Brasil tende a exportar a descarbonização do aço para o mundo em 25 anos, afirmam especialistas


Além da produção do aço verde para suprir o mercado interno, analistas apontam forte potencial para o País exportar materiais intermediários capazes de contribuir na redução do impacto ambiental de outras usinas ao redor do planeta

Por Jorge Barbosa

A corrida para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa na produção mundial de aço deve ganhar contornos mais críticos nos próximos 25 anos, e isso pode ser uma oportunidade para as mineradoras e siderúrgicas nacionais. Além da produção do aço verde para suprir o mercado interno, especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam forte potencial para o País exportar materiais intermediários capazes de contribuir na redução do impacto ambiental de outras usinas ao redor do planeta.

A oportunidade, segundo os especialistas, consiste na exportação de HBI (Hot Briquetted Iron, em inglês). O insumo, de forma simplificada, é a forma mais concentrada do ferro-esponja (ou DRI, Direct Reduction Iron, em inglês), material intermediário obtido por meio de um processo de redução do minério de ferro a um reator de redução direta que utiliza gás natural para tirar o oxigênio da matéria-prima, com 60% a menos de emissões.

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A Gerdau prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030  Foto: Washington Alves/Estadão

O gás natural é considerado um caminho de transição para o desenvolvimento siderúrgico à base do hidrogênio verde, visto como uma tecnologia disruptiva no mundo e capaz de levar a produção de aço ao net zero (zero emissões). A inovação, contudo, ainda é carente de infraestrutura geral para uma produção em escala.

O HBI produzido a gás pode ser consumido por usinas integradas - que correspondem a 70% da siderurgia no mundo na tradicional rota do alto-forno (BF-BOF). Ele é capaz de substituir de forma relevante a participação de produtos poluentes como o coque (derivado do carvão mineral), utilizado tanto como combustível no processo siderúrgico quanto redutor.

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No mundo, a Vale foi uma das empresas que observou a oportunidade e antecipou parcerias no Oriente Médio para desenvolver mega hubs de produção de HBI. O papel da mineradora será o de fornecer a matéria-prima e a construção das unidades industriais está programada para acontecer neste ano, já o início das operações para 2027. A CSN Mineração também anunciou a participação no Low-Carbon Iron Hub, nos Emirados Árabes Unidos.

No Brasil, a Vale firmou parceria com o Porto do Açu para estudar o desenvolvimento de um Mega Hub no Norte do Rio de Janeiro. Também está sendo desenvolvido um hub voltado para a produção de hidrogênio verde no Complexo de Pecém, no Ceará, que poderá futuramente apoiar a unidade local da ArcelorMittal Brasil na descarbonização, potencialmente pela própria rota de redução por hidrogênio.

A Gerdau - em plano estratégico - prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030 e menciona que o DRI deve representar uma alternativa para a descarbonização da usina integrada de Ouro Branco.

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Exportação

A professora do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Danielle Cristina Camilo Magalhães, afirmou que será mais vantajoso a exportação de HBI para países produtores de aço, visto que o transporte do produto é simples na comparação com o aço, além de reduzir os riscos relacionados a medidas de defesa comercial.

”O Brasil tem condições para exportar tanto o hidrogênio verde quanto utilizar o gás na produção e exportação do briquete (HBI). Caso o País atue como um importante exportador de briquete, seria um valor agregado muito positivo para o produto”, afirmou Magalhães.

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O professor de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Adilson de Castro, comenta que esse movimento faz parte do esforço para a substituição do carvão mineral no processo siderúrgico, visto que ele é considerado o “grande vilão” da indústria. O insumo é o principal responsável por levar o setor a ser responsável pela participação de 7% a 9% das emissões globais de gases do efeito estufa, ou o equivalente a 2,6 bilhão de toneladas de CO2, segundo estudo da International Energy Agency (IEA).

A busca por substitutos sustentáveis ao carvão tanto no processo de redução quanto na fonte energética tem sido o desafio tecnológico que move a indústria em todo o mundo nos últimos anos - e o Brasil tem vantagens que posicionam o País em um patamar de maior competitividade.

