Soja deve responder por 22% do crescimento do PIB de 2023 e ampliar desigualdade regional, diz FGV


Desempenho extraordinário do agro sinaliza concentração de parte expressiva da riqueza gerada no País em poucos Estados produtores de grãos, dizem pesquisadores

Por Daniela Amorim

RIO - O crescimento maior que o previsto inicialmente para a atividade econômica neste ano não deve se traduzir em bem-estar disseminado pelo território brasileiro. Apenas o cultivo de soja deve responder por 22% de todo o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, sinalizando uma concentração de parte expressiva da riqueza gerada no País em poucos Estados produtores do grão, apontou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

“As regiões mais pobres são as que menos se beneficiam. As que mais se beneficiam são as regiões mais ricas mesmo”, apontou Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do Ibre/FGV.

“Quando você vê que a agropecuária vai puxar o PIB do ano, você pensa: ok, mas vai contribuir onde? Não é no Nordeste. O Nordeste não vai contribuir nada. Isso até amplia um pouco essa questão da desigualdade regional”, complementou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB da FGV. “Não é tão bom quanto parece, não está puxando (o PIB) da mesma forma em todos os lugares”, acrescentou.

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Com um avanço de 18,8%, a agropecuária respondeu por mais de 30% do expressivo crescimento de 4,0% visto no PIB no primeiro trimestre de 2023 ante o mesmo período de 2022, conforme os dados divulgados no início deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se excluído o valor adicionado da atividade agropecuária, a expansão da economia brasileira teria sido de 2,7% no período, calculou o Ibre/FGV.

O desempenho extraordinário do agro é explicado, principalmente, pelo cultivo de soja, destacando a relevância das regiões Sul e Centro-Oeste nesse resultado. O estudo mostra que essa aparente pujança não apenas está muito focada na atividade agropecuária, como também há alta concentração do cultivo da soja nessas duas regiões.

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Produção nacional de soja é concentrada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás Foto: Vivi Zanatta/AE

“Tal resultado acende o alerta para a fragilidade do crescimento da economia em 2023; com forte influência da agropecuária concentrada em duas regiões”, explicita o estudo do Ibre/FGV.

Os pesquisadores estimam que o valor adicionado da atividade agropecuária suba 10,3% em 2023 em relação a 2022. Mais de 80% desse resultado será decorrente do cultivo de soja.

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A projeção tem como base a expectativa de uma produção nacional recorde de soja, 24% maior que a do ano anterior, apontada pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, também do IBGE, entre outras fontes de informações sobre o setor.

A previsão dos pesquisadores do Ibre/FGV indica que a agropecuária deva contribuir com cerca de 0,7 ponto porcentual para o crescimento do PIB de 2023, sendo que o valor adicionado apenas do cultivo de soja deva gerar uma contribuição em torno de 0,5 ponto porcentual. O último Boletim Focus do Banco Central, que traz semanalmente as projeções de economistas de mercado para o PIB, aumentou a expectativa mediana de alta para a atividade econômica neste ano de 1,84% na leitura anterior para 2,14% nesta segunda-feira, 19.

“Caso a atual expectativa de PIB do Focus para 2023 seja confirmada (2,1%), estima-se que a atividade de cultivo de soja represente 22% desse crescimento (0,5 ponto porcentual)”, afirmou Juliana Trece.

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A FGV lembra que a produção nacional de soja é bastante concentrada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Após uma quebra de safra provocada pela estiagem em 2022, a região Sul tem forte recuperação prevista na produção em 2023, alta de 61,8%. O Centro-Oeste, outro grande produtor, tem alta projetada de 19,7% na colheita do grão. No Norte, o avanço deve ser de 13,5%; no Sudeste, de 3,8%; e no Nordeste, de 2,3%.

“Embora seja esperado aumento da produção de soja em todas as regiões do País, as magnitudes são muito distintas. Por esta razão, a estimativa de crescimento do valor adicionado da agropecuária é tão discrepante entre as regiões brasileiras”, ressalta o estudo da FGV.

