Os brasileiros, e especialmente o governo, devem rezar para que chova e assim o País consiga se livrar da possibilidade de racionamento de energia, conforme reportagem publicada hoje no jornal britânico Financial Times. O Brasil é o tema desta sexta-feira da série de reportagens especiais do jornal sobre os problemas do setor elétrico na América Latina. O FT lembra do racionamento no Brasil entre 2001 e 2002, conseqüência da falta de chuvas e má administração nessa área durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. "Agora, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva quer evitar qualquer impressão de que uma restrição no uso da energia possa ocorrer novamente.". O presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, descartou essa possibilidade recentemente, mas outros especialistas discordam, diz o FT. O analista Rowe Michels, do banco de investimentos Bear Stearns, afirmou que os próximos meses serão críticos e, caso os reservatórios das hidrelétricas não se recuperem para a estação seca, entre maio e outubro, um racionamento preventivo poderia ser implementado. Conforme o jornal britânico, há quem diga que a restrição de energia já está em curso no País. "Nenhum corte foi anunciado, mas a forma como o mercado de energia está estruturado resulta em elevações tão altas de preços que forçaram pelo menos duas grandes empresas (Coteminas e Novelis) a paralisar atividades e dispensar trabalhadores." Novos projetos de hidrelétricas, que hoje respondem por 85% da eletricidade produzida no País, enfrentam atrasos e dificuldades, como a demora para a obtenção de licenças ambientais, diz o jornal. Para compensar, o governo está acelerando a construção de usinas termelétricas, mas nesse campo esbarra na falta de gás. Os atrasos nos projetos trazem um balanço perigoso entre oferta e demanda e deixa a segurança do fornecimento de energia elétrica novamente na dependência da chuva, conclui o FT.