Peso da gasolina no orçamento das famílias do Nordeste é o dobro de Sul e Sudeste, mostra pesquisa


Combustível representou 4,8% e 5% no Sul e no Sudeste contra 9,7% no Nordeste, segundo levantamento do serviço de mobilidade Veloe em parceria com a Fipe

Por Gabriel Vasconcelos

RIO - O peso do gasto com gasolina no orçamento das famílias do Nordeste foi o dobro do verificado no Sul e Sudeste nos primeiros três meses do ano, aponta levantamento do serviço de mobilidade e gestão de frotas Veloe em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Na média nacional, o custo do tanque cheio de gasolina, com 55 litros, representou 5,9% da renda domiciliar média dos domicílios brasileiros, estimada pela Fipe. Enquanto no Sudeste e Sul, esse porcentual ficou em 4,8% e 5% respectivamente, no Nordeste alcançou 9,7% e, no Norte, 7,9%.

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O Indicador de Poder de Compra de Combustíveis da Veloe/Fipe é uma razão entre o preço médio do tanque cheio nos postos e a renda média dos domicílios. Essa renda é estimada pelos técnicos da Fipe a partir de atualizações próprias de informações Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) anual, do IBGE, com base em dados de emprego e renda contidos na versão trimestral da pesquisa. A Fipe não revela valores nominais.

Já o preço médio do tanque cheio é construído a partir dos dados de mais de 30 mil postos de gasolina, base que soma a rede onde a Veloe presta serviços a empresas e motoristas, além de informações levantadas semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Custo do combustível varia de Estado para Estado Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Em maio, o preço médio do litro de gasolina apurado pela Veloe nos postos brasileiros foi de R$ 5,51, enquanto a ANP reportou R$ 5,39. Com relação ao preço apurado pela Veloe, houve queda de 1,2% ante abril. No ano, esse preço médio da gasolina acumula alta de 10,9%. Em doze meses, porém, há queda de 24,8% devido a cortes de impostos no ano passado e seguidas reduções nos preços por parte de refinadores, sobretudo Petrobras.

Abismo regional

Dois fatores principais contribuem para a disparidade regional do indicador. O primeiro deles é a diferença da renda média domiciliar em cada região. Como a renda média das famílias do Norte e do Nordeste são significativamente inferiores à das outras regiões do País, os combustíveis naturalmente pesam mais em sua cesta de consumo.

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Para se ter uma ideia do abismo, a Pnad Contínua anual mostrou que em 2022 o rendimento médio per capita no Norte e Nordeste foi, respectivamente, de R$ 1.096 e R$ 1.011, ao passo que, no Sul e Sudeste esses valores chegaram a R$ 1.927 e R$ 1.891. Na média nacional, essa renda per capita foi de R$ 1.586. A Fipe não usa esses números na construção do indicador, até porque trata da renda média do domicílio, em geral, composto por mais de uma pessoa, mas também parte de dados da Pnad Contínua.

Preços acima da Petrobras

Para além do abismo na renda, a diferença regional verificada no peso do custo com gasolina das famílias também é alimentada pela escalada dos preços dos combustíveis no Nordeste nos últimos anos e, nos últimos meses, no Norte. Ambas as regiões viram suas refinarias dominantes privatizadas, com a venda das até então unidades da Petrobras (Rlam e Reman) para os grupos privados Acelen na Bahia, no fim de 2021, e Atem no Amazonas, em dezembro.

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Ainda que os preços de todo o mercado venham em queda alinhada às variações internacionais, as empresas privadas têm mantido os preços médios dos combustíveis vendidos aos distribuidores acima da Petrobras, o que se reflete nas bombas, a ponta do consumidor final. Nos postos de Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que recebem mais combustível refinado pela estatal, os preços médios apurados semanalmente pela ANP nas bombas têm se mantido abaixo dos verificados no Norte e Nordeste.

Segundo a ANP, no mês de maio, o preço médio do litro de gasolina nos postos do Sudeste custou R$ 5,29, e no Sul, R$ 5,41, mas chegando a R$ 5,75 e R$ 5,40 no Norte e Nordeste. Foi o único mês do ano em que o produto vendido no Sul saiu mais caro que o comercializado no Nordeste. Em março, quando a gasolina chegou ao preço médio nacional mais alto do ano (R$ 5,52), foi vendida a R$ 5,39 no Sudeste, ante R$ 5,79 no Norte e R$ 5,61 no Nordeste.

