Gargalo nos portos: 70 navios esperam 20 dias para carregar 3 milhões de toneladas de açúcar


Brasil não consegue atender à demanda global por problemas logísticos; seca na Amazônia agravou congestionamento nos terminais portuários

Por Dayanne Sousa e Isis Almeida
Atualização:

Bloomberg - O mundo precisa mais do que nunca do açúcar brasileiro para aliviar a escassez global da commodity. O congestionamento que ocorre nos principais portos impede que o maior produtor mundial de açúcar, o Brasil, consiga despachar o produto com rapidez exigida.

Mais de uma década depois de os impasses nos portos terem atormentado a maior economia da América Latina – provocando alta nos preços do açúcar – a logística está novamente estressada. Aproximadamente 70 navios aguardam cerca de 20 dias para carregar mais de 3 milhões de toneladas de açúcar no Brasil, informou a agência marítima SA Commodities. Isso equivale a um mês de exportações.

Para piorar a situação, um incêndio em Paranaguá (PR), o segundo maior porto brasileiro, fechou um terminal e impactou as operações. E tudo isto acontece no momento em que uma seca na Amazônia provoca desvio das cargas de cereais dos portos do Norte do País, aumentando a concorrência por transporte marítimo com o açúcar no Sudeste.

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“Esta é a primeira vez em anos que o Brasil testa sua capacidade logística máxima”, disse Ricardo Carvalho, diretor comercial da BP Bunge Bioenergia, uma joint-venture entre a grande petrolífera britânica e uma das maiores comercializadoras de produtos agrícolas.

As supersafras de soja e milho coincidiram com a produção de açúcar, que deverá atingir um recorde este ano. Em teoria, a safra maior poderia aliviar a escassez global de açúcar, cujo preço está no nível mais elevado desde 2011. Mas a repetição de problemas da última década mantém o mundo desabastecido do produto.

Seca na Amazônia ampliou os gargalos na logística dos portos brasileiros Foto: Albari Rosa/Agência de notícias Gazeta do Povo
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As fracas colheitas e a ameaça de restrições às exportações na Índia e na Tailândia já colocaram as cotações futuras do açúcar bruto negociado na Bolsa de Nova York no quinto ano seguido de ganhos. Com a expectativa de que os estoques globais recuem para o seu nível mais baixo dos últimos 13 anos, o mundo está novamente contando com o Brasil para atender à crescente demanda.

“A dependência que o mundo está criando do açúcar brasileiro é assustadora”, disse Mauro Angelo, CEO da Alvean, a maior comercializadora de açúcar do mundo, em entrevista em São Paulo na semana passada. A empresa é controlada pela produtora brasileira Copersucar.

Volta ao passado

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Para muitos traders de açúcar, parece que o País está no início da década de 2010 novamente. O Brasil enfrentou graves impasses naquela época, seguidos por um incêndio no Porto de Santos (SP) que interrompeu o carregamento. A concorrência com as exportações de grãos também foi forte, só diminuindo quando uma onda de investimentos logísticos no Norte do País começou a operar.

Mas, ao contrário daquela época, as condições agora traçam um futuro incerto. Com altas taxas de juros e custos de construção crescentes, o alívio para os mercados de açúcar só poderá vir com um novo terminal em Santos (SP). A expectativa é a que a Cofco International comece a operar uma nova instalação em 2025, disse Marcelo de Andrade, diretor-gerente de commodities da companhia, que é a maior empresa de alimentos da China.

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“O mundo precisa de açúcar. O Brasil tem açúcar, mas não pode transportá-lo, então os preços têm de subir”, disse Andrade em São Paulo na semana passada. “Quanto tempo vai durar a festa? Até o terminal da Cofco começar”, acrescentou.

Logística pressionada

Por enquanto, a logística apertada colocou os mercados de açúcar em estado de alerta. A seca na Amazônia faz com que cerca de 1 milhão de toneladas de grãos que normalmente viajariam em barcaças pela região sejam direcionados para portos do Sudeste, segundo Carvalho, da BP Bunge. Embora os níveis da água tenham melhorado depois de atingirem mínimos históricos, a logística do açúcar deverá permanecer sob pressão.

