Mercado de carbono: 53% das empresas no Brasil são consideradas ‘iniciantes’ no tema


Estudo inédito aponta que o setor químico e petroquímico é o que atingiu maior grau de maturidade rumo à neutralidade de carbono dentre as empresas brasileiras

Por Beatriz Capirazi
Atualização:

A regularização do mercado de carbono se tornou um dos assuntos mais comentados de 2023 com a pressão que a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) tem feito para a aprovação da proposta no Congresso Nacional ainda neste ano.

No entanto, embora especialistas digam que a regulação seja um dos fatores que impulsionará o mercado de carbono no Brasil, 53% das empresas ainda são consideradas “iniciantes” rumo à neutralidade de carbono, o chamado net zero, segundo o estudo Mercado Brasileiro: uma jornada rumo ao net-zero, da consultoria global Kearney, obtido com exclusividade pelo Estadão.

O estudo aponta ainda que, dentre as empresas líderes de mercado, 11% foram consideradas “executoras” por precisarem avançar na transparência de suas ações, enquanto 18% foram consideradas “aliadas” por terem um alto nível de transparência e comunicação, mas precisando avançar nas operações práticas.

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A oportunidade ambiental e socioeconômica do desenvolvimento de um mercado vibrante de carbono florestal é significativa, porém os desafios são igualmente importantes. Foto: Pixabay

Apenas 18% das empresas foram consideradas “líderes”, por terem alcançado o nível mais alto de maturidade, unindo a ambição de avançar rumo ao net zero e ações práticas para alcançar esta meta.

Segundo o levantamento, as principais motivações para as empresas se descarbonizar e compensarem as suas emissões são:

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  • A facilitação de acesso a investimentos com critérios ESG, que exigem ações concretas para viabilizar empréstimos, por exemplo;
  • O acesso a mercados internacionais, que também possuem exigências em relação às práticas das empresas;
  • A busca das empresas por fortalecer suas marcas com uma imagem sustentável.

O estudo ainda revela que as estratégias de compensação mais adotadas pelas empresas são os projetos nature-based, usados amplamente pelas empresas classificadas como “líderes”; a compra de créditos de carbono, mais usadas pelos “aliados” e “iniciantes”; e os projetos tech-based, prática preferida de compensação dos “executores”.

O levantamento aponta, no entanto, que algumas práticas efetivas são comuns em todas as empresas para reduzir suas emissões, independente do nível de maturidade em que a companhia se encontra. São elas:

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  • Revisão de processos e matéria-prima usada visando reduzir emissões diretas;
  • Aumento da eficiência energética através do uso de equipamentos alternativos, por exemplo;
  • Redesenho de produtos, embalanges e serviços para alternativas sustentáveis;
  • Gestão de fornecedores e matéria-prima por métricas ESG.

Setores de destaque

O levantamento aponta que o setor que atingiu o maior grau de maturidade dentre as empresas brasileiras rumo ao net zero foi o de química e petroquímica, seguido pelo de metalurgia e siderurgia e distribuição de combustível.

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Para os autores do estudo, Thayza Tabiszo e Gianluca Marchi, o que leva os setores citados a estarem mais avançados é justamente o grau de ambição somado às ações práticas de organização destes setores. O setor químico é considerado um dos mais poluentes do Brasil, no entanto, os especialistas destacam que o setor vem conquistando avanços significativos no processo de descarbonização.

“Vimos que há sim uma relação de intensidade de emissão e maturidade na jornada para descarbonização. Eles têm mais urgência em agir por serem mais emissores”, afirma Marchi. Thayza Tabisz complementa que, além disso, há uma pressão de atores dos mais diversos setores, inclusive estatais, para que os setores poluentes deem celeridade a esse processo.

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“Há toda uma pressão para que elas se comprometam com a agenda climática e essa pressão tem gerado resultado. Isso não implica que elas vão conseguir reduzir as emissões do dia para noite. Mas quando analisamos o processo, elas estão indo no caminho certo”, diz Tabisz.

Thayza Tabisz, consultora da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Avanços ainda são necessários para o Brasil

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Responsável pelo estudo e consultora da Kearney, Thayza Tabisz, destaca que embora o Brasil esteja dando os seus primeiros passos, o país está no “caminho certo” por já ter consolidado avanços consideráveis recentemente.

