Faria Lima fica insatisfeita com falta de ‘concretude’ de respostas de secretário de Haddad


Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, foi questionado sobre nova âncora fiscal, papel do BNDES na economia e política de preços da Petrobras

Por Luciana Dyniewicz e Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

Em seu primeiro encontro público com a Faria Lima, o principal corredor financeiro do País, o secretário de Política Econômica do governo Lula, Guilherme Mello, foi questionado sobre a nova âncora fiscal que o Brasil deve adotar, o papel do BNDES na economia e a política de preços da Petrobras. Entre o público, a impressão foi de que ele se esquivou de dar respostas concretas.

Sobre o novo arcabouço fiscal, o secretário afirmou que Lula deve validar a proposta até abril. Disse que será uma regra “simples, fácil de entender e executar”. “Uma regra que garanta a sustentabilidade fiscal, com algum grau de flexibilidade para resistir a possíveis choques”, afirmou nesta terça-feira, 31, no Latin America Investment Conference, evento organizado pelo Credit Suisse.

Um dos participantes afirmou, sob condição de anonimato, que, se Lula deve se pronunciar até abril sobre a nova regra fiscal, era esperado que Mello desse sinais mais claros do que deve ser esse novo arcabouço. A impressão é que o discurso continua na mesma linha do pré-eleição. O problema, acrescentou, é que o governo já assumiu e faltam 60 dias para abril.

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Um executivo do setor produtivo disse que as respostas foram muito “abertas”, mas que isso é compreensível dado que o governo está concluindo seu primeiro mês agora.

Guilherme Mello é secretário de Política Econômica do governo Lula  Foto: Marcos Oliveira/Agencia Senado - 08/11/2016

Outro participante reconheceu que o ambiente era hostil a Mello e que o secretário se saiu bem ao contextualizar a situação do País. Disse, porém, que ao afirmar que o BNDES deverá incentivar investimentos na economia verde, como usinas de energia eólica, Mello sinaliza que o governo pretende ser protagonista da economia.

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Na sua fala, Mello não se aprofundou sobre a reforma tributária desenhada pelo governo. Ele afirmou que ela não “está pensada para aumentar a carga tributária no Brasil”. “O objetivo é melhorar a qualidade da tributação. Do ponto de vista dos tributos indiretos, há uma enorme complexidade”, disse. “São impostos que incidem em cascata, tirando a competividade das nossas exportações e dos nossos investimentos. Precisamos resolver isso, avançar para a aprovação de um Imposto sobre Valor Agregado.”

Um participante afirmou que, neste primeiro mês do governo, um dos entraves foi a comunicação com os agentes do mercado financeiro. Até por isso, era esperado que um representante mais graduado, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participasse do evento. Além de Mello, o governo federal é representado pela diretora do mercado de capitais do BNDES, Natalia Dias, pelo diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, e pelo secretário extraordinário para a Transformação do Estado do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Francisco Gaetani.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, havia confirmado presença, mas acabou desmarcando. Na véspera do evento, entretanto, participou de uma reunião virtual com diretores e clientes do Credit Suisse.

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A presença de representantes do segundo escalão do governo contrastou com a verificada em 2019. No primeiro ano do governo Bolsonaro, diante da intenção do então ministro da Economia, Paulo Guedes, de avançar no processo de privatização de estatais, um time de peso foi enviado para o evento.

À época, participaram o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o então secretário de Privatizações, Salim Mattar, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e o então presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior.

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Recados do empresariado

No evento do Credit Suisse, também foram enviados recados de empresários para o governo. O principal acionista da construtora MRV e do banco Inter, Rubens Menin, por exemplo, defendeu a independência do Banco Central - que já foi classificada pelo presidente Lula como “bobagem” - e uma redução na taxa básica de juros, a Selic, que seja decorrente de contas públicas equilibradas. “O juro alto não pode durar demais, porque ele acaba matando o paciente (a economia), mas é preciso criar condições para que ele caia de forma sustentável. Não adianta baixar, como já foi feito, de forma ditatorial.”

Fundador da Península Participações, Abílio Diniz disse “não ter medo do governo Lula”. “Não tenho nenhum receio. Ele (o presidente) é uma pessoa pragmática. O Brasil cresceu nos oito anos de governo dele.” O empresário, no entanto, afirmou que não é possível fazer o País crescer usando apenas a poupança pública e disse se preocupar com a eventual proposta de reforma tributária.