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O Brasil começa a plantar a sua nova safra de soja neste ano, e muitos terminais que agora exportam açúcar passarão a ser ocupados pela oleaginosa no próximo ano. Outros irão parar para manutenção anual.

Muitos já enfrentam fortes chuvas, que impedem os terminais de carregar açúcar, sob risco de estragar o produto.

“A atual safra recorde de açúcar está testando os limites da rígida logística portuária, especialmente em Santos”, disse Thierry Songeur, gerente geral da trader Sucres et Denrees, com sede em Paris. “O mercado está vulnerável às notícias meteorológicas, com chuvas fortes e duradouras que provavelmente desencadearão um movimento de alta.”

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Incêndio

O incêndio de sábado em uma esteira transportadora que atende o Terminal CAP em Paranaguá apenas põe mais pressão num mercado tenso. Embora se espere que a instalação vizinha da Bunge retorne às operações completas esta semana ou no início da próxima, não está claro por quanto tempo o CAP ficará fora de operação. Com isso, deve aumentar a concorrência para embarcar em outros portos.

Impasses nos portos já forçaram os usineiros no Brasil a serem criativos, encontrando galpões de terceiros para armazenar o produto. A Água Bonita foi uma das produtoras que alugou espaço extra. “É um problema com certeza”, disse o diretor-gerente da companhia, Flávio Ribeiro. “Mesmo que ter muito produto para vender seja um problema, esse é o tipo de problema que gostamos de ter.”

Bloomberg - O mundo precisa mais do que nunca do açúcar brasileiro para aliviar a escassez global da commodity. O congestionamento que ocorre nos principais portos impede que o maior produtor mundial de açúcar, o Brasil, consiga despachar o produto com rapidez exigida.

Mais de uma década depois de os impasses nos portos terem atormentado a maior economia da América Latina – provocando alta nos preços do açúcar – a logística está novamente estressada. Aproximadamente 70 navios aguardam cerca de 20 dias para carregar mais de 3 milhões de toneladas de açúcar no Brasil, informou a agência marítima SA Commodities. Isso equivale a um mês de exportações.

Para piorar a situação, um incêndio em Paranaguá (PR), o segundo maior porto brasileiro, fechou um terminal e impactou as operações. E tudo isto acontece no momento em que uma seca na Amazônia provoca desvio das cargas de cereais dos portos do Norte do País, aumentando a concorrência por transporte marítimo com o açúcar no Sudeste.

“Esta é a primeira vez em anos que o Brasil testa sua capacidade logística máxima”, disse Ricardo Carvalho, diretor comercial da BP Bunge Bioenergia, uma joint-venture entre a grande petrolífera britânica e uma das maiores comercializadoras de produtos agrícolas.

As supersafras de soja e milho coincidiram com a produção de açúcar, que deverá atingir um recorde este ano. Em teoria, a safra maior poderia aliviar a escassez global de açúcar, cujo preço está no nível mais elevado desde 2011. Mas a repetição de problemas da última década mantém o mundo desabastecido do produto.

Seca na Amazônia ampliou os gargalos na logística dos portos brasileiros Foto: Albari Rosa/Agência de notícias Gazeta do Povo

As fracas colheitas e a ameaça de restrições às exportações na Índia e na Tailândia já colocaram as cotações futuras do açúcar bruto negociado na Bolsa de Nova York no quinto ano seguido de ganhos. Com a expectativa de que os estoques globais recuem para o seu nível mais baixo dos últimos 13 anos, o mundo está novamente contando com o Brasil para atender à crescente demanda.

“A dependência que o mundo está criando do açúcar brasileiro é assustadora”, disse Mauro Angelo, CEO da Alvean, a maior comercializadora de açúcar do mundo, em entrevista em São Paulo na semana passada. A empresa é controlada pela produtora brasileira Copersucar.

