Economia e políticas públicas

Opinião|Inflação incomoda e câmbio pressiona


IPCA-15 de novembro veio próximo ao teto das projeções e complicou mais a vida do Banco Central. Já há sinais mais consistentes de que a depreciação cambial está pressionando a inflação.

Por Fernando Dantas

A vida do Banco Central (BC) complicou-se mais um pouco com o IPCA-15 de novembro, de 0,62%, bem acima da mediana de 0,49% e perto do teto de 0,64% do Projeções Broadcast.

O economista Fábio Romão, que cuida de inflação na consultoria LCA, elevou sua projeção de IPCA fechado em novembro de 0,2% para 0,33%, e, no ano, de 5,7% para 5,8%. Ele considera provável que haja uma rodada de revisão das projeções de mercado do IPCA de novembro da faixa 2-2,5% para valores de 3% para cima.

O IPCA de novembro deve ficar abaixo do índice em outubro (0,56%) por conta da Black Friday e da mudança da bandeira da energia elétrica de vermelha 2 para amarela, observa Romão. Por outro lado, a alta de 22,56% das passagens aéreas (que se mantém no IPCA fechado do mês) veio muito acima da previsão do economista de 5%.

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No entanto, nota Romão, mesmo excluindo as passagens aéreas, o IPCA-15 de novembro teria ficado em 0,48%, bem acima do 0,33% do mesmo mês em 2023. Na mesma comparação entre o IPCA-15 de novembro de 2023 e de 2024, a média dos núcleos subiu de 0,26% para 0,41%, a dispersão de 52,52% para 57,49% e a inflação subjacente de serviços de 0,22% para 0,45%.

Mas um fator que tem particularmente chamado a atenção de vários analistas são sinais mais claros de impacto da desvalorização do câmbio na alta de preços.

A média móvel trimestral (dessazonalizada e anualizada) do IPCA está em 5,6%, com os bens comercializáveis internacionalmente, sensíveis ao câmbio, em 8,6% e os não comercializáveis em 3,4%. No IPCA-15 de novembro, os bens industriais tiveram inflação de 0,27%, comparado à deflação de 0,15% no mesmo índice de novembro do ano passado.

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O economista Livio Ribeiro, sócio-fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV, nota que, na alta dos bens comercializáveis, é preciso levar em conta a elevação forte do preço da proteína animal, uma tendência internacional, e, com mais força ainda, doméstica - neste caso, na esteira do superabate de animais em função de problemas climáticos. Essa parte da alta dos comercializáveis é independente do câmbio.

Feita essa ressalva, Ribeiro avalia que "o câmbio atrapalha, levando em conta o mercado de trabalho forte e a demanda acima da oferta; nessas condições, a possibilidade de repasse cambial é maior".

Um problema adicional em relação aos bens comercializáveis internacionalmente, segundo o economista, é que, nos Estados Unidos e na Europa, depois de um período de inflação muito baixa ou até deflação no acumulado de 12 meses, os números mais recentes apontam o início de uma reação na direção contrária.

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Obviamente, a disputa tarifária e protecionista para a qual o mundo parece se encaminhar com a eleição de Trump é um vetor de elevação de preços dos produtos comercializáveis.

Romão, da LCA, aponta que bens comercializáveis, e, em particular, os bens duráveis, são mais sensíveis ao efeito altista da depreciação do câmbio. Mas o analista acrescenta que, numa segunda etapa, pode haver efeitos sobre os serviços, e essa é uma das razões pelas quais ele projeta que a inflação de serviços será de 4,6% este ano e aumentará para 5% em 2025.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast e escreve às terças, quartas e sextas-feiras (fojdantas@gmail.com)

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Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/11/2024, terça-feira.

A vida do Banco Central (BC) complicou-se mais um pouco com o IPCA-15 de novembro, de 0,62%, bem acima da mediana de 0,49% e perto do teto de 0,64% do Projeções Broadcast.

O economista Fábio Romão, que cuida de inflação na consultoria LCA, elevou sua projeção de IPCA fechado em novembro de 0,2% para 0,33%, e, no ano, de 5,7% para 5,8%. Ele considera provável que haja uma rodada de revisão das projeções de mercado do IPCA de novembro da faixa 2-2,5% para valores de 3% para cima.

