Fiesp: Tensão política faz empresários ver bandeira do Brasil sendo coberta por ‘vermelho comunista’


Projeção colorida que foi exibida no prédio da Avenida Paulista e que mostrava imagem de terraço foi confundida com a bandeira do Brasil; Burle Marx também foi confundido com Karl Marx

Por Luiz Guilherme Gerbelli e Adriana Fernandes
Atualização:

Em outubro do ano passado, no auge da disputa presidencial, a obra do artista plástico e paisagista Burle Marx estava no centro de uma crise política ocorrida dentro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Exibida no prédio da Avenida Paulista, uma projeção colorida do terraço do antigo Ministério da Saúde e Educação, no Rio, idealizado pelo artista, foi confundida por integrantes da entidade com a bandeira do Brasil sendo coberta de vermelho. Na visão deles, era um sinal de que umas das principais organizações empresariais do Brasil poderia estar sob a influência do socialismo.

Houve também quem trocasse o nome de Burle Marx com o de Karl Marx, um dos autores do Manifesto Comunista. A obra de Burle Marx só foi projetada no prédio da Fiesp por causa de uma exposição recebida pela entidade e que trata do artista.

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O grau de tensão política envolvendo a obra de Burle Marx marcou apenas um capítulo da disputa na Fiesp entre empresários ligados a Jair Bolsonaro (PL) e os que são considerados mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A última fase dessa batalha ocorreu na segunda-feira, 16, com a assembleia que votou pela destituição de empresário Josué Gomes do comando da federação. O executivo sempre foi visto como um nome bastante próximo a Lula. Ele é filho de José Alencar, morto em 2011, vice do petista nos seus dois primeiros mandatos. O executivo chegou a ser convidado para ocupar o posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou o convite.

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Embora a Fiesp tenha sede em São Paulo, seus posicionamentos têm repercussão nacional. Em 2015, por exemplo, ainda presidida por Paulo Skaf, foi uma das principais vozes a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Não à toa, no dia da assembleia, Josué chamou o vice-presidente Geraldo Alckmin para almoçar e dar uma demonstração de força interna.

“A reunião com Alckmin foi muito boa. Foi de alto nível. Aí, a gente sai de lá e entra para a assembleia, que é uma coisa que nos envergonha”, disse um executivo próximo a Josué.

A disputa política dentro da instituição começou a ficar evidente com o manifesto a favor da democracia, divulgado em agosto do ano passado nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha como objetivo atingir Bolsonaro, então candidato à reeleição. “Há todo tipo de pensamento dentro da entidade”, disse um empresário crítico da administração de Josué.

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O manifesto também marcou o rompimento definitivo entre Josué e Skaf, que ficou 18 anos no comando da entidade e passou a estimular um movimento contra o seu sucessor. Skaf sempre foi aliado de Bolsonaro.

Durante sua gestão, Skaf fortaleceu os sindicatos considerados pequenos, que foram afetados pela nova legislação trabalhista e perderam receita. “Dentro da Fiesp, tem sindicato de papel, tem um monte de sindicato que praticamente não existe, nem localiza o presidente”, afirmou um executivo.

Esses chamados sindicatos pequenos passaram a criticar a postura de Josué no comando da Fiesp. Foram realizadas três reuniões na casa de Skaf para construir a estratégia de tirar Josué do comando da entidade. Eles passaram a defender o afastamento do executivo - herdeiro da Coteminas - com base num discurso de que ele se dedica mais ao seu negócio e é pouco comprometido com os interesses setoriais.

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Prédio da Fiesp, na Avenida Paulista Foto: Robson Ventura/Estadão - 2/3/2019

“Eu não concordo em destituir um presidente da forma como está sendo feito. Até porque, se tem problema de gestão, nós temos de ajudá-lo”, afirma José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

“Não é uma briga entre Lula e Bolsonaro. É um pessoal querendo o comando da Fiesp por meio de maneira que o estatuto da entidade não permite. Pelo que ficou claro na assembleia, é um movimento para trazer o Skaf de volta”, acrescenta.

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Ao todo, a Fiesp comporta 116 sindicatos - 50 estavam na assembleia que definiu a deposição de Josué. Foram 47 votos a favor da destituição do executivo.

