França ‘não aceitará’ o acordo UE-Mercosul como está proposto, diz primeiro-ministro; entenda


Líderes de todo o arco político francês e o setor agropecuário se mobilizam com rara unanimidade contra acordo defendido pelo Brasil; Itamaraty indica que assinatura não ocorrerá no G-20

Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - A França não aceitará a assinatura do acordo de comércio livre há muito negociado entre a União Europeia e o Mercosul se o texto se mantiver como atualmente proposto, alertou nesta quarta-feira, 13, o primeiro-ministro francês, Michel Barnier. “Nas condições atuais, este acordo não é aceitável para a França e não o será. Recomendo que a posição de um país como a França não seja ignorada”, declarou.

Responsável pela negociação, em nível técnico, do acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia, o embaixador Mauricio Lyrio indicou que o tratado não será fechado durante o G-20. Havia expectativa política, de ambos os lados, mas principalmente do governo brasileiro, por uma possível assinatura no Rio.

“A negociação avança bem. Mas a ideia não é fazer algo sobre isso na Cúpula do G-20. O objetivo continua sendo buscar concluir as negociações até o final do ano”, afirmou o secretário do Itamaraty, na sexta-feira, 8.

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Em Bruxelas, o premiê reuniu-se nesta quarta-feira, 13, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a questão do acordo UE-Mercosul fez parte da agenda.

Barnier mencionou o “impacto desastroso que este acordo teria em setores inteiros, em particular na agricultura e na pecuária”. Estes são, acrescentou, “os mesmos receios” que existem “em muitos países europeus”. Quando questionado sobre possíveis ajustes que poderiam tornar o texto aceitável para a França, Barnier não entrou em detalhes.

Dirigentes de todo o arco político francês e o setor agropecuário se mobilizam com uma excepcional unanimidade contra a assinatura do acordo, escreveu Myriam Lemétayer, da agência de notícias francesa AFP. A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) parece decidida a assinar antes do fim de ano o acordo de livre comércio com o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia), contra o parecer da França.

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Em Bruxelas, nesta quarta-feira, 13, o primeiro-ministro Michel Barnier explicou à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen por que a França rejeita o acordo com o Mercosul Foto: AP Photo/Omar Havana

Antes de embarcar para a Bélgica, o premiê havia reiterado durante uma reunião de gabinete “a absoluta oposição do governo a um tratado que colocará em perigo nossos produtores”, informou o porta-voz do governo, Maud Bregeon. Na terça-feira, 12, mais de 600 parlamentares franceses (deputados, senadores e deputados europeus) escreveram à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para manifestar sua oposição ao tratado.

Menos de um ano depois de uma mobilização histórica de agricultores na França, com bloqueios de estradas, os sindicatos do setor estão convocando protestos de novo. Os agricultores, que seguem denunciando a burocracia e as baixas receitas, estão frustrados com as colheitas ruins, as perdas relacionadas a doenças de animais e a perspectiva de uma assinatura de acordo com o Mercosul.

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A aliança sindical agrí­cola majoritária formada por uma organização chamada FNSEA e os Jovens Agricultores (JA) chamou uma mobilização nacional de agricultores, a partir de segunda-feira, 18. Principalmente, querem “fazer ouvir (...) a voz de França” durante o “G-20 no Brasil”, em um momento em que, com sua oposição a este acordo, o país ficou mais isolado na cena europeia.

“A Europa não deve se converter em um filtro e não pode importar produtos que não respeitam nenhuma de nossas normas”, disse à rádio France Inter a presidente da FNSEA, Arnaud Rousseau, antes de uma coletiva de imprensa organizada para dar detalhes das ações previstas. “Nosso objetivo não são as rodovias”, disse, acrescentando que tampouco era “bloquear” ou “matar de fome” a França.

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Os sindicatos majoritários rejeitam o acordo com o Mercosul, argumentando que os franceses encontrariam nos seus pratos mais produtos que dizem não querer: cultivados com pesticidas proibidos na União Europeia e criados com químicos que ativam o crescimento. Os demais sindicatos dirigem as suas próprias ações, sem se alinhar totalmente com a agenda da FNSEA/JA. A Coordenação Rural, segundo sindicato representativo, promete “uma revolta agrícola” a partir de 19 de novembro, com um “bloqueio ao transporte de alimentos”.

