BRASÍLIA - O mercado financeiro voltou a elevar as projeções para a inflação no Brasil. A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 subiu pela nona semana consecutiva, passando de 4,59% para 4,6% - acima do teto da meta, de 4,5%. Um mês antes, a projeção era de 4,12%. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira, 16.
A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou menos (1,5% a 4,5%). Se a inflação ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo.
A estimativa intermediária para a inflação de 2024, por sua vez, passou de 4,84% para 4,89%, também acima do teto, de 4,50%. Quatro semanas atrás, estava em 4,64%.
Na última terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA avançou 0,39% em novembro, acima da mediana das expectativas do mercado apuradas pelo Projeções Broadcast, que era de 0,36%.
No Focus, a mediana para a inflação de 2026 continuou em 4%, interrompendo uma sequência de seis semanas de alta. A projeção para 2027 avançou de 3,58% para 3,66%, o segundo aumento consecutivo.
Juros mais altos
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 saltou de 13,5% para 14%, no primeiro boletim divulgado após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da última quarta-feira, 11. O colegiado elevou os juros em 1 ponto porcentual, de 11,25% para 12,25%, e sinalizou mais dois aumentos da mesma magnitude - que levariam a taxa a 14,25% em março do ano que vem, o maior nível desde 2016.
A estimativa intermediária para os juros no fim de 2026 subiu de 11% para 11,25%, ante 10% um mês antes. A projeção para o fim de 2027 se estabilizou em 10%, 0,75 ponto porcentual acima do nível de 9,25% esperado quatro semanas atrás.
Na última quarta-feira, o Copom afirmou que a materialização de riscos desde a sua reunião anterior, de novembro, tornou o cenário “menos incerto e mais adverso”. O colegiado aumentou as suas projeções de inflação para 2024 (de 4,6% para 4,9%), para 2025 (3,9% para 4,5%) e para o segundo trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária (3,6% para 4%). Mesmo assim, manteve o balanço de riscos assimétrico para cima.
O colegiado afirmou, ainda, que a reação dos agentes ao pacote de ajuste fiscal do governo levou a uma “dinâmica inflacionária mais adversa”, por meio de impactos nas expectativas de inflação, no prêmio de risco e na taxa de câmbio.
“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista”, diz o comunicado da decisão.
Atividade econômica
O relatório Focus trouxe também expectativas mais altas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A mediana para 2024 subiu de 3,39% para 3,42%, a quarta alta consecutiva. Um mês antes, a estimativa era de 3,10%.
Na última sexta-feira, o Banco Central informou que seu índice de atividade econômica (IBC-Br) cresceu 0,14% em outubro. O resultado, acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de variação zero, mostrou que a economia brasileira começou o quarto trimestre com fôlego maior do que se esperava. No terceiro trimestre, o PIB cresceu 0,9%, mais do que se previa.
A estimativa intermediária para 2025 passou de 2,0% para 2,01%, ante 1,94% um mês antes. Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2%, como já estão há 71 e 73 semanas, respectivamente.