O caso mais flagrante no momento de descolamento do preço é o da região Norte. Por motivos de logística e oferta de produto refinado, os preços dos combustíveis no Norte do País sempre foram ligeiramente mais caros do que no restante do território, mas essa diferença disparou nos últimos meses. A diferença por litro no preço ao consumidor final entre Norte e Sudeste saltou de R$ 0,08 em dezembro de 2021 para R$ 0,46 em maio.

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Esse descolamento tem início a partir da conclusão da venda da Reman para o grupo Atem, que elevou os preços a distribuidores, o que foi naturalmente repassado ao consumidor. Não à toa, o Amazonas foi o estado com o preço do litro de gasolina nos postos mais alto do País em maio, segundo a Veloe: R$ 6,52. Manaus, por sua vez, é a capital com o produto mais caro nos postos, R$ 6,54.

A tendência, dizem fontes de mercado, é que essa disparidade de preços avance mais ainda com a mudança na política de preços da Petrobras, que abandonou formalmente o chamado preço de paridade de importação (PPI). Desde 2016, o PPI era o principal parâmetro norteador da precificação no setor e segue sendo observado pelos agentes privados.

Comparações

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O resultado do Indicador de Poder de Compra de Combustíveis Veloe/Fipe no primeiro trimestre, 5,9%, se manteve estável ante o observado no quarto trimestre de 2022, mas houve queda de 2,5 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2022 (8,3%).

À época, os preços internos dos combustíveis tiveram um pico associado à guerra na Ucrânia e também à política de preços da Petrobras, então mais alinhada ao Preço de Paridade de Importação (PPI). Isso foi flexibilizado devido a pressões políticas ligadas à eleição ainda no governo Jair Bolsonaro e, mais recentemente, devido ao abandono formal do PPI pela Petrobras sob o governo Lula.

Observando apenas capitais, o abastecimento com mesmo volume de gasolina, 55 litros, representou 3,7% da renda média domiciliar, ante 5,5% no mesmo trimestre de 2022.

RIO - O peso do gasto com gasolina no orçamento das famílias do Nordeste foi o dobro do verificado no Sul e Sudeste nos primeiros três meses do ano, aponta levantamento do serviço de mobilidade e gestão de frotas Veloe em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Na média nacional, o custo do tanque cheio de gasolina, com 55 litros, representou 5,9% da renda domiciliar média dos domicílios brasileiros, estimada pela Fipe. Enquanto no Sudeste e Sul, esse porcentual ficou em 4,8% e 5% respectivamente, no Nordeste alcançou 9,7% e, no Norte, 7,9%.

O Indicador de Poder de Compra de Combustíveis da Veloe/Fipe é uma razão entre o preço médio do tanque cheio nos postos e a renda média dos domicílios. Essa renda é estimada pelos técnicos da Fipe a partir de atualizações próprias de informações Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) anual, do IBGE, com base em dados de emprego e renda contidos na versão trimestral da pesquisa. A Fipe não revela valores nominais.

Já o preço médio do tanque cheio é construído a partir dos dados de mais de 30 mil postos de gasolina, base que soma a rede onde a Veloe presta serviços a empresas e motoristas, além de informações levantadas semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Custo do combustível varia de Estado para Estado Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em maio, o preço médio do litro de gasolina apurado pela Veloe nos postos brasileiros foi de R$ 5,51, enquanto a ANP reportou R$ 5,39. Com relação ao preço apurado pela Veloe, houve queda de 1,2% ante abril. No ano, esse preço médio da gasolina acumula alta de 10,9%. Em doze meses, porém, há queda de 24,8% devido a cortes de impostos no ano passado e seguidas reduções nos preços por parte de refinadores, sobretudo Petrobras.

Abismo regional

Dois fatores principais contribuem para a disparidade regional do indicador. O primeiro deles é a diferença da renda média domiciliar em cada região. Como a renda média das famílias do Norte e do Nordeste são significativamente inferiores à das outras regiões do País, os combustíveis naturalmente pesam mais em sua cesta de consumo.

Para se ter uma ideia do abismo, a Pnad Contínua anual mostrou que em 2022 o rendimento médio per capita no Norte e Nordeste foi, respectivamente, de R$ 1.096 e R$ 1.011, ao passo que, no Sul e Sudeste esses valores chegaram a R$ 1.927 e R$ 1.891. Na média nacional, essa renda per capita foi de R$ 1.586. A Fipe não usa esses números na construção do indicador, até porque trata da renda média do domicílio, em geral, composto por mais de uma pessoa, mas também parte de dados da Pnad Contínua.

