Economia e políticas públicas

Opinião|Decifrando a inflação da pandemia


Bernanke e Blanchard, dois dos mais respeitados macroeconomistas do mundo, fazem estudo sobre causas da inflação pós-Covid e na sequência o segundo vai ao Twitter alertar que suas conclusões não são tão róseas como alguns interpretaram.

Por Fernando Dantas

Dois dos macroeconomistas mais respeitados do mundo, Ben Bernanke, ex-chairman do Fed (BC americano) e Olivier Blanchard, ex-economista chefe do FMI, acabam de publicar um artigo acadêmico em que tentam examinar a natureza do episódio inflacionário nos Estados Unidos (e que ocorreu também em boa parte do mundo) associado à pandemia.

Os dois acadêmicos especificam e estimam um modelo dinâmico simples de preços, salários e expectativas de inflação de curto prazo e de longo prazo. Dessa forma, analisam os efeitos diretos e indiretos dos choques pandêmicos em preços e salários.

De forma bem resumida, os dois concluem que a disparada da inflação em 2021 deveu-se a choques de preços (e não pressões salariais), com alta de commodities e problemas setoriais de oferta. Mas, por outro lado, eles veem os impactos atuais do mercado de trabalho superaquecido nos salários e inflação como mais persistentes que os efeitos dos choques de preços, levando à necessidade de equilibrar melhor a demanda e a oferta de trabalhadores.

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Blanchard, aparentemente, julgou que a recepção do seu paper com Bernanke acabou tendo um sabor muito "dovish" (menos preocupado com a inflação), porque foi ontem (25/5) ao Twitter esclarecer melhor quais eram as principais mensagens do trabalho.

Ele quer deixar claro que não concorda com ideias como a de que seu trabalho com Bernanke mostra que a demanda teve um papel pequeno no episódio inflacionário atual ou que "não há razão para se preocupar".

Numa série de postagens, ele de início aponta que a inflação nos Estados Unidos, pelo menos até a invasão da Ucrânia, derivou primariamente da demanda turbinada pelos pacotes de fiscais de apoio a famílias e empresas da pandemia. Isso foi reforçado pelo desvio de consumo de serviços para bens e pelos problemas nas cadeias logísticas e de oferta de produtos.

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Houve preocupação inicial de que, com os pacotes fiscais, a inflação iria subir por causa de pressões salariais, mas, na verdade, a alta veio por causa de choques de preços não ligados a salário.

Mas isso não quer dizer que essa inflação não tenha sido basicamente de demanda. Blanchard observa que o fato de que houve alta generalizada de commodities aponta um aumento global de demanda que fez subir o preço de energia e de alimentos.

E, enquanto a inflação cheia foi puxada basicamente por choques de preços, num segundo plano o sobreaquecimento do mercado de trabalho tem levado a uma inflação salarial persistente, tanto pela via direta como pelo efeito nas expectativas inflacionárias.

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Por outro lado, Blanchard nota que a reação das expectativas inflacionárias à alta da inflação foi similar à do período pré-Covid, e a relação entre taxa de desemprego e inflação também se manteve. Os efeitos de segunda ordem dos choques de preços de energia e alimentos nos preços de outros produtos e nos salários foi fraco, indicando expectativas inflacionárias ancoradas e tentativas limitadas dos trabalhadores de recompor seu poder de compra.

Mas o economista considera que, à medida que os choques de preços vão se dissipando, o foco deve voltar ao mercado de trabalho, no qual a alta forte dos salários reflete sobreaquecimento e alguma elevação de expectativas inflacionárias.

Blanchard reforça que um dos pontos dele e de Bernanke é a necessidade de uma redução substancial da razão entre vagas ofertadas no mercado de trabalho e taxa de desemprego.

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O primeiro indicador do mercado de trabalho mencionado acima é pelo lado da demanda por trabalhadores, uma dimensão muito acompanhada nos Estados Unidos. Se há muita demanda por trabalhadores, isto é, muitas vagas sendo abertas que as empresas têm dificuldade em preencher, é natural que isso eleve salários.

A pandemia piorou um pouco o funcionamento do mercado de trabalho. Desemprego em nível maior convive com determinado número de vagas abertas, como se os desempregados não estivessem conseguindo "achar" as vagas (ou as empresas não estivessem conseguindo achar os desempregados em busca de ocupação). Com isso, é preciso esfriar mais o mercado de trabalho e levar o desemprego até um nível mais alto para conseguir fazer com que a demanda por trabalhadores caia até um nível equilibrado.

