RIO - Os investimentos em defesa cibernética no mercado brasileiro devem somar quase R$ 40 bilhões nos próximos quatro anos, segundo estimativas da empresa de consultoria e auditoria PwC Brasil obtidas com exclusividade pelo Broadcast/Estadão.
A PwC calcula que o mercado de defesa cibernética no Brasil movimente R$ 8,3 bilhões em 2023, com crescimento contínuo nos anos seguintes: R$ 9,4 bilhões em 2024, R$ 10,1bilhões em 2025 e R$ 10,8 bilhões em 2026.
Leia mais sobre governança corporativa e ESG
Projetos de conservação florestal apostam em relação com produtores locais para se fortalecer
Entenda o que é due diligence, a importância do processo e como ele é feito
Supermercados tiram nota ‘razoável’ em pesquisa ESG - e governança é ponto fraco
Empresa de energia e consultoria lançam jornada gamificada para ajudar clientes a aderir ao ESG
Segundo Eduardo Batista, sócio e líder de Cibersegurança e Privacidade da PwC Brasil, os ataques cibernéticos estão mais frequentes e são mais nocivos às empresas porque os negócios estão cada vez mais digitais, desde o processo de relacionamento com o cliente e fornecedores como também armazenamento de dados e processos em nuvem.
“A defesa cibernética precisou se adaptar e mudar de patamar. Antigamente, era possível monitorar e identificar as ameaças cibernéticas, as tentativas de ataques, em ambientes que você controlava objetivamente. Agora não é mais assim. Agora você depende dos terceiros e parceiros para que eles estejam no mesmo nível de segurança cibernética que você está. E o seu papel, obviamente, além de proteger os seus clientes, passou a ser governar seus parceiros de negócios de tal maneira que você tenha visão clara de que eles possuem o mesmo nível de segurança da informação e proteção de dados e defesa cibernética que você tem. Isso exige mais das empresas hoje nesse contexto”, explicou Batista.
Leia Também:
As Lojas Americanas sofreram um ataque cibernético entre os dias 19 e 20 de fevereiro de 2022 que suspendeu as vendas online por alguns dias. A operação digital só foi totalmente restabelecida no dia 24, o que se refletiu no desempenho financeiro da empresa varejista. Segundo o balanço da companhia, o “incidente de segurança” significou uma perda de vendas de R$ 923 milhões no comércio eletrônico no período. A empresa informou que o ataque reduziu em 10 pontos porcentuais o crescimento das vendas online de mercadorias no primeiro trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre de 2021.
“Isso não é uma exclusividade no segmento de varejo, isso é para praticamente todos os setores que estão mais conectados”, lembrou Batista, afirmando que o compartilhamento de dados e de estratégias hackers entre os cibercriminosos também está mais veloz e mais sofisticada atualmente.
No Brasil, 75% dos altos executivos dizem esperar um aumento dessas despesas em 2023, contra uma fatia de 65% na média mundial, apurou pesquisa feita pela PwC.
A pesquisa da PwC mostra ainda que 21% dos executivos relataram um aumento de 15% ou mais no orçamento cibernético em 2023. Uma fatia de 16% reportaram um crescimento entre 11% e 14% nesse volume de recursos.
O sócio da PwC diz que já há discussões em empresas sobre a possibilidade de calcular e fazer futuras provisões em balanço financeiro de eventuais perdas com incidentes cibernéticos e falhas em atender exigências regulatórias.
“É mais difícil calcular isso, e é bem intangível, mas as empresas estão começando a repensar esse modelo, muito porque os reguladores estão entrando de maneira um pouco mais incisiva no tema da segurança”, explicou Batista.