Preços acima da Petrobras

Para além do abismo na renda, a diferença regional verificada no peso do custo com gasolina das famílias também é alimentada pela escalada dos preços dos combustíveis no Nordeste nos últimos anos e, nos últimos meses, no Norte. Ambas as regiões viram suas refinarias dominantes privatizadas, com a venda das até então unidades da Petrobras (Rlam e Reman) para os grupos privados Acelen na Bahia, no fim de 2021, e Atem no Amazonas, em dezembro.

Ainda que os preços de todo o mercado venham em queda alinhada às variações internacionais, as empresas privadas têm mantido os preços médios dos combustíveis vendidos aos distribuidores acima da Petrobras, o que se reflete nas bombas, a ponta do consumidor final. Nos postos de Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que recebem mais combustível refinado pela estatal, os preços médios apurados semanalmente pela ANP nas bombas têm se mantido abaixo dos verificados no Norte e Nordeste.

Segundo a ANP, no mês de maio, o preço médio do litro de gasolina nos postos do Sudeste custou R$ 5,29, e no Sul, R$ 5,41, mas chegando a R$ 5,75 e R$ 5,40 no Norte e Nordeste. Foi o único mês do ano em que o produto vendido no Sul saiu mais caro que o comercializado no Nordeste. Em março, quando a gasolina chegou ao preço médio nacional mais alto do ano (R$ 5,52), foi vendida a R$ 5,39 no Sudeste, ante R$ 5,79 no Norte e R$ 5,61 no Nordeste.

O caso mais flagrante no momento de descolamento do preço é o da região Norte. Por motivos de logística e oferta de produto refinado, os preços dos combustíveis no Norte do País sempre foram ligeiramente mais caros do que no restante do território, mas essa diferença disparou nos últimos meses. A diferença por litro no preço ao consumidor final entre Norte e Sudeste saltou de R$ 0,08 em dezembro de 2021 para R$ 0,46 em maio.

Esse descolamento tem início a partir da conclusão da venda da Reman para o grupo Atem, que elevou os preços a distribuidores, o que foi naturalmente repassado ao consumidor. Não à toa, o Amazonas foi o estado com o preço do litro de gasolina nos postos mais alto do País em maio, segundo a Veloe: R$ 6,52. Manaus, por sua vez, é a capital com o produto mais caro nos postos, R$ 6,54.

A tendência, dizem fontes de mercado, é que essa disparidade de preços avance mais ainda com a mudança na política de preços da Petrobras, que abandonou formalmente o chamado preço de paridade de importação (PPI). Desde 2016, o PPI era o principal parâmetro norteador da precificação no setor e segue sendo observado pelos agentes privados.

Comparações

O resultado do Indicador de Poder de Compra de Combustíveis Veloe/Fipe no primeiro trimestre, 5,9%, se manteve estável ante o observado no quarto trimestre de 2022, mas houve queda de 2,5 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2022 (8,3%).

À época, os preços internos dos combustíveis tiveram um pico associado à guerra na Ucrânia e também à política de preços da Petrobras, então mais alinhada ao Preço de Paridade de Importação (PPI). Isso foi flexibilizado devido a pressões políticas ligadas à eleição ainda no governo Jair Bolsonaro e, mais recentemente, devido ao abandono formal do PPI pela Petrobras sob o governo Lula.

Observando apenas capitais, o abastecimento com mesmo volume de gasolina, 55 litros, representou 3,7% da renda média domiciliar, ante 5,5% no mesmo trimestre de 2022.

RIO - O peso do gasto com gasolina no orçamento das famílias do Nordeste foi o dobro do verificado no Sul e Sudeste nos primeiros três meses do ano, aponta levantamento do serviço de mobilidade e gestão de frotas Veloe em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Na média nacional, o custo do tanque cheio de gasolina, com 55 litros, representou 5,9% da renda domiciliar média dos domicílios brasileiros, estimada pela Fipe. Enquanto no Sudeste e Sul, esse porcentual ficou em 4,8% e 5% respectivamente, no Nordeste alcançou 9,7% e, no Norte, 7,9%.