Por sua vez, o sindicato minoritário Confederação Camponesa se adiantou e participou de diversas manifestações contra o Mercosul, sozinho ou com outras organizações, em Bruxelas, Paris e em Aveyron, no Sul. Os ativistas se reuniram principalmente em Millau, em Aveyron, em frente ao McDonald’s que foi “desmantelado” pelos membros da confederação em 1999, numa ação que permaneceu como um símbolo da luta dos agricultores contra a globalização. “O objetivo era também sair um pouco mais cedo do que os outros sindicatos, destacar-nos e dizer que não somos contra as regras, mas sim contra o comércio livre, e que já o fazemos há muito tempo, 25 anos”, explicou à AFP Sascha Vue, co-porta-voz da Confederação Camponesa em Aveyron. /Com AFP

BRASÍLIA - A França não aceitará a assinatura do acordo de comércio livre há muito negociado entre a União Europeia e o Mercosul se o texto se mantiver como atualmente proposto, alertou nesta quarta-feira, 13, o primeiro-ministro francês, Michel Barnier. “Nas condições atuais, este acordo não é aceitável para a França e não o será. Recomendo que a posição de um país como a França não seja ignorada”, declarou.

Responsável pela negociação, em nível técnico, do acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia, o embaixador Mauricio Lyrio indicou que o tratado não será fechado durante o G-20. Havia expectativa política, de ambos os lados, mas principalmente do governo brasileiro, por uma possível assinatura no Rio.

“A negociação avança bem. Mas a ideia não é fazer algo sobre isso na Cúpula do G-20. O objetivo continua sendo buscar concluir as negociações até o final do ano”, afirmou o secretário do Itamaraty, na sexta-feira, 8.

Em Bruxelas, o premiê reuniu-se nesta quarta-feira, 13, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a questão do acordo UE-Mercosul fez parte da agenda.

Barnier mencionou o “impacto desastroso que este acordo teria em setores inteiros, em particular na agricultura e na pecuária”. Estes são, acrescentou, “os mesmos receios” que existem “em muitos países europeus”. Quando questionado sobre possíveis ajustes que poderiam tornar o texto aceitável para a França, Barnier não entrou em detalhes.

Dirigentes de todo o arco político francês e o setor agropecuário se mobilizam com uma excepcional unanimidade contra a assinatura do acordo, escreveu Myriam Lemétayer, da agência de notícias francesa AFP. A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) parece decidida a assinar antes do fim de ano o acordo de livre comércio com o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia), contra o parecer da França.

Em Bruxelas, nesta quarta-feira, 13, o primeiro-ministro Michel Barnier explicou à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen por que a França rejeita o acordo com o Mercosul Foto: AP Photo/Omar Havana

Antes de embarcar para a Bélgica, o premiê havia reiterado durante uma reunião de gabinete “a absoluta oposição do governo a um tratado que colocará em perigo nossos produtores”, informou o porta-voz do governo, Maud Bregeon. Na terça-feira, 12, mais de 600 parlamentares franceses (deputados, senadores e deputados europeus) escreveram à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para manifestar sua oposição ao tratado.

Menos de um ano depois de uma mobilização histórica de agricultores na França, com bloqueios de estradas, os sindicatos do setor estão convocando protestos de novo. Os agricultores, que seguem denunciando a burocracia e as baixas receitas, estão frustrados com as colheitas ruins, as perdas relacionadas a doenças de animais e a perspectiva de uma assinatura de acordo com o Mercosul.

A aliança sindical agrí­cola majoritária formada por uma organização chamada FNSEA e os Jovens Agricultores (JA) chamou uma mobilização nacional de agricultores, a partir de segunda-feira, 18. Principalmente, querem “fazer ouvir (...) a voz de França” durante o “G-20 no Brasil”, em um momento em que, com sua oposição a este acordo, o país ficou mais isolado na cena europeia.

“A Europa não deve se converter em um filtro e não pode importar produtos que não respeitam nenhuma de nossas normas”, disse à rádio France Inter a presidente da FNSEA, Arnaud Rousseau, antes de uma coletiva de imprensa organizada para dar detalhes das ações previstas. “Nosso objetivo não são as rodovias”, disse, acrescentando que tampouco era “bloquear” ou “matar de fome” a França.

Os sindicatos majoritários rejeitam o acordo com o Mercosul, argumentando que os franceses encontrariam nos seus pratos mais produtos que dizem não querer: cultivados com pesticidas proibidos na União Europeia e criados com químicos que ativam o crescimento. Os demais sindicatos dirigem as suas próprias ações, sem se alinhar totalmente com a agenda da FNSEA/JA. A Coordenação Rural, segundo sindicato representativo, promete “uma revolta agrícola” a partir de 19 de novembro, com um “bloqueio ao transporte de alimentos”.

Por sua vez, o sindicato minoritário Confederação Camponesa se adiantou e participou de diversas manifestações contra o Mercosul, sozinho ou com outras organizações, em Bruxelas, Paris e em Aveyron, no Sul. Os ativistas se reuniram principalmente em Millau, em Aveyron, em frente ao McDonald’s que foi “desmantelado” pelos membros da confederação em 1999, numa ação que permaneceu como um símbolo da luta dos agricultores contra a globalização. “O objetivo era também sair um pouco mais cedo do que os outros sindicatos, destacar-nos e dizer que não somos contra as regras, mas sim contra o comércio livre, e que já o fazemos há muito tempo, 25 anos”, explicou à AFP Sascha Vue, co-porta-voz da Confederação Camponesa em Aveyron. /Com AFP

BRASÍLIA - A França não aceitará a assinatura do acordo de comércio livre há muito negociado entre a União Europeia e o Mercosul se o texto se mantiver como atualmente proposto, alertou nesta quarta-feira, 13, o primeiro-ministro francês, Michel Barnier. “Nas condições atuais, este acordo não é aceitável para a França e não o será. Recomendo que a posição de um país como a França não seja ignorada”, declarou.

