Fazenda e Congresso abrem negociação sobre prazo e alcance da reoneração da folha


Governo e parlamentares discutem esticar a transição, com reoneração total a partir de 2029; Congresso quer cobrança escalonada de imposto para todo o valor de salário pago pelas empresas

Por Daniel Weterman e Bianca Lima

BRASÍLIA – Em busca de um acordo em meio ao fogo cruzado entre Executivo e Legislativo, Ministério da Fazenda e o Congresso abriram uma negociação para mudar o prazo e o alcance da reoneração da folha de pagamentos pretendida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 17 setores da economia.

O primeiro recuo do governo, na tentativa de construir um meio-termo, foi aceitar a possibilidade de retirar a reoneração da medida provisória (MP), assinada por Lula no fim do ano passado, e enviar um projeto de lei (PL) para o Congresso com a proposta.

O PL seria enviado em caráter de urgência, ou seja, com prazo de 45 dias para análise (depois disso, tranca a pauta) e podendo ser analisado diretamente nos plenários da Câmara e do Senado. Esse formato daria um poder maior aos parlamentares em comparação à MP, que entra em vigor assim que é editada pelo presidente.

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Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e senadores para conversar sobre medida provisória da reoneração. Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Em relação ao conteúdo do novo projeto, está na mesa de negociação esticar o prazo para a cobrança integral, dando um tempo maior para as empresas se adaptarem. A data, para a reoneração completa, passaria de 2028 para 2029. Segundo apurou o Estadão, a Fazenda estaria disposta a esticar o prazo em um ano.

O novo formato foi tema de reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e senadores na última quarta-feira, 7. Líderes da Câmara cancelaram o encontro que tinham com Haddad, em meio à fala do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) na segunda-feira, cobrando o governo Lula, mas foram informados dos termos em discussão.

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“Se ele (Haddad) está disposto a discutir, ele está admitindo um meio-termo: nem o projeto aprovado pelo Congresso, que teve o veto derrubado, nem a medida provisória. Eu fiquei sensibilizado porque os números acabam sendo muito maiores do que a gente previa”, afirmou o senador Cid Gomes (PSB-CE), um dos presentes na reunião.

O regime especial foi criado em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e substitui a contribuição patronal de 20% para a Previdência, que incide sobre os salários, por uma tributação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Desde então, ele vem sendo renovado com o aval do Congresso.

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No ano passado, os parlamentares aprovaram a prorrogação do benefício até 2027, com impacto fiscal estimado em R$ 20 bilhões por ano. O projeto foi vetado pelo presidente e, após o Congresso derrubar o veto, foi revogado por uma medida provisória - irritando os parlamentares, que veem um desrespeito à decisão do Legislativo.

A MP, em vigor atualmente, acaba com a desoneração da folha a partir de abril de 2024, mantendo uma cobrança escalonada somente até o valor de um salário mínimo até 2027. Ou seja, se o trabalhador receber, por exemplo, o equivalente a cinco salários mínimos, o desconto valerá somente sobre o primeiro salário. A partir de 2028, as empresas passariam a pagar a alíquota integral.

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Os parlamentares, porém, pleiteiam que esse escalonamento seja válido para todo o valor pago pelas empresas aos empregados, e não apenas até um salário mínimo. Procurada, a Fazenda não se manifestou sobre o tema.

De acordo com líderes do Congresso, as mudanças - de prazo e escopo do desconto - podem diminuir as resistências à reoneração. “O que está sendo negociado é que a toda reoneração seria feita de forma escalonada ao longo dos anos até 2028, podendo ser até 2029. Apesar das resistências, as mudanças se tornaram em uma matéria a ser discutida”, afirmou o deputado Mauro Benevides Filho (CE), vice-líder do PDT na Câmara e um dos interlocutores da Casa junto ao Ministério da Fazenda.

“Se o projeto de lei vier da mesma forma da Medida Provisória, aumenta a chance de nova derrota do governo referente ao tema”, afirmou o senador Efraim Filho (União-PB), autor do projeto da desoneração aprovado no ano passado.