O Indicador de Poder de Compra de Combustíveis da Veloe/Fipe é uma razão entre o preço médio do tanque cheio nos postos e a renda média dos domicílios. Essa renda é estimada pelos técnicos da Fipe a partir de atualizações próprias de informações Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) anual, do IBGE, com base em dados de emprego e renda contidos na versão trimestral da pesquisa. A Fipe não revela valores nominais.

Já o preço médio do tanque cheio é construído a partir dos dados de mais de 30 mil postos de gasolina, base que soma a rede onde a Veloe presta serviços a empresas e motoristas, além de informações levantadas semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Custo do combustível varia de Estado para Estado Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em maio, o preço médio do litro de gasolina apurado pela Veloe nos postos brasileiros foi de R$ 5,51, enquanto a ANP reportou R$ 5,39. Com relação ao preço apurado pela Veloe, houve queda de 1,2% ante abril. No ano, esse preço médio da gasolina acumula alta de 10,9%. Em doze meses, porém, há queda de 24,8% devido a cortes de impostos no ano passado e seguidas reduções nos preços por parte de refinadores, sobretudo Petrobras.

Abismo regional

Dois fatores principais contribuem para a disparidade regional do indicador. O primeiro deles é a diferença da renda média domiciliar em cada região. Como a renda média das famílias do Norte e do Nordeste são significativamente inferiores à das outras regiões do País, os combustíveis naturalmente pesam mais em sua cesta de consumo.

Para se ter uma ideia do abismo, a Pnad Contínua anual mostrou que em 2022 o rendimento médio per capita no Norte e Nordeste foi, respectivamente, de R$ 1.096 e R$ 1.011, ao passo que, no Sul e Sudeste esses valores chegaram a R$ 1.927 e R$ 1.891. Na média nacional, essa renda per capita foi de R$ 1.586. A Fipe não usa esses números na construção do indicador, até porque trata da renda média do domicílio, em geral, composto por mais de uma pessoa, mas também parte de dados da Pnad Contínua.

Preços acima da Petrobras

Para além do abismo na renda, a diferença regional verificada no peso do custo com gasolina das famílias também é alimentada pela escalada dos preços dos combustíveis no Nordeste nos últimos anos e, nos últimos meses, no Norte. Ambas as regiões viram suas refinarias dominantes privatizadas, com a venda das até então unidades da Petrobras (Rlam e Reman) para os grupos privados Acelen na Bahia, no fim de 2021, e Atem no Amazonas, em dezembro.

Ainda que os preços de todo o mercado venham em queda alinhada às variações internacionais, as empresas privadas têm mantido os preços médios dos combustíveis vendidos aos distribuidores acima da Petrobras, o que se reflete nas bombas, a ponta do consumidor final. Nos postos de Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que recebem mais combustível refinado pela estatal, os preços médios apurados semanalmente pela ANP nas bombas têm se mantido abaixo dos verificados no Norte e Nordeste.

Segundo a ANP, no mês de maio, o preço médio do litro de gasolina nos postos do Sudeste custou R$ 5,29, e no Sul, R$ 5,41, mas chegando a R$ 5,75 e R$ 5,40 no Norte e Nordeste. Foi o único mês do ano em que o produto vendido no Sul saiu mais caro que o comercializado no Nordeste. Em março, quando a gasolina chegou ao preço médio nacional mais alto do ano (R$ 5,52), foi vendida a R$ 5,39 no Sudeste, ante R$ 5,79 no Norte e R$ 5,61 no Nordeste.

O caso mais flagrante no momento de descolamento do preço é o da região Norte. Por motivos de logística e oferta de produto refinado, os preços dos combustíveis no Norte do País sempre foram ligeiramente mais caros do que no restante do território, mas essa diferença disparou nos últimos meses. A diferença por litro no preço ao consumidor final entre Norte e Sudeste saltou de R$ 0,08 em dezembro de 2021 para R$ 0,46 em maio.

Esse descolamento tem início a partir da conclusão da venda da Reman para o grupo Atem, que elevou os preços a distribuidores, o que foi naturalmente repassado ao consumidor. Não à toa, o Amazonas foi o estado com o preço do litro de gasolina nos postos mais alto do País em maio, segundo a Veloe: R$ 6,52. Manaus, por sua vez, é a capital com o produto mais caro nos postos, R$ 6,54.