Volta ao passado

Para muitos traders de açúcar, parece que o País está no início da década de 2010 novamente. O Brasil enfrentou graves impasses naquela época, seguidos por um incêndio no Porto de Santos (SP) que interrompeu o carregamento. A concorrência com as exportações de grãos também foi forte, só diminuindo quando uma onda de investimentos logísticos no Norte do País começou a operar.

Mas, ao contrário daquela época, as condições agora traçam um futuro incerto. Com altas taxas de juros e custos de construção crescentes, o alívio para os mercados de açúcar só poderá vir com um novo terminal em Santos (SP). A expectativa é a que a Cofco International comece a operar uma nova instalação em 2025, disse Marcelo de Andrade, diretor-gerente de commodities da companhia, que é a maior empresa de alimentos da China.

“O mundo precisa de açúcar. O Brasil tem açúcar, mas não pode transportá-lo, então os preços têm de subir”, disse Andrade em São Paulo na semana passada. “Quanto tempo vai durar a festa? Até o terminal da Cofco começar”, acrescentou.

Logística pressionada

Por enquanto, a logística apertada colocou os mercados de açúcar em estado de alerta. A seca na Amazônia faz com que cerca de 1 milhão de toneladas de grãos que normalmente viajariam em barcaças pela região sejam direcionados para portos do Sudeste, segundo Carvalho, da BP Bunge. Embora os níveis da água tenham melhorado depois de atingirem mínimos históricos, a logística do açúcar deverá permanecer sob pressão.

O Brasil começa a plantar a sua nova safra de soja neste ano, e muitos terminais que agora exportam açúcar passarão a ser ocupados pela oleaginosa no próximo ano. Outros irão parar para manutenção anual.

Muitos já enfrentam fortes chuvas, que impedem os terminais de carregar açúcar, sob risco de estragar o produto.

“A atual safra recorde de açúcar está testando os limites da rígida logística portuária, especialmente em Santos”, disse Thierry Songeur, gerente geral da trader Sucres et Denrees, com sede em Paris. “O mercado está vulnerável às notícias meteorológicas, com chuvas fortes e duradouras que provavelmente desencadearão um movimento de alta.”

Incêndio

O incêndio de sábado em uma esteira transportadora que atende o Terminal CAP em Paranaguá apenas põe mais pressão num mercado tenso. Embora se espere que a instalação vizinha da Bunge retorne às operações completas esta semana ou no início da próxima, não está claro por quanto tempo o CAP ficará fora de operação. Com isso, deve aumentar a concorrência para embarcar em outros portos.

Impasses nos portos já forçaram os usineiros no Brasil a serem criativos, encontrando galpões de terceiros para armazenar o produto. A Água Bonita foi uma das produtoras que alugou espaço extra. “É um problema com certeza”, disse o diretor-gerente da companhia, Flávio Ribeiro. “Mesmo que ter muito produto para vender seja um problema, esse é o tipo de problema que gostamos de ter.”

Bloomberg - O mundo precisa mais do que nunca do açúcar brasileiro para aliviar a escassez global da commodity. O congestionamento que ocorre nos principais portos impede que o maior produtor mundial de açúcar, o Brasil, consiga despachar o produto com rapidez exigida.

Mais de uma década depois de os impasses nos portos terem atormentado a maior economia da América Latina – provocando alta nos preços do açúcar – a logística está novamente estressada. Aproximadamente 70 navios aguardam cerca de 20 dias para carregar mais de 3 milhões de toneladas de açúcar no Brasil, informou a agência marítima SA Commodities. Isso equivale a um mês de exportações.

Para piorar a situação, um incêndio em Paranaguá (PR), o segundo maior porto brasileiro, fechou um terminal e impactou as operações. E tudo isto acontece no momento em que uma seca na Amazônia provoca desvio das cargas de cereais dos portos do Norte do País, aumentando a concorrência por transporte marítimo com o açúcar no Sudeste.

“Esta é a primeira vez em anos que o Brasil testa sua capacidade logística máxima”, disse Ricardo Carvalho, diretor comercial da BP Bunge Bioenergia, uma joint-venture entre a grande petrolífera britânica e uma das maiores comercializadoras de produtos agrícolas.

