FGV: grau de investimento continua distante, apesar de melhora no cenário, dizem economistas


Para participantes do 2º Seminário de Análise Conjuntural, promovido em parceria com o ‘Estadão’, governo Lula assumiu herança favorável de redução da dívida bruta e autonomia do Banco Central

Por Eduardo Laguna
Atualização:

No dia seguinte ao anúncio da S&P Global de melhora na perspectiva, agora positiva, para a nota de crédito do Brasil, pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) relacionaram a revisão à herança das reformas realizadas nos últimos anos e apontaram uma melhora de ambiente tanto doméstico quanto internacional. Porém, mostraram ceticismo quanto a possibilidade de o Brasil recuperar o grau de investimento.

Durante o 2º Seminário de Análise Conjuntural, evento promovido em parceria com o Estadão, Silvia Maria Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), observou que houve uma diminuição do risco de o governo investir em políticas equivocadas, bem como dificuldade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reverter reformas como a autonomia do Banco Central (BC) e o marco do saneamento.

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Ela acrescentou que vê um viés positivo nos mercados globais, dado o maior otimismo de que os Estados Unidos conseguirão combater a inflação “sem tanta dor”. Silvia Matos ponderou que, com a tendência de crescimento da economia brasileira inferior a 2%, baixa taxa de investimentos e déficits primários, será difícil o Brasil voltar a ter “investment grade”. “Melhorou um pouco, mas estamos muito distante”, comentou.

Em avaliação parecida, Armando Castelar, pesquisador associado do Ibre/FGV, apontou um momento de transição, no qual as incertezas domésticas estão sendo resolvidas de maneira favorável, enquanto Estados Unidos e Europa se aproximam do fim do ciclo de alta dos juros.

Para Castelar, o governo assumiu com uma herança favorável de redução da dívida bruta e autonomia do BC, que permitiu ao País resistir à pressão de Lula por corte dos juros. “A notícia de ontem (quarta-feira) reflete muito as reformas dos governos anteriores. A gente está se beneficiando de coisas feitas no passado que não foram alteradas, apesar da pressão do governo atual”, avaliou o pesquisador.

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Fernando Haddad e outros representantes do Ministério da Fazenda celebraram a mudança na perspectiva Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda

Em sua intervenção, José Júlio Senna, chefe do centro de estudos monetários do Ibre, considerou que a revisão de perspectiva pela S&P serve para mostrar a eficiência da ortodoxia na política econômica. Ele citou o fim dos subsídios das taxas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a privatização da Eletrobras entre as iniciativas que começam a ter efeitos na percepção de risco, ao mesmo tempo em que o governo teve derrota na tentativa de mudar o marco do saneamento e o BC resiste aos ataques contra sua autonomia. “Está ficando claro que funciona. É nisso que o governo tem que focar”, afirmou Senna.

Corte na Selic

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Com a proximidade da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que no próximo dia 29 deve deliberar sobre a meta de inflação, o BC não terá motivo para adiar a redução da taxa Selic na reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) de agosto se o objetivo central for mantido em 3%.

A avaliação foi feita por José Júlio Senna durante o evento. O economista vê como decisão provável no próximo encontro do CMN a manutenção do centro da meta de inflação em 3% nos próximos dois anos, com a escolha por uma meta contínua a partir de 2026. Se for o caso, as expectativas de inflação devem melhorar.

“Não vejo motivo para o BC não reduzir os juros em agosto se isso acontecer. As coisas vão ficar melhores”, assinalou Senna, acrescentando que, caso o CMN não suba a meta, haverá espaço para um ciclo continuado de redução dos juros.

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Para Silvia Matos, o governo vem tentando estimular a economia com impulsos fiscais — como desonerações e aumento de gastos sociais —, mas indicadores de atividade mostram que o aperto monetário está funcionando.

Ela prevê uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, dada a menor contribuição da agropecuária, que puxou a atividade no primeiro trimestre, e desaceleração do setor de serviços.