O Nordeste deve ter crescimento de apenas 0,6% no valor adicionado da agropecuária em 2023. No Sudeste, essa alta será de 3,3%, enquanto no Norte será de 4,4%.

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Por outro lado, o valor adicionado da agropecuária na região Sul deve subir 27,1% este ano, sendo 25,9 pontos porcentuais desse crescimento uma contribuição exclusiva da soja. No Centro-Oeste, a alta esperada é de 11,9%, com participação de 9,5 pontos porcentuais da soja.

“O forte crescimento de 10,3% esperado para a agropecuária nacional tende a mascarar essas diferenças regionais e dar a impressão que a agropecuária está contribuindo fortemente para o desempenho econômico de todo o País da mesma forma; o que não é verdade”, frisam os pesquisadores.

Considerando toda a alta esperada no valor adicionado da agropecuária nacional em 2023, aproximadamente 90% desse crescimento é explicado pelas contribuições somadas das regiões Sul (6,5 pontos porcentuais) e Centro-Oeste (2,6 pontos porcentuais).

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Como o bom desempenho do PIB agropecuário foi bastante impulsionado pela soja, colhida nos primeiros meses do ano, a tendência é de perda de fôlego no segundo semestre. Após a alta de 18,8% no PIB agropecuário no primeiro trimestre de 2023 ante o mesmo trimestre do ano anterior, a FGV projeta avanço de 14,4% no segundo trimestre, seguido por quedas de 3,8% no terceiro trimestre e 0,9% no quarto trimestre.

“Tem algumas colheitas ainda para serem realizadas, como trigo e milho, mas não tem nada como a soja”, lembrou Claudio Considera. “O primeiro trimestre é espetacular, o segundo já é menos, e o terceiro e quarto já são negativos”, confirmando que pode haver sensação de piora do bem-estar econômico no segundo semestre de 2023 nas regiões beneficiadas pela colheita de soja no primeiro semestre do ano.

Embora o Rio Grande do Sul enfrente no momento as consequências da passagem de um ciclone, e que especialistas alertem sobre eventuais problemas climáticos derivados do fenômeno El Niño em outras regiões do País, os pesquisadores da FGV reforçam que a colheita da soja, principal produto agrícola brasileiro, costuma ser 93% realizada entre os meses de janeiro a abril, o que indica poucas alterações nas projeções futuras para a safra de grãos do ano.

“Mesmo que a gente tenha problema em outras colheitas, a soja é tão relevante que o número (do PIB agropecuário) vai ser expressivo”, reforçou Juliana Trece.

Para os pesquisadores, os resultados evidenciam que a agropecuária terá um desempenho relevante para a economia em 2023, mas que o forte crescimento da geração de riqueza no setor “não é observado da mesma forma dentro da própria atividade, nem nas regiões do País e nem mesmo em todos os trimestres do ano”.

RIO - O crescimento maior que o previsto inicialmente para a atividade econômica neste ano não deve se traduzir em bem-estar disseminado pelo território brasileiro. Apenas o cultivo de soja deve responder por 22% de todo o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, sinalizando uma concentração de parte expressiva da riqueza gerada no País em poucos Estados produtores do grão, apontou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

“As regiões mais pobres são as que menos se beneficiam. As que mais se beneficiam são as regiões mais ricas mesmo”, apontou Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do Ibre/FGV.

“Quando você vê que a agropecuária vai puxar o PIB do ano, você pensa: ok, mas vai contribuir onde? Não é no Nordeste. O Nordeste não vai contribuir nada. Isso até amplia um pouco essa questão da desigualdade regional”, complementou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB da FGV. “Não é tão bom quanto parece, não está puxando (o PIB) da mesma forma em todos os lugares”, acrescentou.

Com um avanço de 18,8%, a agropecuária respondeu por mais de 30% do expressivo crescimento de 4,0% visto no PIB no primeiro trimestre de 2023 ante o mesmo período de 2022, conforme os dados divulgados no início deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se excluído o valor adicionado da atividade agropecuária, a expansão da economia brasileira teria sido de 2,7% no período, calculou o Ibre/FGV.