O IPCA de novembro deve ficar abaixo do índice em outubro (0,56%) por conta da Black Friday e da mudança da bandeira da energia elétrica de vermelha 2 para amarela, observa Romão. Por outro lado, a alta de 22,56% das passagens aéreas (que se mantém no IPCA fechado do mês) veio muito acima da previsão do economista de 5%.

No entanto, nota Romão, mesmo excluindo as passagens aéreas, o IPCA-15 de novembro teria ficado em 0,48%, bem acima do 0,33% do mesmo mês em 2023. Na mesma comparação entre o IPCA-15 de novembro de 2023 e de 2024, a média dos núcleos subiu de 0,26% para 0,41%, a dispersão de 52,52% para 57,49% e a inflação subjacente de serviços de 0,22% para 0,45%.

Mas um fator que tem particularmente chamado a atenção de vários analistas são sinais mais claros de impacto da desvalorização do câmbio na alta de preços.

A média móvel trimestral (dessazonalizada e anualizada) do IPCA está em 5,6%, com os bens comercializáveis internacionalmente, sensíveis ao câmbio, em 8,6% e os não comercializáveis em 3,4%. No IPCA-15 de novembro, os bens industriais tiveram inflação de 0,27%, comparado à deflação de 0,15% no mesmo índice de novembro do ano passado.

O economista Livio Ribeiro, sócio-fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV, nota que, na alta dos bens comercializáveis, é preciso levar em conta a elevação forte do preço da proteína animal, uma tendência internacional, e, com mais força ainda, doméstica - neste caso, na esteira do superabate de animais em função de problemas climáticos. Essa parte da alta dos comercializáveis é independente do câmbio.

Feita essa ressalva, Ribeiro avalia que "o câmbio atrapalha, levando em conta o mercado de trabalho forte e a demanda acima da oferta; nessas condições, a possibilidade de repasse cambial é maior".

Um problema adicional em relação aos bens comercializáveis internacionalmente, segundo o economista, é que, nos Estados Unidos e na Europa, depois de um período de inflação muito baixa ou até deflação no acumulado de 12 meses, os números mais recentes apontam o início de uma reação na direção contrária.

Obviamente, a disputa tarifária e protecionista para a qual o mundo parece se encaminhar com a eleição de Trump é um vetor de elevação de preços dos produtos comercializáveis.

Romão, da LCA, aponta que bens comercializáveis, e, em particular, os bens duráveis, são mais sensíveis ao efeito altista da depreciação do câmbio. Mas o analista acrescenta que, numa segunda etapa, pode haver efeitos sobre os serviços, e essa é uma das razões pelas quais ele projeta que a inflação de serviços será de 4,6% este ano e aumentará para 5% em 2025.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast e escreve às terças, quartas e sextas-feiras (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/11/2024, terça-feira.

A vida do Banco Central (BC) complicou-se mais um pouco com o IPCA-15 de novembro, de 0,62%, bem acima da mediana de 0,49% e perto do teto de 0,64% do Projeções Broadcast.

O economista Fábio Romão, que cuida de inflação na consultoria LCA, elevou sua projeção de IPCA fechado em novembro de 0,2% para 0,33%, e, no ano, de 5,7% para 5,8%. Ele considera provável que haja uma rodada de revisão das projeções de mercado do IPCA de novembro da faixa 2-2,5% para valores de 3% para cima.

O IPCA de novembro deve ficar abaixo do índice em outubro (0,56%) por conta da Black Friday e da mudança da bandeira da energia elétrica de vermelha 2 para amarela, observa Romão. Por outro lado, a alta de 22,56% das passagens aéreas (que se mantém no IPCA fechado do mês) veio muito acima da previsão do economista de 5%.

No entanto, nota Romão, mesmo excluindo as passagens aéreas, o IPCA-15 de novembro teria ficado em 0,48%, bem acima do 0,33% do mesmo mês em 2023. Na mesma comparação entre o IPCA-15 de novembro de 2023 e de 2024, a média dos núcleos subiu de 0,26% para 0,41%, a dispersão de 52,52% para 57,49% e a inflação subjacente de serviços de 0,22% para 0,45%.

Mas um fator que tem particularmente chamado a atenção de vários analistas são sinais mais claros de impacto da desvalorização do câmbio na alta de preços.

