Um pedaço de metal amassado, que um dia foi um carro de corrida da Ferrari, foi vendido em um leilão da RM Sotheby’s na Califórnia, Estados Unidos, por US$ 1,9 milhão (cerca de R$ 9,44 milhões). A peça ficou com o último dono por quase 50 anos.
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Trata-se da lataria do modelo Ferrari 500 Mondial Spider de 1954, um dos 13 exemplos do tipo que já existiram na série de spiders Pininfarina. O carro, de quatro cilindros, foi projetado para rodar em pistas sinuosas com muitas curvas, com um motor menor e mais leve.
Ciente do desafio inerente das pistas sinuosas que não tinham retas longas, a Ferrari designou Aurelio Lampredi para desenvolver um motor de quatro cilindros, que estreou durante o Grande Prêmio de Bari de 1951.
Alberto Ascari, piloto da Ferrari, garantiu os campeonatos mundiais de Fórmula 1 consecutivos de 1952 e 1953 com este modelo, que foi apelidado de 500 Mondial em reconhecimento às vitórias.
Segundo a casa de leilões, esse carro é valorizado hoje por sua importância histórica, estética e desempenho. “O 500 Mondial é um colecionável altamente desejável que é elegível para grandes eventos vintage, justificando sua posição no centro de coleções notáveis em todo o mundo”, disse a RM Sotheby’s em seu site oficial. De acordo com a casa de leilões, uma vez restaurado, o carro tem potencial em concursos, exposições de marca e eventos de corrida vintage.
Histórico
A peça pode ser reconhecida pelo número de chassi 0406 MD, que é exclusivo do segundo Mondial construído. Segundo a casa de leilões, a pesquisa do especialista em marca Marcel Massini, confirmada por cópias das fichas de construção de fábrica, mostra que este Ferrari foi montado em março de 1954 e terminado em tinta Rosso Corsa com um interior de vinil Similpelle Bege.
No mês seguinte, o carro foi vendido por Enzo Ferrari a Franco Cornacchia, o revendedor de carros esportivos com sede em Milão que também comandava a Guastalla, uma das equipes de corrida mais significativas da região.
Em abril de 1954, o carro foi pilotada pelo ex-piloto da fábrica Franco Cortese e pelo co-piloto Perruchini na Coppa della Toscana, terminando em 19º lugar no geral e 2º na classe. Em maio de 1954, Cortese e Perruchini levaram o Mondial a um quarto lugar na classe e 14º no geral na Mille Miglia, após o carro ser re-encarroçado por Scaglietti. Cortese retornou à ação no final de junho, terminando em 8º na corrida da Golden Shell no Grande Prêmio de Imola.
O carro participou de várias corridas desde então, e mudou de mãos ao longo dos anos, competindo e sendo modificado para os padrões da época. Em 1958, o 500 Mondial foi exportado para os Estados Unidos e, quatro anos depois, foi vendido por R.W. Devereau de San Francisco para Hal Rudow de Washington, que competiu com o spider na corrida Evergreen Trophy no Pacific Raceways em outubro de 1962.
Um ano depois, Rudow vendeu o carro para Stanley Surridge, e ele substituiu o motor original por um V-8 americano. Em algum momento ao longo dos dois anos seguintes de atividade de corrida, o Mondial sofreu um acidente e danos pelo fogo. O carro foi vendido sem motor e permaneceu em condição danificada por mais de 45 anos.