Segundo o levantamento, 89% das empresas apresentam relatórios de sustentabilidade, 60% reportam as suas metas de redução de emissões e 47% possuem um ano meta para chegar ao net-zero.

Tabisz destaca que neste sentido as práticas básicas estão sendo feitas, mas é preciso avançar mais e conduzir a regulação do mercado olhando para os desafios e oportunidades presentes no Brasil. “A gente ainda segue muito a Europa e não podemos só replicar as coisas. Temos que olhar as nossas próprias particularidades para estruturar o mercado”.

Gianluca Marchi, também à frente do estudo, destaca que algumas das particularidades existentes no Brasil se referem à articulação de terras e o perfil das emissões, pontuando que estes fatores levam a discussão no Brasil ser diferente da de outras regiões e do que vem sendo tratado em alguns fóruns mundiais.

“Ao contrário de outros países, não temos somente emissões industriais, mas também com agropecuária, desmatamentos, que tem uma forte representatividade e traz desafios adicionais”, afirma Marchi.

Gianluca Marchi, consultor da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Atualmente, o Brasil representa 12% do mercado de crédito global voluntário, com potencial de atender 28% do mercado regulado e 49% do voluntário em 2030, segundo uma pesquisa da consultoria WayCarbon de 2022.

Para Tabisz, o cenário de avanços só se concretizará quando houver uma regulação sobre o mercado de carbono, aliada ao investimento massivo no setor e a adesão da indústria privada.

“O mercado está aquecido. Existe um interesse do governo em ter um mercado de carbono estabelecido antes da COP30, em 2025. Houve a criação de várias leis e a retomada do Fundo Amazônia no começo do ano”, afirma, se referindo a uma série de ações que o governo federal tem adotado para o estabelecimento da chamada “política verde” no Brasil.

A regularização do mercado de carbono se tornou um dos assuntos mais comentados de 2023 com a pressão que a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) tem feito para a aprovação da proposta no Congresso Nacional ainda neste ano.

No entanto, embora especialistas digam que a regulação seja um dos fatores que impulsionará o mercado de carbono no Brasil, 53% das empresas ainda são consideradas “iniciantes” rumo à neutralidade de carbono, o chamado net zero, segundo o estudo Mercado Brasileiro: uma jornada rumo ao net-zero, da consultoria global Kearney, obtido com exclusividade pelo Estadão.

O estudo aponta ainda que, dentre as empresas líderes de mercado, 11% foram consideradas “executoras” por precisarem avançar na transparência de suas ações, enquanto 18% foram consideradas “aliadas” por terem um alto nível de transparência e comunicação, mas precisando avançar nas operações práticas.

A oportunidade ambiental e socioeconômica do desenvolvimento de um mercado vibrante de carbono florestal é significativa, porém os desafios são igualmente importantes. Foto: Pixabay

Apenas 18% das empresas foram consideradas “líderes”, por terem alcançado o nível mais alto de maturidade, unindo a ambição de avançar rumo ao net zero e ações práticas para alcançar esta meta.

Segundo o levantamento, as principais motivações para as empresas se descarbonizar e compensarem as suas emissões são:

  • A facilitação de acesso a investimentos com critérios ESG, que exigem ações concretas para viabilizar empréstimos, por exemplo;
  • O acesso a mercados internacionais, que também possuem exigências em relação às práticas das empresas;
  • A busca das empresas por fortalecer suas marcas com uma imagem sustentável.

O estudo ainda revela que as estratégias de compensação mais adotadas pelas empresas são os projetos nature-based, usados amplamente pelas empresas classificadas como “líderes”; a compra de créditos de carbono, mais usadas pelos “aliados” e “iniciantes”; e os projetos tech-based, prática preferida de compensação dos “executores”.

O levantamento aponta, no entanto, que algumas práticas efetivas são comuns em todas as empresas para reduzir suas emissões, independente do nível de maturidade em que a companhia se encontra. São elas:

  • Revisão de processos e matéria-prima usada visando reduzir emissões diretas;
  • Aumento da eficiência energética através do uso de equipamentos alternativos, por exemplo;
  • Redesenho de produtos, embalanges e serviços para alternativas sustentáveis;
  • Gestão de fornecedores e matéria-prima por métricas ESG.