A tendência, dizem fontes de mercado, é que essa disparidade de preços avance mais ainda com a mudança na política de preços da Petrobras, que abandonou formalmente o chamado preço de paridade de importação (PPI). Desde 2016, o PPI era o principal parâmetro norteador da precificação no setor e segue sendo observado pelos agentes privados.

Comparações

O resultado do Indicador de Poder de Compra de Combustíveis Veloe/Fipe no primeiro trimestre, 5,9%, se manteve estável ante o observado no quarto trimestre de 2022, mas houve queda de 2,5 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2022 (8,3%).

À época, os preços internos dos combustíveis tiveram um pico associado à guerra na Ucrânia e também à política de preços da Petrobras, então mais alinhada ao Preço de Paridade de Importação (PPI). Isso foi flexibilizado devido a pressões políticas ligadas à eleição ainda no governo Jair Bolsonaro e, mais recentemente, devido ao abandono formal do PPI pela Petrobras sob o governo Lula.

Observando apenas capitais, o abastecimento com mesmo volume de gasolina, 55 litros, representou 3,7% da renda média domiciliar, ante 5,5% no mesmo trimestre de 2022.

RIO - O peso do gasto com gasolina no orçamento das famílias do Nordeste foi o dobro do verificado no Sul e Sudeste nos primeiros três meses do ano, aponta levantamento do serviço de mobilidade e gestão de frotas Veloe em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Na média nacional, o custo do tanque cheio de gasolina, com 55 litros, representou 5,9% da renda domiciliar média dos domicílios brasileiros, estimada pela Fipe. Enquanto no Sudeste e Sul, esse porcentual ficou em 4,8% e 5% respectivamente, no Nordeste alcançou 9,7% e, no Norte, 7,9%.

O Indicador de Poder de Compra de Combustíveis da Veloe/Fipe é uma razão entre o preço médio do tanque cheio nos postos e a renda média dos domicílios. Essa renda é estimada pelos técnicos da Fipe a partir de atualizações próprias de informações Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) anual, do IBGE, com base em dados de emprego e renda contidos na versão trimestral da pesquisa. A Fipe não revela valores nominais.

Já o preço médio do tanque cheio é construído a partir dos dados de mais de 30 mil postos de gasolina, base que soma a rede onde a Veloe presta serviços a empresas e motoristas, além de informações levantadas semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Custo do combustível varia de Estado para Estado Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em maio, o preço médio do litro de gasolina apurado pela Veloe nos postos brasileiros foi de R$ 5,51, enquanto a ANP reportou R$ 5,39. Com relação ao preço apurado pela Veloe, houve queda de 1,2% ante abril. No ano, esse preço médio da gasolina acumula alta de 10,9%. Em doze meses, porém, há queda de 24,8% devido a cortes de impostos no ano passado e seguidas reduções nos preços por parte de refinadores, sobretudo Petrobras.

Abismo regional

Dois fatores principais contribuem para a disparidade regional do indicador. O primeiro deles é a diferença da renda média domiciliar em cada região. Como a renda média das famílias do Norte e do Nordeste são significativamente inferiores à das outras regiões do País, os combustíveis naturalmente pesam mais em sua cesta de consumo.

Para se ter uma ideia do abismo, a Pnad Contínua anual mostrou que em 2022 o rendimento médio per capita no Norte e Nordeste foi, respectivamente, de R$ 1.096 e R$ 1.011, ao passo que, no Sul e Sudeste esses valores chegaram a R$ 1.927 e R$ 1.891. Na média nacional, essa renda per capita foi de R$ 1.586. A Fipe não usa esses números na construção do indicador, até porque trata da renda média do domicílio, em geral, composto por mais de uma pessoa, mas também parte de dados da Pnad Contínua.

Preços acima da Petrobras

Para além do abismo na renda, a diferença regional verificada no peso do custo com gasolina das famílias também é alimentada pela escalada dos preços dos combustíveis no Nordeste nos últimos anos e, nos últimos meses, no Norte. Ambas as regiões viram suas refinarias dominantes privatizadas, com a venda das até então unidades da Petrobras (Rlam e Reman) para os grupos privados Acelen na Bahia, no fim de 2021, e Atem no Amazonas, em dezembro.

Ainda que os preços de todo o mercado venham em queda alinhada às variações internacionais, as empresas privadas têm mantido os preços médios dos combustíveis vendidos aos distribuidores acima da Petrobras, o que se reflete nas bombas, a ponta do consumidor final. Nos postos de Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que recebem mais combustível refinado pela estatal, os preços médios apurados semanalmente pela ANP nas bombas têm se mantido abaixo dos verificados no Norte e Nordeste.