As supersafras de soja e milho coincidiram com a produção de açúcar, que deverá atingir um recorde este ano. Em teoria, a safra maior poderia aliviar a escassez global de açúcar, cujo preço está no nível mais elevado desde 2011. Mas a repetição de problemas da última década mantém o mundo desabastecido do produto.

Seca na Amazônia ampliou os gargalos na logística dos portos brasileiros Foto: Albari Rosa/Agência de notícias Gazeta do Povo

As fracas colheitas e a ameaça de restrições às exportações na Índia e na Tailândia já colocaram as cotações futuras do açúcar bruto negociado na Bolsa de Nova York no quinto ano seguido de ganhos. Com a expectativa de que os estoques globais recuem para o seu nível mais baixo dos últimos 13 anos, o mundo está novamente contando com o Brasil para atender à crescente demanda.

“A dependência que o mundo está criando do açúcar brasileiro é assustadora”, disse Mauro Angelo, CEO da Alvean, a maior comercializadora de açúcar do mundo, em entrevista em São Paulo na semana passada. A empresa é controlada pela produtora brasileira Copersucar.

Volta ao passado

Para muitos traders de açúcar, parece que o País está no início da década de 2010 novamente. O Brasil enfrentou graves impasses naquela época, seguidos por um incêndio no Porto de Santos (SP) que interrompeu o carregamento. A concorrência com as exportações de grãos também foi forte, só diminuindo quando uma onda de investimentos logísticos no Norte do País começou a operar.

Mas, ao contrário daquela época, as condições agora traçam um futuro incerto. Com altas taxas de juros e custos de construção crescentes, o alívio para os mercados de açúcar só poderá vir com um novo terminal em Santos (SP). A expectativa é a que a Cofco International comece a operar uma nova instalação em 2025, disse Marcelo de Andrade, diretor-gerente de commodities da companhia, que é a maior empresa de alimentos da China.

“O mundo precisa de açúcar. O Brasil tem açúcar, mas não pode transportá-lo, então os preços têm de subir”, disse Andrade em São Paulo na semana passada. “Quanto tempo vai durar a festa? Até o terminal da Cofco começar”, acrescentou.

Logística pressionada

Por enquanto, a logística apertada colocou os mercados de açúcar em estado de alerta. A seca na Amazônia faz com que cerca de 1 milhão de toneladas de grãos que normalmente viajariam em barcaças pela região sejam direcionados para portos do Sudeste, segundo Carvalho, da BP Bunge. Embora os níveis da água tenham melhorado depois de atingirem mínimos históricos, a logística do açúcar deverá permanecer sob pressão.

O Brasil começa a plantar a sua nova safra de soja neste ano, e muitos terminais que agora exportam açúcar passarão a ser ocupados pela oleaginosa no próximo ano. Outros irão parar para manutenção anual.

Muitos já enfrentam fortes chuvas, que impedem os terminais de carregar açúcar, sob risco de estragar o produto.

“A atual safra recorde de açúcar está testando os limites da rígida logística portuária, especialmente em Santos”, disse Thierry Songeur, gerente geral da trader Sucres et Denrees, com sede em Paris. “O mercado está vulnerável às notícias meteorológicas, com chuvas fortes e duradouras que provavelmente desencadearão um movimento de alta.”

Incêndio

O incêndio de sábado em uma esteira transportadora que atende o Terminal CAP em Paranaguá apenas põe mais pressão num mercado tenso. Embora se espere que a instalação vizinha da Bunge retorne às operações completas esta semana ou no início da próxima, não está claro por quanto tempo o CAP ficará fora de operação. Com isso, deve aumentar a concorrência para embarcar em outros portos.

Impasses nos portos já forçaram os usineiros no Brasil a serem criativos, encontrando galpões de terceiros para armazenar o produto. A Água Bonita foi uma das produtoras que alugou espaço extra. “É um problema com certeza”, disse o diretor-gerente da companhia, Flávio Ribeiro. “Mesmo que ter muito produto para vender seja um problema, esse é o tipo de problema que gostamos de ter.”

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