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Entre as alternativas que chegaram a ser aventadas, o adiamento do início da reoneração - ou seja, deixar de começar a cobrança gradual ainda neste ano - está descartado pela Fazenda, segundo apurou a reportagem.

Fatiamento

Na terça-feira, o ministro Fernando Haddad reforçou que avalia tratar a reoneração da folha via projeto de lei com urgência constitucional, mas vinculou qualquer acordo ao aval do presidente Lula.

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Nesse fatiamento, ainda há dúvidas sobre onde ficaria a questão do benefício previdenciário às prefeituras, que foi incluído pelo Congresso: se no projeto de lei, junto com a reoneração da folha, ou na MP.

Pela Fazenda, também ficariam na MP a limitação a compensações de créditos obtidos por decisão judicial e a revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), alvo de disputa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Esses dois projetos vão funcionar como a compensação à perda de receita ocasionada pela prorrogação parcial da desoneração.

Nos últimos dias, a Fazenda levantou suspeitas de uso do Perse para lavagem de dinheiro e outras irregularidades. Arthur Lira, em reação, escalou aliados para cobrar Haddad pela manutenção do benefício para o setor.

BRASÍLIA – Em busca de um acordo em meio ao fogo cruzado entre Executivo e Legislativo, Ministério da Fazenda e o Congresso abriram uma negociação para mudar o prazo e o alcance da reoneração da folha de pagamentos pretendida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 17 setores da economia.

O primeiro recuo do governo, na tentativa de construir um meio-termo, foi aceitar a possibilidade de retirar a reoneração da medida provisória (MP), assinada por Lula no fim do ano passado, e enviar um projeto de lei (PL) para o Congresso com a proposta.

O PL seria enviado em caráter de urgência, ou seja, com prazo de 45 dias para análise (depois disso, tranca a pauta) e podendo ser analisado diretamente nos plenários da Câmara e do Senado. Esse formato daria um poder maior aos parlamentares em comparação à MP, que entra em vigor assim que é editada pelo presidente.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e senadores para conversar sobre medida provisória da reoneração. Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Em relação ao conteúdo do novo projeto, está na mesa de negociação esticar o prazo para a cobrança integral, dando um tempo maior para as empresas se adaptarem. A data, para a reoneração completa, passaria de 2028 para 2029. Segundo apurou o Estadão, a Fazenda estaria disposta a esticar o prazo em um ano.

O novo formato foi tema de reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e senadores na última quarta-feira, 7. Líderes da Câmara cancelaram o encontro que tinham com Haddad, em meio à fala do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) na segunda-feira, cobrando o governo Lula, mas foram informados dos termos em discussão.

“Se ele (Haddad) está disposto a discutir, ele está admitindo um meio-termo: nem o projeto aprovado pelo Congresso, que teve o veto derrubado, nem a medida provisória. Eu fiquei sensibilizado porque os números acabam sendo muito maiores do que a gente previa”, afirmou o senador Cid Gomes (PSB-CE), um dos presentes na reunião.

O regime especial foi criado em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e substitui a contribuição patronal de 20% para a Previdência, que incide sobre os salários, por uma tributação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Desde então, ele vem sendo renovado com o aval do Congresso.

No ano passado, os parlamentares aprovaram a prorrogação do benefício até 2027, com impacto fiscal estimado em R$ 20 bilhões por ano. O projeto foi vetado pelo presidente e, após o Congresso derrubar o veto, foi revogado por uma medida provisória - irritando os parlamentares, que veem um desrespeito à decisão do Legislativo.

A MP, em vigor atualmente, acaba com a desoneração da folha a partir de abril de 2024, mantendo uma cobrança escalonada somente até o valor de um salário mínimo até 2027. Ou seja, se o trabalhador receber, por exemplo, o equivalente a cinco salários mínimos, o desconto valerá somente sobre o primeiro salário. A partir de 2028, as empresas passariam a pagar a alíquota integral.