O desempenho extraordinário do agro é explicado, principalmente, pelo cultivo de soja, destacando a relevância das regiões Sul e Centro-Oeste nesse resultado. O estudo mostra que essa aparente pujança não apenas está muito focada na atividade agropecuária, como também há alta concentração do cultivo da soja nessas duas regiões.

Produção nacional de soja é concentrada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás Foto: Vivi Zanatta/AE

“Tal resultado acende o alerta para a fragilidade do crescimento da economia em 2023; com forte influência da agropecuária concentrada em duas regiões”, explicita o estudo do Ibre/FGV.

Os pesquisadores estimam que o valor adicionado da atividade agropecuária suba 10,3% em 2023 em relação a 2022. Mais de 80% desse resultado será decorrente do cultivo de soja.

A projeção tem como base a expectativa de uma produção nacional recorde de soja, 24% maior que a do ano anterior, apontada pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, também do IBGE, entre outras fontes de informações sobre o setor.

A previsão dos pesquisadores do Ibre/FGV indica que a agropecuária deva contribuir com cerca de 0,7 ponto porcentual para o crescimento do PIB de 2023, sendo que o valor adicionado apenas do cultivo de soja deva gerar uma contribuição em torno de 0,5 ponto porcentual. O último Boletim Focus do Banco Central, que traz semanalmente as projeções de economistas de mercado para o PIB, aumentou a expectativa mediana de alta para a atividade econômica neste ano de 1,84% na leitura anterior para 2,14% nesta segunda-feira, 19.

“Caso a atual expectativa de PIB do Focus para 2023 seja confirmada (2,1%), estima-se que a atividade de cultivo de soja represente 22% desse crescimento (0,5 ponto porcentual)”, afirmou Juliana Trece.

A FGV lembra que a produção nacional de soja é bastante concentrada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Após uma quebra de safra provocada pela estiagem em 2022, a região Sul tem forte recuperação prevista na produção em 2023, alta de 61,8%. O Centro-Oeste, outro grande produtor, tem alta projetada de 19,7% na colheita do grão. No Norte, o avanço deve ser de 13,5%; no Sudeste, de 3,8%; e no Nordeste, de 2,3%.

“Embora seja esperado aumento da produção de soja em todas as regiões do País, as magnitudes são muito distintas. Por esta razão, a estimativa de crescimento do valor adicionado da agropecuária é tão discrepante entre as regiões brasileiras”, ressalta o estudo da FGV.

O Nordeste deve ter crescimento de apenas 0,6% no valor adicionado da agropecuária em 2023. No Sudeste, essa alta será de 3,3%, enquanto no Norte será de 4,4%.

Por outro lado, o valor adicionado da agropecuária na região Sul deve subir 27,1% este ano, sendo 25,9 pontos porcentuais desse crescimento uma contribuição exclusiva da soja. No Centro-Oeste, a alta esperada é de 11,9%, com participação de 9,5 pontos porcentuais da soja.

“O forte crescimento de 10,3% esperado para a agropecuária nacional tende a mascarar essas diferenças regionais e dar a impressão que a agropecuária está contribuindo fortemente para o desempenho econômico de todo o País da mesma forma; o que não é verdade”, frisam os pesquisadores.

Considerando toda a alta esperada no valor adicionado da agropecuária nacional em 2023, aproximadamente 90% desse crescimento é explicado pelas contribuições somadas das regiões Sul (6,5 pontos porcentuais) e Centro-Oeste (2,6 pontos porcentuais).

Como o bom desempenho do PIB agropecuário foi bastante impulsionado pela soja, colhida nos primeiros meses do ano, a tendência é de perda de fôlego no segundo semestre. Após a alta de 18,8% no PIB agropecuário no primeiro trimestre de 2023 ante o mesmo trimestre do ano anterior, a FGV projeta avanço de 14,4% no segundo trimestre, seguido por quedas de 3,8% no terceiro trimestre e 0,9% no quarto trimestre.