A média móvel trimestral (dessazonalizada e anualizada) do IPCA está em 5,6%, com os bens comercializáveis internacionalmente, sensíveis ao câmbio, em 8,6% e os não comercializáveis em 3,4%. No IPCA-15 de novembro, os bens industriais tiveram inflação de 0,27%, comparado à deflação de 0,15% no mesmo índice de novembro do ano passado.

O economista Livio Ribeiro, sócio-fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV, nota que, na alta dos bens comercializáveis, é preciso levar em conta a elevação forte do preço da proteína animal, uma tendência internacional, e, com mais força ainda, doméstica - neste caso, na esteira do superabate de animais em função de problemas climáticos. Essa parte da alta dos comercializáveis é independente do câmbio.

Feita essa ressalva, Ribeiro avalia que "o câmbio atrapalha, levando em conta o mercado de trabalho forte e a demanda acima da oferta; nessas condições, a possibilidade de repasse cambial é maior".

Um problema adicional em relação aos bens comercializáveis internacionalmente, segundo o economista, é que, nos Estados Unidos e na Europa, depois de um período de inflação muito baixa ou até deflação no acumulado de 12 meses, os números mais recentes apontam o início de uma reação na direção contrária.

Obviamente, a disputa tarifária e protecionista para a qual o mundo parece se encaminhar com a eleição de Trump é um vetor de elevação de preços dos produtos comercializáveis.

Romão, da LCA, aponta que bens comercializáveis, e, em particular, os bens duráveis, são mais sensíveis ao efeito altista da depreciação do câmbio. Mas o analista acrescenta que, numa segunda etapa, pode haver efeitos sobre os serviços, e essa é uma das razões pelas quais ele projeta que a inflação de serviços será de 4,6% este ano e aumentará para 5% em 2025.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast e escreve às terças, quartas e sextas-feiras (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/11/2024, terça-feira.

A vida do Banco Central (BC) complicou-se mais um pouco com o IPCA-15 de novembro, de 0,62%, bem acima da mediana de 0,49% e perto do teto de 0,64% do Projeções Broadcast.

O economista Fábio Romão, que cuida de inflação na consultoria LCA, elevou sua projeção de IPCA fechado em novembro de 0,2% para 0,33%, e, no ano, de 5,7% para 5,8%. Ele considera provável que haja uma rodada de revisão das projeções de mercado do IPCA de novembro da faixa 2-2,5% para valores de 3% para cima.

O IPCA de novembro deve ficar abaixo do índice em outubro (0,56%) por conta da Black Friday e da mudança da bandeira da energia elétrica de vermelha 2 para amarela, observa Romão. Por outro lado, a alta de 22,56% das passagens aéreas (que se mantém no IPCA fechado do mês) veio muito acima da previsão do economista de 5%.

No entanto, nota Romão, mesmo excluindo as passagens aéreas, o IPCA-15 de novembro teria ficado em 0,48%, bem acima do 0,33% do mesmo mês em 2023. Na mesma comparação entre o IPCA-15 de novembro de 2023 e de 2024, a média dos núcleos subiu de 0,26% para 0,41%, a dispersão de 52,52% para 57,49% e a inflação subjacente de serviços de 0,22% para 0,45%.

Mas um fator que tem particularmente chamado a atenção de vários analistas são sinais mais claros de impacto da desvalorização do câmbio na alta de preços.

A média móvel trimestral (dessazonalizada e anualizada) do IPCA está em 5,6%, com os bens comercializáveis internacionalmente, sensíveis ao câmbio, em 8,6% e os não comercializáveis em 3,4%. No IPCA-15 de novembro, os bens industriais tiveram inflação de 0,27%, comparado à deflação de 0,15% no mesmo índice de novembro do ano passado.

O economista Livio Ribeiro, sócio-fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV, nota que, na alta dos bens comercializáveis, é preciso levar em conta a elevação forte do preço da proteína animal, uma tendência internacional, e, com mais força ainda, doméstica - neste caso, na esteira do superabate de animais em função de problemas climáticos. Essa parte da alta dos comercializáveis é independente do câmbio.

Feita essa ressalva, Ribeiro avalia que "o câmbio atrapalha, levando em conta o mercado de trabalho forte e a demanda acima da oferta; nessas condições, a possibilidade de repasse cambial é maior".