Segundo a ANP, no mês de maio, o preço médio do litro de gasolina nos postos do Sudeste custou R$ 5,29, e no Sul, R$ 5,41, mas chegando a R$ 5,75 e R$ 5,40 no Norte e Nordeste. Foi o único mês do ano em que o produto vendido no Sul saiu mais caro que o comercializado no Nordeste. Em março, quando a gasolina chegou ao preço médio nacional mais alto do ano (R$ 5,52), foi vendida a R$ 5,39 no Sudeste, ante R$ 5,79 no Norte e R$ 5,61 no Nordeste.

O caso mais flagrante no momento de descolamento do preço é o da região Norte. Por motivos de logística e oferta de produto refinado, os preços dos combustíveis no Norte do País sempre foram ligeiramente mais caros do que no restante do território, mas essa diferença disparou nos últimos meses. A diferença por litro no preço ao consumidor final entre Norte e Sudeste saltou de R$ 0,08 em dezembro de 2021 para R$ 0,46 em maio.

Esse descolamento tem início a partir da conclusão da venda da Reman para o grupo Atem, que elevou os preços a distribuidores, o que foi naturalmente repassado ao consumidor. Não à toa, o Amazonas foi o estado com o preço do litro de gasolina nos postos mais alto do País em maio, segundo a Veloe: R$ 6,52. Manaus, por sua vez, é a capital com o produto mais caro nos postos, R$ 6,54.

A tendência, dizem fontes de mercado, é que essa disparidade de preços avance mais ainda com a mudança na política de preços da Petrobras, que abandonou formalmente o chamado preço de paridade de importação (PPI). Desde 2016, o PPI era o principal parâmetro norteador da precificação no setor e segue sendo observado pelos agentes privados.

Comparações

O resultado do Indicador de Poder de Compra de Combustíveis Veloe/Fipe no primeiro trimestre, 5,9%, se manteve estável ante o observado no quarto trimestre de 2022, mas houve queda de 2,5 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2022 (8,3%).

À época, os preços internos dos combustíveis tiveram um pico associado à guerra na Ucrânia e também à política de preços da Petrobras, então mais alinhada ao Preço de Paridade de Importação (PPI). Isso foi flexibilizado devido a pressões políticas ligadas à eleição ainda no governo Jair Bolsonaro e, mais recentemente, devido ao abandono formal do PPI pela Petrobras sob o governo Lula.

Observando apenas capitais, o abastecimento com mesmo volume de gasolina, 55 litros, representou 3,7% da renda média domiciliar, ante 5,5% no mesmo trimestre de 2022.

RIO - O peso do gasto com gasolina no orçamento das famílias do Nordeste foi o dobro do verificado no Sul e Sudeste nos primeiros três meses do ano, aponta levantamento do serviço de mobilidade e gestão de frotas Veloe em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Na média nacional, o custo do tanque cheio de gasolina, com 55 litros, representou 5,9% da renda domiciliar média dos domicílios brasileiros, estimada pela Fipe. Enquanto no Sudeste e Sul, esse porcentual ficou em 4,8% e 5% respectivamente, no Nordeste alcançou 9,7% e, no Norte, 7,9%.

O Indicador de Poder de Compra de Combustíveis da Veloe/Fipe é uma razão entre o preço médio do tanque cheio nos postos e a renda média dos domicílios. Essa renda é estimada pelos técnicos da Fipe a partir de atualizações próprias de informações Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) anual, do IBGE, com base em dados de emprego e renda contidos na versão trimestral da pesquisa. A Fipe não revela valores nominais.

Já o preço médio do tanque cheio é construído a partir dos dados de mais de 30 mil postos de gasolina, base que soma a rede onde a Veloe presta serviços a empresas e motoristas, além de informações levantadas semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Custo do combustível varia de Estado para Estado Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em maio, o preço médio do litro de gasolina apurado pela Veloe nos postos brasileiros foi de R$ 5,51, enquanto a ANP reportou R$ 5,39. Com relação ao preço apurado pela Veloe, houve queda de 1,2% ante abril. No ano, esse preço médio da gasolina acumula alta de 10,9%. Em doze meses, porém, há queda de 24,8% devido a cortes de impostos no ano passado e seguidas reduções nos preços por parte de refinadores, sobretudo Petrobras.