Setores de destaque

O levantamento aponta que o setor que atingiu o maior grau de maturidade dentre as empresas brasileiras rumo ao net zero foi o de química e petroquímica, seguido pelo de metalurgia e siderurgia e distribuição de combustível.

Para os autores do estudo, Thayza Tabiszo e Gianluca Marchi, o que leva os setores citados a estarem mais avançados é justamente o grau de ambição somado às ações práticas de organização destes setores. O setor químico é considerado um dos mais poluentes do Brasil, no entanto, os especialistas destacam que o setor vem conquistando avanços significativos no processo de descarbonização.

“Vimos que há sim uma relação de intensidade de emissão e maturidade na jornada para descarbonização. Eles têm mais urgência em agir por serem mais emissores”, afirma Marchi. Thayza Tabisz complementa que, além disso, há uma pressão de atores dos mais diversos setores, inclusive estatais, para que os setores poluentes deem celeridade a esse processo.

“Há toda uma pressão para que elas se comprometam com a agenda climática e essa pressão tem gerado resultado. Isso não implica que elas vão conseguir reduzir as emissões do dia para noite. Mas quando analisamos o processo, elas estão indo no caminho certo”, diz Tabisz.

Thayza Tabisz, consultora da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Avanços ainda são necessários para o Brasil

Responsável pelo estudo e consultora da Kearney, Thayza Tabisz, destaca que embora o Brasil esteja dando os seus primeiros passos, o país está no “caminho certo” por já ter consolidado avanços consideráveis recentemente.

Segundo o levantamento, 89% das empresas apresentam relatórios de sustentabilidade, 60% reportam as suas metas de redução de emissões e 47% possuem um ano meta para chegar ao net-zero.

Tabisz destaca que neste sentido as práticas básicas estão sendo feitas, mas é preciso avançar mais e conduzir a regulação do mercado olhando para os desafios e oportunidades presentes no Brasil. “A gente ainda segue muito a Europa e não podemos só replicar as coisas. Temos que olhar as nossas próprias particularidades para estruturar o mercado”.

Gianluca Marchi, também à frente do estudo, destaca que algumas das particularidades existentes no Brasil se referem à articulação de terras e o perfil das emissões, pontuando que estes fatores levam a discussão no Brasil ser diferente da de outras regiões e do que vem sendo tratado em alguns fóruns mundiais.

“Ao contrário de outros países, não temos somente emissões industriais, mas também com agropecuária, desmatamentos, que tem uma forte representatividade e traz desafios adicionais”, afirma Marchi.

Gianluca Marchi, consultor da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Atualmente, o Brasil representa 12% do mercado de crédito global voluntário, com potencial de atender 28% do mercado regulado e 49% do voluntário em 2030, segundo uma pesquisa da consultoria WayCarbon de 2022.

Para Tabisz, o cenário de avanços só se concretizará quando houver uma regulação sobre o mercado de carbono, aliada ao investimento massivo no setor e a adesão da indústria privada.

“O mercado está aquecido. Existe um interesse do governo em ter um mercado de carbono estabelecido antes da COP30, em 2025. Houve a criação de várias leis e a retomada do Fundo Amazônia no começo do ano”, afirma, se referindo a uma série de ações que o governo federal tem adotado para o estabelecimento da chamada “política verde” no Brasil.

A regularização do mercado de carbono se tornou um dos assuntos mais comentados de 2023 com a pressão que a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) tem feito para a aprovação da proposta no Congresso Nacional ainda neste ano.

No entanto, embora especialistas digam que a regulação seja um dos fatores que impulsionará o mercado de carbono no Brasil, 53% das empresas ainda são consideradas “iniciantes” rumo à neutralidade de carbono, o chamado net zero, segundo o estudo Mercado Brasileiro: uma jornada rumo ao net-zero, da consultoria global Kearney, obtido com exclusividade pelo Estadão.

