Com a aprovação na Câmara dos Deputados da medida provisória (MP) que recria o programa Minha Casa, Minha Vida, na última quarta-feira, 7, os fabricantes de eletrodomésticos passaram a defender que seja incluído no texto um complemento. Eles querem que itens essenciais da linha branca, como geladeira, fogão e máquina de lavar roupa possam também ser financiados. Em período fraco para essa indústria, a medida ajudaria a melhorar a demanda.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de eletrodomésticos no País acumula queda de 7,3% em 12 meses até abril deste ano. Nas vendas no varejo, a queda acumulada é de 1,5% no período.
“A demanda de fato caiu. Houve um pico durante a pandemia que agora arrefeceu. Além de exigir um tíquete maior do consumidor, há menos interesse em assumir dívida para a compra por falta de confiança na manutenção dos empregos”, diz Eugênio Foganholo, sócio da consultoria Mixxer, especializada em varejo. Para ele, portanto, a iniciativa de buscar a inclusão destes itens no financiamento da casa é inteligente.
A emenda que propunha a inclusão de geladeira e fogão no financiamento da casa própria é de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que teve recentemente seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral, mas ainda recorre da decisão.
Na aprovação da MP na Câmara, porém, a emenda não foi incluída. Não existe atualmente um cálculo do custo dessa medida por parte do governo, nem de seu benefício à economia do País, mas o setor defende que os impactos seriam positivos.
“Nós apoiamos a emenda proposta pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) que inclui o trecho sobre a provisão financiada de eletrodomésticos essenciais ao programa, não só pelo olhar humanitário sobre a sociedade, oferecendo mais qualidade de vida e dignidade para essas famílias, mas também ao estímulo à economia, geração de emprego, renda e arrecadação do setor”, comenta Eduardo Vasconcelos, diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Whirlpool para a América Latina.
Ele explica que a medida traria um impacto positivo na demanda do setor, que está em momento desafiador. “Esse ano de 2023 é o pior ano em termos de volumes de vendas para o segmento”, complementa, baseado em dados da Eletros.
“Falava-se que essa era a ressaca da pandemia, mas isso explicava o problema até determinado ponto. A demanda em outros mercados da América Latina já está apresentando recuperação e, no Brasil, não”, diz ao se referir às vendas da companhia.
Em 2022, a receita líquida de vendas consolidada da Whirlpool na América Latina totalizou R$ 10,8 bilhões, o que representou uma redução de 5,11% em relação ao ano anterior.
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Diálogo
Em nota, a Eletros alega que “tem dialogado com o Poder Executivo Federal e com Parlamentares do Poder Legislativo nacional, para tratar de uma eventual inclusão de eletrodomésticos no Programa Minha Casa, Minha Vida”.
“A partir de um diálogo propositivo, temos apresentado argumentos técnicos sobre os ganhos econômicos e sociais que esta ampliação do programa traria aos seus beneficiários. Isso seria de fato o amadurecimento do programa”, diz a entidade.
A entidade afirma ainda que “existem diversos exemplos internacionais bem sucedidos de programas habitacionais que incluem a entrega de imóveis equipados com estes produtos, garantindo segurança financeira aos beneficiários e melhora no impacto econômico destas iniciativas”.
“O Brasil tem um dos maiores programas habitacionais populares, mas é um dos poucos que não contempla os eletrodomésticos aos beneficiários. Portanto, o Minha Casa, Minha Vida, com a inclusão dos eletrodomésticos, amadurecerá e trará ganhos sociais e econômicos ao País, posto que poderá dar um incremento relevante na economia e na geração de emprego e, principalmente, garantirá a melhoria na qualidade de vida da população mais carente beneficiária do programa”, diz.