Procurados, Skaf e Fiesp não quiseram se manifestar.

Defesa

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O jurista Miguel Reale Júnior - um dos advogados de Josué - chamou de “golpe” com “letras garrafais” a decisão de destituir o empresário da Fiesp. Ele também afirmou que “não faltam” argumentos para que o executivo questione na Justiça a assembleia que votou por definir o seu futuro na entidade.

Argumentos não faltam. Pode-se requerer o reconhecimento da nulidade de assembleia por violação das normas dos estatutos, por ausência de acusação, por não preenchimento das condições estabelecidas no estatuto para a destituição, por quebra do devido processo legal”, afirmou.

Em outubro do ano passado, no auge da disputa presidencial, a obra do artista plástico e paisagista Burle Marx estava no centro de uma crise política ocorrida dentro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Exibida no prédio da Avenida Paulista, uma projeção colorida do terraço do antigo Ministério da Saúde e Educação, no Rio, idealizado pelo artista, foi confundida por integrantes da entidade com a bandeira do Brasil sendo coberta de vermelho. Na visão deles, era um sinal de que umas das principais organizações empresariais do Brasil poderia estar sob a influência do socialismo.

Houve também quem trocasse o nome de Burle Marx com o de Karl Marx, um dos autores do Manifesto Comunista. A obra de Burle Marx só foi projetada no prédio da Fiesp por causa de uma exposição recebida pela entidade e que trata do artista.

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A última fase dessa batalha ocorreu na segunda-feira, 16, com a assembleia que votou pela destituição de empresário Josué Gomes do comando da federação. O executivo sempre foi visto como um nome bastante próximo a Lula. Ele é filho de José Alencar, morto em 2011, vice do petista nos seus dois primeiros mandatos. O executivo chegou a ser convidado para ocupar o posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou o convite.

Embora a Fiesp tenha sede em São Paulo, seus posicionamentos têm repercussão nacional. Em 2015, por exemplo, ainda presidida por Paulo Skaf, foi uma das principais vozes a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Não à toa, no dia da assembleia, Josué chamou o vice-presidente Geraldo Alckmin para almoçar e dar uma demonstração de força interna.

“A reunião com Alckmin foi muito boa. Foi de alto nível. Aí, a gente sai de lá e entra para a assembleia, que é uma coisa que nos envergonha”, disse um executivo próximo a Josué.

A disputa política dentro da instituição começou a ficar evidente com o manifesto a favor da democracia, divulgado em agosto do ano passado nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha como objetivo atingir Bolsonaro, então candidato à reeleição. “Há todo tipo de pensamento dentro da entidade”, disse um empresário crítico da administração de Josué.

O manifesto também marcou o rompimento definitivo entre Josué e Skaf, que ficou 18 anos no comando da entidade e passou a estimular um movimento contra o seu sucessor. Skaf sempre foi aliado de Bolsonaro.

Durante sua gestão, Skaf fortaleceu os sindicatos considerados pequenos, que foram afetados pela nova legislação trabalhista e perderam receita. “Dentro da Fiesp, tem sindicato de papel, tem um monte de sindicato que praticamente não existe, nem localiza o presidente”, afirmou um executivo.

Esses chamados sindicatos pequenos passaram a criticar a postura de Josué no comando da Fiesp. Foram realizadas três reuniões na casa de Skaf para construir a estratégia de tirar Josué do comando da entidade. Eles passaram a defender o afastamento do executivo - herdeiro da Coteminas - com base num discurso de que ele se dedica mais ao seu negócio e é pouco comprometido com os interesses setoriais.

Prédio da Fiesp, na Avenida Paulista Foto: Robson Ventura/Estadão - 2/3/2019

“Eu não concordo em destituir um presidente da forma como está sendo feito. Até porque, se tem problema de gestão, nós temos de ajudá-lo”, afirma José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

“Não é uma briga entre Lula e Bolsonaro. É um pessoal querendo o comando da Fiesp por meio de maneira que o estatuto da entidade não permite. Pelo que ficou claro na assembleia, é um movimento para trazer o Skaf de volta”, acrescenta.

