Três em cada quatro brasileiros consideram que diversidade não é pilar da empresa em que trabalham


Pesquisa do InfoJobs concluída durante o mês do Orgulho LGBT+ contraria discurso adotado pelas companhias de que diversidade é uma de suas prioridades atualmente

Por Beatriz Capirazi
Atualização:

Empresas de diversos ramos anunciaram durante o mês do Orgulho LGBT+, encerrado nesta sexta-feira, 30, políticas, produtos e programas com foco na comunidade e afirmaram que estão se desenvolvendo para serem mais diversas.

Embora elas tenham passado a adotar esse discurso em reuniões de ESG, a percepção de seus colaboradores é outra: 76,5% dos brasileiros afirmam que a diversidade de identidade de gênero e/ou orientação sexual não é um pilar do local em que trabalham, segundo pesquisa do InfoJobs concluída neste mês obtida pelo Estadão com exclusividade.

O resultado contrasta com o discurso defendido pelas empresas nos últimos anos. Uma pesquisa da Deloitte, de 2022, mostrava que 94% das empresas enxergavam que as práticas em prol da diversidade eram benéficas aos negócios.

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27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ teve como tema “Políticas sociais para LGBT+: Queremos por inteiro, não pela metade”. Foto: Tiago Queiroz / Estadão

A maioria dos trabalhadores brasileiros, porém, diz que programas de contratação para a comunidade ainda são raros. Segundo o estudo do InfoJobs, 80,9% dos entrevistados declararam que não trabalham (ou já trabalharam) em organizações com programas específicos para a contratação de membros da comunidade e/ou com foco em inclusão.

Preconceito velado

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Além disso, embora programas de letramento entre as empresas estejam crescendo, 93,9% acreditam que ainda existe preconceito velado que impede o crescimento profissional de pessoas da comunidade.

Outros 40,6% afirmam que pertencer à comunidade dificulta sua colocação no mercado de trabalho, e 80% acreditam que profissionais desse grupo não possuem as mesmas oportunidades quando comparados com profissionais cisgêneros e heterossexuais.

“Embora muitas empresas já tenham essa consciência, ainda é preciso fazer muito mais. É importante reforçar cada política regularmente, não apenas em meses como junho, onde a pauta ganha uma visibilidade maior”, afirma a CEO do InfoJobs, Ana Paula Prado.

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CEO do InfoJobs, Ana Paula Prado.  Foto: Vivian Koblinsky/InfoJobs

Além do preconceito, funcionários ainda reclamam da falta de engajamento. Segundo uma pesquisa da SafeSpace em parceria com a MindMiss, do ano passado, 49% das empresas nunca fizeram uma campanha no mês do Orgulho.

Para Alex Araujo, CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional, que tem contato direto com milhares de funcionários de empresas, o preconceito ainda continua forte nas empresas, com pessoas relatando passar por situações vexatórias e sendo constrangidas pela sua sexualidade nas empresas. Ele destaca que houve avanços, mas o cenário, pelo menos na perspectiva dos funcionários, permanece preconceituoso.

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Ascensão de lideranças LGBT

Especialistas destacam que a pesquisa da InfoJobs aponta um cenário que já é conhecido da comunidade, mas dizem que mudanças substanciais no mercado de trabalho só serão vistas com a ampliação de lideranças assumidamente LGBT. Esse cenário ainda é raro no Brasil, já que apenas 8% das lideranças nas empresas são assumidamente LGBT, segundo pesquisa realizada pela consultoria global Great Place To Work em 2022.

O Estadão ouviu lideranças de diferentes setores assumidamente LGBT. Para a maioria, nas grandes empresas, o cenário sofreu grandes mudanças e a principal influência para isso é ter uma liderança que esteja realmente preocupada com a diversidade.

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“Hoje você tem, em cargos de liderança, uma galera que veio de outra geração, que não necessariamente está tudo bem falar sobre, que não necessariamente se assumiu”, explica o gerente de marketing global de uma das marcas da Nestlé, Abner Bezerra.

Nestlé Foto: Divulgação/ Nestlé

Para ele, conforme novas gerações começaram a ascender, esse número irá aumentar, considerando que as novas gerações já falam sobre a sua sexualidade abertamente dentro e fora do ambiente de trabalho.