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Entre as principais vantagens do País está o nível de reservas existentes de gás natural, que podem atender a siderurgia nacional para a produção do HBI. O desafio, no entanto, é desenvolver o mercado de gás, visto que a oferta nacional atual é de 150 milhões de m³/dia, segundo Boletim Mensal da ANP, número considerado insuficiente para atender a indústria e que acaba sendo direcionado para a conversão em energia elétrica por meio de usinas termoelétricas. Um estudo produzido pelo Instituto de Energia da PUC-Rio, contudo, aponta que se a Petrobras revisar alguns processos produtivos no pré-sal, a oferta de gás pode triplicar até 2030.

A maior disponibilidade de gás permitiria tanto um incentivo para a corrida pelo aço verde para as siderúrgicas nacionais, quanto na obtenção de vantagens econômicas com uma potencial exportação de HBI (produzido com gás). A maior rentabilidade e acesso a novos mercados internacionais permitiria um cenário mais facilitado para a indústria nacional do aço realizar a transição do gás natural para o hidrogênio verde.

A corrida para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa na produção mundial de aço deve ganhar contornos mais críticos nos próximos 25 anos, e isso pode ser uma oportunidade para as mineradoras e siderúrgicas nacionais. Além da produção do aço verde para suprir o mercado interno, especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam forte potencial para o País exportar materiais intermediários capazes de contribuir na redução do impacto ambiental de outras usinas ao redor do planeta.

A oportunidade, segundo os especialistas, consiste na exportação de HBI (Hot Briquetted Iron, em inglês). O insumo, de forma simplificada, é a forma mais concentrada do ferro-esponja (ou DRI, Direct Reduction Iron, em inglês), material intermediário obtido por meio de um processo de redução do minério de ferro a um reator de redução direta que utiliza gás natural para tirar o oxigênio da matéria-prima, com 60% a menos de emissões.

A Gerdau prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030  Foto: Washington Alves/Estadão

O gás natural é considerado um caminho de transição para o desenvolvimento siderúrgico à base do hidrogênio verde, visto como uma tecnologia disruptiva no mundo e capaz de levar a produção de aço ao net zero (zero emissões). A inovação, contudo, ainda é carente de infraestrutura geral para uma produção em escala.

O HBI produzido a gás pode ser consumido por usinas integradas - que correspondem a 70% da siderurgia no mundo na tradicional rota do alto-forno (BF-BOF). Ele é capaz de substituir de forma relevante a participação de produtos poluentes como o coque (derivado do carvão mineral), utilizado tanto como combustível no processo siderúrgico quanto redutor.

No mundo, a Vale foi uma das empresas que observou a oportunidade e antecipou parcerias no Oriente Médio para desenvolver mega hubs de produção de HBI. O papel da mineradora será o de fornecer a matéria-prima e a construção das unidades industriais está programada para acontecer neste ano, já o início das operações para 2027. A CSN Mineração também anunciou a participação no Low-Carbon Iron Hub, nos Emirados Árabes Unidos.

No Brasil, a Vale firmou parceria com o Porto do Açu para estudar o desenvolvimento de um Mega Hub no Norte do Rio de Janeiro. Também está sendo desenvolvido um hub voltado para a produção de hidrogênio verde no Complexo de Pecém, no Ceará, que poderá futuramente apoiar a unidade local da ArcelorMittal Brasil na descarbonização, potencialmente pela própria rota de redução por hidrogênio.

A Gerdau - em plano estratégico - prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030 e menciona que o DRI deve representar uma alternativa para a descarbonização da usina integrada de Ouro Branco.

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A professora do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Danielle Cristina Camilo Magalhães, afirmou que será mais vantajoso a exportação de HBI para países produtores de aço, visto que o transporte do produto é simples na comparação com o aço, além de reduzir os riscos relacionados a medidas de defesa comercial.

”O Brasil tem condições para exportar tanto o hidrogênio verde quanto utilizar o gás na produção e exportação do briquete (HBI). Caso o País atue como um importante exportador de briquete, seria um valor agregado muito positivo para o produto”, afirmou Magalhães.

