031, o Insper deve ganhar um novo professor Foto: Wilton Junior/Estadão

A primeira estratégia é o ministro convertido em candidato adotar uma campanha do tipo “PT raiz”. A questão é que ele soará muito pouco convincente porque terá de defender um conjunto de propostas inconsistentes, que pouco terão a ver com o que realmente pensa. A estratégia alternativa será, se for candidato, Haddad tentar ser Haddad e defender uma linha econômica relativamente ortodoxa. Tirando o fato de que, nesse caso, há sérias dúvidas de se o partido o apoiaria, a questão levantaria uma pergunta que todo eleitor de centro ou de direita se faria: “Se Haddad quer meu voto para implementar uma política ortodoxa, por que não escolher quem tem melhores credenciais para isso?”. A tendência é de que então esse eleitor vote em quem tiver mais curriculum para adotar tal agenda.

Resumidamente, quando o governo Lula acabar, em janeiro de 2027 ou de 2031, não sabemos quem será o futuro presidente da República. Algo, porém, é bastante provável: o Insper deverá ganhar um novo professor.

Fernando Haddad tem um desafio maior do que o de “apenas” tentar manter uma política econômica razoável a caminho de 2026. A primeira questão está associada ao cenário A (Lula candidato). O pressuposto de toda esta análise é que há uma diferença entre as concepções econômicas de Lula e de Haddad. A deste último está ciente da importância de convergir rumo à sustentabilidade fiscal e de conservar o compromisso com uma inflação baixa.

Já a concepção do presidente é a tentação de um revival dos anos 1950, com muito teor nacionalista, certo desleixo com a inflação, ausência de preocupações fiscais e pitadas norte-coreanas. Não é preciso ser analista político para perceber que essas duas concepções diferentes entrarão em choque em algum momento. Nesse cenário, a encruzilhada para o ministro será a seguinte: se Lula vencer em 2026, o ministro manterá o emprego – e se arrisca a virar um Mantega. E, se Lula perder, o ministro voltará à planície.

Vamos agora ao cenário B (Lula desiste da reeleição). O candidato substituto terá então o desafio de responder à seguinte questão: “Se o candidato oficial diz que o governo é tão bom, por que Lula não é candidato?”. Como, nesse cenário, todos saberão que, se o presidente desistir, será porque terá receio de perder, a pergunta será irrespondível, o que provavelmente condenará o governo à derrota. Deixemos, porém, isso de lado e avaliemos as duas estratégias possíveis, a caminho das urnas em 2026.

Quando o governo acabar, seja em janeiro de 2027, seja de 2031, o Insper deve ganhar um novo professor Foto: Wilton Junior/Estadão

A primeira estratégia é o ministro convertido em candidato adotar uma campanha do tipo “PT raiz”. A questão é que ele soará muito pouco convincente porque terá de defender um conjunto de propostas inconsistentes, que pouco terão a ver com o que realmente pensa. A estratégia alternativa será, se for candidato, Haddad tentar ser Haddad e defender uma linha econômica relativamente ortodoxa. Tirando o fato de que, nesse caso, há sérias dúvidas de se o partido o apoiaria, a questão levantaria uma pergunta que todo eleitor de centro ou de direita se faria: “Se Haddad quer meu voto para implementar uma política ortodoxa, por que não escolher quem tem melhores credenciais para isso?”. A tendência é de que então esse eleitor vote em quem tiver mais curriculum para adotar tal agenda.

Resumidamente, quando o governo Lula acabar, em janeiro de 2027 ou de 2031, não sabemos quem será o futuro presidente da República. Algo, porém, é bastante provável: o Insper deverá ganhar um novo professor.

Opinião por Fabio Giambiagi

Economista, formado pela FEA/UFRJ, com mestrado no Instituto de Economia Industrial da UFRJ

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