A coordenadora do Boletim Macro observa ainda que os investimentos já recuam há dois trimestres seguidos, num reflexo da menor absorção de máquinas e equipamentos. “Se o governo quiser acelerar mais a economia, a inflação ficará mais resistente no futuro”, pondera.

No dia seguinte ao anúncio da S&P Global de melhora na perspectiva, agora positiva, para a nota de crédito do Brasil, pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) relacionaram a revisão à herança das reformas realizadas nos últimos anos e apontaram uma melhora de ambiente tanto doméstico quanto internacional. Porém, mostraram ceticismo quanto a possibilidade de o Brasil recuperar o grau de investimento.

Durante o 2º Seminário de Análise Conjuntural, evento promovido em parceria com o Estadão, Silvia Maria Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), observou que houve uma diminuição do risco de o governo investir em políticas equivocadas, bem como dificuldade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reverter reformas como a autonomia do Banco Central (BC) e o marco do saneamento.

Ela acrescentou que vê um viés positivo nos mercados globais, dado o maior otimismo de que os Estados Unidos conseguirão combater a inflação “sem tanta dor”. Silvia Matos ponderou que, com a tendência de crescimento da economia brasileira inferior a 2%, baixa taxa de investimentos e déficits primários, será difícil o Brasil voltar a ter “investment grade”. “Melhorou um pouco, mas estamos muito distante”, comentou.

Em avaliação parecida, Armando Castelar, pesquisador associado do Ibre/FGV, apontou um momento de transição, no qual as incertezas domésticas estão sendo resolvidas de maneira favorável, enquanto Estados Unidos e Europa se aproximam do fim do ciclo de alta dos juros.

Para Castelar, o governo assumiu com uma herança favorável de redução da dívida bruta e autonomia do BC, que permitiu ao País resistir à pressão de Lula por corte dos juros. “A notícia de ontem (quarta-feira) reflete muito as reformas dos governos anteriores. A gente está se beneficiando de coisas feitas no passado que não foram alteradas, apesar da pressão do governo atual”, avaliou o pesquisador.

Fernando Haddad e outros representantes do Ministério da Fazenda celebraram a mudança na perspectiva Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda

Em sua intervenção, José Júlio Senna, chefe do centro de estudos monetários do Ibre, considerou que a revisão de perspectiva pela S&P serve para mostrar a eficiência da ortodoxia na política econômica. Ele citou o fim dos subsídios das taxas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a privatização da Eletrobras entre as iniciativas que começam a ter efeitos na percepção de risco, ao mesmo tempo em que o governo teve derrota na tentativa de mudar o marco do saneamento e o BC resiste aos ataques contra sua autonomia. “Está ficando claro que funciona. É nisso que o governo tem que focar”, afirmou Senna.

Corte na Selic

Com a proximidade da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que no próximo dia 29 deve deliberar sobre a meta de inflação, o BC não terá motivo para adiar a redução da taxa Selic na reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) de agosto se o objetivo central for mantido em 3%.

A avaliação foi feita por José Júlio Senna durante o evento. O economista vê como decisão provável no próximo encontro do CMN a manutenção do centro da meta de inflação em 3% nos próximos dois anos, com a escolha por uma meta contínua a partir de 2026. Se for o caso, as expectativas de inflação devem melhorar.

“Não vejo motivo para o BC não reduzir os juros em agosto se isso acontecer. As coisas vão ficar melhores”, assinalou Senna, acrescentando que, caso o CMN não suba a meta, haverá espaço para um ciclo continuado de redução dos juros.

Para Silvia Matos, o governo vem tentando estimular a economia com impulsos fiscais — como desonerações e aumento de gastos sociais —, mas indicadores de atividade mostram que o aperto monetário está funcionando.

Ela prevê uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, dada a menor contribuição da agropecuária, que puxou a atividade no primeiro trimestre, e desaceleração do setor de serviços.

A coordenadora do Boletim Macro observa ainda que os investimentos já recuam há dois trimestres seguidos, num reflexo da menor absorção de máquinas e equipamentos. “Se o governo quiser acelerar mais a economia, a inflação ficará mais resistente no futuro”, pondera.