Olhando à frente, Bernanke observa que, se aquela piora no funcionamento do mercado de trabalho se reverter, é possível que a demanda por trabalhadores esfrie para um mesmo nível dado de desemprego. Se essa reversão ocorrer, o "custo" em desemprego para esfriar o mercado de trabalho americano superaquecido e seus efeitos inflacionários será menor. Se não ocorrer, maior.

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Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/5/2023, sexta-feira.

Dois dos macroeconomistas mais respeitados do mundo, Ben Bernanke, ex-chairman do Fed (BC americano) e Olivier Blanchard, ex-economista chefe do FMI, acabam de publicar um artigo acadêmico em que tentam examinar a natureza do episódio inflacionário nos Estados Unidos (e que ocorreu também em boa parte do mundo) associado à pandemia.

Os dois acadêmicos especificam e estimam um modelo dinâmico simples de preços, salários e expectativas de inflação de curto prazo e de longo prazo. Dessa forma, analisam os efeitos diretos e indiretos dos choques pandêmicos em preços e salários.

De forma bem resumida, os dois concluem que a disparada da inflação em 2021 deveu-se a choques de preços (e não pressões salariais), com alta de commodities e problemas setoriais de oferta. Mas, por outro lado, eles veem os impactos atuais do mercado de trabalho superaquecido nos salários e inflação como mais persistentes que os efeitos dos choques de preços, levando à necessidade de equilibrar melhor a demanda e a oferta de trabalhadores.

Blanchard, aparentemente, julgou que a recepção do seu paper com Bernanke acabou tendo um sabor muito "dovish" (menos preocupado com a inflação), porque foi ontem (25/5) ao Twitter esclarecer melhor quais eram as principais mensagens do trabalho.

Ele quer deixar claro que não concorda com ideias como a de que seu trabalho com Bernanke mostra que a demanda teve um papel pequeno no episódio inflacionário atual ou que "não há razão para se preocupar".

Numa série de postagens, ele de início aponta que a inflação nos Estados Unidos, pelo menos até a invasão da Ucrânia, derivou primariamente da demanda turbinada pelos pacotes de fiscais de apoio a famílias e empresas da pandemia. Isso foi reforçado pelo desvio de consumo de serviços para bens e pelos problemas nas cadeias logísticas e de oferta de produtos.

Houve preocupação inicial de que, com os pacotes fiscais, a inflação iria subir por causa de pressões salariais, mas, na verdade, a alta veio por causa de choques de preços não ligados a salário.

Mas isso não quer dizer que essa inflação não tenha sido basicamente de demanda. Blanchard observa que o fato de que houve alta generalizada de commodities aponta um aumento global de demanda que fez subir o preço de energia e de alimentos.

E, enquanto a inflação cheia foi puxada basicamente por choques de preços, num segundo plano o sobreaquecimento do mercado de trabalho tem levado a uma inflação salarial persistente, tanto pela via direta como pelo efeito nas expectativas inflacionárias.

Por outro lado, Blanchard nota que a reação das expectativas inflacionárias à alta da inflação foi similar à do período pré-Covid, e a relação entre taxa de desemprego e inflação também se manteve. Os efeitos de segunda ordem dos choques de preços de energia e alimentos nos preços de outros produtos e nos salários foi fraco, indicando expectativas inflacionárias ancoradas e tentativas limitadas dos trabalhadores de recompor seu poder de compra.

Mas o economista considera que, à medida que os choques de preços vão se dissipando, o foco deve voltar ao mercado de trabalho, no qual a alta forte dos salários reflete sobreaquecimento e alguma elevação de expectativas inflacionárias.

Blanchard reforça que um dos pontos dele e de Bernanke é a necessidade de uma redução substancial da razão entre vagas ofertadas no mercado de trabalho e taxa de desemprego.

O primeiro indicador do mercado de trabalho mencionado acima é pelo lado da demanda por trabalhadores, uma dimensão muito acompanhada nos Estados Unidos. Se há muita demanda por trabalhadores, isto é, muitas vagas sendo abertas que as empresas têm dificuldade em preencher, é natural que isso eleve salários.

A pandemia piorou um pouco o funcionamento do mercado de trabalho. Desemprego em nível maior convive com determinado número de vagas abertas, como se os desempregados não estivessem conseguindo "achar" as vagas (ou as empresas não estivessem conseguindo achar os desempregados em busca de ocupação). Com isso, é preciso esfriar mais o mercado de trabalho e levar o desemprego até um nível mais alto para conseguir fazer com que a demanda por trabalhadores caia até um nível equilibrado.

Olhando à frente, Bernanke observa que, se aquela piora no funcionamento do mercado de trabalho se reverter, é possível que a demanda por trabalhadores esfrie para um mesmo nível dado de desemprego. Se essa reversão ocorrer, o "custo" em desemprego para esfriar o mercado de trabalho americano superaquecido e seus efeitos inflacionários será menor. Se não ocorrer, maior.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/5/2023, sexta-feira.