“Tem algumas colheitas ainda para serem realizadas, como trigo e milho, mas não tem nada como a soja”, lembrou Claudio Considera. “O primeiro trimestre é espetacular, o segundo já é menos, e o terceiro e quarto já são negativos”, confirmando que pode haver sensação de piora do bem-estar econômico no segundo semestre de 2023 nas regiões beneficiadas pela colheita de soja no primeiro semestre do ano.

Embora o Rio Grande do Sul enfrente no momento as consequências da passagem de um ciclone, e que especialistas alertem sobre eventuais problemas climáticos derivados do fenômeno El Niño em outras regiões do País, os pesquisadores da FGV reforçam que a colheita da soja, principal produto agrícola brasileiro, costuma ser 93% realizada entre os meses de janeiro a abril, o que indica poucas alterações nas projeções futuras para a safra de grãos do ano.

“Mesmo que a gente tenha problema em outras colheitas, a soja é tão relevante que o número (do PIB agropecuário) vai ser expressivo”, reforçou Juliana Trece.

Para os pesquisadores, os resultados evidenciam que a agropecuária terá um desempenho relevante para a economia em 2023, mas que o forte crescimento da geração de riqueza no setor “não é observado da mesma forma dentro da própria atividade, nem nas regiões do País e nem mesmo em todos os trimestres do ano”.

RIO - O crescimento maior que o previsto inicialmente para a atividade econômica neste ano não deve se traduzir em bem-estar disseminado pelo território brasileiro. Apenas o cultivo de soja deve responder por 22% de todo o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, sinalizando uma concentração de parte expressiva da riqueza gerada no País em poucos Estados produtores do grão, apontou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

“As regiões mais pobres são as que menos se beneficiam. As que mais se beneficiam são as regiões mais ricas mesmo”, apontou Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do Ibre/FGV.

“Quando você vê que a agropecuária vai puxar o PIB do ano, você pensa: ok, mas vai contribuir onde? Não é no Nordeste. O Nordeste não vai contribuir nada. Isso até amplia um pouco essa questão da desigualdade regional”, complementou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB da FGV. “Não é tão bom quanto parece, não está puxando (o PIB) da mesma forma em todos os lugares”, acrescentou.

Com um avanço de 18,8%, a agropecuária respondeu por mais de 30% do expressivo crescimento de 4,0% visto no PIB no primeiro trimestre de 2023 ante o mesmo período de 2022, conforme os dados divulgados no início deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se excluído o valor adicionado da atividade agropecuária, a expansão da economia brasileira teria sido de 2,7% no período, calculou o Ibre/FGV.

O desempenho extraordinário do agro é explicado, principalmente, pelo cultivo de soja, destacando a relevância das regiões Sul e Centro-Oeste nesse resultado. O estudo mostra que essa aparente pujança não apenas está muito focada na atividade agropecuária, como também há alta concentração do cultivo da soja nessas duas regiões.

Produção nacional de soja é concentrada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás Foto: Vivi Zanatta/AE

“Tal resultado acende o alerta para a fragilidade do crescimento da economia em 2023; com forte influência da agropecuária concentrada em duas regiões”, explicita o estudo do Ibre/FGV.

Os pesquisadores estimam que o valor adicionado da atividade agropecuária suba 10,3% em 2023 em relação a 2022. Mais de 80% desse resultado será decorrente do cultivo de soja.

A projeção tem como base a expectativa de uma produção nacional recorde de soja, 24% maior que a do ano anterior, apontada pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, também do IBGE, entre outras fontes de informações sobre o setor.

A previsão dos pesquisadores do Ibre/FGV indica que a agropecuária deva contribuir com cerca de 0,7 ponto porcentual para o crescimento do PIB de 2023, sendo que o valor adicionado apenas do cultivo de soja deva gerar uma contribuição em torno de 0,5 ponto porcentual. O último Boletim Focus do Banco Central, que traz semanalmente as projeções de economistas de mercado para o PIB, aumentou a expectativa mediana de alta para a atividade econômica neste ano de 1,84% na leitura anterior para 2,14% nesta segunda-feira, 19.