Responsável pela negociação, em nível técnico, do acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia, o embaixador Mauricio Lyrio indicou que o tratado não será fechado durante o G-20. Havia expectativa política, de ambos os lados, mas principalmente do governo brasileiro, por uma possível assinatura no Rio.

“A negociação avança bem. Mas a ideia não é fazer algo sobre isso na Cúpula do G-20. O objetivo continua sendo buscar concluir as negociações até o final do ano”, afirmou o secretário do Itamaraty, na sexta-feira, 8.

Em Bruxelas, o premiê reuniu-se nesta quarta-feira, 13, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a questão do acordo UE-Mercosul fez parte da agenda.

Barnier mencionou o “impacto desastroso que este acordo teria em setores inteiros, em particular na agricultura e na pecuária”. Estes são, acrescentou, “os mesmos receios” que existem “em muitos países europeus”. Quando questionado sobre possíveis ajustes que poderiam tornar o texto aceitável para a França, Barnier não entrou em detalhes.

Dirigentes de todo o arco político francês e o setor agropecuário se mobilizam com uma excepcional unanimidade contra a assinatura do acordo, escreveu Myriam Lemétayer, da agência de notícias francesa AFP. A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) parece decidida a assinar antes do fim de ano o acordo de livre comércio com o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia), contra o parecer da França.

Em Bruxelas, nesta quarta-feira, 13, o primeiro-ministro Michel Barnier explicou à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen por que a França rejeita o acordo com o Mercosul Foto: AP Photo/Omar Havana

Antes de embarcar para a Bélgica, o premiê havia reiterado durante uma reunião de gabinete “a absoluta oposição do governo a um tratado que colocará em perigo nossos produtores”, informou o porta-voz do governo, Maud Bregeon. Na terça-feira, 12, mais de 600 parlamentares franceses (deputados, senadores e deputados europeus) escreveram à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para manifestar sua oposição ao tratado.

Menos de um ano depois de uma mobilização histórica de agricultores na França, com bloqueios de estradas, os sindicatos do setor estão convocando protestos de novo. Os agricultores, que seguem denunciando a burocracia e as baixas receitas, estão frustrados com as colheitas ruins, as perdas relacionadas a doenças de animais e a perspectiva de uma assinatura de acordo com o Mercosul.

A aliança sindical agrí­cola majoritária formada por uma organização chamada FNSEA e os Jovens Agricultores (JA) chamou uma mobilização nacional de agricultores, a partir de segunda-feira, 18. Principalmente, querem “fazer ouvir (...) a voz de França” durante o “G-20 no Brasil”, em um momento em que, com sua oposição a este acordo, o país ficou mais isolado na cena europeia.

“A Europa não deve se converter em um filtro e não pode importar produtos que não respeitam nenhuma de nossas normas”, disse à rádio France Inter a presidente da FNSEA, Arnaud Rousseau, antes de uma coletiva de imprensa organizada para dar detalhes das ações previstas. “Nosso objetivo não são as rodovias”, disse, acrescentando que tampouco era “bloquear” ou “matar de fome” a França.

Os sindicatos majoritários rejeitam o acordo com o Mercosul, argumentando que os franceses encontrariam nos seus pratos mais produtos que dizem não querer: cultivados com pesticidas proibidos na União Europeia e criados com químicos que ativam o crescimento. Os demais sindicatos dirigem as suas próprias ações, sem se alinhar totalmente com a agenda da FNSEA/JA. A Coordenação Rural, segundo sindicato representativo, promete “uma revolta agrícola” a partir de 19 de novembro, com um “bloqueio ao transporte de alimentos”.

Por sua vez, o sindicato minoritário Confederação Camponesa se adiantou e participou de diversas manifestações contra o Mercosul, sozinho ou com outras organizações, em Bruxelas, Paris e em Aveyron, no Sul. Os ativistas se reuniram principalmente em Millau, em Aveyron, em frente ao McDonald’s que foi “desmantelado” pelos membros da confederação em 1999, numa ação que permaneceu como um símbolo da luta dos agricultores contra a globalização. “O objetivo era também sair um pouco mais cedo do que os outros sindicatos, destacar-nos e dizer que não somos contra as regras, mas sim contra o comércio livre, e que já o fazemos há muito tempo, 25 anos”, explicou à AFP Sascha Vue, co-porta-voz da Confederação Camponesa em Aveyron. /Com AFP

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