Opinião|Reservatórios no azul são bom sinal para geração de energia


Risco de racionamento energético, por alguns anos, poderá ser bem menor que na última década

Por Fabio Giambiagi

No final de 1999, o Brasil “bateu na trave” de uma crise energética. Na Região Sudeste/Centro-Oeste, as chuvas se iniciam no verão e vão até abril e depois os meses secos vão até novembro. Os sistemas são concebidos para que os reservatórios não fiquem nem quase vazios nem quase cheios. Naquele ano, os reservatórios estavam em nível crítico, mas, como depois choveu, a crise foi evitada.

Um ano depois, o problema se repetiu, mas, como na sequência tivemos um verão seco, chegamos a março de 2001 sob risco de que Rio e São Paulo ficassem sem luz. Assim, a restrição energética foi inevitável e o governo foi obrigado a adotar um racionamento “soviético”, pelo qual as pessoas tiveram que “ajustar o seu consumo ou ajustar o seu consumo”, reduzindo a demanda de energia para sobreviver em “tempos de guerra”.

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Há alguns anos, voltamos em um par de ocasiões a enfrentar o risco de falta de suprimento de energia no País, evitado com uma combinação de baixo crescimento do PIB, uso adequado das bandeiras tarifárias e a posterior ajuda de São Pedro.

Quais são as perspectivas para o governo atual durante 2023-2026? Para entender isso, consideremos a média mensal de ocupação dos reservatórios para a Região Sudeste/Centro-Oeste, que é a mais importante para a economia do País, média essa calculada para 1997-2022. Os números são: janeiro, 50%; fevereiro, 58%; março, 64%; abril, 66%; maio, 65%; junho, 62%; julho, 58%; agosto, 51%; setembro, 45%; outubro, 39%; novembro, 37%; e dezembro, 41%.

Cenário de geração de energia deve ser mais tranquilo até o fim da década Foto: JF DIORIO / ESTADÃO
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Na média dessas duas décadas e meia, tivemos 53% de ocupação anual. No ano 2000, antes do racionamento, ela foi de 39% e, no fatídico 2001, caiu a 28%. Nos últimos dez anos, em geral tivemos índices pluviométricos fracos no Brasil. Em 2015, a média anual dos reservatórios da região foi de 30% e, em 2021, foi ainda menor que em 2001 (apenas 26%). A boa nova é que a situação mudou para muito melhor recentemente: enquanto em janeiro de 2022 a ocupação dos reservatórios foi de apenas 84% da média mensal do mês de janeiro de 1997 até 2022, em dezembro já foi de 129% da média do citado mês de 1997 a 2022 e, em maio de 2023, o nível foi de 132% da média mensal do mês de maio do citado período. Nesse mesmo mês, tivemos o melhor nível de ocupação dos reservatórios para maio desde 2011. Isso quer dizer que, com um pouco de sorte, o risco de racionamento energético, por alguns anos, poderá ser bem menor que na última década. É uma boa notícia para o País.

No final de 1999, o Brasil “bateu na trave” de uma crise energética. Na Região Sudeste/Centro-Oeste, as chuvas se iniciam no verão e vão até abril e depois os meses secos vão até novembro. Os sistemas são concebidos para que os reservatórios não fiquem nem quase vazios nem quase cheios. Naquele ano, os reservatórios estavam em nível crítico, mas, como depois choveu, a crise foi evitada.

Um ano depois, o problema se repetiu, mas, como na sequência tivemos um verão seco, chegamos a março de 2001 sob risco de que Rio e São Paulo ficassem sem luz. Assim, a restrição energética foi inevitável e o governo foi obrigado a adotar um racionamento “soviético”, pelo qual as pessoas tiveram que “ajustar o seu consumo ou ajustar o seu consumo”, reduzindo a demanda de energia para sobreviver em “tempos de guerra”.

Há alguns anos, voltamos em um par de ocasiões a enfrentar o risco de falta de suprimento de energia no País, evitado com uma combinação de baixo crescimento do PIB, uso adequado das bandeiras tarifárias e a posterior ajuda de São Pedro.