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Ele destaca que, para haver um ambiente diverso mesmo enquanto o número de lideranças ainda é pequeno, é essencial a cultura do letramento. Rafael Lourenço, que trabalha na área de crédito do Bank of America no Brasil, é da mesma opinião.

“Muitas pessoas se sentem perdidas neste mundo com novas siglas. Tem muita gente genuinamente um pouco confusa, que quer ter uma postura legal, mas não entende tudo. Nesse sentido, treinamentos, cursos e letramento são essenciais”, diz.

O gerente jurídico sênior e líder do comitê LGBTQIA+ da Mondelez Brasil, Thiago Luiz, sente que, atualmente, as organizações estão em outro momento. “Dez anos atrás a diversidade tinha como foco ‘cumprir a lei’ ou não ter danos à imagem. Agora, evoluímos para um momento em que ela é vista como alavanca de desempenho de inovação e resultado financeiro”.

Bruno Pinto, executivo de relações institucionais da Philip Morris Brasil, é da mesma opinião. Ele destaca que a agenda ESG definitivamente foi uma das principais responsáveis por gerar mudanças no mercado executivo. “ESG não é porque a empresa é legal, mas porque gera receita e retorno para os acionistas. É uma forma da gente ter um ambiente de pontos de vista diferentes.”

A fundadora da Blend Edu, Thalita Gelenske, diz concordar. Segundo ela, a força deste aumento nas grandes empresas veio também, principalmente, das companhias internacionais e das grandes empresas financeiras. “CVM, B3. ESG hoje é um aspecto de negócio considerando que várias empresas são signatárias da agenda 2030″, afirma.

Empresas de diversos ramos anunciaram durante o mês do Orgulho LGBT+, encerrado nesta sexta-feira, 30, políticas, produtos e programas com foco na comunidade e afirmaram que estão se desenvolvendo para serem mais diversas.

Embora elas tenham passado a adotar esse discurso em reuniões de ESG, a percepção de seus colaboradores é outra: 76,5% dos brasileiros afirmam que a diversidade de identidade de gênero e/ou orientação sexual não é um pilar do local em que trabalham, segundo pesquisa do InfoJobs concluída neste mês obtida pelo Estadão com exclusividade.

O resultado contrasta com o discurso defendido pelas empresas nos últimos anos. Uma pesquisa da Deloitte, de 2022, mostrava que 94% das empresas enxergavam que as práticas em prol da diversidade eram benéficas aos negócios.

27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ teve como tema “Políticas sociais para LGBT+: Queremos por inteiro, não pela metade”. Foto: Tiago Queiroz / Estadão

A maioria dos trabalhadores brasileiros, porém, diz que programas de contratação para a comunidade ainda são raros. Segundo o estudo do InfoJobs, 80,9% dos entrevistados declararam que não trabalham (ou já trabalharam) em organizações com programas específicos para a contratação de membros da comunidade e/ou com foco em inclusão.

Preconceito velado

Além disso, embora programas de letramento entre as empresas estejam crescendo, 93,9% acreditam que ainda existe preconceito velado que impede o crescimento profissional de pessoas da comunidade.

Outros 40,6% afirmam que pertencer à comunidade dificulta sua colocação no mercado de trabalho, e 80% acreditam que profissionais desse grupo não possuem as mesmas oportunidades quando comparados com profissionais cisgêneros e heterossexuais.

“Embora muitas empresas já tenham essa consciência, ainda é preciso fazer muito mais. É importante reforçar cada política regularmente, não apenas em meses como junho, onde a pauta ganha uma visibilidade maior”, afirma a CEO do InfoJobs, Ana Paula Prado.

CEO do InfoJobs, Ana Paula Prado.  Foto: Vivian Koblinsky/InfoJobs

Além do preconceito, funcionários ainda reclamam da falta de engajamento. Segundo uma pesquisa da SafeSpace em parceria com a MindMiss, do ano passado, 49% das empresas nunca fizeram uma campanha no mês do Orgulho.

Para Alex Araujo, CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional, que tem contato direto com milhares de funcionários de empresas, o preconceito ainda continua forte nas empresas, com pessoas relatando passar por situações vexatórias e sendo constrangidas pela sua sexualidade nas empresas. Ele destaca que houve avanços, mas o cenário, pelo menos na perspectiva dos funcionários, permanece preconceituoso.