Os parlamentares, porém, pleiteiam que esse escalonamento seja válido para todo o valor pago pelas empresas aos empregados, e não apenas até um salário mínimo. Procurada, a Fazenda não se manifestou sobre o tema.

De acordo com líderes do Congresso, as mudanças - de prazo e escopo do desconto - podem diminuir as resistências à reoneração. “O que está sendo negociado é que a toda reoneração seria feita de forma escalonada ao longo dos anos até 2028, podendo ser até 2029. Apesar das resistências, as mudanças se tornaram em uma matéria a ser discutida”, afirmou o deputado Mauro Benevides Filho (CE), vice-líder do PDT na Câmara e um dos interlocutores da Casa junto ao Ministério da Fazenda.

“Se o projeto de lei vier da mesma forma da Medida Provisória, aumenta a chance de nova derrota do governo referente ao tema”, afirmou o senador Efraim Filho (União-PB), autor do projeto da desoneração aprovado no ano passado.

Entre as alternativas que chegaram a ser aventadas, o adiamento do início da reoneração - ou seja, deixar de começar a cobrança gradual ainda neste ano - está descartado pela Fazenda, segundo apurou a reportagem.

Fatiamento

Na terça-feira, o ministro Fernando Haddad reforçou que avalia tratar a reoneração da folha via projeto de lei com urgência constitucional, mas vinculou qualquer acordo ao aval do presidente Lula.

Nesse fatiamento, ainda há dúvidas sobre onde ficaria a questão do benefício previdenciário às prefeituras, que foi incluído pelo Congresso: se no projeto de lei, junto com a reoneração da folha, ou na MP.

Pela Fazenda, também ficariam na MP a limitação a compensações de créditos obtidos por decisão judicial e a revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), alvo de disputa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Esses dois projetos vão funcionar como a compensação à perda de receita ocasionada pela prorrogação parcial da desoneração.

Nos últimos dias, a Fazenda levantou suspeitas de uso do Perse para lavagem de dinheiro e outras irregularidades. Arthur Lira, em reação, escalou aliados para cobrar Haddad pela manutenção do benefício para o setor.

BRASÍLIA – Em busca de um acordo em meio ao fogo cruzado entre Executivo e Legislativo, Ministério da Fazenda e o Congresso abriram uma negociação para mudar o prazo e o alcance da reoneração da folha de pagamentos pretendida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 17 setores da economia.

O primeiro recuo do governo, na tentativa de construir um meio-termo, foi aceitar a possibilidade de retirar a reoneração da medida provisória (MP), assinada por Lula no fim do ano passado, e enviar um projeto de lei (PL) para o Congresso com a proposta.

O PL seria enviado em caráter de urgência, ou seja, com prazo de 45 dias para análise (depois disso, tranca a pauta) e podendo ser analisado diretamente nos plenários da Câmara e do Senado. Esse formato daria um poder maior aos parlamentares em comparação à MP, que entra em vigor assim que é editada pelo presidente.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e senadores para conversar sobre medida provisória da reoneração. Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Em relação ao conteúdo do novo projeto, está na mesa de negociação esticar o prazo para a cobrança integral, dando um tempo maior para as empresas se adaptarem. A data, para a reoneração completa, passaria de 2028 para 2029. Segundo apurou o Estadão, a Fazenda estaria disposta a esticar o prazo em um ano.

O novo formato foi tema de reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e senadores na última quarta-feira, 7. Líderes da Câmara cancelaram o encontro que tinham com Haddad, em meio à fala do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) na segunda-feira, cobrando o governo Lula, mas foram informados dos termos em discussão.

“Se ele (Haddad) está disposto a discutir, ele está admitindo um meio-termo: nem o projeto aprovado pelo Congresso, que teve o veto derrubado, nem a medida provisória. Eu fiquei sensibilizado porque os números acabam sendo muito maiores do que a gente previa”, afirmou o senador Cid Gomes (PSB-CE), um dos presentes na reunião.