O estudo aponta ainda que, dentre as empresas líderes de mercado, 11% foram consideradas “executoras” por precisarem avançar na transparência de suas ações, enquanto 18% foram consideradas “aliadas” por terem um alto nível de transparência e comunicação, mas precisando avançar nas operações práticas.

A oportunidade ambiental e socioeconômica do desenvolvimento de um mercado vibrante de carbono florestal é significativa, porém os desafios são igualmente importantes. Foto: Pixabay

Apenas 18% das empresas foram consideradas “líderes”, por terem alcançado o nível mais alto de maturidade, unindo a ambição de avançar rumo ao net zero e ações práticas para alcançar esta meta.

Segundo o levantamento, as principais motivações para as empresas se descarbonizar e compensarem as suas emissões são:

  • A facilitação de acesso a investimentos com critérios ESG, que exigem ações concretas para viabilizar empréstimos, por exemplo;
  • O acesso a mercados internacionais, que também possuem exigências em relação às práticas das empresas;
  • A busca das empresas por fortalecer suas marcas com uma imagem sustentável.

O estudo ainda revela que as estratégias de compensação mais adotadas pelas empresas são os projetos nature-based, usados amplamente pelas empresas classificadas como “líderes”; a compra de créditos de carbono, mais usadas pelos “aliados” e “iniciantes”; e os projetos tech-based, prática preferida de compensação dos “executores”.

O levantamento aponta, no entanto, que algumas práticas efetivas são comuns em todas as empresas para reduzir suas emissões, independente do nível de maturidade em que a companhia se encontra. São elas:

  • Revisão de processos e matéria-prima usada visando reduzir emissões diretas;
  • Aumento da eficiência energética através do uso de equipamentos alternativos, por exemplo;
  • Redesenho de produtos, embalanges e serviços para alternativas sustentáveis;
  • Gestão de fornecedores e matéria-prima por métricas ESG.

Setores de destaque

O levantamento aponta que o setor que atingiu o maior grau de maturidade dentre as empresas brasileiras rumo ao net zero foi o de química e petroquímica, seguido pelo de metalurgia e siderurgia e distribuição de combustível.

Para os autores do estudo, Thayza Tabiszo e Gianluca Marchi, o que leva os setores citados a estarem mais avançados é justamente o grau de ambição somado às ações práticas de organização destes setores. O setor químico é considerado um dos mais poluentes do Brasil, no entanto, os especialistas destacam que o setor vem conquistando avanços significativos no processo de descarbonização.

“Vimos que há sim uma relação de intensidade de emissão e maturidade na jornada para descarbonização. Eles têm mais urgência em agir por serem mais emissores”, afirma Marchi. Thayza Tabisz complementa que, além disso, há uma pressão de atores dos mais diversos setores, inclusive estatais, para que os setores poluentes deem celeridade a esse processo.

“Há toda uma pressão para que elas se comprometam com a agenda climática e essa pressão tem gerado resultado. Isso não implica que elas vão conseguir reduzir as emissões do dia para noite. Mas quando analisamos o processo, elas estão indo no caminho certo”, diz Tabisz.

Thayza Tabisz, consultora da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Avanços ainda são necessários para o Brasil

Responsável pelo estudo e consultora da Kearney, Thayza Tabisz, destaca que embora o Brasil esteja dando os seus primeiros passos, o país está no “caminho certo” por já ter consolidado avanços consideráveis recentemente.

Segundo o levantamento, 89% das empresas apresentam relatórios de sustentabilidade, 60% reportam as suas metas de redução de emissões e 47% possuem um ano meta para chegar ao net-zero.

Tabisz destaca que neste sentido as práticas básicas estão sendo feitas, mas é preciso avançar mais e conduzir a regulação do mercado olhando para os desafios e oportunidades presentes no Brasil. “A gente ainda segue muito a Europa e não podemos só replicar as coisas. Temos que olhar as nossas próprias particularidades para estruturar o mercado”.

Gianluca Marchi, também à frente do estudo, destaca que algumas das particularidades existentes no Brasil se referem à articulação de terras e o perfil das emissões, pontuando que estes fatores levam a discussão no Brasil ser diferente da de outras regiões e do que vem sendo tratado em alguns fóruns mundiais.

