Chega a 1,2 mil o total de demissões feitas pela General Motors no fim de semana em suas três fábricas no Estado de São Paulo, segundo os sindicatos de metalúrgicos de São Caetano do Sul, São José dos Campos e São Paulo. Segundo as entidades, os números foram confirmados pela empresa, que, procurada pelo Estadão, respondeu que “esses dados não estão disponíveis”.
A GM alega necessidade de adequar seu quadro de funcionários em razão da queda nas vendas e nas exportações. O grupo emprega aproximadamente 12 mil pessoas nas três plantas, sendo duas de automóveis e uma de componentes.
Desde segunda-feira, as três fábricas estão com as linhas de produção totalmente paralisadas desde segunda-feira, 23. Os cortes foram anunciados por meio de telegramas e e-mails enviados no último fim de semana.
Em São José, onde foram feitos 800 cortes - 20% do total da fábrica -, funcionários demitidos penduraram seus uniformes na cerca da empresa em protesto realizado na manhã desta quarta-feira, 25. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos local, os cortes ocorreram apesar do um acordo de lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho) assinado em junho dar garantia de estabilidade aos trabalhadores.
A unidade empregava, antes dos cortes, 4 mil funcionários e produzia 150 carros por dia. Amanhã o sindicato realizado, às 9 horas, novo ato de protesto na sede da entidade e os participantes sairão em passeata pela cidade.
Na fábrica de São Caetano, no ABC paulista, foram dispensados cerca de 300 trabalhadores, de um total de 7,5 mil, segundo Aparecido Inácio da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos local.
De acordo com ele, está agendada para esta quarta-feira, 25, uma reunião com o secretário da Fazenda e Planejamento do Estado, Samuel Yoshiaki Kinoshita. As entidades ainda aguardam retorno sobre encontro com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os três sindicatos também enviaram carta ao governo federal, solicitando reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Incentivos
A GM recebeu incentivos fiscais para as fábricas do Estado, após anunciar um plano de investimentos de R$ 10 bilhões para os período de 2020 a 2024. O grupo afirma que a decisão de corte “foi tomada após várias tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica como lay-off, férias coletivas, days-off e proposta de um programa de desligamento voluntário”.
Na fábrica de Mogi das Cruzes, onde são feitas peças estampadas para as demais unidades de automóveis, os cortes passam de 100, também cerca de 20% de um total de 470. A planta de São Caetano produz de 780 a 800 unidades por dia dos modelos Tracker, Montana e Spin. A de São José faz S10 e Trailblazer, além de motores e transmissões. O grupo também tem uma unidade em Gravataí (RS), para a produção do compacto Onix e do Onix Plus e uma de motores em Joinville (SC). Até o momento, não há informações sobre cortes nessas filiais.