O regime especial foi criado em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e substitui a contribuição patronal de 20% para a Previdência, que incide sobre os salários, por uma tributação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Desde então, ele vem sendo renovado com o aval do Congresso.

No ano passado, os parlamentares aprovaram a prorrogação do benefício até 2027, com impacto fiscal estimado em R$ 20 bilhões por ano. O projeto foi vetado pelo presidente e, após o Congresso derrubar o veto, foi revogado por uma medida provisória - irritando os parlamentares, que veem um desrespeito à decisão do Legislativo.

A MP, em vigor atualmente, acaba com a desoneração da folha a partir de abril de 2024, mantendo uma cobrança escalonada somente até o valor de um salário mínimo até 2027. Ou seja, se o trabalhador receber, por exemplo, o equivalente a cinco salários mínimos, o desconto valerá somente sobre o primeiro salário. A partir de 2028, as empresas passariam a pagar a alíquota integral.

Os parlamentares, porém, pleiteiam que esse escalonamento seja válido para todo o valor pago pelas empresas aos empregados, e não apenas até um salário mínimo. Procurada, a Fazenda não se manifestou sobre o tema.

De acordo com líderes do Congresso, as mudanças - de prazo e escopo do desconto - podem diminuir as resistências à reoneração. “O que está sendo negociado é que a toda reoneração seria feita de forma escalonada ao longo dos anos até 2028, podendo ser até 2029. Apesar das resistências, as mudanças se tornaram em uma matéria a ser discutida”, afirmou o deputado Mauro Benevides Filho (CE), vice-líder do PDT na Câmara e um dos interlocutores da Casa junto ao Ministério da Fazenda.

“Se o projeto de lei vier da mesma forma da Medida Provisória, aumenta a chance de nova derrota do governo referente ao tema”, afirmou o senador Efraim Filho (União-PB), autor do projeto da desoneração aprovado no ano passado.

Entre as alternativas que chegaram a ser aventadas, o adiamento do início da reoneração - ou seja, deixar de começar a cobrança gradual ainda neste ano - está descartado pela Fazenda, segundo apurou a reportagem.

Fatiamento

Na terça-feira, o ministro Fernando Haddad reforçou que avalia tratar a reoneração da folha via projeto de lei com urgência constitucional, mas vinculou qualquer acordo ao aval do presidente Lula.

Nesse fatiamento, ainda há dúvidas sobre onde ficaria a questão do benefício previdenciário às prefeituras, que foi incluído pelo Congresso: se no projeto de lei, junto com a reoneração da folha, ou na MP.

Pela Fazenda, também ficariam na MP a limitação a compensações de créditos obtidos por decisão judicial e a revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), alvo de disputa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Esses dois projetos vão funcionar como a compensação à perda de receita ocasionada pela prorrogação parcial da desoneração.

Nos últimos dias, a Fazenda levantou suspeitas de uso do Perse para lavagem de dinheiro e outras irregularidades. Arthur Lira, em reação, escalou aliados para cobrar Haddad pela manutenção do benefício para o setor.

BRASÍLIA – Em busca de um acordo em meio ao fogo cruzado entre Executivo e Legislativo, Ministério da Fazenda e o Congresso abriram uma negociação para mudar o prazo e o alcance da reoneração da folha de pagamentos pretendida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 17 setores da economia.

O primeiro recuo do governo, na tentativa de construir um meio-termo, foi aceitar a possibilidade de retirar a reoneração da medida provisória (MP), assinada por Lula no fim do ano passado, e enviar um projeto de lei (PL) para o Congresso com a proposta.

O PL seria enviado em caráter de urgência, ou seja, com prazo de 45 dias para análise (depois disso, tranca a pauta) e podendo ser analisado diretamente nos plenários da Câmara e do Senado. Esse formato daria um poder maior aos parlamentares em comparação à MP, que entra em vigor assim que é editada pelo presidente.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e senadores para conversar sobre medida provisória da reoneração. Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Em relação ao conteúdo do novo projeto, está na mesa de negociação esticar o prazo para a cobrança integral, dando um tempo maior para as empresas se adaptarem. A data, para a reoneração completa, passaria de 2028 para 2029. Segundo apurou o Estadão, a Fazenda estaria disposta a esticar o prazo em um ano.