Dois dos macroeconomistas mais respeitados do mundo, Ben Bernanke, ex-chairman do Fed (BC americano) e Olivier Blanchard, ex-economista chefe do FMI, acabam de publicar um artigo acadêmico em que tentam examinar a natureza do episódio inflacionário nos Estados Unidos (e que ocorreu também em boa parte do mundo) associado à pandemia.

Os dois acadêmicos especificam e estimam um modelo dinâmico simples de preços, salários e expectativas de inflação de curto prazo e de longo prazo. Dessa forma, analisam os efeitos diretos e indiretos dos choques pandêmicos em preços e salários.

De forma bem resumida, os dois concluem que a disparada da inflação em 2021 deveu-se a choques de preços (e não pressões salariais), com alta de commodities e problemas setoriais de oferta. Mas, por outro lado, eles veem os impactos atuais do mercado de trabalho superaquecido nos salários e inflação como mais persistentes que os efeitos dos choques de preços, levando à necessidade de equilibrar melhor a demanda e a oferta de trabalhadores.

Blanchard, aparentemente, julgou que a recepção do seu paper com Bernanke acabou tendo um sabor muito "dovish" (menos preocupado com a inflação), porque foi ontem (25/5) ao Twitter esclarecer melhor quais eram as principais mensagens do trabalho.

Ele quer deixar claro que não concorda com ideias como a de que seu trabalho com Bernanke mostra que a demanda teve um papel pequeno no episódio inflacionário atual ou que "não há razão para se preocupar".

Numa série de postagens, ele de início aponta que a inflação nos Estados Unidos, pelo menos até a invasão da Ucrânia, derivou primariamente da demanda turbinada pelos pacotes de fiscais de apoio a famílias e empresas da pandemia. Isso foi reforçado pelo desvio de consumo de serviços para bens e pelos problemas nas cadeias logísticas e de oferta de produtos.

Houve preocupação inicial de que, com os pacotes fiscais, a inflação iria subir por causa de pressões salariais, mas, na verdade, a alta veio por causa de choques de preços não ligados a salário.

Mas isso não quer dizer que essa inflação não tenha sido basicamente de demanda. Blanchard observa que o fato de que houve alta generalizada de commodities aponta um aumento global de demanda que fez subir o preço de energia e de alimentos.

E, enquanto a inflação cheia foi puxada basicamente por choques de preços, num segundo plano o sobreaquecimento do mercado de trabalho tem levado a uma inflação salarial persistente, tanto pela via direta como pelo efeito nas expectativas inflacionárias.

Por outro lado, Blanchard nota que a reação das expectativas inflacionárias à alta da inflação foi similar à do período pré-Covid, e a relação entre taxa de desemprego e inflação também se manteve. Os efeitos de segunda ordem dos choques de preços de energia e alimentos nos preços de outros produtos e nos salários foi fraco, indicando expectativas inflacionárias ancoradas e tentativas limitadas dos trabalhadores de recompor seu poder de compra.

Mas o economista considera que, à medida que os choques de preços vão se dissipando, o foco deve voltar ao mercado de trabalho, no qual a alta forte dos salários reflete sobreaquecimento e alguma elevação de expectativas inflacionárias.

Blanchard reforça que um dos pontos dele e de Bernanke é a necessidade de uma redução substancial da razão entre vagas ofertadas no mercado de trabalho e taxa de desemprego.

O primeiro indicador do mercado de trabalho mencionado acima é pelo lado da demanda por trabalhadores, uma dimensão muito acompanhada nos Estados Unidos. Se há muita demanda por trabalhadores, isto é, muitas vagas sendo abertas que as empresas têm dificuldade em preencher, é natural que isso eleve salários.

A pandemia piorou um pouco o funcionamento do mercado de trabalho. Desemprego em nível maior convive com determinado número de vagas abertas, como se os desempregados não estivessem conseguindo "achar" as vagas (ou as empresas não estivessem conseguindo achar os desempregados em busca de ocupação). Com isso, é preciso esfriar mais o mercado de trabalho e levar o desemprego até um nível mais alto para conseguir fazer com que a demanda por trabalhadores caia até um nível equilibrado.

Olhando à frente, Bernanke observa que, se aquela piora no funcionamento do mercado de trabalho se reverter, é possível que a demanda por trabalhadores esfrie para um mesmo nível dado de desemprego. Se essa reversão ocorrer, o "custo" em desemprego para esfriar o mercado de trabalho americano superaquecido e seus efeitos inflacionários será menor. Se não ocorrer, maior.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/5/2023, sexta-feira.

