O jornal britânico Financial Times publicou editorial na edição desta quarta-feira,21, em defesa dos mercados emergentes. Vítima mais recente do aumento da aversão ao risco causada pela perspectiva de mudança na política monetária nos Estados Unidos, economias em desenvolvimento "podem lidar com as turbulências", diz o texto. "Se o mau tempo se aproxima, o horizonte de longo prazo para a maioria deles é brilhante", diz o editorial.Com o título "Mundo emergente pode lidar com as turbulências", o principal editorial do FT defende que a mudança econômica de países em desenvolvimento é "muito profunda" para ser desfeita pelas turbulências vistas no mercado financeiro. O jornal reconhece que moedas como a rupia indiana e a rupia indonésia sofreram desvalorização nos últimos dias. Além disso, houve "vendas massivas" de ativos em mercados "da Tailândia à Turquia, África do Sul e Brasil"."As preocupações sobre uma crise financeira em grande escala são prematuras. Ainda que muitos países emergentes estejam experimentando bolhas de crédito causadas pelo enfrentamento da crise no mundo rico, a composição dos fluxos de capital é mais saudável que antes da crise financeira asiática", diz o editorial. Segundo o FT, na média, mais da metade dos fluxos para emergentes é de recursos próprios, "em grande parte de investimentos diretos".Além disso, o editorial diz que muitos países "têm grandes reservas ou câmbio flutuante, o que mitiga a reversão do fluxo de carteira". "Até a Índia, com um grande déficit de conta corrente, conta com uma posição líquida de ativos tolerável. As coisas parecem piores para os países da periferia europeia, como a Turquia", diz o texto. Uma preocupação do FT é de que a contração da oferta global de crédito possa ser um freio ao crescimento do mundo emergente. "Um despertar abrupto pode acontecer em países que dependeram em grande medida do crédito para impulsionar o desenvolvimento."Apesar disso, a avaliação do FT é positiva. "As forças fundamentais das economias que conseguiram décadas de forte crescimento não serão sacudidas pelo estreitamento (das condições de mercado) e suas consequências no curto prazo nem por uma tendência de crescimento mais lento", diz o texto. "O mundo emergente tem muitos desafios. Naturalmente, deve-se ter cuidado ao navegar pelo mercado turbulento e com o dano que isso pode causar. As economias também devem continuar com as reformas. Mas a maior parte das conquistas dessas economias até agora mostra que está aberto o caminho de longo prazo do progresso econômico para muito além dos buracos da estrada no curto prazo", diz o editorial.