O professor de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Adilson de Castro, comenta que esse movimento faz parte do esforço para a substituição do carvão mineral no processo siderúrgico, visto que ele é considerado o “grande vilão” da indústria. O insumo é o principal responsável por levar o setor a ser responsável pela participação de 7% a 9% das emissões globais de gases do efeito estufa, ou o equivalente a 2,6 bilhão de toneladas de CO2, segundo estudo da International Energy Agency (IEA).

A busca por substitutos sustentáveis ao carvão tanto no processo de redução quanto na fonte energética tem sido o desafio tecnológico que move a indústria em todo o mundo nos últimos anos - e o Brasil tem vantagens que posicionam o País em um patamar de maior competitividade.

Entre as principais vantagens do País está o nível de reservas existentes de gás natural, que podem atender a siderurgia nacional para a produção do HBI. O desafio, no entanto, é desenvolver o mercado de gás, visto que a oferta nacional atual é de 150 milhões de m³/dia, segundo Boletim Mensal da ANP, número considerado insuficiente para atender a indústria e que acaba sendo direcionado para a conversão em energia elétrica por meio de usinas termoelétricas. Um estudo produzido pelo Instituto de Energia da PUC-Rio, contudo, aponta que se a Petrobras revisar alguns processos produtivos no pré-sal, a oferta de gás pode triplicar até 2030.

A maior disponibilidade de gás permitiria tanto um incentivo para a corrida pelo aço verde para as siderúrgicas nacionais, quanto na obtenção de vantagens econômicas com uma potencial exportação de HBI (produzido com gás). A maior rentabilidade e acesso a novos mercados internacionais permitiria um cenário mais facilitado para a indústria nacional do aço realizar a transição do gás natural para o hidrogênio verde.

A corrida para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa na produção mundial de aço deve ganhar contornos mais críticos nos próximos 25 anos, e isso pode ser uma oportunidade para as mineradoras e siderúrgicas nacionais. Além da produção do aço verde para suprir o mercado interno, especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam forte potencial para o País exportar materiais intermediários capazes de contribuir na redução do impacto ambiental de outras usinas ao redor do planeta.

A oportunidade, segundo os especialistas, consiste na exportação de HBI (Hot Briquetted Iron, em inglês). O insumo, de forma simplificada, é a forma mais concentrada do ferro-esponja (ou DRI, Direct Reduction Iron, em inglês), material intermediário obtido por meio de um processo de redução do minério de ferro a um reator de redução direta que utiliza gás natural para tirar o oxigênio da matéria-prima, com 60% a menos de emissões.

A Gerdau prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030  Foto: Washington Alves/Estadão

O gás natural é considerado um caminho de transição para o desenvolvimento siderúrgico à base do hidrogênio verde, visto como uma tecnologia disruptiva no mundo e capaz de levar a produção de aço ao net zero (zero emissões). A inovação, contudo, ainda é carente de infraestrutura geral para uma produção em escala.

O HBI produzido a gás pode ser consumido por usinas integradas - que correspondem a 70% da siderurgia no mundo na tradicional rota do alto-forno (BF-BOF). Ele é capaz de substituir de forma relevante a participação de produtos poluentes como o coque (derivado do carvão mineral), utilizado tanto como combustível no processo siderúrgico quanto redutor.

No mundo, a Vale foi uma das empresas que observou a oportunidade e antecipou parcerias no Oriente Médio para desenvolver mega hubs de produção de HBI. O papel da mineradora será o de fornecer a matéria-prima e a construção das unidades industriais está programada para acontecer neste ano, já o início das operações para 2027. A CSN Mineração também anunciou a participação no Low-Carbon Iron Hub, nos Emirados Árabes Unidos.

No Brasil, a Vale firmou parceria com o Porto do Açu para estudar o desenvolvimento de um Mega Hub no Norte do Rio de Janeiro. Também está sendo desenvolvido um hub voltado para a produção de hidrogênio verde no Complexo de Pecém, no Ceará, que poderá futuramente apoiar a unidade local da ArcelorMittal Brasil na descarbonização, potencialmente pela própria rota de redução por hidrogênio.