Dois dos macroeconomistas mais respeitados do mundo, Ben Bernanke, ex-chairman do Fed (BC americano) e Olivier Blanchard, ex-economista chefe do FMI, acabam de publicar um artigo acadêmico em que tentam examinar a natureza do episódio inflacionário nos Estados Unidos (e que ocorreu também em boa parte do mundo) associado à pandemia.

Os dois acadêmicos especificam e estimam um modelo dinâmico simples de preços, salários e expectativas de inflação de curto prazo e de longo prazo. Dessa forma, analisam os efeitos diretos e indiretos dos choques pandêmicos em preços e salários.

De forma bem resumida, os dois concluem que a disparada da inflação em 2021 deveu-se a choques de preços (e não pressões salariais), com alta de commodities e problemas setoriais de oferta. Mas, por outro lado, eles veem os impactos atuais do mercado de trabalho superaquecido nos salários e inflação como mais persistentes que os efeitos dos choques de preços, levando à necessidade de equilibrar melhor a demanda e a oferta de trabalhadores.

Blanchard, aparentemente, julgou que a recepção do seu paper com Bernanke acabou tendo um sabor muito "dovish" (menos preocupado com a inflação), porque foi ontem (25/5) ao Twitter esclarecer melhor quais eram as principais mensagens do trabalho.

Ele quer deixar claro que não concorda com ideias como a de que seu trabalho com Bernanke mostra que a demanda teve um papel pequeno no episódio inflacionário atual ou que "não há razão para se preocupar".

Numa série de postagens, ele de início aponta que a inflação nos Estados Unidos, pelo menos até a invasão da Ucrânia, derivou primariamente da demanda turbinada pelos pacotes de fiscais de apoio a famílias e empresas da pandemia. Isso foi reforçado pelo desvio de consumo de serviços para bens e pelos problemas nas cadeias logísticas e de oferta de produtos.

Houve preocupação inicial de que, com os pacotes fiscais, a inflação iria subir por causa de pressões salariais, mas, na verdade, a alta veio por causa de choques de preços não ligados a salário.

Mas isso não quer dizer que essa inflação não tenha sido basicamente de demanda. Blanchard observa que o fato de que houve alta generalizada de commodities aponta um aumento global de demanda que fez subir o preço de energia e de alimentos.

E, enquanto a inflação cheia foi puxada basicamente por choques de preços, num segundo plano o sobreaquecimento do mercado de trabalho tem levado a uma inflação salarial persistente, tanto pela via direta como pelo efeito nas expectativas inflacionárias.

Por outro lado, Blanchard nota que a reação das expectativas inflacionárias à alta da inflação foi similar à do período pré-Covid, e a relação entre taxa de desemprego e inflação também se manteve. Os efeitos de segunda ordem dos choques de preços de energia e alimentos nos preços de outros produtos e nos salários foi fraco, indicando expectativas inflacionárias ancoradas e tentativas limitadas dos trabalhadores de recompor seu poder de compra.

Mas o economista considera que, à medida que os choques de preços vão se dissipando, o foco deve voltar ao mercado de trabalho, no qual a alta forte dos salários reflete sobreaquecimento e alguma elevação de expectativas inflacionárias.

Blanchard reforça que um dos pontos dele e de Bernanke é a necessidade de uma redução substancial da razão entre vagas ofertadas no mercado de trabalho e taxa de desemprego.

O primeiro indicador do mercado de trabalho mencionado acima é pelo lado da demanda por trabalhadores, uma dimensão muito acompanhada nos Estados Unidos. Se há muita demanda por trabalhadores, isto é, muitas vagas sendo abertas que as empresas têm dificuldade em preencher, é natural que isso eleve salários.

A pandemia piorou um pouco o funcionamento do mercado de trabalho. Desemprego em nível maior convive com determinado número de vagas abertas, como se os desempregados não estivessem conseguindo "achar" as vagas (ou as empresas não estivessem conseguindo achar os desempregados em busca de ocupação). Com isso, é preciso esfriar mais o mercado de trabalho e levar o desemprego até um nível mais alto para conseguir fazer com que a demanda por trabalhadores caia até um nível equilibrado.

Olhando à frente, Bernanke observa que, se aquela piora no funcionamento do mercado de trabalho se reverter, é possível que a demanda por trabalhadores esfrie para um mesmo nível dado de desemprego. Se essa reversão ocorrer, o "custo" em desemprego para esfriar o mercado de trabalho americano superaquecido e seus efeitos inflacionários será menor. Se não ocorrer, maior.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/5/2023, sexta-feira.

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