Quais são as perspectivas para o governo atual durante 2023-2026? Para entender isso, consideremos a média mensal de ocupação dos reservatórios para a Região Sudeste/Centro-Oeste, que é a mais importante para a economia do País, média essa calculada para 1997-2022. Os números são: janeiro, 50%; fevereiro, 58%; março, 64%; abril, 66%; maio, 65%; junho, 62%; julho, 58%; agosto, 51%; setembro, 45%; outubro, 39%; novembro, 37%; e dezembro, 41%.

Cenário de geração de energia deve ser mais tranquilo até o fim da década Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Na média dessas duas décadas e meia, tivemos 53% de ocupação anual. No ano 2000, antes do racionamento, ela foi de 39% e, no fatídico 2001, caiu a 28%. Nos últimos dez anos, em geral tivemos índices pluviométricos fracos no Brasil. Em 2015, a média anual dos reservatórios da região foi de 30% e, em 2021, foi ainda menor que em 2001 (apenas 26%). A boa nova é que a situação mudou para muito melhor recentemente: enquanto em janeiro de 2022 a ocupação dos reservatórios foi de apenas 84% da média mensal do mês de janeiro de 1997 até 2022, em dezembro já foi de 129% da média do citado mês de 1997 a 2022 e, em maio de 2023, o nível foi de 132% da média mensal do mês de maio do citado período. Nesse mesmo mês, tivemos o melhor nível de ocupação dos reservatórios para maio desde 2011. Isso quer dizer que, com um pouco de sorte, o risco de racionamento energético, por alguns anos, poderá ser bem menor que na última década. É uma boa notícia para o País.

No final de 1999, o Brasil “bateu na trave” de uma crise energética. Na Região Sudeste/Centro-Oeste, as chuvas se iniciam no verão e vão até abril e depois os meses secos vão até novembro. Os sistemas são concebidos para que os reservatórios não fiquem nem quase vazios nem quase cheios. Naquele ano, os reservatórios estavam em nível crítico, mas, como depois choveu, a crise foi evitada.

Um ano depois, o problema se repetiu, mas, como na sequência tivemos um verão seco, chegamos a março de 2001 sob risco de que Rio e São Paulo ficassem sem luz. Assim, a restrição energética foi inevitável e o governo foi obrigado a adotar um racionamento “soviético”, pelo qual as pessoas tiveram que “ajustar o seu consumo ou ajustar o seu consumo”, reduzindo a demanda de energia para sobreviver em “tempos de guerra”.

Há alguns anos, voltamos em um par de ocasiões a enfrentar o risco de falta de suprimento de energia no País, evitado com uma combinação de baixo crescimento do PIB, uso adequado das bandeiras tarifárias e a posterior ajuda de São Pedro.

Quais são as perspectivas para o governo atual durante 2023-2026? Para entender isso, consideremos a média mensal de ocupação dos reservatórios para a Região Sudeste/Centro-Oeste, que é a mais importante para a economia do País, média essa calculada para 1997-2022. Os números são: janeiro, 50%; fevereiro, 58%; março, 64%; abril, 66%; maio, 65%; junho, 62%; julho, 58%; agosto, 51%; setembro, 45%; outubro, 39%; novembro, 37%; e dezembro, 41%.

Cenário de geração de energia deve ser mais tranquilo até o fim da década Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Na média dessas duas décadas e meia, tivemos 53% de ocupação anual. No ano 2000, antes do racionamento, ela foi de 39% e, no fatídico 2001, caiu a 28%. Nos últimos dez anos, em geral tivemos índices pluviométricos fracos no Brasil. Em 2015, a média anual dos reservatórios da região foi de 30% e, em 2021, foi ainda menor que em 2001 (apenas 26%). A boa nova é que a situação mudou para muito melhor recentemente: enquanto em janeiro de 2022 a ocupação dos reservatórios foi de apenas 84% da média mensal do mês de janeiro de 1997 até 2022, em dezembro já foi de 129% da média do citado mês de 1997 a 2022 e, em maio de 2023, o nível foi de 132% da média mensal do mês de maio do citado período. Nesse mesmo mês, tivemos o melhor nível de ocupação dos reservatórios para maio desde 2011. Isso quer dizer que, com um pouco de sorte, o risco de racionamento energético, por alguns anos, poderá ser bem menor que na última década. É uma boa notícia para o País.

Opinião por Fabio Giambiagi

Economista, formado pela FEA/UFRJ, com mestrado no Instituto de Economia Industrial da UFRJ

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