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Diniz afirmou que a reforma tributária realizada pelo governo de Francois Hollande, na França, se propunha a ser Robin Wood, ou seja, transferir dos ricos para os pobres, mas acabou levando empresários a migrar seus negócios para a Bélgica, onde a tributação é inferior.

Em seu primeiro encontro público com a Faria Lima, o principal corredor financeiro do País, o secretário de Política Econômica do governo Lula, Guilherme Mello, foi questionado sobre a nova âncora fiscal que o Brasil deve adotar, o papel do BNDES na economia e a política de preços da Petrobras. Entre o público, a impressão foi de que ele se esquivou de dar respostas concretas.

Sobre o novo arcabouço fiscal, o secretário afirmou que Lula deve validar a proposta até abril. Disse que será uma regra “simples, fácil de entender e executar”. “Uma regra que garanta a sustentabilidade fiscal, com algum grau de flexibilidade para resistir a possíveis choques”, afirmou nesta terça-feira, 31, no Latin America Investment Conference, evento organizado pelo Credit Suisse.

Um dos participantes afirmou, sob condição de anonimato, que, se Lula deve se pronunciar até abril sobre a nova regra fiscal, era esperado que Mello desse sinais mais claros do que deve ser esse novo arcabouço. A impressão é que o discurso continua na mesma linha do pré-eleição. O problema, acrescentou, é que o governo já assumiu e faltam 60 dias para abril.

Um executivo do setor produtivo disse que as respostas foram muito “abertas”, mas que isso é compreensível dado que o governo está concluindo seu primeiro mês agora.

Guilherme Mello é secretário de Política Econômica do governo Lula  Foto: Marcos Oliveira/Agencia Senado - 08/11/2016

Outro participante reconheceu que o ambiente era hostil a Mello e que o secretário se saiu bem ao contextualizar a situação do País. Disse, porém, que ao afirmar que o BNDES deverá incentivar investimentos na economia verde, como usinas de energia eólica, Mello sinaliza que o governo pretende ser protagonista da economia.

Na sua fala, Mello não se aprofundou sobre a reforma tributária desenhada pelo governo. Ele afirmou que ela não “está pensada para aumentar a carga tributária no Brasil”. “O objetivo é melhorar a qualidade da tributação. Do ponto de vista dos tributos indiretos, há uma enorme complexidade”, disse. “São impostos que incidem em cascata, tirando a competividade das nossas exportações e dos nossos investimentos. Precisamos resolver isso, avançar para a aprovação de um Imposto sobre Valor Agregado.”

Um participante afirmou que, neste primeiro mês do governo, um dos entraves foi a comunicação com os agentes do mercado financeiro. Até por isso, era esperado que um representante mais graduado, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participasse do evento. Além de Mello, o governo federal é representado pela diretora do mercado de capitais do BNDES, Natalia Dias, pelo diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, e pelo secretário extraordinário para a Transformação do Estado do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Francisco Gaetani.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, havia confirmado presença, mas acabou desmarcando. Na véspera do evento, entretanto, participou de uma reunião virtual com diretores e clientes do Credit Suisse.

A presença de representantes do segundo escalão do governo contrastou com a verificada em 2019. No primeiro ano do governo Bolsonaro, diante da intenção do então ministro da Economia, Paulo Guedes, de avançar no processo de privatização de estatais, um time de peso foi enviado para o evento.

À época, participaram o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o então secretário de Privatizações, Salim Mattar, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e o então presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior.

Recados do empresariado

No evento do Credit Suisse, também foram enviados recados de empresários para o governo. O principal acionista da construtora MRV e do banco Inter, Rubens Menin, por exemplo, defendeu a independência do Banco Central - que já foi classificada pelo presidente Lula como “bobagem” - e uma redução na taxa básica de juros, a Selic, que seja decorrente de contas públicas equilibradas. “O juro alto não pode durar demais, porque ele acaba matando o paciente (a economia), mas é preciso criar condições para que ele caia de forma sustentável. Não adianta baixar, como já foi feito, de forma ditatorial.”

Fundador da Península Participações, Abílio Diniz disse “não ter medo do governo Lula”. “Não tenho nenhum receio. Ele (o presidente) é uma pessoa pragmática. O Brasil cresceu nos oito anos de governo dele.” O empresário, no entanto, afirmou que não é possível fazer o País crescer usando apenas a poupança pública e disse se preocupar com a eventual proposta de reforma tributária.

Diniz afirmou que a reforma tributária realizada pelo governo de Francois Hollande, na França, se propunha a ser Robin Wood, ou seja, transferir dos ricos para os pobres, mas acabou levando empresários a migrar seus negócios para a Bélgica, onde a tributação é inferior.