Ascensão de lideranças LGBT

Especialistas destacam que a pesquisa da InfoJobs aponta um cenário que já é conhecido da comunidade, mas dizem que mudanças substanciais no mercado de trabalho só serão vistas com a ampliação de lideranças assumidamente LGBT. Esse cenário ainda é raro no Brasil, já que apenas 8% das lideranças nas empresas são assumidamente LGBT, segundo pesquisa realizada pela consultoria global Great Place To Work em 2022.

O Estadão ouviu lideranças de diferentes setores assumidamente LGBT. Para a maioria, nas grandes empresas, o cenário sofreu grandes mudanças e a principal influência para isso é ter uma liderança que esteja realmente preocupada com a diversidade.

“Hoje você tem, em cargos de liderança, uma galera que veio de outra geração, que não necessariamente está tudo bem falar sobre, que não necessariamente se assumiu”, explica o gerente de marketing global de uma das marcas da Nestlé, Abner Bezerra.

Nestlé Foto: Divulgação/ Nestlé

Para ele, conforme novas gerações começaram a ascender, esse número irá aumentar, considerando que as novas gerações já falam sobre a sua sexualidade abertamente dentro e fora do ambiente de trabalho.

Ele destaca que, para haver um ambiente diverso mesmo enquanto o número de lideranças ainda é pequeno, é essencial a cultura do letramento. Rafael Lourenço, que trabalha na área de crédito do Bank of America no Brasil, é da mesma opinião.

“Muitas pessoas se sentem perdidas neste mundo com novas siglas. Tem muita gente genuinamente um pouco confusa, que quer ter uma postura legal, mas não entende tudo. Nesse sentido, treinamentos, cursos e letramento são essenciais”, diz.

O gerente jurídico sênior e líder do comitê LGBTQIA+ da Mondelez Brasil, Thiago Luiz, sente que, atualmente, as organizações estão em outro momento. “Dez anos atrás a diversidade tinha como foco ‘cumprir a lei’ ou não ter danos à imagem. Agora, evoluímos para um momento em que ela é vista como alavanca de desempenho de inovação e resultado financeiro”.

Bruno Pinto, executivo de relações institucionais da Philip Morris Brasil, é da mesma opinião. Ele destaca que a agenda ESG definitivamente foi uma das principais responsáveis por gerar mudanças no mercado executivo. “ESG não é porque a empresa é legal, mas porque gera receita e retorno para os acionistas. É uma forma da gente ter um ambiente de pontos de vista diferentes.”

A fundadora da Blend Edu, Thalita Gelenske, diz concordar. Segundo ela, a força deste aumento nas grandes empresas veio também, principalmente, das companhias internacionais e das grandes empresas financeiras. “CVM, B3. ESG hoje é um aspecto de negócio considerando que várias empresas são signatárias da agenda 2030″, afirma.

Empresas de diversos ramos anunciaram durante o mês do Orgulho LGBT+, encerrado nesta sexta-feira, 30, políticas, produtos e programas com foco na comunidade e afirmaram que estão se desenvolvendo para serem mais diversas.

Embora elas tenham passado a adotar esse discurso em reuniões de ESG, a percepção de seus colaboradores é outra: 76,5% dos brasileiros afirmam que a diversidade de identidade de gênero e/ou orientação sexual não é um pilar do local em que trabalham, segundo pesquisa do InfoJobs concluída neste mês obtida pelo Estadão com exclusividade.

O resultado contrasta com o discurso defendido pelas empresas nos últimos anos. Uma pesquisa da Deloitte, de 2022, mostrava que 94% das empresas enxergavam que as práticas em prol da diversidade eram benéficas aos negócios.

27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ teve como tema “Políticas sociais para LGBT+: Queremos por inteiro, não pela metade”. Foto: Tiago Queiroz / Estadão

A maioria dos trabalhadores brasileiros, porém, diz que programas de contratação para a comunidade ainda são raros. Segundo o estudo do InfoJobs, 80,9% dos entrevistados declararam que não trabalham (ou já trabalharam) em organizações com programas específicos para a contratação de membros da comunidade e/ou com foco em inclusão.