Ao todo, a Fiesp comporta 116 sindicatos - 50 estavam na assembleia que definiu a deposição de Josué. Foram 47 votos a favor da destituição do executivo.

Procurados, Skaf e Fiesp não quiseram se manifestar.

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O jurista Miguel Reale Júnior - um dos advogados de Josué - chamou de “golpe” com “letras garrafais” a decisão de destituir o empresário da Fiesp. Ele também afirmou que “não faltam” argumentos para que o executivo questione na Justiça a assembleia que votou por definir o seu futuro na entidade.

Argumentos não faltam. Pode-se requerer o reconhecimento da nulidade de assembleia por violação das normas dos estatutos, por ausência de acusação, por não preenchimento das condições estabelecidas no estatuto para a destituição, por quebra do devido processo legal”, afirmou.

Em outubro do ano passado, no auge da disputa presidencial, a obra do artista plástico e paisagista Burle Marx estava no centro de uma crise política ocorrida dentro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Exibida no prédio da Avenida Paulista, uma projeção colorida do terraço do antigo Ministério da Saúde e Educação, no Rio, idealizado pelo artista, foi confundida por integrantes da entidade com a bandeira do Brasil sendo coberta de vermelho. Na visão deles, era um sinal de que umas das principais organizações empresariais do Brasil poderia estar sob a influência do socialismo.

Houve também quem trocasse o nome de Burle Marx com o de Karl Marx, um dos autores do Manifesto Comunista. A obra de Burle Marx só foi projetada no prédio da Fiesp por causa de uma exposição recebida pela entidade e que trata do artista.

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A última fase dessa batalha ocorreu na segunda-feira, 16, com a assembleia que votou pela destituição de empresário Josué Gomes do comando da federação. O executivo sempre foi visto como um nome bastante próximo a Lula. Ele é filho de José Alencar, morto em 2011, vice do petista nos seus dois primeiros mandatos. O executivo chegou a ser convidado para ocupar o posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou o convite.

Embora a Fiesp tenha sede em São Paulo, seus posicionamentos têm repercussão nacional. Em 2015, por exemplo, ainda presidida por Paulo Skaf, foi uma das principais vozes a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Não à toa, no dia da assembleia, Josué chamou o vice-presidente Geraldo Alckmin para almoçar e dar uma demonstração de força interna.

“A reunião com Alckmin foi muito boa. Foi de alto nível. Aí, a gente sai de lá e entra para a assembleia, que é uma coisa que nos envergonha”, disse um executivo próximo a Josué.

A disputa política dentro da instituição começou a ficar evidente com o manifesto a favor da democracia, divulgado em agosto do ano passado nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha como objetivo atingir Bolsonaro, então candidato à reeleição. “Há todo tipo de pensamento dentro da entidade”, disse um empresário crítico da administração de Josué.

O manifesto também marcou o rompimento definitivo entre Josué e Skaf, que ficou 18 anos no comando da entidade e passou a estimular um movimento contra o seu sucessor. Skaf sempre foi aliado de Bolsonaro.

Durante sua gestão, Skaf fortaleceu os sindicatos considerados pequenos, que foram afetados pela nova legislação trabalhista e perderam receita. “Dentro da Fiesp, tem sindicato de papel, tem um monte de sindicato que praticamente não existe, nem localiza o presidente”, afirmou um executivo.

Esses chamados sindicatos pequenos passaram a criticar a postura de Josué no comando da Fiesp. Foram realizadas três reuniões na casa de Skaf para construir a estratégia de tirar Josué do comando da entidade. Eles passaram a defender o afastamento do executivo - herdeiro da Coteminas - com base num discurso de que ele se dedica mais ao seu negócio e é pouco comprometido com os interesses setoriais.

Prédio da Fiesp, na Avenida Paulista Foto: Robson Ventura/Estadão - 2/3/2019

“Eu não concordo em destituir um presidente da forma como está sendo feito. Até porque, se tem problema de gestão, nós temos de ajudá-lo”, afirma José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

“Não é uma briga entre Lula e Bolsonaro. É um pessoal querendo o comando da Fiesp por meio de maneira que o estatuto da entidade não permite. Pelo que ficou claro na assembleia, é um movimento para trazer o Skaf de volta”, acrescenta.