“Ao contrário de outros países, não temos somente emissões industriais, mas também com agropecuária, desmatamentos, que tem uma forte representatividade e traz desafios adicionais”, afirma Marchi.

Gianluca Marchi, consultor da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Atualmente, o Brasil representa 12% do mercado de crédito global voluntário, com potencial de atender 28% do mercado regulado e 49% do voluntário em 2030, segundo uma pesquisa da consultoria WayCarbon de 2022.

Para Tabisz, o cenário de avanços só se concretizará quando houver uma regulação sobre o mercado de carbono, aliada ao investimento massivo no setor e a adesão da indústria privada.

“O mercado está aquecido. Existe um interesse do governo em ter um mercado de carbono estabelecido antes da COP30, em 2025. Houve a criação de várias leis e a retomada do Fundo Amazônia no começo do ano”, afirma, se referindo a uma série de ações que o governo federal tem adotado para o estabelecimento da chamada “política verde” no Brasil.

A regularização do mercado de carbono se tornou um dos assuntos mais comentados de 2023 com a pressão que a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) tem feito para a aprovação da proposta no Congresso Nacional ainda neste ano.

No entanto, embora especialistas digam que a regulação seja um dos fatores que impulsionará o mercado de carbono no Brasil, 53% das empresas ainda são consideradas “iniciantes” rumo à neutralidade de carbono, o chamado net zero, segundo o estudo Mercado Brasileiro: uma jornada rumo ao net-zero, da consultoria global Kearney, obtido com exclusividade pelo Estadão.

O estudo aponta ainda que, dentre as empresas líderes de mercado, 11% foram consideradas “executoras” por precisarem avançar na transparência de suas ações, enquanto 18% foram consideradas “aliadas” por terem um alto nível de transparência e comunicação, mas precisando avançar nas operações práticas.

A oportunidade ambiental e socioeconômica do desenvolvimento de um mercado vibrante de carbono florestal é significativa, porém os desafios são igualmente importantes. Foto: Pixabay

Apenas 18% das empresas foram consideradas “líderes”, por terem alcançado o nível mais alto de maturidade, unindo a ambição de avançar rumo ao net zero e ações práticas para alcançar esta meta.

Segundo o levantamento, as principais motivações para as empresas se descarbonizar e compensarem as suas emissões são:

  • A facilitação de acesso a investimentos com critérios ESG, que exigem ações concretas para viabilizar empréstimos, por exemplo;
  • O acesso a mercados internacionais, que também possuem exigências em relação às práticas das empresas;
  • A busca das empresas por fortalecer suas marcas com uma imagem sustentável.

O estudo ainda revela que as estratégias de compensação mais adotadas pelas empresas são os projetos nature-based, usados amplamente pelas empresas classificadas como “líderes”; a compra de créditos de carbono, mais usadas pelos “aliados” e “iniciantes”; e os projetos tech-based, prática preferida de compensação dos “executores”.

O levantamento aponta, no entanto, que algumas práticas efetivas são comuns em todas as empresas para reduzir suas emissões, independente do nível de maturidade em que a companhia se encontra. São elas:

  • Revisão de processos e matéria-prima usada visando reduzir emissões diretas;
  • Aumento da eficiência energética através do uso de equipamentos alternativos, por exemplo;
  • Redesenho de produtos, embalanges e serviços para alternativas sustentáveis;
  • Gestão de fornecedores e matéria-prima por métricas ESG.

Setores de destaque

O levantamento aponta que o setor que atingiu o maior grau de maturidade dentre as empresas brasileiras rumo ao net zero foi o de química e petroquímica, seguido pelo de metalurgia e siderurgia e distribuição de combustível.

Para os autores do estudo, Thayza Tabiszo e Gianluca Marchi, o que leva os setores citados a estarem mais avançados é justamente o grau de ambição somado às ações práticas de organização destes setores. O setor químico é considerado um dos mais poluentes do Brasil, no entanto, os especialistas destacam que o setor vem conquistando avanços significativos no processo de descarbonização.

“Vimos que há sim uma relação de intensidade de emissão e maturidade na jornada para descarbonização. Eles têm mais urgência em agir por serem mais emissores”, afirma Marchi. Thayza Tabisz complementa que, além disso, há uma pressão de atores dos mais diversos setores, inclusive estatais, para que os setores poluentes deem celeridade a esse processo.