Preconceito velado

Além disso, embora programas de letramento entre as empresas estejam crescendo, 93,9% acreditam que ainda existe preconceito velado que impede o crescimento profissional de pessoas da comunidade.

Outros 40,6% afirmam que pertencer à comunidade dificulta sua colocação no mercado de trabalho, e 80% acreditam que profissionais desse grupo não possuem as mesmas oportunidades quando comparados com profissionais cisgêneros e heterossexuais.

“Embora muitas empresas já tenham essa consciência, ainda é preciso fazer muito mais. É importante reforçar cada política regularmente, não apenas em meses como junho, onde a pauta ganha uma visibilidade maior”, afirma a CEO do InfoJobs, Ana Paula Prado.

CEO do InfoJobs, Ana Paula Prado.  Foto: Vivian Koblinsky/InfoJobs

Além do preconceito, funcionários ainda reclamam da falta de engajamento. Segundo uma pesquisa da SafeSpace em parceria com a MindMiss, do ano passado, 49% das empresas nunca fizeram uma campanha no mês do Orgulho.

Para Alex Araujo, CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional, que tem contato direto com milhares de funcionários de empresas, o preconceito ainda continua forte nas empresas, com pessoas relatando passar por situações vexatórias e sendo constrangidas pela sua sexualidade nas empresas. Ele destaca que houve avanços, mas o cenário, pelo menos na perspectiva dos funcionários, permanece preconceituoso.

Ascensão de lideranças LGBT

Especialistas destacam que a pesquisa da InfoJobs aponta um cenário que já é conhecido da comunidade, mas dizem que mudanças substanciais no mercado de trabalho só serão vistas com a ampliação de lideranças assumidamente LGBT. Esse cenário ainda é raro no Brasil, já que apenas 8% das lideranças nas empresas são assumidamente LGBT, segundo pesquisa realizada pela consultoria global Great Place To Work em 2022.

O Estadão ouviu lideranças de diferentes setores assumidamente LGBT. Para a maioria, nas grandes empresas, o cenário sofreu grandes mudanças e a principal influência para isso é ter uma liderança que esteja realmente preocupada com a diversidade.

“Hoje você tem, em cargos de liderança, uma galera que veio de outra geração, que não necessariamente está tudo bem falar sobre, que não necessariamente se assumiu”, explica o gerente de marketing global de uma das marcas da Nestlé, Abner Bezerra.

Nestlé Foto: Divulgação/ Nestlé

Para ele, conforme novas gerações começaram a ascender, esse número irá aumentar, considerando que as novas gerações já falam sobre a sua sexualidade abertamente dentro e fora do ambiente de trabalho.

Ele destaca que, para haver um ambiente diverso mesmo enquanto o número de lideranças ainda é pequeno, é essencial a cultura do letramento. Rafael Lourenço, que trabalha na área de crédito do Bank of America no Brasil, é da mesma opinião.

“Muitas pessoas se sentem perdidas neste mundo com novas siglas. Tem muita gente genuinamente um pouco confusa, que quer ter uma postura legal, mas não entende tudo. Nesse sentido, treinamentos, cursos e letramento são essenciais”, diz.

O gerente jurídico sênior e líder do comitê LGBTQIA+ da Mondelez Brasil, Thiago Luiz, sente que, atualmente, as organizações estão em outro momento. “Dez anos atrás a diversidade tinha como foco ‘cumprir a lei’ ou não ter danos à imagem. Agora, evoluímos para um momento em que ela é vista como alavanca de desempenho de inovação e resultado financeiro”.

Bruno Pinto, executivo de relações institucionais da Philip Morris Brasil, é da mesma opinião. Ele destaca que a agenda ESG definitivamente foi uma das principais responsáveis por gerar mudanças no mercado executivo. “ESG não é porque a empresa é legal, mas porque gera receita e retorno para os acionistas. É uma forma da gente ter um ambiente de pontos de vista diferentes.”

A fundadora da Blend Edu, Thalita Gelenske, diz concordar. Segundo ela, a força deste aumento nas grandes empresas veio também, principalmente, das companhias internacionais e das grandes empresas financeiras. “CVM, B3. ESG hoje é um aspecto de negócio considerando que várias empresas são signatárias da agenda 2030″, afirma.

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