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Argumentos não faltam. Pode-se requerer o reconhecimento da nulidade de assembleia por violação das normas dos estatutos, por ausência de acusação, por não preenchimento das condições estabelecidas no estatuto para a destituição, por quebra do devido processo legal”, afirmou.

Em outubro do ano passado, no auge da disputa presidencial, a obra do artista plástico e paisagista Burle Marx estava no centro de uma crise política ocorrida dentro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Exibida no prédio da Avenida Paulista, uma projeção colorida do terraço do antigo Ministério da Saúde e Educação, no Rio, idealizado pelo artista, foi confundida por integrantes da entidade com a bandeira do Brasil sendo coberta de vermelho. Na visão deles, era um sinal de que umas das principais organizações empresariais do Brasil poderia estar sob a influência do socialismo.

Houve também quem trocasse o nome de Burle Marx com o de Karl Marx, um dos autores do Manifesto Comunista. A obra de Burle Marx só foi projetada no prédio da Fiesp por causa de uma exposição recebida pela entidade e que trata do artista.

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A última fase dessa batalha ocorreu na segunda-feira, 16, com a assembleia que votou pela destituição de empresário Josué Gomes do comando da federação. O executivo sempre foi visto como um nome bastante próximo a Lula. Ele é filho de José Alencar, morto em 2011, vice do petista nos seus dois primeiros mandatos. O executivo chegou a ser convidado para ocupar o posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou o convite.

Embora a Fiesp tenha sede em São Paulo, seus posicionamentos têm repercussão nacional. Em 2015, por exemplo, ainda presidida por Paulo Skaf, foi uma das principais vozes a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Não à toa, no dia da assembleia, Josué chamou o vice-presidente Geraldo Alckmin para almoçar e dar uma demonstração de força interna.

“A reunião com Alckmin foi muito boa. Foi de alto nível. Aí, a gente sai de lá e entra para a assembleia, que é uma coisa que nos envergonha”, disse um executivo próximo a Josué.

A disputa política dentro da instituição começou a ficar evidente com o manifesto a favor da democracia, divulgado em agosto do ano passado nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha como objetivo atingir Bolsonaro, então candidato à reeleição. “Há todo tipo de pensamento dentro da entidade”, disse um empresário crítico da administração de Josué.

O manifesto também marcou o rompimento definitivo entre Josué e Skaf, que ficou 18 anos no comando da entidade e passou a estimular um movimento contra o seu sucessor. Skaf sempre foi aliado de Bolsonaro.

Durante sua gestão, Skaf fortaleceu os sindicatos considerados pequenos, que foram afetados pela nova legislação trabalhista e perderam receita. “Dentro da Fiesp, tem sindicato de papel, tem um monte de sindicato que praticamente não existe, nem localiza o presidente”, afirmou um executivo.

Esses chamados sindicatos pequenos passaram a criticar a postura de Josué no comando da Fiesp. Foram realizadas três reuniões na casa de Skaf para construir a estratégia de tirar Josué do comando da entidade. Eles passaram a defender o afastamento do executivo - herdeiro da Coteminas - com base num discurso de que ele se dedica mais ao seu negócio e é pouco comprometido com os interesses setoriais.

Prédio da Fiesp, na Avenida Paulista Foto: Robson Ventura/Estadão - 2/3/2019

“Eu não concordo em destituir um presidente da forma como está sendo feito. Até porque, se tem problema de gestão, nós temos de ajudá-lo”, afirma José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

“Não é uma briga entre Lula e Bolsonaro. É um pessoal querendo o comando da Fiesp por meio de maneira que o estatuto da entidade não permite. Pelo que ficou claro na assembleia, é um movimento para trazer o Skaf de volta”, acrescenta.

Ao todo, a Fiesp comporta 116 sindicatos - 50 estavam na assembleia que definiu a deposição de Josué. Foram 47 votos a favor da destituição do executivo.

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O jurista Miguel Reale Júnior - um dos advogados de Josué - chamou de “golpe” com “letras garrafais” a decisão de destituir o empresário da Fiesp. Ele também afirmou que “não faltam” argumentos para que o executivo questione na Justiça a assembleia que votou por definir o seu futuro na entidade.