A Gerdau - em plano estratégico - prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030 e menciona que o DRI deve representar uma alternativa para a descarbonização da usina integrada de Ouro Branco.

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A professora do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Danielle Cristina Camilo Magalhães, afirmou que será mais vantajoso a exportação de HBI para países produtores de aço, visto que o transporte do produto é simples na comparação com o aço, além de reduzir os riscos relacionados a medidas de defesa comercial.

”O Brasil tem condições para exportar tanto o hidrogênio verde quanto utilizar o gás na produção e exportação do briquete (HBI). Caso o País atue como um importante exportador de briquete, seria um valor agregado muito positivo para o produto”, afirmou Magalhães.

O professor de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Adilson de Castro, comenta que esse movimento faz parte do esforço para a substituição do carvão mineral no processo siderúrgico, visto que ele é considerado o “grande vilão” da indústria. O insumo é o principal responsável por levar o setor a ser responsável pela participação de 7% a 9% das emissões globais de gases do efeito estufa, ou o equivalente a 2,6 bilhão de toneladas de CO2, segundo estudo da International Energy Agency (IEA).

A busca por substitutos sustentáveis ao carvão tanto no processo de redução quanto na fonte energética tem sido o desafio tecnológico que move a indústria em todo o mundo nos últimos anos - e o Brasil tem vantagens que posicionam o País em um patamar de maior competitividade.

Entre as principais vantagens do País está o nível de reservas existentes de gás natural, que podem atender a siderurgia nacional para a produção do HBI. O desafio, no entanto, é desenvolver o mercado de gás, visto que a oferta nacional atual é de 150 milhões de m³/dia, segundo Boletim Mensal da ANP, número considerado insuficiente para atender a indústria e que acaba sendo direcionado para a conversão em energia elétrica por meio de usinas termoelétricas. Um estudo produzido pelo Instituto de Energia da PUC-Rio, contudo, aponta que se a Petrobras revisar alguns processos produtivos no pré-sal, a oferta de gás pode triplicar até 2030.

A maior disponibilidade de gás permitiria tanto um incentivo para a corrida pelo aço verde para as siderúrgicas nacionais, quanto na obtenção de vantagens econômicas com uma potencial exportação de HBI (produzido com gás). A maior rentabilidade e acesso a novos mercados internacionais permitiria um cenário mais facilitado para a indústria nacional do aço realizar a transição do gás natural para o hidrogênio verde.

A corrida para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa na produção mundial de aço deve ganhar contornos mais críticos nos próximos 25 anos, e isso pode ser uma oportunidade para as mineradoras e siderúrgicas nacionais. Além da produção do aço verde para suprir o mercado interno, especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam forte potencial para o País exportar materiais intermediários capazes de contribuir na redução do impacto ambiental de outras usinas ao redor do planeta.

A oportunidade, segundo os especialistas, consiste na exportação de HBI (Hot Briquetted Iron, em inglês). O insumo, de forma simplificada, é a forma mais concentrada do ferro-esponja (ou DRI, Direct Reduction Iron, em inglês), material intermediário obtido por meio de um processo de redução do minério de ferro a um reator de redução direta que utiliza gás natural para tirar o oxigênio da matéria-prima, com 60% a menos de emissões.

A Gerdau prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030  Foto: Washington Alves/Estadão

O gás natural é considerado um caminho de transição para o desenvolvimento siderúrgico à base do hidrogênio verde, visto como uma tecnologia disruptiva no mundo e capaz de levar a produção de aço ao net zero (zero emissões). A inovação, contudo, ainda é carente de infraestrutura geral para uma produção em escala.

O HBI produzido a gás pode ser consumido por usinas integradas - que correspondem a 70% da siderurgia no mundo na tradicional rota do alto-forno (BF-BOF). Ele é capaz de substituir de forma relevante a participação de produtos poluentes como o coque (derivado do carvão mineral), utilizado tanto como combustível no processo siderúrgico quanto redutor.