Abismo regional

Dois fatores principais contribuem para a disparidade regional do indicador. O primeiro deles é a diferença da renda média domiciliar em cada região. Como a renda média das famílias do Norte e do Nordeste são significativamente inferiores à das outras regiões do País, os combustíveis naturalmente pesam mais em sua cesta de consumo.

Para se ter uma ideia do abismo, a Pnad Contínua anual mostrou que em 2022 o rendimento médio per capita no Norte e Nordeste foi, respectivamente, de R$ 1.096 e R$ 1.011, ao passo que, no Sul e Sudeste esses valores chegaram a R$ 1.927 e R$ 1.891. Na média nacional, essa renda per capita foi de R$ 1.586. A Fipe não usa esses números na construção do indicador, até porque trata da renda média do domicílio, em geral, composto por mais de uma pessoa, mas também parte de dados da Pnad Contínua.

Preços acima da Petrobras

Para além do abismo na renda, a diferença regional verificada no peso do custo com gasolina das famílias também é alimentada pela escalada dos preços dos combustíveis no Nordeste nos últimos anos e, nos últimos meses, no Norte. Ambas as regiões viram suas refinarias dominantes privatizadas, com a venda das até então unidades da Petrobras (Rlam e Reman) para os grupos privados Acelen na Bahia, no fim de 2021, e Atem no Amazonas, em dezembro.

Ainda que os preços de todo o mercado venham em queda alinhada às variações internacionais, as empresas privadas têm mantido os preços médios dos combustíveis vendidos aos distribuidores acima da Petrobras, o que se reflete nas bombas, a ponta do consumidor final. Nos postos de Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que recebem mais combustível refinado pela estatal, os preços médios apurados semanalmente pela ANP nas bombas têm se mantido abaixo dos verificados no Norte e Nordeste.

Segundo a ANP, no mês de maio, o preço médio do litro de gasolina nos postos do Sudeste custou R$ 5,29, e no Sul, R$ 5,41, mas chegando a R$ 5,75 e R$ 5,40 no Norte e Nordeste. Foi o único mês do ano em que o produto vendido no Sul saiu mais caro que o comercializado no Nordeste. Em março, quando a gasolina chegou ao preço médio nacional mais alto do ano (R$ 5,52), foi vendida a R$ 5,39 no Sudeste, ante R$ 5,79 no Norte e R$ 5,61 no Nordeste.

O caso mais flagrante no momento de descolamento do preço é o da região Norte. Por motivos de logística e oferta de produto refinado, os preços dos combustíveis no Norte do País sempre foram ligeiramente mais caros do que no restante do território, mas essa diferença disparou nos últimos meses. A diferença por litro no preço ao consumidor final entre Norte e Sudeste saltou de R$ 0,08 em dezembro de 2021 para R$ 0,46 em maio.

Esse descolamento tem início a partir da conclusão da venda da Reman para o grupo Atem, que elevou os preços a distribuidores, o que foi naturalmente repassado ao consumidor. Não à toa, o Amazonas foi o estado com o preço do litro de gasolina nos postos mais alto do País em maio, segundo a Veloe: R$ 6,52. Manaus, por sua vez, é a capital com o produto mais caro nos postos, R$ 6,54.

A tendência, dizem fontes de mercado, é que essa disparidade de preços avance mais ainda com a mudança na política de preços da Petrobras, que abandonou formalmente o chamado preço de paridade de importação (PPI). Desde 2016, o PPI era o principal parâmetro norteador da precificação no setor e segue sendo observado pelos agentes privados.

Comparações

O resultado do Indicador de Poder de Compra de Combustíveis Veloe/Fipe no primeiro trimestre, 5,9%, se manteve estável ante o observado no quarto trimestre de 2022, mas houve queda de 2,5 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2022 (8,3%).

À época, os preços internos dos combustíveis tiveram um pico associado à guerra na Ucrânia e também à política de preços da Petrobras, então mais alinhada ao Preço de Paridade de Importação (PPI). Isso foi flexibilizado devido a pressões políticas ligadas à eleição ainda no governo Jair Bolsonaro e, mais recentemente, devido ao abandono formal do PPI pela Petrobras sob o governo Lula.

Observando apenas capitais, o abastecimento com mesmo volume de gasolina, 55 litros, representou 3,7% da renda média domiciliar, ante 5,5% no mesmo trimestre de 2022.

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