Um problema adicional em relação aos bens comercializáveis internacionalmente, segundo o economista, é que, nos Estados Unidos e na Europa, depois de um período de inflação muito baixa ou até deflação no acumulado de 12 meses, os números mais recentes apontam o início de uma reação na direção contrária.

Obviamente, a disputa tarifária e protecionista para a qual o mundo parece se encaminhar com a eleição de Trump é um vetor de elevação de preços dos produtos comercializáveis.

Romão, da LCA, aponta que bens comercializáveis, e, em particular, os bens duráveis, são mais sensíveis ao efeito altista da depreciação do câmbio. Mas o analista acrescenta que, numa segunda etapa, pode haver efeitos sobre os serviços, e essa é uma das razões pelas quais ele projeta que a inflação de serviços será de 4,6% este ano e aumentará para 5% em 2025.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast e escreve às terças, quartas e sextas-feiras (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/11/2024, terça-feira.

A vida do Banco Central (BC) complicou-se mais um pouco com o IPCA-15 de novembro, de 0,62%, bem acima da mediana de 0,49% e perto do teto de 0,64% do Projeções Broadcast.

O economista Fábio Romão, que cuida de inflação na consultoria LCA, elevou sua projeção de IPCA fechado em novembro de 0,2% para 0,33%, e, no ano, de 5,7% para 5,8%. Ele considera provável que haja uma rodada de revisão das projeções de mercado do IPCA de novembro da faixa 2-2,5% para valores de 3% para cima.

O IPCA de novembro deve ficar abaixo do índice em outubro (0,56%) por conta da Black Friday e da mudança da bandeira da energia elétrica de vermelha 2 para amarela, observa Romão. Por outro lado, a alta de 22,56% das passagens aéreas (que se mantém no IPCA fechado do mês) veio muito acima da previsão do economista de 5%.

No entanto, nota Romão, mesmo excluindo as passagens aéreas, o IPCA-15 de novembro teria ficado em 0,48%, bem acima do 0,33% do mesmo mês em 2023. Na mesma comparação entre o IPCA-15 de novembro de 2023 e de 2024, a média dos núcleos subiu de 0,26% para 0,41%, a dispersão de 52,52% para 57,49% e a inflação subjacente de serviços de 0,22% para 0,45%.

Mas um fator que tem particularmente chamado a atenção de vários analistas são sinais mais claros de impacto da desvalorização do câmbio na alta de preços.

A média móvel trimestral (dessazonalizada e anualizada) do IPCA está em 5,6%, com os bens comercializáveis internacionalmente, sensíveis ao câmbio, em 8,6% e os não comercializáveis em 3,4%. No IPCA-15 de novembro, os bens industriais tiveram inflação de 0,27%, comparado à deflação de 0,15% no mesmo índice de novembro do ano passado.

O economista Livio Ribeiro, sócio-fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV, nota que, na alta dos bens comercializáveis, é preciso levar em conta a elevação forte do preço da proteína animal, uma tendência internacional, e, com mais força ainda, doméstica - neste caso, na esteira do superabate de animais em função de problemas climáticos. Essa parte da alta dos comercializáveis é independente do câmbio.

Feita essa ressalva, Ribeiro avalia que "o câmbio atrapalha, levando em conta o mercado de trabalho forte e a demanda acima da oferta; nessas condições, a possibilidade de repasse cambial é maior".

Um problema adicional em relação aos bens comercializáveis internacionalmente, segundo o economista, é que, nos Estados Unidos e na Europa, depois de um período de inflação muito baixa ou até deflação no acumulado de 12 meses, os números mais recentes apontam o início de uma reação na direção contrária.

Obviamente, a disputa tarifária e protecionista para a qual o mundo parece se encaminhar com a eleição de Trump é um vetor de elevação de preços dos produtos comercializáveis.

Romão, da LCA, aponta que bens comercializáveis, e, em particular, os bens duráveis, são mais sensíveis ao efeito altista da depreciação do câmbio. Mas o analista acrescenta que, numa segunda etapa, pode haver efeitos sobre os serviços, e essa é uma das razões pelas quais ele projeta que a inflação de serviços será de 4,6% este ano e aumentará para 5% em 2025.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast e escreve às terças, quartas e sextas-feiras (fojdantas@gmail.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 26/11/2024, terça-feira.

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