O novo formato foi tema de reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e senadores na última quarta-feira, 7. Líderes da Câmara cancelaram o encontro que tinham com Haddad, em meio à fala do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) na segunda-feira, cobrando o governo Lula, mas foram informados dos termos em discussão.

“Se ele (Haddad) está disposto a discutir, ele está admitindo um meio-termo: nem o projeto aprovado pelo Congresso, que teve o veto derrubado, nem a medida provisória. Eu fiquei sensibilizado porque os números acabam sendo muito maiores do que a gente previa”, afirmou o senador Cid Gomes (PSB-CE), um dos presentes na reunião.

O regime especial foi criado em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e substitui a contribuição patronal de 20% para a Previdência, que incide sobre os salários, por uma tributação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Desde então, ele vem sendo renovado com o aval do Congresso.

No ano passado, os parlamentares aprovaram a prorrogação do benefício até 2027, com impacto fiscal estimado em R$ 20 bilhões por ano. O projeto foi vetado pelo presidente e, após o Congresso derrubar o veto, foi revogado por uma medida provisória - irritando os parlamentares, que veem um desrespeito à decisão do Legislativo.

A MP, em vigor atualmente, acaba com a desoneração da folha a partir de abril de 2024, mantendo uma cobrança escalonada somente até o valor de um salário mínimo até 2027. Ou seja, se o trabalhador receber, por exemplo, o equivalente a cinco salários mínimos, o desconto valerá somente sobre o primeiro salário. A partir de 2028, as empresas passariam a pagar a alíquota integral.

Os parlamentares, porém, pleiteiam que esse escalonamento seja válido para todo o valor pago pelas empresas aos empregados, e não apenas até um salário mínimo. Procurada, a Fazenda não se manifestou sobre o tema.

De acordo com líderes do Congresso, as mudanças - de prazo e escopo do desconto - podem diminuir as resistências à reoneração. “O que está sendo negociado é que a toda reoneração seria feita de forma escalonada ao longo dos anos até 2028, podendo ser até 2029. Apesar das resistências, as mudanças se tornaram em uma matéria a ser discutida”, afirmou o deputado Mauro Benevides Filho (CE), vice-líder do PDT na Câmara e um dos interlocutores da Casa junto ao Ministério da Fazenda.

“Se o projeto de lei vier da mesma forma da Medida Provisória, aumenta a chance de nova derrota do governo referente ao tema”, afirmou o senador Efraim Filho (União-PB), autor do projeto da desoneração aprovado no ano passado.

Entre as alternativas que chegaram a ser aventadas, o adiamento do início da reoneração - ou seja, deixar de começar a cobrança gradual ainda neste ano - está descartado pela Fazenda, segundo apurou a reportagem.

Fatiamento

Na terça-feira, o ministro Fernando Haddad reforçou que avalia tratar a reoneração da folha via projeto de lei com urgência constitucional, mas vinculou qualquer acordo ao aval do presidente Lula.

Nesse fatiamento, ainda há dúvidas sobre onde ficaria a questão do benefício previdenciário às prefeituras, que foi incluído pelo Congresso: se no projeto de lei, junto com a reoneração da folha, ou na MP.

Pela Fazenda, também ficariam na MP a limitação a compensações de créditos obtidos por decisão judicial e a revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), alvo de disputa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Esses dois projetos vão funcionar como a compensação à perda de receita ocasionada pela prorrogação parcial da desoneração.

Nos últimos dias, a Fazenda levantou suspeitas de uso do Perse para lavagem de dinheiro e outras irregularidades. Arthur Lira, em reação, escalou aliados para cobrar Haddad pela manutenção do benefício para o setor.

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