“Caso a atual expectativa de PIB do Focus para 2023 seja confirmada (2,1%), estima-se que a atividade de cultivo de soja represente 22% desse crescimento (0,5 ponto porcentual)”, afirmou Juliana Trece.

A FGV lembra que a produção nacional de soja é bastante concentrada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Após uma quebra de safra provocada pela estiagem em 2022, a região Sul tem forte recuperação prevista na produção em 2023, alta de 61,8%. O Centro-Oeste, outro grande produtor, tem alta projetada de 19,7% na colheita do grão. No Norte, o avanço deve ser de 13,5%; no Sudeste, de 3,8%; e no Nordeste, de 2,3%.

“Embora seja esperado aumento da produção de soja em todas as regiões do País, as magnitudes são muito distintas. Por esta razão, a estimativa de crescimento do valor adicionado da agropecuária é tão discrepante entre as regiões brasileiras”, ressalta o estudo da FGV.

O Nordeste deve ter crescimento de apenas 0,6% no valor adicionado da agropecuária em 2023. No Sudeste, essa alta será de 3,3%, enquanto no Norte será de 4,4%.

Por outro lado, o valor adicionado da agropecuária na região Sul deve subir 27,1% este ano, sendo 25,9 pontos porcentuais desse crescimento uma contribuição exclusiva da soja. No Centro-Oeste, a alta esperada é de 11,9%, com participação de 9,5 pontos porcentuais da soja.

“O forte crescimento de 10,3% esperado para a agropecuária nacional tende a mascarar essas diferenças regionais e dar a impressão que a agropecuária está contribuindo fortemente para o desempenho econômico de todo o País da mesma forma; o que não é verdade”, frisam os pesquisadores.

Considerando toda a alta esperada no valor adicionado da agropecuária nacional em 2023, aproximadamente 90% desse crescimento é explicado pelas contribuições somadas das regiões Sul (6,5 pontos porcentuais) e Centro-Oeste (2,6 pontos porcentuais).

Como o bom desempenho do PIB agropecuário foi bastante impulsionado pela soja, colhida nos primeiros meses do ano, a tendência é de perda de fôlego no segundo semestre. Após a alta de 18,8% no PIB agropecuário no primeiro trimestre de 2023 ante o mesmo trimestre do ano anterior, a FGV projeta avanço de 14,4% no segundo trimestre, seguido por quedas de 3,8% no terceiro trimestre e 0,9% no quarto trimestre.

“Tem algumas colheitas ainda para serem realizadas, como trigo e milho, mas não tem nada como a soja”, lembrou Claudio Considera. “O primeiro trimestre é espetacular, o segundo já é menos, e o terceiro e quarto já são negativos”, confirmando que pode haver sensação de piora do bem-estar econômico no segundo semestre de 2023 nas regiões beneficiadas pela colheita de soja no primeiro semestre do ano.

Embora o Rio Grande do Sul enfrente no momento as consequências da passagem de um ciclone, e que especialistas alertem sobre eventuais problemas climáticos derivados do fenômeno El Niño em outras regiões do País, os pesquisadores da FGV reforçam que a colheita da soja, principal produto agrícola brasileiro, costuma ser 93% realizada entre os meses de janeiro a abril, o que indica poucas alterações nas projeções futuras para a safra de grãos do ano.

“Mesmo que a gente tenha problema em outras colheitas, a soja é tão relevante que o número (do PIB agropecuário) vai ser expressivo”, reforçou Juliana Trece.

Para os pesquisadores, os resultados evidenciam que a agropecuária terá um desempenho relevante para a economia em 2023, mas que o forte crescimento da geração de riqueza no setor “não é observado da mesma forma dentro da própria atividade, nem nas regiões do País e nem mesmo em todos os trimestres do ano”.

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