Em seu primeiro encontro público com a Faria Lima, o principal corredor financeiro do País, o secretário de Política Econômica do governo Lula, Guilherme Mello, foi questionado sobre a nova âncora fiscal que o Brasil deve adotar, o papel do BNDES na economia e a política de preços da Petrobras. Entre o público, a impressão foi de que ele se esquivou de dar respostas concretas.

Sobre o novo arcabouço fiscal, o secretário afirmou que Lula deve validar a proposta até abril. Disse que será uma regra “simples, fácil de entender e executar”. “Uma regra que garanta a sustentabilidade fiscal, com algum grau de flexibilidade para resistir a possíveis choques”, afirmou nesta terça-feira, 31, no Latin America Investment Conference, evento organizado pelo Credit Suisse.

Um dos participantes afirmou, sob condição de anonimato, que, se Lula deve se pronunciar até abril sobre a nova regra fiscal, era esperado que Mello desse sinais mais claros do que deve ser esse novo arcabouço. A impressão é que o discurso continua na mesma linha do pré-eleição. O problema, acrescentou, é que o governo já assumiu e faltam 60 dias para abril.

Um executivo do setor produtivo disse que as respostas foram muito “abertas”, mas que isso é compreensível dado que o governo está concluindo seu primeiro mês agora.

Guilherme Mello é secretário de Política Econômica do governo Lula  Foto: Marcos Oliveira/Agencia Senado - 08/11/2016

Outro participante reconheceu que o ambiente era hostil a Mello e que o secretário se saiu bem ao contextualizar a situação do País. Disse, porém, que ao afirmar que o BNDES deverá incentivar investimentos na economia verde, como usinas de energia eólica, Mello sinaliza que o governo pretende ser protagonista da economia.

Na sua fala, Mello não se aprofundou sobre a reforma tributária desenhada pelo governo. Ele afirmou que ela não “está pensada para aumentar a carga tributária no Brasil”. “O objetivo é melhorar a qualidade da tributação. Do ponto de vista dos tributos indiretos, há uma enorme complexidade”, disse. “São impostos que incidem em cascata, tirando a competividade das nossas exportações e dos nossos investimentos. Precisamos resolver isso, avançar para a aprovação de um Imposto sobre Valor Agregado.”

Um participante afirmou que, neste primeiro mês do governo, um dos entraves foi a comunicação com os agentes do mercado financeiro. Até por isso, era esperado que um representante mais graduado, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participasse do evento. Além de Mello, o governo federal é representado pela diretora do mercado de capitais do BNDES, Natalia Dias, pelo diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, e pelo secretário extraordinário para a Transformação do Estado do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Francisco Gaetani.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, havia confirmado presença, mas acabou desmarcando. Na véspera do evento, entretanto, participou de uma reunião virtual com diretores e clientes do Credit Suisse.

A presença de representantes do segundo escalão do governo contrastou com a verificada em 2019. No primeiro ano do governo Bolsonaro, diante da intenção do então ministro da Economia, Paulo Guedes, de avançar no processo de privatização de estatais, um time de peso foi enviado para o evento.

À época, participaram o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o então secretário de Privatizações, Salim Mattar, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e o então presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior.

Recados do empresariado

No evento do Credit Suisse, também foram enviados recados de empresários para o governo. O principal acionista da construtora MRV e do banco Inter, Rubens Menin, por exemplo, defendeu a independência do Banco Central - que já foi classificada pelo presidente Lula como “bobagem” - e uma redução na taxa básica de juros, a Selic, que seja decorrente de contas públicas equilibradas. “O juro alto não pode durar demais, porque ele acaba matando o paciente (a economia), mas é preciso criar condições para que ele caia de forma sustentável. Não adianta baixar, como já foi feito, de forma ditatorial.”

Fundador da Península Participações, Abílio Diniz disse “não ter medo do governo Lula”. “Não tenho nenhum receio. Ele (o presidente) é uma pessoa pragmática. O Brasil cresceu nos oito anos de governo dele.” O empresário, no entanto, afirmou que não é possível fazer o País crescer usando apenas a poupança pública e disse se preocupar com a eventual proposta de reforma tributária.

Diniz afirmou que a reforma tributária realizada pelo governo de Francois Hollande, na França, se propunha a ser Robin Wood, ou seja, transferir dos ricos para os pobres, mas acabou levando empresários a migrar seus negócios para a Bélgica, onde a tributação é inferior.

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