No mundo, a Vale foi uma das empresas que observou a oportunidade e antecipou parcerias no Oriente Médio para desenvolver mega hubs de produção de HBI. O papel da mineradora será o de fornecer a matéria-prima e a construção das unidades industriais está programada para acontecer neste ano, já o início das operações para 2027. A CSN Mineração também anunciou a participação no Low-Carbon Iron Hub, nos Emirados Árabes Unidos.

No Brasil, a Vale firmou parceria com o Porto do Açu para estudar o desenvolvimento de um Mega Hub no Norte do Rio de Janeiro. Também está sendo desenvolvido um hub voltado para a produção de hidrogênio verde no Complexo de Pecém, no Ceará, que poderá futuramente apoiar a unidade local da ArcelorMittal Brasil na descarbonização, potencialmente pela própria rota de redução por hidrogênio.

A Gerdau - em plano estratégico - prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030 e menciona que o DRI deve representar uma alternativa para a descarbonização da usina integrada de Ouro Branco.

Exportação

A professora do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Danielle Cristina Camilo Magalhães, afirmou que será mais vantajoso a exportação de HBI para países produtores de aço, visto que o transporte do produto é simples na comparação com o aço, além de reduzir os riscos relacionados a medidas de defesa comercial.

”O Brasil tem condições para exportar tanto o hidrogênio verde quanto utilizar o gás na produção e exportação do briquete (HBI). Caso o País atue como um importante exportador de briquete, seria um valor agregado muito positivo para o produto”, afirmou Magalhães.

O professor de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Adilson de Castro, comenta que esse movimento faz parte do esforço para a substituição do carvão mineral no processo siderúrgico, visto que ele é considerado o “grande vilão” da indústria. O insumo é o principal responsável por levar o setor a ser responsável pela participação de 7% a 9% das emissões globais de gases do efeito estufa, ou o equivalente a 2,6 bilhão de toneladas de CO2, segundo estudo da International Energy Agency (IEA).

A busca por substitutos sustentáveis ao carvão tanto no processo de redução quanto na fonte energética tem sido o desafio tecnológico que move a indústria em todo o mundo nos últimos anos - e o Brasil tem vantagens que posicionam o País em um patamar de maior competitividade.

Entre as principais vantagens do País está o nível de reservas existentes de gás natural, que podem atender a siderurgia nacional para a produção do HBI. O desafio, no entanto, é desenvolver o mercado de gás, visto que a oferta nacional atual é de 150 milhões de m³/dia, segundo Boletim Mensal da ANP, número considerado insuficiente para atender a indústria e que acaba sendo direcionado para a conversão em energia elétrica por meio de usinas termoelétricas. Um estudo produzido pelo Instituto de Energia da PUC-Rio, contudo, aponta que se a Petrobras revisar alguns processos produtivos no pré-sal, a oferta de gás pode triplicar até 2030.

A maior disponibilidade de gás permitiria tanto um incentivo para a corrida pelo aço verde para as siderúrgicas nacionais, quanto na obtenção de vantagens econômicas com uma potencial exportação de HBI (produzido com gás). A maior rentabilidade e acesso a novos mercados internacionais permitiria um cenário mais facilitado para a indústria nacional do aço realizar a transição do gás natural para o hidrogênio verde.

A corrida para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa na produção mundial de aço deve ganhar contornos mais críticos nos próximos 25 anos, e isso pode ser uma oportunidade para as mineradoras e siderúrgicas nacionais. Além da produção do aço verde para suprir o mercado interno, especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam forte potencial para o País exportar materiais intermediários capazes de contribuir na redução do impacto ambiental de outras usinas ao redor do planeta.

A oportunidade, segundo os especialistas, consiste na exportação de HBI (Hot Briquetted Iron, em inglês). O insumo, de forma simplificada, é a forma mais concentrada do ferro-esponja (ou DRI, Direct Reduction Iron, em inglês), material intermediário obtido por meio de um processo de redução do minério de ferro a um reator de redução direta que utiliza gás natural para tirar o oxigênio da matéria-prima, com 60% a menos de emissões.

