O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa dos Fed Funds em 25 pontos-base (pb), para a faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano, em comunicado pós reunião de política monetária divulgado nesta quarta-feira, 1. A decisão foi unânime e está em linha com as expectativas do mercado.
O Fed ainda elevou a taxa de juros paga sobre saldo de reserva de 4,4% para 4,65%, decisão que entra em vigor a partir de amanhã, e a taxa de desconto em 25 pontos-base, para 4,75% ao ano.
Na economia americana ou aqui, um aumento dos juros encarece o crédito e o custo da dívida pública. Com um financiamento mais caro, empresas podem também passar a investir menos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda.
Além disso, juros mais altos nos EUA elevam a atratividade de se investir na segura renda fixa norte-americana, o que tende a aumentar o ingresso de recursos na maior economia do mundo e, consequentemente, valorizar o dólar frente a outras moedas.
Inflação ‘bem acima’ da meta
O presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que a inflação segue “bem acima” da meta de longo prazo da autoridade monetária, de 2% ao ano. Admitiu, porém, que os dados do custo de vida nos Estados Unidos dos últimos três meses mostram uma “redução bem-vinda” no ritmo mensal de aumentos do indicador.
“E, embora os desenvolvimentos recentes sejam encorajadores, precisaremos de muito mais evidências para ter certeza de que a inflação está em uma trajetória descendente sustentada”, disse Powell, em coletiva de imprensa, nesta tarde, mencionando uma desaceleração no mercado de trabalho, mas que ainda segue em desequilíbrio.
Segundo ele, apesar de os preços ainda estarem elevados, as expectativas de inflação parecem permanecer “bem ancoradas”. Ponderou que isso “não é motivo para complacência”.
“Embora a inflação tenha moderado recentemente, continua muito alta”, avaliou o presidente do BC, que alertou ainda para o risco de expectativas de inflação mais altas se tornem sólidas na economia norte-americana.
Melhor análise de dados
Jerome Powell também afirmou que a desaceleração no ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos vai permitir uma melhor análise dos dados da maior economia do mundo. As decisões serão tomadas a cada reunião, considerando os dados, a situação da economia e a inflação, afirmou ele, descartando projeções futuras ao mercado.
“A mudança para um ritmo mais lento permitirá que o Comitê avalie melhor o progresso da economia em direção aos nossos objetivos conforme determinamos a extensão dos aumentos futuros que serão necessários para atingir uma postura suficientemente restritiva”, afirmou Powell, em coletiva de imprensa.
O presidente do BC dos EUA disse ainda que têm sido tomadas medidas enérgicas para conter a demanda no país. “Nosso foco principal é usar nossas ferramentas para trazer a inflação de volta à nossa meta de 2% e manter as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas”, justificou.
Powell voltou a defender que a história advoga contra um relaxamento monetário prematuro. Para ele, a despeito dos aumentos de juros, os EUA ainda não estão em um “nível suficientemente restritivo de política monetária”. Alertou ainda que a redução da inflação provavelmente exigirá um período de “crescimento abaixo da tendência” e “algum abrandamento” das condições do mercado de trabalho norte-americano.
“Restaurar a estabilidade de preços é essencial para preparar o terreno para alcançar o emprego máximo e preços estáveis no longo prazo”, concluiu o presidente do Fed, em sua primeira fala a jornalistas após novo aumento de juros, anunciado nesta tarde.