“Há toda uma pressão para que elas se comprometam com a agenda climática e essa pressão tem gerado resultado. Isso não implica que elas vão conseguir reduzir as emissões do dia para noite. Mas quando analisamos o processo, elas estão indo no caminho certo”, diz Tabisz.

Thayza Tabisz, consultora da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Avanços ainda são necessários para o Brasil

Responsável pelo estudo e consultora da Kearney, Thayza Tabisz, destaca que embora o Brasil esteja dando os seus primeiros passos, o país está no “caminho certo” por já ter consolidado avanços consideráveis recentemente.

Segundo o levantamento, 89% das empresas apresentam relatórios de sustentabilidade, 60% reportam as suas metas de redução de emissões e 47% possuem um ano meta para chegar ao net-zero.

Tabisz destaca que neste sentido as práticas básicas estão sendo feitas, mas é preciso avançar mais e conduzir a regulação do mercado olhando para os desafios e oportunidades presentes no Brasil. “A gente ainda segue muito a Europa e não podemos só replicar as coisas. Temos que olhar as nossas próprias particularidades para estruturar o mercado”.

Gianluca Marchi, também à frente do estudo, destaca que algumas das particularidades existentes no Brasil se referem à articulação de terras e o perfil das emissões, pontuando que estes fatores levam a discussão no Brasil ser diferente da de outras regiões e do que vem sendo tratado em alguns fóruns mundiais.

“Ao contrário de outros países, não temos somente emissões industriais, mas também com agropecuária, desmatamentos, que tem uma forte representatividade e traz desafios adicionais”, afirma Marchi.

Gianluca Marchi, consultor da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Atualmente, o Brasil representa 12% do mercado de crédito global voluntário, com potencial de atender 28% do mercado regulado e 49% do voluntário em 2030, segundo uma pesquisa da consultoria WayCarbon de 2022.

Para Tabisz, o cenário de avanços só se concretizará quando houver uma regulação sobre o mercado de carbono, aliada ao investimento massivo no setor e a adesão da indústria privada.

“O mercado está aquecido. Existe um interesse do governo em ter um mercado de carbono estabelecido antes da COP30, em 2025. Houve a criação de várias leis e a retomada do Fundo Amazônia no começo do ano”, afirma, se referindo a uma série de ações que o governo federal tem adotado para o estabelecimento da chamada “política verde” no Brasil.

A regularização do mercado de carbono se tornou um dos assuntos mais comentados de 2023 com a pressão que a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) tem feito para a aprovação da proposta no Congresso Nacional ainda neste ano.

No entanto, embora especialistas digam que a regulação seja um dos fatores que impulsionará o mercado de carbono no Brasil, 53% das empresas ainda são consideradas “iniciantes” rumo à neutralidade de carbono, o chamado net zero, segundo o estudo Mercado Brasileiro: uma jornada rumo ao net-zero, da consultoria global Kearney, obtido com exclusividade pelo Estadão.

O estudo aponta ainda que, dentre as empresas líderes de mercado, 11% foram consideradas “executoras” por precisarem avançar na transparência de suas ações, enquanto 18% foram consideradas “aliadas” por terem um alto nível de transparência e comunicação, mas precisando avançar nas operações práticas.

A oportunidade ambiental e socioeconômica do desenvolvimento de um mercado vibrante de carbono florestal é significativa, porém os desafios são igualmente importantes. Foto: Pixabay

Apenas 18% das empresas foram consideradas “líderes”, por terem alcançado o nível mais alto de maturidade, unindo a ambição de avançar rumo ao net zero e ações práticas para alcançar esta meta.

Segundo o levantamento, as principais motivações para as empresas se descarbonizar e compensarem as suas emissões são:

  • A facilitação de acesso a investimentos com critérios ESG, que exigem ações concretas para viabilizar empréstimos, por exemplo;
  • O acesso a mercados internacionais, que também possuem exigências em relação às práticas das empresas;
  • A busca das empresas por fortalecer suas marcas com uma imagem sustentável.