A Gerdau prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030  Foto: Washington Alves/Estadão

O gás natural é considerado um caminho de transição para o desenvolvimento siderúrgico à base do hidrogênio verde, visto como uma tecnologia disruptiva no mundo e capaz de levar a produção de aço ao net zero (zero emissões). A inovação, contudo, ainda é carente de infraestrutura geral para uma produção em escala.

O HBI produzido a gás pode ser consumido por usinas integradas - que correspondem a 70% da siderurgia no mundo na tradicional rota do alto-forno (BF-BOF). Ele é capaz de substituir de forma relevante a participação de produtos poluentes como o coque (derivado do carvão mineral), utilizado tanto como combustível no processo siderúrgico quanto redutor.

No mundo, a Vale foi uma das empresas que observou a oportunidade e antecipou parcerias no Oriente Médio para desenvolver mega hubs de produção de HBI. O papel da mineradora será o de fornecer a matéria-prima e a construção das unidades industriais está programada para acontecer neste ano, já o início das operações para 2027. A CSN Mineração também anunciou a participação no Low-Carbon Iron Hub, nos Emirados Árabes Unidos.

No Brasil, a Vale firmou parceria com o Porto do Açu para estudar o desenvolvimento de um Mega Hub no Norte do Rio de Janeiro. Também está sendo desenvolvido um hub voltado para a produção de hidrogênio verde no Complexo de Pecém, no Ceará, que poderá futuramente apoiar a unidade local da ArcelorMittal Brasil na descarbonização, potencialmente pela própria rota de redução por hidrogênio.

A Gerdau - em plano estratégico - prevê atualizar as rotas tecnológicas das plantas após 2030 e menciona que o DRI deve representar uma alternativa para a descarbonização da usina integrada de Ouro Branco.

Exportação

A professora do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Danielle Cristina Camilo Magalhães, afirmou que será mais vantajoso a exportação de HBI para países produtores de aço, visto que o transporte do produto é simples na comparação com o aço, além de reduzir os riscos relacionados a medidas de defesa comercial.

”O Brasil tem condições para exportar tanto o hidrogênio verde quanto utilizar o gás na produção e exportação do briquete (HBI). Caso o País atue como um importante exportador de briquete, seria um valor agregado muito positivo para o produto”, afirmou Magalhães.

O professor de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Adilson de Castro, comenta que esse movimento faz parte do esforço para a substituição do carvão mineral no processo siderúrgico, visto que ele é considerado o “grande vilão” da indústria. O insumo é o principal responsável por levar o setor a ser responsável pela participação de 7% a 9% das emissões globais de gases do efeito estufa, ou o equivalente a 2,6 bilhão de toneladas de CO2, segundo estudo da International Energy Agency (IEA).

A busca por substitutos sustentáveis ao carvão tanto no processo de redução quanto na fonte energética tem sido o desafio tecnológico que move a indústria em todo o mundo nos últimos anos - e o Brasil tem vantagens que posicionam o País em um patamar de maior competitividade.

Entre as principais vantagens do País está o nível de reservas existentes de gás natural, que podem atender a siderurgia nacional para a produção do HBI. O desafio, no entanto, é desenvolver o mercado de gás, visto que a oferta nacional atual é de 150 milhões de m³/dia, segundo Boletim Mensal da ANP, número considerado insuficiente para atender a indústria e que acaba sendo direcionado para a conversão em energia elétrica por meio de usinas termoelétricas. Um estudo produzido pelo Instituto de Energia da PUC-Rio, contudo, aponta que se a Petrobras revisar alguns processos produtivos no pré-sal, a oferta de gás pode triplicar até 2030.

A maior disponibilidade de gás permitiria tanto um incentivo para a corrida pelo aço verde para as siderúrgicas nacionais, quanto na obtenção de vantagens econômicas com uma potencial exportação de HBI (produzido com gás). A maior rentabilidade e acesso a novos mercados internacionais permitiria um cenário mais facilitado para a indústria nacional do aço realizar a transição do gás natural para o hidrogênio verde.

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