Argumentos não faltam. Pode-se requerer o reconhecimento da nulidade de assembleia por violação das normas dos estatutos, por ausência de acusação, por não preenchimento das condições estabelecidas no estatuto para a destituição, por quebra do devido processo legal”, afirmou.

Em outubro do ano passado, no auge da disputa presidencial, a obra do artista plástico e paisagista Burle Marx estava no centro de uma crise política ocorrida dentro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Exibida no prédio da Avenida Paulista, uma projeção colorida do terraço do antigo Ministério da Saúde e Educação, no Rio, idealizado pelo artista, foi confundida por integrantes da entidade com a bandeira do Brasil sendo coberta de vermelho. Na visão deles, era um sinal de que umas das principais organizações empresariais do Brasil poderia estar sob a influência do socialismo.

Houve também quem trocasse o nome de Burle Marx com o de Karl Marx, um dos autores do Manifesto Comunista. A obra de Burle Marx só foi projetada no prédio da Fiesp por causa de uma exposição recebida pela entidade e que trata do artista.

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A última fase dessa batalha ocorreu na segunda-feira, 16, com a assembleia que votou pela destituição de empresário Josué Gomes do comando da federação. O executivo sempre foi visto como um nome bastante próximo a Lula. Ele é filho de José Alencar, morto em 2011, vice do petista nos seus dois primeiros mandatos. O executivo chegou a ser convidado para ocupar o posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou o convite.

Embora a Fiesp tenha sede em São Paulo, seus posicionamentos têm repercussão nacional. Em 2015, por exemplo, ainda presidida por Paulo Skaf, foi uma das principais vozes a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Não à toa, no dia da assembleia, Josué chamou o vice-presidente Geraldo Alckmin para almoçar e dar uma demonstração de força interna.

“A reunião com Alckmin foi muito boa. Foi de alto nível. Aí, a gente sai de lá e entra para a assembleia, que é uma coisa que nos envergonha”, disse um executivo próximo a Josué.

A disputa política dentro da instituição começou a ficar evidente com o manifesto a favor da democracia, divulgado em agosto do ano passado nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha como objetivo atingir Bolsonaro, então candidato à reeleição. “Há todo tipo de pensamento dentro da entidade”, disse um empresário crítico da administração de Josué.

O manifesto também marcou o rompimento definitivo entre Josué e Skaf, que ficou 18 anos no comando da entidade e passou a estimular um movimento contra o seu sucessor. Skaf sempre foi aliado de Bolsonaro.

Durante sua gestão, Skaf fortaleceu os sindicatos considerados pequenos, que foram afetados pela nova legislação trabalhista e perderam receita. “Dentro da Fiesp, tem sindicato de papel, tem um monte de sindicato que praticamente não existe, nem localiza o presidente”, afirmou um executivo.

Esses chamados sindicatos pequenos passaram a criticar a postura de Josué no comando da Fiesp. Foram realizadas três reuniões na casa de Skaf para construir a estratégia de tirar Josué do comando da entidade. Eles passaram a defender o afastamento do executivo - herdeiro da Coteminas - com base num discurso de que ele se dedica mais ao seu negócio e é pouco comprometido com os interesses setoriais.

Prédio da Fiesp, na Avenida Paulista Foto: Robson Ventura/Estadão - 2/3/2019

“Eu não concordo em destituir um presidente da forma como está sendo feito. Até porque, se tem problema de gestão, nós temos de ajudá-lo”, afirma José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

“Não é uma briga entre Lula e Bolsonaro. É um pessoal querendo o comando da Fiesp por meio de maneira que o estatuto da entidade não permite. Pelo que ficou claro na assembleia, é um movimento para trazer o Skaf de volta”, acrescenta.

Ao todo, a Fiesp comporta 116 sindicatos - 50 estavam na assembleia que definiu a deposição de Josué. Foram 47 votos a favor da destituição do executivo.

Procurados, Skaf e Fiesp não quiseram se manifestar.

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Argumentos não faltam. Pode-se requerer o reconhecimento da nulidade de assembleia por violação das normas dos estatutos, por ausência de acusação, por não preenchimento das condições estabelecidas no estatuto para a destituição, por quebra do devido processo legal”, afirmou.

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