O estudo ainda revela que as estratégias de compensação mais adotadas pelas empresas são os projetos nature-based, usados amplamente pelas empresas classificadas como “líderes”; a compra de créditos de carbono, mais usadas pelos “aliados” e “iniciantes”; e os projetos tech-based, prática preferida de compensação dos “executores”.

O levantamento aponta, no entanto, que algumas práticas efetivas são comuns em todas as empresas para reduzir suas emissões, independente do nível de maturidade em que a companhia se encontra. São elas:

  • Revisão de processos e matéria-prima usada visando reduzir emissões diretas;
  • Aumento da eficiência energética através do uso de equipamentos alternativos, por exemplo;
  • Redesenho de produtos, embalanges e serviços para alternativas sustentáveis;
  • Gestão de fornecedores e matéria-prima por métricas ESG.

Setores de destaque

O levantamento aponta que o setor que atingiu o maior grau de maturidade dentre as empresas brasileiras rumo ao net zero foi o de química e petroquímica, seguido pelo de metalurgia e siderurgia e distribuição de combustível.

Para os autores do estudo, Thayza Tabiszo e Gianluca Marchi, o que leva os setores citados a estarem mais avançados é justamente o grau de ambição somado às ações práticas de organização destes setores. O setor químico é considerado um dos mais poluentes do Brasil, no entanto, os especialistas destacam que o setor vem conquistando avanços significativos no processo de descarbonização.

“Vimos que há sim uma relação de intensidade de emissão e maturidade na jornada para descarbonização. Eles têm mais urgência em agir por serem mais emissores”, afirma Marchi. Thayza Tabisz complementa que, além disso, há uma pressão de atores dos mais diversos setores, inclusive estatais, para que os setores poluentes deem celeridade a esse processo.

“Há toda uma pressão para que elas se comprometam com a agenda climática e essa pressão tem gerado resultado. Isso não implica que elas vão conseguir reduzir as emissões do dia para noite. Mas quando analisamos o processo, elas estão indo no caminho certo”, diz Tabisz.

Thayza Tabisz, consultora da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Avanços ainda são necessários para o Brasil

Responsável pelo estudo e consultora da Kearney, Thayza Tabisz, destaca que embora o Brasil esteja dando os seus primeiros passos, o país está no “caminho certo” por já ter consolidado avanços consideráveis recentemente.

Segundo o levantamento, 89% das empresas apresentam relatórios de sustentabilidade, 60% reportam as suas metas de redução de emissões e 47% possuem um ano meta para chegar ao net-zero.

Tabisz destaca que neste sentido as práticas básicas estão sendo feitas, mas é preciso avançar mais e conduzir a regulação do mercado olhando para os desafios e oportunidades presentes no Brasil. “A gente ainda segue muito a Europa e não podemos só replicar as coisas. Temos que olhar as nossas próprias particularidades para estruturar o mercado”.

Gianluca Marchi, também à frente do estudo, destaca que algumas das particularidades existentes no Brasil se referem à articulação de terras e o perfil das emissões, pontuando que estes fatores levam a discussão no Brasil ser diferente da de outras regiões e do que vem sendo tratado em alguns fóruns mundiais.

“Ao contrário de outros países, não temos somente emissões industriais, mas também com agropecuária, desmatamentos, que tem uma forte representatividade e traz desafios adicionais”, afirma Marchi.

Gianluca Marchi, consultor da Kearney. Foto: Divulgação/ Kearney

Atualmente, o Brasil representa 12% do mercado de crédito global voluntário, com potencial de atender 28% do mercado regulado e 49% do voluntário em 2030, segundo uma pesquisa da consultoria WayCarbon de 2022.

Para Tabisz, o cenário de avanços só se concretizará quando houver uma regulação sobre o mercado de carbono, aliada ao investimento massivo no setor e a adesão da indústria privada.

“O mercado está aquecido. Existe um interesse do governo em ter um mercado de carbono estabelecido antes da COP30, em 2025. Houve a criação de várias leis e a retomada do Fundo Amazônia no começo do ano”, afirma, se referindo a uma série de ações que o governo federal tem adotado para o estabelecimento da chamada “política verde” no Brasil.

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