No dia seguinte ao anúncio da S&P Global de melhora na perspectiva, agora positiva, para a nota de crédito do Brasil, pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) relacionaram a revisão à herança das reformas realizadas nos últimos anos e apontaram uma melhora de ambiente tanto doméstico quanto internacional. Porém, mostraram ceticismo quanto a possibilidade de o Brasil recuperar o grau de investimento.

Durante o 2º Seminário de Análise Conjuntural, evento promovido em parceria com o Estadão, Silvia Maria Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), observou que houve uma diminuição do risco de o governo investir em políticas equivocadas, bem como dificuldade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reverter reformas como a autonomia do Banco Central (BC) e o marco do saneamento.

Ela acrescentou que vê um viés positivo nos mercados globais, dado o maior otimismo de que os Estados Unidos conseguirão combater a inflação “sem tanta dor”. Silvia Matos ponderou que, com a tendência de crescimento da economia brasileira inferior a 2%, baixa taxa de investimentos e déficits primários, será difícil o Brasil voltar a ter “investment grade”. “Melhorou um pouco, mas estamos muito distante”, comentou.

Em avaliação parecida, Armando Castelar, pesquisador associado do Ibre/FGV, apontou um momento de transição, no qual as incertezas domésticas estão sendo resolvidas de maneira favorável, enquanto Estados Unidos e Europa se aproximam do fim do ciclo de alta dos juros.

Para Castelar, o governo assumiu com uma herança favorável de redução da dívida bruta e autonomia do BC, que permitiu ao País resistir à pressão de Lula por corte dos juros. “A notícia de ontem (quarta-feira) reflete muito as reformas dos governos anteriores. A gente está se beneficiando de coisas feitas no passado que não foram alteradas, apesar da pressão do governo atual”, avaliou o pesquisador.

Fernando Haddad e outros representantes do Ministério da Fazenda celebraram a mudança na perspectiva Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda

Em sua intervenção, José Júlio Senna, chefe do centro de estudos monetários do Ibre, considerou que a revisão de perspectiva pela S&P serve para mostrar a eficiência da ortodoxia na política econômica. Ele citou o fim dos subsídios das taxas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a privatização da Eletrobras entre as iniciativas que começam a ter efeitos na percepção de risco, ao mesmo tempo em que o governo teve derrota na tentativa de mudar o marco do saneamento e o BC resiste aos ataques contra sua autonomia. “Está ficando claro que funciona. É nisso que o governo tem que focar”, afirmou Senna.

Corte na Selic

Com a proximidade da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que no próximo dia 29 deve deliberar sobre a meta de inflação, o BC não terá motivo para adiar a redução da taxa Selic na reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) de agosto se o objetivo central for mantido em 3%.

A avaliação foi feita por José Júlio Senna durante o evento. O economista vê como decisão provável no próximo encontro do CMN a manutenção do centro da meta de inflação em 3% nos próximos dois anos, com a escolha por uma meta contínua a partir de 2026. Se for o caso, as expectativas de inflação devem melhorar.

“Não vejo motivo para o BC não reduzir os juros em agosto se isso acontecer. As coisas vão ficar melhores”, assinalou Senna, acrescentando que, caso o CMN não suba a meta, haverá espaço para um ciclo continuado de redução dos juros.

Para Silvia Matos, o governo vem tentando estimular a economia com impulsos fiscais — como desonerações e aumento de gastos sociais —, mas indicadores de atividade mostram que o aperto monetário está funcionando.

Ela prevê uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, dada a menor contribuição da agropecuária, que puxou a atividade no primeiro trimestre, e desaceleração do setor de serviços.

A coordenadora do Boletim Macro observa ainda que os investimentos já recuam há dois trimestres seguidos, num reflexo da menor absorção de máquinas e equipamentos. “Se o governo quiser acelerar mais a economia, a inflação ficará mais resistente no futuro”, pondera.

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